Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 43
Um final quase feliz


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o último capítulo de "Meu Vizinho Infernal"!



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Ares parou o carro e respirou fundo. Se ele não fosse o Deus da guerra todo durão e poderoso, tenho certeza de que ele começaria a chorar de desespero. Mas ao invés disso resolveu se conter.

“Desce logo da droga do carro, Filhinha de Hermes.” Falou ele esmagando o volante do automóvel.

“Eu tenho outra opção?” Comentei suspirando e abrindo a porta. Desci do carro, e Ares fez o mesmo. Estávamos prontos para enfrentar o castigo, até por que... Não tínhamos nenhuma alternativa. Ares parou do meu lado na calçada e revirou os olhos.

“Isso é ridículo.” Comentou.

“Concordo com você.” Resmunguei. “Se Zeus ouvisse que... Ah!”

Rapidamente me joguei no chão da calçada. Ares olhou para mim como se eu fosse maluca.

“O que está fazendo?!” Perguntou sem entender.

“Dylan.” Falei olhando por debaixo do carro os pés dele. “Ele não pode me ver!”

“Porque você arrumou um novo namoradinho?” Zombou Ares.

“Não! Por que você me fez roubar o carro dele para chegar no Olimpo!” Retruquei.

Eu?!” Repetiu ele. “Não foi culpa minha!”

“Eu me sinto melhor pensando que foi.” Disse ainda deitada no chão de concreto da rua. Dylan estava parado, pelo visto. Esperava que ele continuasse assim. Ou melhor... que fosse embora o mais rápido possível.

Só que ele não ia. Ares na deixaria de tirar proveito da situação, é claro.

“Alice! Olha! Não é o Dylan?!” Exclamou o mais alto possível. “Levanta do chão e vai falar com ele!”

“Desgraçado!” Reclamei tentando socar o pé dele, já que era o único lugar que eu alcançava no momento, mas ele foi mais rápido e desviou.

Ares virou as costas e foi embora, mas antes olhou para mim dizendo “Sabe onde eu vou estar. Não demore. E... Se ferrou!”.

“Alice?” Perguntou Dylan chegando perto. Eu me pus de pé em um pulo o mais rápido que pude. “Alice, o que aconteceu?”

“Oi!” Exclamei totalmente sem graça. “Dylan! Eu... Tudo bem com você?”

“Ahm... Sim.” Ele franziu o cenho para mim. “O que aconteceu com você?”

“Nada! Nada... Eu...” Comecei a desviar o olhar um pouco, mas depois vi que não teria como fugir do assunto. “Sinto muito por ter roubado o seu carro, mas é que... Eu tive que ir urgente para New York.”

“Por que não pediu para eu te levar?” Perguntou um pouco decepcionado.

“Porque eram assuntos de família. Sabe? Assuntos delicados de família. Não podia levar você junto de jeito nenhum.” Respondi tentando não mentir.

Pensei que ele fosse reclamar comigo, ou dizer que nunca mais queria me ver na vida, mas ao invés disso... Ele começou a rir.

 “Viu só?!” Exclamou ele rindo. “É por isso que eu gosto de você! Você é muito imprevisível! Nunca sei o que você vai fazer.”

“Wow. Que sorte a minha.” É, literalmente. Ri um pouco junto de Dylan, mas então surgiu uma pergunta importante que me fez calar a boca.

“Então... Cadê o meu carro?” Perguntou ele inocentemente.

“O seu... Carro?” Repeti sem graça.

“Sim. Onde você estacionou?” Perguntou.

“É... Ahm... Em New York.” Contei.

“Ele ainda está lá?!” Repetiu surpreso.

“Sim. Junto com algumas... Prováveis multas de transito.” Contei. Se é que eu não o parei em um lugar proibido para estacionar, e ele foi rebocado. Mas... Era melhor cortar esse detalhe. “Olha, Dylan... Eu realmente sinto muito. Eu posso pagar para voc~e as multas de transito, certo? Pode deixar que eu...”

“Não precisa, Alice.” Cortou ele. “Está tudo bem. Eu posso pagar.”

“Mas... Não é certo. Eu tinha que...” Alguém me cortou.

Deixa ele pagar, retardada!” Falou Ares de dentro da casa. Eu olhei para trás e ele puxou a cortina se escondendo.

“Quem é ele?” Perguntou Dylan.

“É o meu... Tio.” Contei.

“Sério? E... Ele te chama de retardada?” Perguntou estranhando.

“Sim. É que nós nos amamos muito.” Comentei.

“Certo... Mas... Quanto as multas... Está tudo bem.” Disse ele olhando para mim novamente. “Você assiste outro filme comigo e estamos quites.”

Eu olhei para ele. Tinha me esquecido completamente que Dylan ainda gostava de mim. Tinha que dizer para ele que nós dois não poderíamos mais sair juntos, mas naquele momento simplesmente não parecia certo!

Fiquei uns segundos imaginando como dizer não para ele de um jeito que não o deixasse para baixo (e que não fizesse com que eu tivesse que pagar as multas), quando finalmente tive uma idéia.

“O que você acha da Jess?” Perguntei.

“Jess? A... Jéssica? Sua amiga?” Disse ele em dúvida.

“Sim. Ela mesma.” Confirmei. “O que acha dela?”

“Ela... É legal, eu acho. Nunca conversei muito com ela, nem nada.” Contou.

“Pois é. Acho que nós dois não podemos ficar juntos.” Ele perguntou porque, e eu me apressei a explicar. “É que a Jess idolatra você! Ela vive falando que você é lindo, inteligente, engraçado, e milhares de outras coisas... E conhecendo você melhor, eu vejo que vocês combinam tão bem! Não posso continuar com você, e fazer a Jess triste. Não dá.”

“Mas Alice...!” Ele mesmo parou de falar. “Espera... Ela me acha isso tudo mesmo?”

“E muito mais, pode crer. Ela vive falando sobre como você é musculoso, e cheio de charme. Tinha que ver isso com seus próprios olhos... Já sei! Chame ela para sair! Ela não vai fazer nada hoje mesmo!” Sugeri de repente.

“Eu não sei, eu...” Dylan estava em dúvida.

“Acredite em mim, Dylan. Você não vai se arrepender.” Pisquei para ele. Eu lhe disse o endereço de Jess, e falei para ele ir até lá.

“Vou á pé?” Perguntou ele quase rindo.

“Por que não? Tudo nesse bairro é pertinho! Você só tem que virar umas três esquinas. Só isso.” Incentivei ele. Senti vontade de rir de mim mesma. Uma filha do Deus das corridas, incentivando um mortal a correr. Engraçado. “Vai! Se for rápido, ainda pode comprar flores no caminho! Corre!”

Dylan riu, mas concordou. Ele saiu em um passo apressado pela rua. Não agüentei. Comecei a rir do que tinha acabado de fazer, mas logo a graça desapareceu.

Vai ficar rindo que nem uma pateta aí, Filhinha de Hermes, ou vai entrar logo?!” Perguntou Ares irritado de dentro da casa.

“Eu já vou!” Reclamei. “Impaciente...”

Me virei com pouca vontade e atravessei o gramado verde, indo direto para a casa de Ares. Abri a porta e vi que ele estava sentado no sofá de braços cruzados.

Ares estreitou os olhos para mim, e eu estreitei os olhos para ele. Me sentei no sofá ignorando os resmungos, e xingamentos vindos do Deus da guerra nem um pouco feliz. Como de costume, ele disse que o sofá era dele, e que eu era uma inútil, e blá blá blá...

A porta se abriu. Nós dois olhamos para ela, e vimos alguns dois homens de macacão laranja entrarem na casa. Eles levavam uma cama. A minha cama.

Subiram as escadas, e nós dois os acompanhamos com o olhar. Depois de alguns minutos, eles saíram e voltaram com mais objetos meus. Levavam a maioria para o segundo andar.

“Isso... Dá até vontade de chorar.” Comentei olhando os meus móveis passarem.

“Sua fresca.” Resmungou ele. “Se mantivesse a sua boca grande fechada, nada disso teria acontecido!”

“Viu?! Esse é o problema! Filhinha de Hermes, fresca, inútil, retardada... Se você aprendesse a ser educado, não estaríamos nessa maldita encrenca!” Retruquei. “Mas não... Agora eu tenho que ficar aqui com você por 50 anos!”

“Eu te odeio mais que tudo nesse mundo.” Comentou ele com um sorriso. “Ah, eu juro, Kelly. Se eu tivesse a oportunidade de escolher qualquer pessoa para matar lenta e dolorosamente, esse alguém seria você!”

“Diga o que quiser.” Resmunguei. “Me odiando ou não, eu infelizmente não vou a lugar nenhum.”

Ares me olhou com raiva.

“Será que o seu papaizinho ficaria triste se eu pisasse em você como um inseto, Filhinha de Hermes?” Perguntou ele.

“Não sei, mas o seu papaizinho sim, e te mandaria para algum lugar remoto no Tártaro, Filhinho de Zeus.” Rebati irritada.

“Escuta aqui, Kelly...” Ares tirou seus óculos escuros. “Se você vai mesmo ficar aqui na minha casa, temos que estabelecer regras, sacou?”

“Que regras? Fique longe de mim, e eu não te mato?” Chutei.

“Não. Bem... Sim. Mas quero dizer... Regras mais importantes.” Falou ele. “Como, por exemplo... Não sente no meu sofá!”

Antes que eu pudesse abrir a minha boca, ele me jogou para a chão com força. Eu caí, e Ares pôs os pés no lugar onde eu estava sentada, para que não pudesse voltar.

“O que?!” Exclamei sentada no chão perplexa. “Fala sério! Tira o pé daí!”

“Não mesmo. Quer sentar? Então pode ficar com aquela poltrona.” Disse ele com um sorriso maldoso no rosto.

“Se você acha que eu vou passar 50 anos naquela maldita poltrona, voc~e está completamente maluco! Tire os pés daí agora!” Exigi rangendo os dentes.

“Tire eles se tem coragem, pirralha!” Desafiou ele relaxando no sofá.

“Seu...!” Uma idéia horrível passou pela minha mente. Eu afundei o meu rosto sobre a mesinha de centro e comecei a ter uma crise. “Eu não acredito!

“O que foi agora, chorona?” Perguntou ele revirando os olhos.

“Vamos ter que morar juntos por 50 anos, e não se passaram nem mesmo 50 minutos!” Exclamei com raiva. “Eu quero ir para a minha casa...”

“Eu teria que ir junto. Sem chance.” Resmungou ele.

Sozinha! Ir para a minha casa sozinha!” Corrigi. “Isso é... Injusto!”

“A vida não é justa. Olhe para mim! Eu vou ter que conviver com você, porque meu pai acha que nós dois precisamos aprender a nos darmos bem um com o outro. Que inferno.”

“Eu não quero me dar bem com você! Eu te odeio.” Comentei.

“Digo o mesmo.” Confirmou ele. “Mas ainda assim... Vai ficar com a poltrona.”

“Escuta aqui, seu...!” Estava pronto para soltar todos os xingamentos que eu conhecia, quando uma outra pessoa entrou pela porta.

“Aí está ela!” Disse Apolo com um sorriso abrindo as mãos de felicidade. “Alice de Jersey!”

Apolo entrou na sala com um sorriso, e começou a dançar comigo. Ele me girou, e depois fez alguns passos de tango.

“Alice de Jersey?” Perguntei franzindo o cenho.

“É! É tipo... Helena de Tróia. Alice de Jersey.” Falou Apolo rindo. “Você é realmente uma em um milhão!”

“Está me comparando á Helena de Tróia?” Perguntei sem entender.

“Não chega nem aos pés...” Resmungou Ares.

“Para mim passa até da cabeça.” Sorriu Apolo. “Eu nunca vi uma garota arrumar tanta confusão quanto você, e no final se dar bem!”

“Apolo... Você ouviu direito a história?” Perguntei largando ele. “Eu não me dei nem um pouco bem!”

“Poderia ter sido muito pior. Zeus podia ter te transformado em algum tipo de animal, ou até mesmo te condenado á algo muito ruim.” Falou Apolo.

“Ele já me condenou a algo bem ruim.” Afirmei. “Pode crer... Estou bem ferrada.”

“É, é verdade. Mas o fato é... Você pode ter se ferrado mais do que isso.” Disse ele. “Mas tudo bem. Eu vim aqui amenizar um pouco a situação.”

“Ah não! Se for para falar um haicai, dá logo o fora daqui!” Reclamou Ares apontando para a porta.

“Não é para isso!” Protestou Apolo, mas depois ele abaixou levemente a cabeça. “Ahm... Eu posso pular essa parte.”

Ele olhou para mim e seus olhos brilharam. Apolo se ajoelhou na minha frente, e o meu queixo caiu. Ele ia... Me pedir em casamento ou coisa parecida?!

“Alice... Eu te acho demais!” Falou ele sorrindo. Ele virou a palma da mão para cima. “Por favor, aceite...!”

“O que?!” Perguntei tensa.

“Ser minha musa!” Disse ele.

Ufa! Por um momento eu pensei que ele realmente me pediria em casamento. Não que fosse ruim, pois na verdade era ótimo! Mas... Era tão de repente! Eu nem tinha passado assim tanto tempo com ele (pelo menos não tanto quanto eu queria)!

“Musa?” Repeti.

“Sim! Seja uma musa de Apolo, e se torne imortal!” Falou ele com um sorriso. “Assim você poderá não envelhecer, e... Se manter viva durante esses 50 anos, e muito mais.”

Ele queria me salvar de Ares. Que romântico...

“Imortalidade? Quer dizer... Que eu nunca vou morrer?” Perguntei.

“É isso aí.” Assentiu sorrindo. “Agora, por favor, aceite. Os meus joelhos já estão começando a doer.”

Eu ri. Não pude deixar. Apolo ajoelhado para mim, era uma coisa muito engraçada de se ver, mas eu estava amando aquele momento. Pus a minha mão sobre a palma da dele.

“O que eu tenho que dizer? Só... Aceito?” Perguntei.

“Diga que aceita, e que será minha para sempre.” Sorriu ele. “Pode dizer que eu sou lindo também, mas isso é só uma sugestão.”

“Vou ignorar a última frase.” Comentei revirando os olhos rindo. “Eu aceito, e serei... Sua para sempre. Isso serve?”

“Serve sim.” Apolo se levantou a me abraçou com força. “Parabéns, você é imortal!”

Senti cada parte do meu corpo se encher de energia. Não sabia se era parte da imortalidade, ou só alegria por Apolo estar me abraçando. Mas... Foi uma das melhores sensações que eu já senti.

“Musa de Apolo... Eu sou importante agora.” Sorri.

“Para mim, você sempre foi importante.” Piscou Apolo. Ele olhou para Ares, que agora assistia uma luta na TV. “Ei! Vamos ter uma conversa.”

“O que você quer?” Perguntou ele desinteressado.

“Não é só porque vocês dois estão morando na mesma casa, que você pode se aproveitar da minha garota, entendeu? Estou de olho em você, Ares!” Disse Apolo fingindo estar sério. “Fique longe dela!”

“Ah tá! Eu vou tentar.” Disse ele em sarcasmo. “Vocês não iam sair? Dêem o fora logo.”

“Ai, Ares... Eu nunca vou deixar de te zoar por ter ficado de castigo!” Riu Apolo. “Papai te deu uma bela bronca, hein?”

“Se manda!” Exigiu Ares levantando do sofá.

“Não precisa pedir duas vezes!” Sorriu Apolo. Ele me carregou, e foi em direção á porta. “Hora de nos divertimos um pouco, Alice! Vou pegar ela emprestada, certo Ares? Não nos espere acordado.”

“Apolo!” Exclamei surpresa por ele estar tão animado. “Devagar!”

Ele saiu e fechou a porta com um chute.

“Sabe qual é o lado bom de você ter que morar com ele por 50 anos?” Perguntou Apolo, eu neguei, e ele continuou. “É que 50 anos eu vou saber exatamente onde você está.”

Ele beijou a minha testa, e nós entramos no carro. Olhando para a casa vermelha, que agora também era minha, eu me senti um pouco de nervoso. Mesmo assim... No fundo eu estava feliz por voltar a ficar perto de Apolo. No fundo... Talvez eu soubesse que não servia para ter uma vida normal.

Olhei para Apolo, que sorria extremamente feliz, e não pude deixar de sorrir também. O que eu iria enfrentar nesses próximos anos, eu não tinha idéia. Mas ao menos eu tinha ele.

Ares podia estar irritado, mas acho que ele ia se acostumar. Tinha que pensar em um jeito de nós dois não brigarmos o tempo todo, é claro. Algumas outras questões também cercavam a minha mente. Como, por exemplo... Como a espada de Ares foi parar naquele terreno de obra? E... O que uma musa de Apolo fazia?

Entretanto... Não era hora para me preocupar com aquilo. Assim que entramos no carro, eu sorri. Feliz por finalmente poder estar com Apolo e dizer...

“Eu gosto de você.” Falei.

“Eu também gosto de você.” Disse ele de volta.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam do final?

Sim... Algumas questões não foram respondidas. E adivinhem o motivo disso.

Sim! "Meu Vizinho Infernal" terá uma continuação!

Bem... Ainda tem o capítulo Bônus que eu vou escrever, mas enquanto isso... Espero por reviews.

Para aqueles que gostaram, espero recomendações!

Beijos pessoal!