Como a semana foi conturbada com provas e treinos incessantes, Tezuka, o capitão da equipe de tenis da Seigaku, estava sem tempo para fazer qualquer outra coisa. Isso incluía o lazer. Então, os convites recebidos pelo capitão da Hyotei para sair a algum lugar, eram todos negados. Não por mal. Queria mesmo poder ir no cinema aquela sexta feira, mas ele precisava ir na biblioteca, além de falar com todos os outros da equipe. Bem, eram tarefas que ele mesmo acumulava com tantas responsabilidades.

Parou um minuto, próximo ao bebedouro, onde seu amigo Fuji estava. Tezuka esperou ele terminar de encher a garrafinha de água de uma das garotas da equipe feminina. Enquanto isso, olhou no relógio, talvez se terminasse tudo a tempo, poderia chegar em cima da hora. Era chato, mas ainda assim poderia ir no cinema.

– Tezuka. Você não precisa ficar aqui olhando a gente correr pela quadra. – O rapaz de olhos apertados meneou a cabeça para o lado, dando um sorriso animado para o capitão. – Deixa tudo com o Oishi, ele é um ótimo substituto. Mas agora tenho que ir, a Kori-chan esta esperando a água.

Tezuka o viu se afastar e decidiu seguir aquele conselho. Deixou algumas orientações simples com Oishi e depois passou no vestiário para trocar de roupa.

Se o ônibus não demorasse, chegaria uns dez minutos antes da sessão iniciar. E por sorte, o ônibus veio rápido. Chegou ao cinema mais rápido do que o previsto. No caminho, digitou apenas uma mensagem de texto pelo celular e enviou para Atobe.

Ele esperou na bilheteria, com as mãos nos bolsos, olhando ao redor, esperando encontrá-lo em meio as pessoas ali. Mais alguns minutos e viu um casal em uma discussão um pouco acalorada. Talvez Tezuka não tivesse tão atraído por aquele casal, se por acaso um deles não fosse justamente a pessoa que estava esperando para ir ao cinema.

– Você está me seguindo por acaso? – A garota que conversava com Atobe mexia na armação do óculo enquanto fazia pouco caso do que ele dizia.

Tezuka sentiu-se desconfortável no momento em que Keigo segurou a moça pelo braço. Ela vestia o uniforme da Hyotei, portanto deveria ser conhecida dele. Claro, se estavam tão próximo assim, era porque se conheciam bem. Kunimitsu ficou um pouco atordoado com aquela novidade. Ou melhor, não tão novidade assim, porque em todos os campeonatos sempre havia uma torcida feminina muito grande. Mas ele nunca viu Atobe tão próximo e ligado a uma garota como era naquele momento.

Não dava mais para ouvir o que eles diziam, porque perceberam que eram o centro das atenções daquele lugar. E num movimento da mão livre nos cabelos lisos, o rapaz arqueou a sobrancelha e abriu um sorriso na direção de Tezuka, largando o braço da garota brava. Ele disse qualquer coisa para ela que o xingou para todos ouvirem. Mas Atobe nem dava mais atenção aquilo.

– Que bom que você conseguiu um minutinho para mim. – Ele esticou o braço, tocando o ombro de Tezuka, apertando um pouco com os dedos para senti-lo melhor. – Eu já comprei os ingressos, vamos?

– Mas... E ela? – A garota ainda estava no mesmo lugar de antes.

– Não se preocupe, a gente só se encontrou aqui por acaso, ela está esperando o Jirou.

Tezuka estava até alguns segundo atrás com um aperto estranho no coração, falta de ar e uma sensação de perda muito grande. Mas tudo isso passou com aquele sorriso que só Atobe sabia dar. Que o confortava. Enquanto a garota, bem, talvez toda vez que ele olhasse para ela, fosse sentir aquela mesma sensação de antes, porque a desculpa de Atobe não fora assim tão convincente. Afinal ele era Keigo Atobe. Impossível alguém não se encantar por ele.