Checou pela milésima vez a caixa de mensagens do celular. Vazia.

O treino já havia acabado e os rapazes já haviam ido para o vestiário. A quadra de tênis estava vazia, silenciosa. Até o barulho típico de mensagem recebida soou, e o celular vibrou na mão do capitão da Hyotei. Ele direcionou os olhos para o visor, abrindo logo a mensagem recebida. Mas não era quem estava esperando.

A mensagem dizia algo como estar atrasado, apenas um número de telefone desconhecido. Talvez tenha sido algum engano.

Keigo voltou a olhar para a quadra vazia, cruzando a perna em cima da outra, e hora ou outra olhando discretamente para o celular, como se não quisesse olhar.

Uma voz conhecida, na arquibancada o tirou daquele estado de hipnose: quadra e celular.

Mas Atobe apenas ergueu a mão direita e moveu, dispensando Kabaji, que foi embora em seguida, deixando o capitão ali com seus pensamentos.

Uma hora depois, ele se levantou, e vestiu a jaqueta, caminhou sem muito ânimo para o vestiário. O treino não fora muito produtivo. Deixou seus pertences no armário, e foi tomar um banho. Não havia mais ninguém lá, então ficou à vontade. No final, ele se secou e vestiu-se. Em meia hora já estava dentro da limousine. Sem um destino certo a ir. Pediu apenas para o motorista rodar pela cidade enquanto ele pensava.

Chegou então à conclusão de que deveria entrar em contato de vez, ao ter que esperar por uma mensagem de vida ou qualquer coisa. Não aguentava mais a ansiedade.

Mas o telefone discado não existia. Ele arqueou a sobrancelha ouvindo a mensagem, e não havia nenhum número de telefone disponível para retorno.

Atobe apertou o aparelho celular com a mão, olhando a cidade pela janela. Então veio em sua cabeça um lugar que poderia ir. Ordenou o motorista a seguir para o bairro vizinho, sendo atendido prontamente. Quando chegaram, Atobe saiu do carro, subindo um lance de escadas próximo de uma pracinha. Lá em cima ele já podia ver as quadras de tênis, que naquele horário estavam cheias.

Andou despretensiosamente por entre as pessoas, com as mãos nos bolsos.

– Atobe, aqui. – O loiro virou, ao ouvir seu nome, deparando-se com Tezuka, acenando para ele, de uma das quadras.

– O que faz aqui?

– Não recebeu minha mensagem?

– Qual?

– Ontem à noite, eu mandei uma mensagem para você. Marcando para a gente se encontrar aqui. – Tezuka diminuiu o tom de voz, sentindo um calor em seu rosto. Ficou vermelho imediatamente com o sorriso de Keigo.

– Na verdade, não. Você disse que ia me ligar, mas não ligou. – Atobe mexeu nos cabelos, notando que Tezuka dava um passo para trás como se estivesse fugindo. – Aliás, você me deu o telefone errado, diz que o telefone não existe.

– Ah! Esqueci de dizer, que mudei o meu número. Mandei uma nova mensagem avisando. Não viu também?

Atobe viu-se obrigado a mexer no celular, e era verdade a mensagem estava ali. Como não vira antes?

– Certo, então... Vamos ficar aqui?

– Achei que fosse gostar.

– Claro que vou. Passei a manhã achando que tinha levado um fora. Acho que vou comprar um outro celular, esse aqui não é bom. – Ele guardou o aparelho no bolso, levando a mão até o rosto do rapaz, tirando uma folha verde dos cabelos dele. Sorriu, perguntando se iriam jogar, já que estavam ali.