Nightfall escrita por QueenJane


Capítulo 14
Capítulo 12 - Necessidades


Notas iniciais do capítulo

Demorou o post de hoje, mas ai está. Divirtam-se!



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Capítulo 12 – Necessidades

Tentei me concentrar o tempo todo em me manter na velocidade permitida quando estava já dentro da cidade, afinal não queria ir para uma delegacia logo no primeiro dia ali. A cidade era pacata e por onde eu passava com o carro as pessoas paravam para olhar. Era o carro e não eu, mentalizei isso para manter a calma. Já era ruim chamar a atenção sem isso. Avistei o supermercado, o único da cidade. Procurei uma vaga no estacionamento no espaço mais distante possível, tentando ser discreta. Fiquei dentro do carro alguns minutos respirando profundamente reunindo forças para sair dali, preciso ter calma e controle só isso e nada mais. No banco do passageiro havia uma bolsa, abria-a para ver o que tinha. Inúmeros cartões de crédito no meu nome, documento de identificação e inúmeros itens de beleza (maquiagens afins) Tia Alice como sempre exagerada. Peguei a bolsa e sai lentamente do carro.

Caminhando devagar pelo estacionamento, senti um cheirinho bastante agradável, e a seguir ouvi alguém resmungar no canto. Virei-me para ver o que era. Era uma garota, ela parecia tentar carregar uma caixa sem muito sucesso.

- Dá para trazer essa caixa hoje ou tá difícil? – resmungou um velho da porta.

- Já estou indo... – sua voz saiu fraca.

Coitada, quanta grosseria. Seria algo demais se eu fosse ajudá-la? A caixa parecia pesada para ela, mas para mim aquilo era como pena. Aproximei-me lentamente da garota, ela pareceu não notar minha presença. Fingi uma tosse.

Ela se virou, e me olhou de olhos arregalados. Será que eu a assustei?

Ela era branca, magra, os cabelos eram negros e cacheados e estava preso em um rabo de cavalo, seus olhos eram azuis. Parecia cansada, as olheiras denunciavam isso.

- Desculpe... Te assustei? – procurei ser gentil, já tinha me arrependido de ter ido falar com ela.

- Não... Hã... É que não percebi você chegar... Perdida? A senhorita deseja alguma informação? – ela perguntou, parecia nervosa.

- Não... Só queria saber se você não está precisando de uma ajudinha ai. – apontei para a caixa.

Ela olhou para a caixa e depois para mim. Ela parecia confusa.

- Você carregar isso? – ela perguntou.

- Por quê? Qual o problema? – Não entendi mesmo, será que ela pensa que eu sou incapaz?

- É que você... Sei lá não parece ser uma garota que carrega caixas... Parece que nunca pegou no batente. – ela comentou me olhando dos pés a cabeça.

Concordo devo parecer uma patricinha que nunca faz nada (também com esse look, não me admira que qualquer um pense assim).

- Talvez... Mas sabe, você está sem muitas opções, eu não ligo de te ajudar. Vamos você segura de um lado e eu do outro. – eu segurei um lado da caixa. Tinha de me lembrar o tempo todo de equilibrar as forças, já que sozinha poderia levar, porém isso ia chamar muito a atenção.

Ela hesitou por algum tempo, mas foi “me ajudar” a carregar a caixa. Adentramos no supermercado, ele estava praticamente vazio para o meu alívio. Depositamos a caixa no chão.

- Nossa obrigada, nem senti quase o peso da caixa. – ela disse sorrindo.

- É mesmo... De duas pessoas fica melhor. – comentei preocupada... Será que ela notou alguma coisa?

- A união faz a força. – ela comentou.

- Com certeza. – sorri timidamente. – Bom então melhor eu ir andando... Umas compras a fazer. – era um meio de tentar sair da conversa, eu estou tão acostumada aos vampiros e lobisomens que os humanos me preocupam. Comecei a caminhar lentamente em direção às prateleiras.

- Ei espere! – ela me chamou.

Virei-me para olhá-la.

- Você é nova por aqui não é? A filha do médico... – ela perguntou.

- Você está falando do vo... Do Dr. Cullen? – quase deixo escapar vovô Carlisle, tenho que praticar melhor as mentiras.

- Isso ele mesmo. – ela comentou com o rosto em chamas. Sua pele estava quente e emanava um cheiro muito delicioso.

O que eu estava pensando? Calma Renesmee. Balancei a cabeça tirando o pensamento da mente.

- Como você sabe? – perguntei intrigada.

- Você é muito bonita... O Dr. Cullen é muito bonito também. – ela disse timidamente.

Eu ri. Verdade meu avô parecia o irmão mais novo de Zeus, esse era sempre o comentário que a mamãe fazia dele.

- Obrigada pelo elogio... Mas agora tenho mesmo de ir. – comentei.

- Te vejo na escola então... – ela sorriu.

Epa.

Na escola? Como assim?

- Na... Escola? – comentei.

- É não é...? – ela perguntou confusa. – Quantos anos você tem afinal?

- 16. – disse de imediato essa era uma pergunta relativamente fácil de responder.

Aproveitei para tirar uma dúvida antiga que eu tinha.

- Sabe eu nunca fui a uma escola... Sempre estudei com professor particular. – isso era realmente verdade. Vovô e papai sabiam mais que um conjunto de professores juntos. – Gostaria de saber como é uma escola...? É legal?

Meu comentário a deixou impressionada.

- Nossa você nunca foi? Bem escola é chato as vezes. Dever de casa e trabalhos... – ela comentou fechando a cara. – Mas é importante, sem ela não teríamos como ir à faculdade. – ela deu nos ombros.

Achei o comentário interessante, ela tinha pressa de ir à faculdade claro como humana tinha pressa. Eu tinha a eternidade para decidir quando ir à faculdade. Mas deve ser legal ir para um local onde se tem obrigações e ações a cumprir. Eu não nunca tinha nada de obrigatório exceto pela comida humana que me enfiam goela abaixo todos os dias.

- Bom, talvez nos encontremos lá então... – comentei, isso era algo que ainda seria discutido lá em casa.

Ela sorriu.

- LILLY! Cadê a caixa? – resmungou o velho novamente.

A garota abriu a boca para lhe responder, mas a interrompi.

- Senhor a caixa estão bem aqui. – Eu gesticulei em direção a caixa. – Na verdade a Lilly está me dando uma ajudinha, o senhor se importa? – sorri gentilmente.

O senhor rabugento de mal humorado ficou sem expressão alguma, depois sorriu e respondeu abobado.

- Claro que sim, Lilly ajude essa linda moça no que ela precisar.

- Lilly tem umas coisinhas que preciso comprar e estão nesta lista. – entreguei-lhe o papel. – Você poderia me ajudar nisso? 

- Claro, se eu puder te ajudar. – ela sorriu, na verdade ela parecia que a qualquer momento cairia na gargalhada.

Ela examinou o papel.

- Vem comigo... – ela foi caminhando pelo supermercado, pegando um carrinho enchendo de coisas lá. Fui caminhando ao seu lado.

- Nunca vi o sr. Thompson tão gentil... – ela disse rindo. – Você o encantou.

Meu lado vampiro me ajuda um bocado, pensei comigo.

Ela ia de prateleira em prateleira pegando tudo com cuidado e colocando no carrinho, depois seguimos em direção ao caixa.

- Bom acabamos. – ela sorriu.

- Que ótimo. – disse radiante. – Bom muito obrigada mesmo Lilly, o seu nome não é?

- Exatamente. – ela respondeu.

- Prazer Lilly meu nome é... – pensei em dizer Renesmee, mas como é um nome meio difícil preferi ser simples. – Nessie. E mais uma vez muito obrigada, Lilly. – Virei-me para o garoto do caixa, ele ainda não havia passado nada. Algum problema comigo? Ele simplesmente me olhava com uma cara de quem havia recebido uma pancada na cabeça.

Olhei para Lilly sem entender.

- Qual o problema dele?

Ela revirou os olhos e disse.

- Ele não está acostumado com garotas como você andando por aqui. – ela cutucou o garoto. – Acorde!

O garoto então foi passando os produtos com as mãos trêmulas, seu rosto estava em chamas. Porque eles tinham que ficar dessa forma, o cheiro deles se torna mais apetitoso ainda.

- É... ãhn... Desculpa me distrai senhorita. São... – ele se virou contra a vontade para o visor. – São 50 dólares.

Era um garoto ruivo, com muitas sardas, os olhos verdes, nariz comprido.

- Ah ok. – eu procurei no meio daquelas bugigangas um cartão de crédito. – Entreguei-lhe o cartão.

Ele parecia hesitante.

- Sabe, eu estou com um pouco de pressa se não se incomodar em ser mais rápido. – eu sorri tentando parecer gentil.

Ele então com alguma dificuldade foi passar o cartão na máquina.

Olhei chocada para Lilly.

Ela riu.

- Austin se encantou por você.

Revirei os olhos sorrindo, uma música começou a tocar e vinha da minha bolsa, titia colocou até um celular, ela pensa mesmo em tudo.

Procurei rapidamente o celular. Quando o peguei estava identificado no nome do papai. Ora será que ele não confia em mim nem fazendo compras? Fiz uma careta antes de atender.

- Oi papai, já estou indo... – disse numa voz entediada.

- Ness!... – alguém praticamente gritava o meu nome.

Afastei um pouco o telefone do ouvido.

- Quer me deixar surda Jake? – perguntei rindo.

- Ouvi tia Alice dizer: “eu não disse? Ela está bem.” Queria saber se está tudo bem, você vai demorar muito?

- Não Jake, já estou indo. Você está parecendo o papai com tanta preocupação. – comentei.

- Não sou um psicopata. – Jake comentou azedo. – Ei me dá isso, eu não terminei de falar com ela! – a voz parecia agora afastar-se.

- Psicopata é?! Bom filha vou desligar. – agora dizia o papai.

- Papai não briga com o Jake. – eu disse antes que a ligação fosse interrompida. Fiquei preocupada, Jacob é um sem noção mesmo.

- Algum problema Nessie? – Lilly perguntou timidamente.

- Não exatamente. – eu respondi enquanto guardava o celular de volta a bolsa.

- Te ajudo a levar as coisas. – Ela sorriu. Antes de eu dizer não ela já estava com vários pacotes nos braços.

Caminhamos lentamente pelo estacionamento, quando Lilly resolveu quebrar o silêncio.

- Você é alguma modelo? – Lilly perguntou.

Essa realmente me pegou de surpresa.

- Como?

- Se você já trabalhou ou trabalha nas passarelas ou algo assim... – ela perguntou sem jeito.

- Não. – disse sem entender.

- Pois devia, você é muito bonita mesmo.

Eu sorri tímida.

Ela parou no meio do caminho paralisada. Parecia que alguma coisa a havia colocado no modo pause.

- Uau... – ela sussurrou admirada. - Aquele é o seu carro?

Lilly olhou-me e disse.

- Hummm... É. – disse sem graça.

- Ele é incrível, nunca tinha visto um assim pessoalmente, só pela televisão ou revistas... – Lilly olhava para o carro fascinada.

            - Ah... – foi a única coisa que consegui dizer. Guardei todas as coisas no carro.

            - Foi um prazer conhecer você! Tchau Lilly! – disse enquanto entrava no carro.

            - Tchau Nessie. – respondeu a garota.

Antes mesmo de chegar já podia avistar todos na entrada casa me aguardando.

- Poxa Nessie, mas você demorou hein? Já estava achando que você tinha se perdido. – ele disse em falso tom de pânico.

O olhei friamente.

- Tio Emm como eu poderia me perder num lugar minúsculo desses? – perguntei chocada.

- Da mesma maneira como o perigo e a sua mãe andavam de mãos dadas. Em um perímetro de 200 km um raio com certeza viria de encontro a ela. – tio Emm soltou uma gargalhada.

Jake também começou a rir.

- Cara isso é verdade! – Jake disse aos risos.

- Bando de desocupados. – mamãe revirou os olhos. – E então querida fez um bom passeio?

- Foi legal mamãe, trouxe tudo.

- Muito bem, agora sua avó irá preparar o seu jantar. Mas se você quiser, ela pode preparar um lanchinho...

- Não obrigada estou sem fome. – disse rapidamente. – Mas porque eu tenho comer essa coisa. Eu já saí do castigo.

- Verdade, mas por hoje ninguém irá caçar ainda. – papai respondeu.

Eu sei o caminho vou sozinha.

- Nem pensar, você ainda não conhece essas terras da última vez você foi parar nas fronteiras com o Canadá, imagina aqui que é tão próximo, você vai acabar indo para lá e fazer um tour.

- Eu prometo que não irei muito longe.

- Hoje não Nessie. – disse o papai.

- Ah querida que bom que você já trouxe as coisas prometo não demorar muito. Teremos strogonoff hoje. – disse a vovó.

Meu estômago deu um sobressalto, mas não de fome e sim de enjôo.

- Não precisa ter pressa vovó. – disse rapidamente.

Tio Emm riu. Revirei os olhos para ele.

- É eu cheguei. – disse confusa.

- E o carro gostou? Não é perfeito? O melhor claro. – tia Alice perguntava tudo muito rápida, ela parecia eufórica, tio Jazz que estava ao lado dela sorriu.

- Ela nem andou nos outros, então não há como definir o melhor. – comentou tia Rose.

Tia Alice fez uma careta.

- Mas e as compras? Você se divertiu? – tia Alice perguntou-me.

- Foi legal, tinha uma garota lá que me ajudou. – comentei.

Claro que eu tive que comer o tal do strogonoff, Jake repetiu por 5 vezes, não sei como ele consegue.

Depois eu e Jake ficamos no quarto, ele parecia saciado. Satisfeito lógico se alimentou de algo que ele gosta. Mas eu não, eu estava insatisfeita.

- Ah Ness! Eu não entendo. – Jacob exclamou.

- Não entende o que? - perguntei.

- Você é meio humana, deveria gostar de alimentos humanos. – Jacob disse azedo.

- Devia mesmo. Mas a questão é que ninguém entende Jake. – eu me joguei na cama fitando o teto.

- Então explica. - Jacob perguntou.

- Bom, fisiologicamente eu posso até ser meio humana. O alimento humano me nutri Jake.

Após algum tempo de silêncio, Jake resolveu dizer.

- Isso eu já sei.

- Mas a questão é que não me satisfaz, só me mantém viva. Os desejos que eu tenho são de vampira Jake, não dá para lutar contra. E isso sempre foi assim e sempre será. O papai insiste em uma coisa que não dá em nada. E o pior não é isso Jake. – sentei-me e abaixei a cabeça.

- O que pode ser pior que isso? – Jacob perguntou baixinho.

- Os humanos Jake, o sangue deles, não há coisa mais maravilhosa para mim. Pode parecer cruel ou nojento para você, mas pra mim não... Hoje eu fui ao mercado e aquele ambiente com aquele cheiro tão bom, tive que me manter sob vigilância controlando pensamentos e vontades. – desabafei.

- Ah Nessie, realmente eu não gosto de vampiros, está no sangue na minha natureza. – senti sua mão no meu cabelo. – Mas, independente disso você sendo vampira ou não. Eu gosto de você Nessie não teria nojo de você jamais. Você é tão linda, tão doce, impossível não gostar de você.

Levantei minha cabeça e o olhei.

- Achei que você tivesse repugnância dessa coisa da sede pelo sangue. – perguntei.

- E tenho, sinceramente tenho. Mas se isso te satisfaz, ótimo. Beba seu sangue... De animal lógico. Nessie se isso te faz bem... – Jacob parecia sincero ao que dizia.

Jake era único mesmo, quem diria que lobisomens e vampiros andariam de mãos dadas? Quer dizer, Jacob convive com os demais, mas comigo havia mais que a convivência, a cumplicidade, amizade...

- Jake, mas, se eu não existisse? Se fosse apenas mamãe e o restante? – perguntei.

Jacob fez uma careta.

- Que pergunta estranha Nessie...

- Você viveria aqui com eles? Mesmo se eu não existisse? – perguntei novamente.

Jacob nem pensou muito para responder.

- Eu estaria bem longe daqui pode ter certeza. Nessie... – ele afagou meu rosto. – A única coisa que me mantém aqui é você. Eu não colocaria nem os meus pés nesta casa, primeiro porque na primeira oportunidade me jogariam para fora a base de ponta pés.

Só ele mesmo aturar um bando de vampiros só para fica com a híbrida.

- Jake você é impossível... – eu ri.

            - Nessie! – tia Alice já estava na cama ao meu lado. – Bom, eu queria saber sobre amanhã.

            Fiquei confusa, isso me cheirava a algum plano para lá de louco da tia Alice, depois da confusão me veio o pavor.

            - O que é que tem amanhã? – perguntei receosa.

            - Bom como vamos recomeçar, isso requer algumas coisas... Uma delas é a escola...

            Ah o supermercado já tinha sido difícil. Imagina só uma escola com centenas de humanos.

            - Eu sou obrigada a ir? – perguntei.

            Tia Alice fez uma cara de ofendida.

            - Claro que não! Mas acho que seria divertido para você... E eu matriculei você.

            - Você me matriculou sem ao menos me consultar? – perguntei agora indignada. Isso está parecendo uma intimação.

            - Nessie você quer ir? – agora era a vez do Jake.

            - Eu não sei... Eu... – eu comecei a dizer.

            - Então fica decidido que ela não vai até decidir, baixinha deixa ela pensar. – Jake disse.

            Tia Alice fez uma careta.

            - Eu achei que você era o maior interessado nisso afinal você vai para a escola este ano. – ela o olhava ameaçadoramente.

            - Você vai Jake? – ele nem me contou!

            Jake se encolheu.

            - Bom eu vou se você for... Como você não tem certeza...

            - Não Jake! – protestei. – Vá e me conte como é. Daí eu resolvo se eu vou ou não.

            Jacob pensou por alguns instantes antes de me responder.

            - Fechado. Mas se você não for eu paro de ir.

            - Ótimo, eu sei que o nosso amiguinho Jake a deixará morrendo de vontade de ir. – Tia Alice olhava para o Jake com uma cara tipo: “faça o melhor que puder, mas convença-a, ou eu acabo com você”.


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Notas finais do capítulo

Compensado o meu silêncio o/. Demorei pq eu ando meio exigente, uns ajustes ali outros aqui. Continuem comentando amores!! =*