Abri os meus olhos com certa dificuldade, sentia minhas pálpebras pesadas, acho que dormi demais. Nem me lembro ao certo que horas fui dormir, as vezes perdia a noção do tempo quando conversava com ele. Sentei-me na cama, nenhum sinal de alguém. Talvez eu tenha pegado pesado com essa história de escola... Que mal um humano poderia fazer a mim? Eles não têm presas nem poderes além do comum. Dos Volturi deles sim tinha que ter medo. Relembrei os meus dois únicos encontros com eles. Das duas vezes as vidas da minha família e eu estavam em risco.

Todos menos o Alec. O que eu mais me intriga é o fato de que eu simplesmente penso nele apenas quando papai está longe, quando não há perigo de ninguém descobrir. Com toda a certeza se o papai ou Jake imaginassem meus encontros com Alec, as coisas iam se complicar muito para ele. E isso seria péssimo para ele, mas porque eu queria o bem dele? Talvez seja porque eu não desejo o mal a ninguém e o Alec diretamente nunca me fez algum mal.

Todos foram à escola, chequei procurando rastros, com a exceção da vovó, senti o cheiro de algo que não me agradava. Algo na panela, eles pareciam nunca desistir de mim.

Desci, senti uma sensação realmente de vazio, não chamando a vovó de nada, mas o pessoal que agita a casa simplesmente saiu.

Tomei o café, contra a vontade, e depois fiquei sem saber o que fazer, liguei a TV e fiquei passando canais sem prestar atenção as imagens que s passavam na tela. Depois acabei desistindo e fiquei olhando para o teto. Fiquei imaginando todos eles na escola, causando furor entre os estudantes...

Quer saber? Eu vou?

- Vovó? – chamei-a.

- Sim Nessie. – ela respondeu.

- Será que se eu sair agora, eu os alcanço antes da aula começar? – perguntei.

Ela balançou a cabeça em movimento afirmativo.

Corri para o closet. Após um minuto acabei pegando uma saia preta e uma blusa de mangas compridas e gola alta vermelha, uma jaqueta preta e botas pretas. Tia Alice pensava mesmo em tudo havia uma bolsa preparada com cadernos e canetas.

- Tchau vovó! – falei antes de sair em disparada até a garagem, peguei a BMW que os vovós me deram de presentes, e arranquei com o carro.

Fui a mil por hora, até chegar aos arredores da cidade, diminui a velocidade permitida. Sinto-me uma lesma agora. Ao chegar ao estacionamento não foi difícil localizar o carro do papai e a moto do Jake.

O carro estava vazio todos já estavam dentro da escola. Mas, no estacionamento havia alguns alunos e todos eles olhavam boquiabertos para o meu carro.

Mas o que prendia mesmo a minha atenção. Era Jacob, ele estava lá no estacionamento. Mas estava cercado por um bando de garotas. Não sei exatamente o que estava acontecendo comigo, mas aquela cena gerava uma raiva incontrolável. Não estava gostando nadinha de ver o Jake com essas garotas, elas em um dia apenas já se consideram as amiguinhas. Eu conheço ele a mais tempo e além do mais... O que está acontecendo comigo? Sai alegre feliz por ir ao colégio e agora estava simplesmente furiosa. Tentei me acalmar. Respirei fundo e sai do carro, fingindo não ter visto nada nem ninguém. Já podia ver que na entrada do colégio mamãe e tia Alice me aguardavam.

- Ness! – ouvi alguém chamar.

Ignorei. O que ele queria afinal? Apresentar-me para as amiguinhas?

Continuei a caminhada até um leve puxão impediu-me de prosseguir.

- Você veio que bom Ness agora sim irei as aulas. – ele sorriu.

- Pois é, e pelo visto você já está bem inteirado das coisas, já tem até amigas. – Lancei um olhar para o grupo de garotas. Elas me olhavam com ar de competição, se sentiam melhores que eu pelo visto. O troféu era o Jake.

- Não são amigas, só estavam me orientando sobre o colégio e tudo mais... Algo errado? – Jake agora analisava minha expressão e parecia preocupado.

- Nadinha. – respondi secamente.

- Jake! – ouvi alguém chamá-lo era uma das garotas do bando. Não me dei ao trabalho de olhar na direção delas. E eu não precisava aturar isso.

 - Nossa como elas são prestativas! – disse sarcasticamente. – Mas, agora se não se importa tenho que ir a tia, quer dizer a minha irmã está me esperando. Com licença. – Me virei bruscamente.

Não olhei para trás, porque com certeza veria um grupo de garotas histéricas do seu novo fã-clube lhe dando uma ajuda amiga.

- Agora sim o time está completo. – mamãe abraçou-me. – Que bom que veio!

- Eu sabia que ela não iria alguém ficar muito tempo longe de nós. – tia Alice disse animada.

- Convencida. – eu comentei rindo.

Enquanto caminhávamos pelo corredor, ouvia os murmúrios e corações palpitantes. Eu suspirei.

- Algum problema? – mamãe me olhou apreensiva, enquanto caminhávamos pelo corredor.

- Nada demais, só descobri que o Jake tem a enorme capacidade de ser um idiota. – disse azeda, e ainda deixam chama-lo de Jake? Respirei profundamente tentando me manter calma.

Mamãe ficou confusa, mas antes de dizer algo, já havíamos chegado aonde estamos os demais Cullen.

- Meu amor ele é um completo idiota, você que demorou para perceber. – ouvi tia Rose comentar.

- Ele te fez alguma coisa? – os olhos do papai pareciam que iam soltar raios de tanta raiva.

- Não papai, não é nada... Deixa pra lá... – estávamos todos no refeitório sentados a mesa. Não deixei de perceber os olhares furtivos do tio Jazz para mim, no mínimo ele percebeu algum sentimento inconveniente, porque só a essa conclusão eu conseguia chegar. Tinha uma raiva enorme do Jake, mas não conseguia explicar o que era e nem o porquê.

Os murmúrios e olhares não paravam. O mais incrível é que ninguém parecia se importar, mas eu me sentia extremamente recuada. Tio Jazz percebeu isso também.

- Acredite é sempre assim. – ele afagou meu ombro. – A gente se acostuma com o tempo, e logo eles se cansam.

- E as aulas, teremos do que hoje? – perguntei tentando não me concentrar nos murmúrios incessantes.

- Hummmmmm, seu papel está aqui. – tia Alice me entregou um papel.

Li rapidamente.

- Hoje tenho Espanhol, Álgebra, Educação Física... – nada muito complicado já tinha tido algumas aulas de álgebra com o vovô, e eu já sabia falar espanhol.

- Você tem o terceiro tempo livre, você não deve fazer Educação Física não hoje, você tem que aprender a lidar com a sua força primeiro. – papai disse.

- De qualquer forma, já informamos isso à direção. – tia Rose comentou enquanto ajeitava seu cabelo.

- Bom e depois tenho Literatura, Biologia e Inglês. – Oba Literatura, com certeza essa vai ser a minha favorita.

- Teremos aula de Biologia juntos irmãzinha. – papai passou a mão sobre a minha cabeça.

- Mais alguma coincidência? – perguntei.

- Não, distribuíram a gente para várias salas. – comentou tia Alice azeda.

- Mas isso a gente pode mudar isso aos poucos... – comentou a mamãe.

O silêncio estabeleceu-se entre nós, a raiva que eu tinha do Jake não cedia, parecia só aumentar. O sinal tocou, notei tio Jazz respirar profundo, provavelmente aliviado pela minha saída. Meus sentimentos deviam estar frustrando o titio.

- Bom vou indo então não quero chegar atrasada. – disse um pouco apreensiva, queria passar despercebida e me misturar a paisagem.

- Acho bem difícil, bom nós sempre causamos um furor entre a garotada, sua mãe ainda humana chamou muito a atenção. Os pensamentos só tinham a imagem dela em mente. Com você não vai ser diferente. – papai comentou distraído.

Gemi.

- Não precisava dizer isso, quer me deixar mais nervosa do que já estou? – cochichei.

- Não esquenta pestinha, você é puro encanto ao ver dos humanos, logo se formará um fila de machos. – riu tio Emm.

Ouvi um silvo baixo, quase inaudível, deve ter sido o papai.

- Bom então até mais tarde. – disse me afastando deles.

- Até a aula de Biologia maninha. – papai deu uma piscadela.

Eu sorri e andei adiante.

Sala D, onde ficava? Junto com papel com os horários tinha outro papel. Um mapa, para o meu alívio. Examinava o mapa com atenção, havia muitas salas para uma escola minúscula para um número pequeno de alunos. Não sei o porquê, a única coisa que sei dizer é que n salas é desnecessário.

- Com licença. – ouvi uma voz diferente.

Olhei para ver quem era. Um garoto alto, seu cabelo castanho claro caía próximo aos olhos. Os olhos dele eram azuis, tão azul quanto um céu ensolarado e sem nuvens. Ele sorria e suas bochechas pareciam em chamas. Droga! Se eu não pensava tanto em sede no momento agora passei a pensar.

- Perdida? – ele perguntou sorrindo.

- É digamos que sim, primeiro dia. – disse após algum tempo pensando. Precisava manter o foco nada de sede, não era hora para isso.

- Onde é a sua aula. – ele comentou espiando o papel que estava em minhas mãos.

- Sala D... Eu creio. – chequei novamente olhando para o papel.

- Mesma sala que eu então. – ele disse sorrindo de orelha a orelha. – Vamos? – ele segurou minha mão e puxou a caminho da sala.

Que intimidade eu dei para ele segurar a minha mão?

Chegamos na porta da sala. E ele ainda segurava a minha mão como se eu fosse alguma garotinha perdida.

- É aqui. – ele sorriu.

Ele é cheio de sorrisinhos, quanta cordialidade. Tive que me conter para não revirar os olhos.

- É eu estou vendo, muito obrigada. – sorri gentilmente.

Ouvi um coração acelerar e uma respiração irregular. Queria fugir daqui, esse clima está me deixando... Incomodada. Coloquei a mão na maçaneta da porta e fui impedida por um par de mãos geladas e trêmulas.

- E a propósito, o meu nome é Mathew Carter. – ele comentou ansioso.

- Prazer. – disse secamente.

- Você é uma Cullen. – ele afirmou.

- Isso não foi uma pergunta. – comentei.

- Não, mas qual é o seu nome? – ele perguntou.

Eu normalmente não me incomodaria tanto por este excesso de cordialidade. Mas ele não me pegou em um bom momento. E estava sinceramente piorando o meu mau humor.

- Isso você vai saber agora. – entrei rapidamente, antes que ele me impedisse.

A aula já havia começado. Droga, esse louco ainda me atrasou. E o professor me olhava com uma cara tipo: “primeiro dia já atrasada? Que coisa feia”!

Logo depois o Mathew entrou, e o professor olhou desconfiado, no mínimo ele julgou o garoto pelo meu atraso e ainda está imaginando coisas. Droga.

- Bom dia, desculpe o atraso. Estava perdida. – comentei.

- Você é a aluna nova, filha dos Cullen? – ele disse com uma voz tediosa.

Afirmei com a cabeça.

- Se apresente então. – ele gesticulou as mãos para a turma, havia uma série de corações disparados. Alguns garotos tinham os rostos ruborizados. As garotas me olhavam azedas. Até que meu olhar parou em um moreno enorme no canto. Sua expressão não era nada feliz e sim furiosa, se apenas o olhar matasse ele mataria o menino.

- Bom, meu nome é Renesmee Carlie Cullen, tenho 16 anos e vim de Forks. – olhei para o professor.

Ele fez um gesto indicando para que eu fosse me sentar. Havia um único lugar disponível e era do lado do Jake.

Maravilha, pensei azeda.

Sentei e fiquei calada, olhando atentamente para o professor, fingindo prestar atenção. Sentia dois pares de olhos castanhos me fuzilando a direita. Meu rosto começou a se aquecer. Dez minutos de aula se passou e eu ainda sentia Jake me fuzilar com os olhos. Isso já estava começando a me encher. Olhei friamente para ele. Ele me olhava furioso.

- Será que dá para você prestar atenção na aula e me deixar em paz? – sussurrei.

- Não até você me dizer quem era aquele imbecil com quem você estava conversando. – ele dirigiu um olhar fulminante ao Mathew Carter. Este por sua vez de vez em quando lançava olhares furtivos em nossa direção.

- Ele não é imbecil, ele estava me ajudando a encontrar a sala. O que tem demais nisso? – o olhei furiosa.

- Quero saber exatamente o que vocês andaram conversando Renesmee em detalhes. – ele disse.

- Quem você pensa que é para exigir respostas de mim? Você não é meu pai! – eu disse o mais baixo possível. Com certo esforço, pois eu queria berrar e morder como quando eu ainda era criança. – E você? Que ficou de papinho com aquelas garotas e eu não exigi nenhuma satisfação. Então nos considere quites. – depois disso mantive o meu olhar para o professor. Claro que o Jacob não desistiu, me chamou, me cutucou, me mandou bilhete, mas mantive-me firme.

Mas no fundo mesmo eu queria olhá-lo pedir desculpas por tudo. Mas sempre que me vinha a imagem dele conversando com aquelas garotas, um ódio inexplicável tomava conta de mim.

Depois a aula se seguiu sem muitas novidades, mas o clima ia de mal a pior. Assim que o sinal tocou me levantei sem olhá-lo. Quando me dirigi a saída Mathew veio aos tropeços ao meu encontro.

Oh céus, eu mereço.

- E então Renesmee, gostou da aula? – ele disse sorrindo.

Contei até 10 e procurei ser simpática.

- Foi razoável, bom agora tenho aula de Álgebra na sala A. – comentei.

- Odeio Álgebra. – ele fez uma careta.

- Eu amo Álgebra. – disse sorrindo.

Ele me olhou perplexo, mas se recuperou logo em seguida.

- Dessa vez não estaremos na mesma turma, mas te deixo lá. – ele disse enquanto pegava a minha mão e me guiava pelos corredores. Mas que mania de me arrastar para os lugares agarrando a minha mão!

Enquanto passávamos por uma janela, avistei lá no estacionamento nada mais e nada menos que Jacob Black e uma garota loira, a mesma que o chamou de Jake. Ela tinha sua mão pousada em seu ombro, e ele olhava para o prédio. Melhor para mim. Com certeza ele me viu.

Nuvens escuras e espessas se formavam sobre nós. Nunca pensei que algum dia o Jake se tornasse uma pessoa tão comum, tão... Aghr! Faltavam-me palavras para descrever.

Mathew me deixou na entrada, sem dizer muitas palavras. Acho que era bem visível que a minha cara estava para poucos, ou melhor, nenhum amigo.

Minha cabeça estava distante dali. A matéria era algo sobre equações, disso eu sabia muito bem. Não me dei muito ao trabalho de ouvir o que o professor dizia.

A aula acabou e tinha uma aula livre, precisava me acalmar, senão seria bombardeada de perguntas da minha família. Achei a alguns metros um lugar bom para relaxar. Debaixo da sombra de várias árvores. Deitei-me e fechei os olhos aspirando o cheiro do verde, da terra era tão bom isso. Por um momento me sentia em Forks.

Fitei a balançar leve dos galhos e das folhas, até perceber que não estava só, alguém de um galho mais alto me observava.