Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 35
A vida normal de Alice Kelly


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo!

Viu Taylor_Efron? Eu jurei pelo Estige, e aqui está o capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126061/chapter/35

Eu não me sentia nem um pouco bem, mas a última coisa que queria era me sentir pior. Não que eu realmente quisesse nunca mais ver o Apolo ou o meu pai... É, o Ares eu não me importaria de nunca mais ver... Mas eu queria voltar a ter uma vida normal onde a minha família e eu não éramos ameaçados por coisas estranhas todos os dias.

Tinha me metido em um problema enorme com essa maldição, e isso quase matou a minha mãe. Eu estava cansada de ter que conviver com monstros, deuses e tudo que tinha a ver com mitologia.

Quando eu saí da casa dele deixando para trás a minha mãe (que por algum motivo bizarro achava que eu e Ares formávamos um casal bonito) pude sentir que Apolo não entendeu nada. Bem... Alguém ia explicar para ele alguma hora.

Sabe... Eu bem que poderia dizer que isso de não querer vê-los mais deu errado, mas na verdade foi uma das poucas coisas que realmente funcionaram para mim desde que eu me mudei para Jersey.

Nos dois dias seguintes eu pude acordar ás 8 da manhã sem ouvir rock pesado. Na verdade... Nem parecia que eu ainda tinha um vizinho. Eu pude ir para a faculdade sem ser atacada pelos monstros atraídos pela maldição. Pude finalmente assistir as aulas com calma, o que foi bem estranho, porém legal.

“Tem alguma coisa para fazer no sábado, Alice?” Perguntou uma garota ruiva que tinha conversado comigo durante os intervalos das aulas. Se não me engano o nome dela era Jess.

“Ahm... Não.” Comentei distraída, enquanto ajeitava os livros na mochila. “Acho que eu não tenho nada. Por quê?”

“Só para saber. É que as provas estão chegando, e eu estava pensando que poderíamos estudar juntas talvez.” Disse ela.

“É mesmo. Eu realmente preciso estudar.” Lembrei de que tinha perdido praticamente uma semana inteira de aulas, senão mais.

“As provas são amanhã? Então não precisa se preocupar!” Veio a frase na minha cabeça. Apolo...

“Oi?” Perguntou ela.

“O que? Ah! Desculpe. Eu estava distraída.” Falei jogando a mochila nas costas. “De qualquer jeito acho que vai dar. Não tem problema.”

“Sério? Então nós... Ah meu Deus.” Falou ela olhando sobre o meu ombro. Eu franzi o cenho e me virei, mas ela me impediu. “Não! Não olha diretamente!”

“Ah! Quem? Quem está lá?” Perguntei. Ares? Apolo? Hermes? Afrodite? Hefesto? Qualquer um deles? Tinha sido uma idiota se achava que eles poderiam me deixar em paz...

“Dylan.” Murmurou ela com os olhos brilhando. “Ele... Estuda na mesma turma que a gente nas aulas de estatística. Gente... Eu trocava o nosso estudo no sábado por um encontro com ele... Ou só com aquele tanquinho.”

Ele mordeu o lábio e o observou. Eu olhei para trás delicadamente para ver como ele era.

Dylan era bonito mesmo. Ele tinha cabelo castanho claro, e olhos verdes chamativos. Tão verdes quanto a grama. Ele estava sorrindo e falando com o professor, e isso roubou um suspiro da Jess.

“Aquele sorriso... Alice... Diz que ele não é a coisa mais linda que você já viu.” Disse ela olhando para ele. Tinha ignorado a tal regra de “não olhe diretamente”.

“Eu... Já saí com caras mais bonitos.” Comentei. Era verdade. Não que Dylan não fosse lindo, mas Apolo ganhava de 10 á 0 dele.

“O que?!” Jess riu. “Por onde você anda? Me apresenta um melhor um dia.”

“Claro...” Revirei os olhos.

“Ai ai... Ele é um Deus.” Comentou ela.

“Espero que não.” Respondi meio que imediatamente, e Jess franziu o cenho para mim sem entender.

“O que houve, Alice? Tem alguma coisa errada?” Perguntou ela, e eu neguei. “Quando um cara desses não te anima... Deve ter alguma coisa errada.”

“Não tem nada de errado. Eu só... Não tenho tempo para caras agora.” Disse.

“Você terminou com um?” Quis saber ela com um olhar compreensivo. “Então eu acho que deveria começar de novo. Sabe? Entrar em uma relação nova.”

“Ah, não... Jess, eu não quero...” Antes que eu pudesse terminar a minha frase ela rasgou uma folha do meu caderno e jogou em Dylan. Jess virou-se para mim, piscou e foi embora. “Que?! Por que você...?!”

“Ahm... Oi.” Disse ele perto de mim agora. Eu me virei sem graça. Não era para nada disso ter acontecido. “Foi você que...?”

“Não. É... Foi a minha amiga. Ela... É louca.” Disse eu prendendo o cabelo atrás da orelha, mas ele caiu novamente. Sempre fazia isso quando estava um pouco envergonhada. “Sinto muito. Ahm... Tenha um bom dia.”

Eu peguei a bola de papel, dei meia volta e comecei a andar até a porta onde Jess estava, mas antes que eu chegasse até lá...

“Alice.” Disse ele e eu me virei. “Seu nome é... Alice, certo? Estudamos juntos na aula de estatística, não é?”

“É sim.” Concordei. “Você é Dylan, não é?”

Ele sorriu. Seu sorriso era perfeito, mas eu não estava ligando muito. Dylan estendeu a sua mão e eu a apertei. Ele me entregou o caderno que tinha deixado encima da mesa e eu o guardei na mochila. Enquanto isso...

“Escuta, Alice...” Falou ele coçando a nuca. Parecia um pouco sem jeito. “Eu sei que você provavelmente não deve ter tempo, mas... Você perdeu algumas aulas de estatística. Será que não precisaria de uma ajudinha? Talvez... No sábado.”

“Ah... Eu preciso sim, mas... É que eu combinei com a Jess, e...” Antes que eu terminasse a Jess gritou da porta “Não vou poder ir no sábado! Tchau!” e eu senti o meu rosto ficar um pouco vermelho.

Dylan riu daquilo, mas logo tentou voltar a um rosto sério.

“Acho que você está desocupada então.” Disse ele. “Vai querer a minha ajuda?”

“Acho que sim.” Disse depois de pensar um pouco. Eu precisava de ajuda. Se fosse dele ou da Jess... Dava no mesmo. Dylan sorriu feliz e assentiu dizendo que poderia me encontrar no sábado para estudar. Eu dei o endereço para ele, imaginando se aquela seria uma típica tarde comum, ou se algo de estranho aconteceria.

Ele anotou, se despediu e começou a sair da sala. Foi aí que algo passou pela minha cabeça. Talvez o que Jess tinha dito estivesse certo. E se eu nunca esquecesse o Apolo, e sempre que um cara bonito desses passasse na minha frente eu nem ligasse? Não! Eu tinha que tirar a mitologia da minha cabeça.

“Que tal um encontro?” Perguntei alto antes de Dylan ir embora. Ele se virou. Só tínhamos nós dois na sala.

“Desculpe... Não entendi.” Pude ver que ele estava controlando um sorriso. Eu era completamente louca... Perguntar á um cara tinha acabado de conhecer se ele queria sair comigo. Mas... Foi o mesmo com o Apolo, não é? Bem, ele me perguntou primeiro, mas eu acabei aceitando.

“Esquece o estudo. As provas não são amanhã nem nada mesmo.” Falei encolhendo os ombros. “Não acha melhor nós só vermos um filme ou coisa parecida? Pode ser lá em casa mesmo, eu não me importo.”

Eu tinha acabado de falar que nem o Apolo, e acho que você notou isso, né?

“Claro. Tudo bem então.” Sorriu ele. “Então nós nos vemos no sábado.”

Ele saiu da sala e eu tive vontade de desabar no chão. Nunca pensei que eu fosse capaz de fazer aquilo. Pular do sétimo andar tudo bem, mas chamar um garoto desconhecido para um encontro não.

Não! Essa era a velha Alice Kelly! Você agora não pula do sétimo andar, e muito menos do oitavo! Você agora tem uma vida norma, dividida entre estudo, amigos e família. Ou pelo menos a parte normal e mortal da família.” Pensou uma parte de mim.

Fui para casa á pé escutando a Jess falar como eu era sortuda por ter um encontro com Dylan Woods. Ela ficou falando sobre os tipos de roupas que eu deveria usar, e os tipos de filmes que deveria ver.

Eu concordava com a maior parte das coisas e ficava em silêncio com outras. Não tinha nada que eu pudesse fazer para que ela parasse de falar, e também... Ela era uma das poucas pessoas com quem eu falava na faculdade, então preferi não ser grossa.

Quando finalmente cheguei em casa eu fiz todos os trabalhos e propostas das aulas. Terminei quando eram umas 4 da tarde, o que me deixou com o resto do dia livre.

Minha cabeça estava nas nuvens. Não tinha como descrever o que eu estava sentindo, mas era muito parecido com um choque. Eu passei muitos e muitos dias presenciando os acontecimentos mais estranhos e loucos da minha vida, e de repente todos eles pararam de acontecer. Não estava triste, mas... Uma parte de mim duvidava se aquela fora a decisão certa a tomar.

Naquela tarde eu sentei no sofá da sala e fiquei assistindo TV.

Ás vezes eu me pegava ligando cantando Aerosmith, AC/DC, Iron Maden, ou outras bandas de rock. Outras vezes eu passava para o canal de moda e via as modelos desfilando, ou para o canal de esportes e via as corridas. Mas muitas vezes (mais vezes do que posso contar) eu me pegava olhando para o teto, e imaginando o porque daquilo me fazer sorrir.

Não. Se concentra. Não faça isso, Alice. Lembre-se dos problemas que isso te causou! Não deixe que aconteça de novo...” Fechei meus olhos com força, e voltei á ver TV.

Estava trocando de canal, quando a campainha tocou. Eu me levantei e atendi a porta, mas logo me arrependi daquilo.

“Alice!” Sorriu Apolo quando eu abri a porta. “Que saudades!”

Ele me abraçou antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Lá fora estava frio. Muito frio mesmo. Brevemente ia começar á nevar. Esse foi o melhor assunto que eu consegui arranjar para não pensar nele me abraçando.

“Apolo... O que veio fazer aqui?” Senti a minha voz sair fria como a neve.

“Eu vim ver você.” Respondeu ele me soltando. “O que foi? Ainda não quer me ver?”

Ele foi em direção ao sofá, e eu fechei a porta. Não. Eu não podia deixar que aquilo acontecesse. Por mais que doesse em mim mandar o Apolo ir embora, eu não podia deixar com que tudo aquilo voltasse...

“Eu te disse que não.” Falei com calma. “O que mais quer que eu diga?”

“Ahm?” Fez ele parando de sorrir e olhando para mim. “Você... Ainda não quer me ver, Alice? Por quê?”

“Não é nada contra você.” Pude ver que ele ficou triste ao ouvir aquilo, por isso tentei suavizar a situação. Se ele ficasse mais triste, acho que eu não agüentaria. “É que... Eu tenho que voltar a ter uma vida normal, coisa que não é possível se estou perto de... Deuses.”

“Claro que é possível!” Exclamou ele se levantando. “Eu...! Nós podemos...! Tá... Não é possível, mas pode ser... Uma vida quase normal. Ah! Tsc! Quem quer uma vida normal? Isso é tão chato!”

Eu quero uma vida normal.” Repeti. “Quero poder ficar paranóica com os livros de matemática, me preocupar com as provas, sair com amigos... Mesmo que eu ainda tenho que fazer amigos. Mas isso é um detalhe... O ponto é... Eu não quero mais passar o meu tempo todo me preocupando com mitologia, entendeu?”

Apolo entendeu. Ele desviou os olhos triste, e depois olhou para mim novamente.

“Alice... Você tem certeza?” Perguntou.

“Tenho.” Repeti com dificuldade dessa vez, mas não deixei que ele notasse isso.

“Ok...” Assentiu ele suspirando. “Então... Acho que é isso. Eu... Vou nessa.”

Ele abriu a porta, e eu o chamei novamente.

“Por favor, Apolo... Eu...” Desviei o olhar por um momento. “Não gosto de repetir isso o tempo todo para te deixar desanimado. Por isso...”

“Eu entendi.” Assentiu ele. “Mas... Você não vai conseguir nos esquecer, vai?”

“Eu... Eu já esqueci uma vez.” Meu olhar estava vazio e fitava a parede. “Eu nem lembrava qual era o nome do Deus dos ladrões.”

“Nem o Deus do Sol.” Disse ele.

“Eu não preciso esquecer.” Disse eu. “Só... Me afastar.”

“Ok.” Assentiu ele. Apolo fechou a porta de leve e bem devagar, e quando foi embora eu senti uma imensa vontade de dormir para sempre. Talvez eu fosse para a loja de colchões de Morfeu e dormisse para sempre. Poderia ser divertido.

Subi as escadas desanimada depois de desligar a TV, e fui direto para a cama. Mesmo sendo só 6 da tarde, eu estava sem disposição para fazer qualquer outra coisa.

Acabei dormindo, e por incrível que pareça... Eu tive um sonho normal.

POV Apolo.

Abri a porta da casa de Ares e vi que ele estava vendo TV. O som estava desligado, o que me surpreendeu bastante. Ele levantou os olhos para mim, revirou-os e depois voltou a olhar a TV.

“Fala.” Disse suspirando.

“O que?” Perguntou ele se fingindo de ingênuo.

“Diz logo, Ares. Eu sei que você quer.” Falei incomodado.

“Não sei do que está falando.” Comentou ele distraído.

“Fala logo de uma vez!” Exclamei e ele riu. Adorava jogar na minha cara quando eu estava errado.

“Você está falando de...” Ele fingiu que tinha esquecido a frase. “Ah, é! Lembrei... Eu te disse!

Eu afundei na poltrona que ficava na frente do sofá. Era realmente desconfortável, mas eu não estava nem aí.

“Eu te falei... Ela te deu um fora.” Falou Ares olhando para a TV. “Ela deu um fora no Olimpo inteiro. Ou pelo menos... Na parte que ela conhece.”

“Escuta. Aquilo não foi um fora.” Falei tentando encontrar uma outra explicação. Fala sério... Eu sou o Deus do Sol. Lindo, bonito, atraente, encantador, divertido, engraçado... Por que ela me daria um fora? “Ela só precisa de um tempo.”

“Aham. Um tempo.” Repetiu Ares fingindo concordar. “Você sabe que esse tempo seria... Até ela morrer, não é?”

“Não é nada disso!” Protestei. “Você vai ver... Ela vai descansar hoje, e logo amanhã vai estar tudo bem novamente.”

“Você disse isso durante dois dias.” Falou ele. “Será que você não se toca?”

“Amanhã é sábado!” Reforcei a ideia. “Vou comprar alguma coisa legal para ela, e nós dois vamos juntos ao cinema. Ou dar uma volta de carro até Tokyo. Ou os dois. Nunca se sabe.”

“Nunca se sabe...” Repetiu ele baixinho, enquanto trocava os canais da TV. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ahm...

Sábado tem o encontro com o Dylan. E sábado Apolo quer fazer as pazes com a Alice novamente. Será que isso vai dar certo?

O que vocês acham?

Digam por review, e até o próximo capítulo!