Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 36
Garotas e zumbis violentos


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o novo capítulo!

Aposto que estavam ansiosos, né?

Não precisam mais esperar.



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Eu acordei logo de manhã cedo. Pela primeira vez em muito tempo eu me senti bem. Sem pesadelos, sem rock’n roll pesado. Preferia nem mesmo lembrar que antes as minhas manhãs não eram daquele jeito.

Desci as escadas e fui tomar café. Dylan provavelmente chegaria á minha casa depois do almoço, por isso ainda tinha um bom tempo. Eram só 10 da manhã.

Após tomar o café, eu resolvi arrumar a casa. Nada demais, mas... Desde que eu comecei a ter todos aqueles problemas, eu não parei para por as coisas no lugar. Alguns livros ainda estavam jogados encima da minha escrivaninha (culpa de Ares), a minha porta ainda precisava de no mínimo um retoque de tinta (culpa do cão infernal), e o meu quarto necessitava de uma arrumação (culpa de Ares. Tá... Talvez eu tenha um pouco de culpa também. Satisfeito?).

Passei umas 2 horas arrumando tudo. Não foi nada fácil, até por que... Eu não sou o tipo de pessoa que gosta de arrumar as coisas. Na verdade... Acho que simplesmente não deve existir um tipo de pessoa assim. Bem... Claro. Deve haver alguns casos raros, mas  eles estão correndo risco de extinção.

Quando era mais ou menos umas 2 da tarde, eu me troquei. Escolhi por uma bermuda jeans, e uma camisa simples verde. Não queria parecer exagerada na hora de me arrumar, até por que... Ainda me sentia envergonhada de ter chamado Dylan para um encontro logo de cara.

Mas isso era um detalhe. Eu tinha que mudar. Eu... Precisava mudar.

Fui para o sofá e liguei a TV para me distrair, enquanto ele não chegava.

POV Ares.

A porta da minha casa se abriu de repente. Apolo a fechou atrás de si, e caminhou para o centro da sala com um largo sorriso estampado no rosto.

“O que você acha?” Perguntou ele sorrindo e estendendo um buque de rosas vermelhas para mim.

“Acho que você enlouqueceu se está dando isso para mim.” Respondi, enquanto levantava dois pesos de mão.

“Não é para você.” Apolo fez uma careta de brincadeira. “É para a Alice.”

“De novo...” Revirei os olhos. Será que ele nunca se cansava?

“De novo?” Repetiu ele sem acreditar. “Você não entende nada!”

“Ah, sou eu que não entendo?” Falei revirando os olhos. “As solas dos sapatos dela já devem estar gastas de tanto chutar a sua bunda.”

“Ela não... Você poderia falar de um jeito mais sutil.” Disse Apolo fingindo estar magoado, mas logo voltou a ter aquele sorriso bobo no rosto. “Ela só estava um pouco cansada. Precisava de um tempo, e eu dei. Agora... Nós vamos voltar.”

“Não sou especialista nisso, mas...” Ele era muito anta. “Para vocês ‘voltarem’, não precisariam primeiro ter estado juntos?”

“Nós estávamos.” Disse ele confiante, mas no fundo sabia que era mentira.

“Ah, mesmo?” Perguntei rindo daquilo.

“Sim.” Assentiu ele. “Ela... Só não queria admitir, mas ela gostava de mim.”

“Aham.” Concordei facilmente, o que deixou ele um pouco incomodado.

Apolo começou a andar de um lado para o outro na sala, enquanto ajeitava o buque de flores.

“Olha, não é como se ela nunca mais quisesse me ver nem nada. É só que...” Ele parou fazendo uma cara de ‘estou buscando inspiração para terminar a frase’. “Ela gosta demais de mim. Gosta tanto, que ficar perto de mim é uma emoção muito grande.”

“Humildade é tudo.” Comentei revirando os olhos.

“E também...” Apolo ignorou meu comentário. “Mesmo se ela quisesse, o que não é o caso, ela não conseguiria terminar comigo e seguir em frente. Não tem ninguém como, ou melhor que eu. Fui feito para ela.”

Eu desviei o olhar. Como ele era idiota... Gente convencida sempre se dá mal, o que me faz rir. Mas naquele momento, ele estava só enchendo a minha paciência mesmo.

Olhei pela janela em busca de algo melhor para observar, mas o que eu vi... Ah! Aquilo ia ser engraçado.

“Jura?” Perguntei reprimindo um riso. “Parece que ela está conseguindo seguir em frente muito bem, Romeu.”

“O que?” Perguntou Apolo olhando para mim sem entender. Eu apontei para a janela com o dedão e cheguei para trás. “Saí da frente!”

Ele correu até a janela e viu.

A Filhinha de Hermes estava na calçada falando com um garoto que parecia ter a mesma idade que ela. Talvez uns 20 no máximo. Ele estacionou o carro na calçada. Era um conversível azul marinho, e aposto que Apolo se incomodou ao ver aquilo.

“Quem...?!” Pude ver que ele estava rangendo os dentes de raiva.

O garoto saiu do carro e cumprimento. Ele sorriu. Estava usando calça jeans, e uma camisa branca. Por cima tinha uma daquelas camisa de botão quadriculadas que todos usam para parecerem “descolados”. Nunca vou entender os mortais...

“Quem é ele?!” Perguntou Apolo com raiva.

“Uhm... Eu realmente não sei. Mas... Será o namorado dela?” Sugeri sabendo que aquilo o tiraria do sério. Só para ser mau, eu repeti. “Namorado.”

“Namorado?!” Exclamou Apolo virando-se para mim. Em suas mãos o buque começou a se contorcer. Apolo estava apertando-o com extrema força. As rosas começaram a cair no chão. “Como assim um namorado! Ela...! Ela não pode!”

“Por que vocês foram feitos um para o outro?” Perguntei em uma voz doce forçada. Senti vontade de rir, mas aquilo estragaria a diversão.

“Sim!” Exclamou ele. “Quero dizer... Ela...! Como ela pode me trocar por ele?!” Berrou ele furioso agora.

“Uhm... Que tal analisar a situação?” Sugeri colocando meu braço sobre o ombro dele. Nós dois viramos para olhar melhor a cena de frente para a janela. “Ele tem um carro bonito.”

“O meu carro é mais bonito!” Protestou Apolo fitando o conversível. “Mais rápido, mais versátil, e sem falar que ele representa o poder do Sol!”

“Legal. Mas acho que ela enjoou disso.” Comentei tendo certo trabalho para não rir dele. “Ela deve achar ele bonito.”

“Há!” Apolo deu uma única risada curta e sarcástica, e depois deu um passo para longe de mim. Ele estendeu as mãos e começou a levantá-las e abaixá-las. “Olhe para mim! Eu sou um Deus. Ele é um mero mortal, que aposto que nem deve enxergar pela névoa! Eu sou lindo.”

“Ok. Vai ver... Olha.” Apontei para a janela. A Filhinha de Hermes e o garoto riram de alguma coisa e entraram na casa. “Ele é engraçado.”

“Eu sou muito mais engraçado!” Protestou Apolo batendo o pé no chão. “Eu a fiz rir muito mais do que ele! Isso não é justo!”

“Ok. Então vai lá e fala isso para ela.” Não consegui deixar de rir.

“Eu vou mesmo!” Disse Apolo com um olhar de raiva.

“O que?” Eu parei de rir. “Você não vai lá.”

“Vou sim.” Afirmou ele. “Vou lá mostrar para aquele garoto com quem ele está se metendo!”

“Opa!” Apolo virou as costas e começou a marchar em direção á porta, mas por sorte eu consegui segurá-lo. “Se você for lá, você sabe muito bem que a Filhinha de Hermes vai arrumar a maior confusão. Ela disse que não nos quer por perto!”

“Que besteira!” Reclamou Apolo tentando se livrar de mim. “Ela não está com ele! Ela sabia que nós íamos voltar a nos ver hoje, por isso ele não pode ser...!”

“Apolo, a que nível a sua burrice pode chegar?!” Perguntei sem acreditar. “Ela não ia te ver hoje, nem amanhã, e muito menos na semana que vem! Vocês não vão ao cinema, ao parque, ao restaurante, ao show do Elton John, ou á qualquer porcaria de lugar onde pessoas apaixonadas e otárias vão, entendeu?! Ela mandou você ir embora e não voltar!”

Apolo parou de se debater. Ele desviou o olhar para o chão rapidamente, e depois levantou a cabeça.

“Entendeu?” Perguntei novamente. “Ela quer esquecer tudo isso. Foi o que quis deixar bem claro.”

“Eu... Entendi, Ares.” Assentiu ele em um tom baixo e triste. Imaginei que ele tivesse realmente entendido, por isso soltei seu braço. Só que aquele idiota tinha me enganado. “Eu entendi... Que não vou deixar aquele babaca ficar com ela!”

Apolo correu até a porta, mas antes que ele chegasse lá eu me joguei contra ele.

“Não vai não!” Exclamei.

“Ares, me solta! Eu vou sim!” Ele se debatia no chão. Nós dois rolamos pelo chão da sala derrubando tudo que estava no caminho. Ele tentou se levantar, mas eu puxei seu cabelo para trás e dei-lhe uma chave de braço. “Tá bom! Tá bom! Então eu faço outra coisa!”

Apolo (quase sem ar) estendeu o braço para a TV e na tela apareceu a imagem da sala da Filhinha de Hermes. Eu franzi o cenho para a cena, e isso deu chance de Apolo escapar. Ele sentou-se no sofá e começou a fitar a tela.

“Vamos ver se esse cara é tão melhor que eu.” Disse ele irritado. “E da próxima vez, não mexa no meu cabelo!”

Eu revirei os olhos. Idiota.

“Entenda, Pequeno Raio de Sol. Ela não quer mais você.” Disse sentando-se ao lado dele no sofá.

“Sh!” Fez ele para mim, o que me deu vontade de soca-lo. Ninguém me manda ficar quieto! “Eu quero ouvir!”

“Qual filme você prefere ver?” Perguntou o garoto na tela.

“Uhm... Não sei.” Alice encolheu os ombros. “Eu acho que pode ser qualquer um. Por que não escolhe, Dylan?”

Por que não escolhe, Dylan?” Imitou Apolo com uma vozinho fina forçada. “Dylan. Nem o nome dele é melhor que o meu! Apolo arrasa.”

“Tanto faz.” Resmunguei. Houve um momento de silêncio enquanto a Filhinha de Hermes estava na cozinha, e o Dylan escolhia um DVD.

“Dylan é nome de remédio.” Falou Apolo. Do nada ele tomou uma expressão feliz. “Dores de cabeça, e náuseas? Use Dylan! Ao persistirem os sintomas um médico deve ser consultado. Esse remédio é contra-indicado na suspeita de dengue.”

“Você é uma pessoa muito perturbada.” Comentei achando ele muito estranho.

Eu?! Eu sou perturbado?! Olha isso! Olha. Para. Isso!” Exclamou Apolo pulando do sofá e apontando para a TV. “O cara tem um sorriso idiota no rosto de: ‘Eu sou o cara, e você tem sorte de estar comigo. Alice, eu quero você para...’.”

“E eu tenho cara de: ‘Apolo cala essa boca e senta o seu traseiro no sofá, antes que eu quebre a sua cara.’!” Interrompi antes que ele acabasse aquela frase e eu tivesse pesadelos de noite.

“Você tirou o dia para fazer comentários sobre o meu traseiro, não é?” Comentou Apolo estreitando os olhos.

“Senta logo!” Ordenei, e ele, com medo, sentou.

“Que tal vermos ‘Fúria de titãs’?” Sugeriu Dylan para ela.

“Não!” Exclamou apressadamente. “Quero dizer... Esse filme já está enjoado.”

“Sério? É bem legal.” Comentou ele. Ela ainda estava na cozinha, por isso tinha que falar um pouco alto. “Mas então... Que tipo de filme você gosta?”

“Eu? Ahm... Desde que não tenha nada a ver com mitologia...” Ela apareceu na sala com dois potes de pipoca. “Por mim está tudo bem.”

“Não gosta?” Sorriu ele ao vê-la chegar. “Tudo bem. Que tal ‘Resident Evil’?”

“Eu adoro esse filme.” Disse ela sorrindo. “De verdade.”

“Sério? Eu estava só brincando. Geralmente a maioria das garotas não gosta muito de zumbis dizimando a população mundial.”

“Elas não sabem o que estão perdendo.” Disse ela. “Podemos ver o filme, enquanto saboreamos o meu melhor trabalho culinário.”

Ela riu e entregou uma tigela de pipoca para ele. Dylan riu também.

“Uau! Deve dar muito esforço apertar os botões do microondas.” Riu ele. “Mas eu aceito a tigela mesmo assim.”

Alice fez uma careta para ele e sentou-se no sofá.

“Não menospreze o talento dela!” Protestou Apolo ao meu lado. “Fique sabendo que não é qualquer um que consegue fazer pipoca de microondas!”

Eu olhei para ele com cara de “O que?!”. O que me assustou mais era que ele estava falando aquilo sério. Apolo olhou para mim e viu a minha cara.

“O que foi?! Eu não consigo apertar os botões, e aí?!” Disse ele irritado. “Algum problema com isso?”

“Acho que você tem botões faltando na cabeça...” Falei voltando á olhar a TV. Ele fez o mesmo.

“Impressionante.” Murmurou Dylan, e Alice olhou para ele.

“Ah, sim. É um bom filme.” Sorriu Alice.

“Não.” Disse ele ainda olhando para ela. “Você.”

Ela se engasgou com uma pipoca, e eu ri.

“Eu?” Perguntou rindo sem acreditar. “O que eu tenho de impressionante?”

“Sei lá. O seu jeito...” Parecia que ele estava olhando para um enigma, e não para a Filhinha de Hermes, idiota e sem graça. “Você não vai para as aulas todos os dias...”

“Bem que eu tento.” Comentou ela.

“Quando vai, parece que está em um mundo próprio.” Continuou ele. “Longe de todo mundo, sabe?”

“Eu sou distraída.” Disse ela.

“Não deixa de ser legal.” Insistiu ele. “Sabe? Até mesmo a sua aparência é diferente...”

“Tipo... O meu cabelo bagunçado que nunca fica no lugar?” Perguntou tentando ajeitá-lo, mas ele segurou sua mão antes que ela fizesse isso.

“Eu gosto.” Disse ele.

De leve, passou sua mão pelo rosto dela até atrás da orelha, onde arrumou parte de seu cabelo. Ela olhou para a tela do filme, e eu olhei para Apolo. Ele estava mordendo uma almofada.

“Olha... Esse cena não é aquela em que...” Alice olhou para a TV, mas seu queixo foi puxado para o lado. Dylan a beijou devagar, e ela fechou os olhos aos poucos como se estivesse tentando se acostumar aquilo.

O que?!” Rugiu Apolo pulando para ficar de pé. Eu peguei o controle e mudei a TV par ao canal de luta. Um cara estava quebrando a cabeça de outro contra uma grade. Eu pararia para ver, se... Ironicamente... Não tivesse que evitar uma guerra. “Eu mato ele! Juro que eu vou...!”

“Chega disso!” Eu dei um tapa forte no rosto dele, e depois agarrei a gola de sua camisa forçando-o a olhar para mim. “Com quantas garotas você já ficou?! Saia por aí e procure uma outra! Para para pensar, idiota! Você consegue achar outra pessoa! Agora faça o mesmo que ela está fazendo com você. Esqueça!”

Apolo engoliu em seco. Ele respirou fundo.

“Ce-Certo. Eu... Eu consigo.” Sorriu ele desajeitado. Novamente... Eu caí nesse truque e o soltei. “Consigo nada! Eu mato ele!”

Lá íamos nós dois novamente rolando pelo chão... Que droga. 


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Apolo enganando Ares. Ha ha.

O que será que vai acontecer entre a Alice e o Dylan?

Mandem reviews!