Cap. 10

Há algum tempo que Elle não o via. Não que houvesse mudado muito, talvez só tenha se tornado mais sombrio, algo que com certeza destacou sua tez morena e os olhos verdes.

Ele não tinha costume de sorrir e não seria agora que começaria, mesmo que o sorriso dela fosse convidativo a simpatia.

_Olá, Potter. Está pronto para se vingar de Draco?

_Não estou aqui para ouvir seus enigmas, diga logo o que quer.

_Ah, mas que mal humor... Deveria tentar relaxar mais ou vai ficar com rugas.

_Não na sua frente, queridinha. Sei bem a víbora venenosa que é, Elle.

_Isso não foi ofensivo, se essa era sua intenção. Enfim, irei direto ao assunto: quero que seduz a secretária do Draco e a afaste dele.

Harry soltou uma grande gargalhada:

_O que te faz supor que eu conseguiria seduzir a Pansy? Mesmo ela te odiando tanto, você ainda tem mais chances disso do que eu.

_Não seja imbecil, Potter! A secretária que me refiro é uma novata, seu nome é Hermione Granger.

_E no que isso me interessa, exatamente?

_Em duas coisas: primeira, - disse ela se levantando. – Draco está apaixonado e segundo... Bem, descobrirá quando a ver.

Harry observou Elle ir embora e pensou no quão interessante seria visitar Draco Malfoy.

Parkinson ficou sem palavras ao perceber quem estava entrando no escritório, não seria uma surpresa nada agradável para seu chefe e teria de segurar a bomba sozinha, já que Hermione estava um pouco longe dali.

_Desculpe-me, sr. Potter, mas não é bem vindo aqui, peço que se retire.

_E é você que fará isso? Me impedir de entrar?

_Se você cooperar e sair educamente, sim. Mas se quiser, tenho que certeza que os seguranças podem te mostrar o caminho. Apenas temo que eles não tenham a mesma delicadeza que eu no trato com as pessoas inconvenientes. – ela pegou o telefone para ligar para os seguranças.

_Não precisa, Pansy. – disse Draco abrindo a porta de seu escritório. – Não sei que assunto este senhor poderia ter comigo, mas posso atende-lo no momento. Por favor, entre. Isso é melhor do que você fazer barraco na porta do meu escritório.

Pansy sorriu debochada:

_Entre, Sr. Potter... Sorte que meu chefe possui mais paciência do que eu. – disse colocando o telefone no gancho.

Draco sentou-se e encarou Harry:

_O que te traz aqui? Não me lembro de termos qualquer assunto em comum.

_Sua memória pode estar ruim, mas a minha não, Malfoy. Sabe muito bem que temos certo assunto em comum. Mas não é isso que me trouxe aqui.

_Esse não é um assunto “nosso”, é apenas meu, Potter! – Draco exaltou-se um pouco e fechou sua mão.

_Soube que tem uma nova secretária, - disse enquanto se sentava-se. – e me disseram que seria interessante conhece-la.

_Quem diria que seu passatempo favorito era conhecer as secretárias alheias. É divertido ou é apenas mais um sinal de loucura?

_Na verdade é só curiosidade...

Hermione chegou cansada no escritório, sua mania de ser ecologicamente correta quase havia resultado em um atraso, coisa que era praticamente intolerável para seu chefe, mas principalmente para Pansy.

Já esperava alguns olhares raivosos de sua colega de trabalho, porém, a viu preocupada, andando de um lado para outro na porta do escritório que se encontrava fechada. Tocou de leve no ombro dela, dando um lhe um grande susto.

Pansy a segurou pelos ombros:

_Onde esteve até agora? Eu aqui preste a presenciar a terceira guerra mundial e você passeando pela cidade!

_Epa, epa! Eu não estava passeando, estava trabalhando, aliás, fazendo as coisas que me pediu. E que história é essa de terceira guerra mundial?

_Draco está com seu maior inimigo ali dentro e sim, isso é caso para se rezar aos céus e pedir que nenhum dos dois se mate.

_Não estou entendendo. Porque inimigos? O que está acontecendo?

_Harry Potter é o seu nome. No passado, ele e Draco meio que brigaram pela mesma mulher, só que Draco venceu e Harry não o perdoa por isso até hoje.

_Homens são bichos estranhos mesmo, hein. Um simples caso de amor e já querem armar uma guerra. – ela se soltou da colega e foi para sua mesa.

_A história é mais complexa do que isso, Hermione. Você não entenderia...

_O que eu entendo nesse momento é que eles deveriam deixar o passado para traz, isso sim. Enfim, tenho que trabalhar e você deveria fazer o mesmo. – disse virando-se no mesmo momento em que Draco abria a porta para Harry.

O choque dos dois foi grande, mas por motivos diferentes. Harry não estava preparado para aquilo, era como vê-la ali novamente, o cabelo, a pele, os traços do rosto, tudo tão parecido e ao mesmo tempo tão diferente. Talvez a diferença estivesse na expressão dos olhos, os olhos da mulher que estava a sua frente demonstrava que era dona de si, enquanto que o da mulher que se lembrava era tão frágil e indefesa. Talvez não fossem tão parecidas assim, mas ainda assim, sentiu aquele nó na garganta e as mãos frias.

Draco estava em choque por um motivo diferente. Não queria que houvesse esse encontro, queria evita-lo o máximo possível, mas por um acaso do destino havia ocorrido ali, na sua frente. Ele percebeu o jeito como Harry engoliu em seco, o modo como fechou a mão quando começou a tremer e olhar fixo em Hermione.

Ninguém naquela sala falava nada. Pansy estava estática, esperando pela desenrolar dos fatos e Hermione não sabia o que fazer por causa da tensão que se instalou de repente.

Foi Harry quem tomou a iniciativa de romper o silêncio. Estendeu a mão para Hermione e disse:

_Prazer, Harry Potter.