Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 31
Diálogo familiar. Literalmente...


Notas iniciais do capítulo

Outro...

Vamos ver até que ponto esses dois se aguentam...



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Eu não estava entendendo uma palavra que ele dizia.

“Ahm... Você está na minha casa, sabe? É do lado da sua. Mesma cidade, mesma rua... Só que o número daqui é 17.” Era a melhor resposta que eu tinha.

“Acha que eu sou idiota por acaso?” Perguntou ele cruzando os braços.

“Eu tenho mesmo que responder?” Perguntei achando que ele tinha sérios problemas.

“Ótimo. Se prefere continuar com isso... Então eu acho.” Ele sorriu e abriu a estante de filmes que eu tinha na sala. Como nos desenhos animados, Ares começou a jogar todos os DVDs pelo ar. “Não, não, não... Bom filme, mas também não...”

“Ei! O que está fazendo?! Ares!” Eu exclamei desviando de “O Poderoso Chefão”. Ele me ignorou e continuou jogando todos os DVDs pelo ar. “Pare com isso!”

“Me faça parar, Kelly. Isso se não estiver com medinho.” Zombou ele continuando. Eu tentei puxá-lo, mas ele me lançou novamente no sofá. Quando os DVDs acabaram, ele se virou para mim e suspirou. “É... Não estava aqui.”

“Jura?!” Eu exclamei. “De novo... Qual é o seu problema?!”

“Não interessa. Pode estar na cozinha.” Falou ele me ignorando. Ares foi direto para a cozinha. Eu olhei para os DVDs jogados no chão. Por sorte eu só devia ter uns 30, porém mesmo assim a sala ainda estava uma bagunça. “Nesse armário, talvez.”

Eu gelei.

“Aí é onde eu guardo os...” Eu ouvi barulho de porcelana quebrando. “Pratos!”

Eu corri para a cozinha e tentei pegar todos os pratos que Ares jogava pelo ar. Alguns se quebraram, mas eu conseguia pegar a maioria e por encima da mesa.

“Você enlouqueceu?!” Eu exclamei.

“Você é que enlouqueceu se acha que pode me enganar!” Ele se virou para mim e lançou o último prato. Eu desviei por pouco e ele se quebrou contra a parede atrás de mim. “Legal... Próximo lugar. Gavetas.”

Aí é que me deu medo. Ele começou a lançar facas, garfos e colheres pelo ar. Eu não ia correr o risco de tentar pegá-las e se cortada por uma faca. Quando Ares acabou novamente, ele pegou a última faca a afundou na superfície do balcão de mármore.

“Aqui também não.” Resmungou ele. “Segundo andar, aqui vou eu.”

“Segundo... Andar?!” Eu repeti. Ares me ignorou de novo e começou a andar em direção á sala de estar. Eu segurei a jaqueta dele com força e firmei meus pés no chão. “O que deu em você?! Por que está bagunçando tudo?!”

Eu esperava que o meu peso o fizesse parar de andar, mas Ares continuou andando e os meus pés foram deslizando com ele. Ele era realmente forte.

“Não precisa ser assim. Só me entregue, para que eu possa te dar um fim rápido por ter me roubado. Facilite as coisas para todo mundo, Kelly.” Ele falou enquanto continuava a andar.

“Mas entregar o que?!” Eu perguntei. “E... Espera! Você acha que eu te roubei?!”

“Eu não acho. Eu tenho certeza!” Ele retrucou. Ares tinha chegado a escada. Eu tentei puxá-lo para trás, mas ele me empurrou e eu caí no chão. Ele começou a subir. Eu me levantei e corri atrás dele.

“Vejamos o que eu encontro...” Falou ele abrindo o meu armário. Afrodite tinha arrumado as minhas roupas por ordem de cor da última vez que mexera nele, mas ele não parecia ligar para isso. Começou a jogar as minhas roupas para cima. Uma calça jeans cobriu o meu rosto, e eu a joguei no chão junto com as outras. “Nada... Nada... Nada... Ahá! Ah, não. É um cabide.”

Ele estava vasculhando a minha casa, pois achava que eu tinha roubado algo dele. Seja lá o que fosse... Eu não tinha nada a ver com aquilo.

“Eu não te roubei. Você deve ter perdido.” Eu comentei.

“Perdido?!” Ele se virou para mim jogando um boné na minha direção. Por sorte, aquilo não doeu. “Acha que eu tenho cara de quem simplesmente perde as coisas?!”

“Não. Geralmente esse tipo de gente tem cabelo branco e umas rugas no rosto, mas... Quantos anos você tem mesmo?” Eu rebati.

“Como assim ‘Quantos anos você tem mesmo’?!” Ele reclamou.

“Vai ver está bem debaixo do seu nariz, e você nem mesmo notou.” Eu falei. “Tipo aqueles velhinhos que perdem os óculos e procuram na casa toda, mas no final da história estavam na testa deles.”

“Acha que eu sou um velhinho?! Sua pequena ladra! Acha que eu não sei como você e os seus irmãos sãos? Sempre de olho nas coisas dos outros.” Ele retrucou.

“Eu não sou assim!” Eu protestei. “E mesmo que fosse eu não quero, e nem vou querer nada que venha do você!”

“Mentira! Você me roubou!” Rugiu ele.

“Roubei droga nenhuma!” Rebati.

“Como se eu fosse acreditar na sua palavra!” Rebateu ele jogando o resto das roupas do armário no chão. Eu estava morrendo de raiva dele, mas quando eu estava me preparando para bater nele, o telefone tocou. Ares virou-se para mim. “Se manda e atende o telefone, antes que eu esmague você com ele.”

“Salvo pelo gongo.” Eu resmunguei. Eu desci correndo e peguei o telefone sem fio. Corri de volta para o meu quarto. Ares estava bagunçando a minha gaveta de meias.

“Quando eu achar, você está perdida.” Ele comentou quando entrei no quarto.

“Não fui eu! Quantas vezes eu tenho que repetir?!” Eu apertei o botão e atendi o telefone. “Alô?!”

Alice?” Perguntou uma voz doce e assustada no outro lado da linha.

“Ma... Mãe?” Eu perguntei um pouco menos irritada, e muito mais sem graça por ter gritado com ela. “Oi.”

“Se despeça dela!” Exclamou Ares querendo que ela ouvisse. “Não vai ter muito mais tempo de vida, Kelly!”

“Cala a boca!” Eu reclamei.

Alice, o que é isso?” Perguntou minha mãe sem entender.

“Não foi com você.” Eu respondi. “É só o meu... Vizinho neurótico irritado como sempre... Não mexa nessa gaveta!”

“Por que?! Você escondeu aqui?” Perguntou ele se virando para mim.

“Não! Por que...” Eu fiquei um pouco sem graça, mas respondi. “São as minhas roupas de baixo.”

Ares estreitou os olhos para mim desconfiado. Ignorando o que eu disse ele puxou uma peça de roupa da gaveta para conferir. Era um sutiã branco. Ele jogou novamente no armário e revirou os olhos.

“Vou torcer para que não esteja aqui.” Ele fechou a gaveta e meu rosto ficou completamente vermelho.

Alice?! O que está acontecendo?” Perguntou a minha mãe confusa.

“Nada.” Eu respondi tentando esconder a vergonha e a raiva. Ares começou a revirar uma gaveta da escrivaninha onde ficavam os meus livros da faculdade e outros. “Não jogue eles longe!”

“Você não manda em mim!” Protestou ele jogando.

Rapidamente eu apertei o botão de vivo a voz do telefone, coloquei-o de lado e comecei a pegar os livros.

Alice Hanks Kelly! Não minta para mim! O que está acontecendo?” Perguntou minha mãe em um tom autoritário.

“Nada! Eu já falei!” Eu respondi pegando os livros.

Isso não parece ‘nada’, Alice. Está escondendo alguma coisa?” Insistiu ela.

“Sim!” Respondeu Ares.

“Não!” Eu respondi. “Ares, ela não falou com você!”

Ares?” Repetiu minha mãe. “Alice... Em que encrenca você se meteu?!

“Quer em ordem alfabética, ou em ordem cronológica?” Perguntou Ares tentando não rir.

“Nenhuma encrenca! Agora... Como foi Paris?” Perguntei tentando mudar de assunto o mais rápido possível.

Você está tentando mudar de assunto, não é?!” Disse ela.

“Não.” Eu respondi pegando outro livro.

“Sim.” Respondeu Ares. “Você ainda não percebeu?!”

“Não estou gostando disso...” Falou minha mãe.

Nem eu...” Eu murmurei depois de um livro acertar a minha testa. Eu peguei mais um no ar, e tentei parecer normal. “Mas como foi Paris?!”

Minha mãe não queria responder, pois achava que eu ainda estava escondendo algo, mas por fim acabou falando.

Foi bom.” Ela disse. “Comprei uns presentes e tudo mais.”

“Que bom.” Eu tentei parecer super feliz. Ares tinha partido para as prateleiras. Ele nunca acharia nada ali, pois estava mais do que na cara que só tinham mais livros. Mesmo assim... Ele fez questão de jogá-los pelo ar.

Seu pai estava no aeroporto, sabe?” Ela contou.

“Qual pai?” Eu perguntei segurando mais um livro.

“Qual pai. Quantos você pode ter?” Riu Ares.

“Não se mete!” Eu protestei.

Hermes.” Continuou minha mãe. “Vocês dois não se dão bem mesmo, hein? Você e o seu vizinho.”

“Que poça de inteligência...” Murmurou ele. “Como foi que notou isso?”

“Não fale desse jeito com a minha mãe!” Eu reclamei lançando uma almofada nele. Quando ela o acertou, Ares virou-se e me lançou uma careta. Eu retribuí.

Vocês estão juntos ou algo parecido? Parecem até um casal.” Comentou.

“Casal?! Não!” Respondemos juntos.

Aham...” Fez minha mãe pouco convencida. Ninguém merece... “Mas enfim... Eu e ele vamos para a sua casa.”

Eu parei. Olhei para o meu quarto que estava um inferno e depois para Ares.

“Ah! Claro! Que...” Droga era o que eu queria dizer, mas não podia deixar a minha mãe pensar que tinha algum problema naquilo. “Legal. Ahm... Tipo... Que horas?”

Ele deve chegar mais rápido. Eu ainda estou no taxi. Daqui há... Uma meia hora? É... Talvez isso.” Ela respondeu.

“Meia hora?!” Eu exclamei. Ares tinha parado de jogar os livros. Ele estava segurando um que eu reconheci bem.

“Mitologia.” Leu ele. Ares abriu na página que eu tinha marcado e me lançou um olhar de ódio. Eu pude ver o seu rosto ficar vermelho, o que provavelmente era de vergonha, pois eu tinha parado bem na parte que... “Eu... Odeio você! Estava lendo isso?!”

“Se você fala da página 179 que fala da... Pegadinha do Hefesto... Com aquela rede e tudo mais... Sim.” Eu tentei não rir.

“O único motivo pelo qual eu não te corto ao meio agora mesmo é...!” Ele queria pegar a sua espada, mas então hesitou. Eu franzi o cenho esperando pelo resto da frase, mas ele não veio. Foi aí que eu me toquei.

“A sua espada!” Eu exclamei. “Você perdeu a sua espada?!”

“Eu não perdi! Você roubou!” Ele atirou o livro em mim e eu desviei.

“Como é que eu ia roubar a sua espada?!” Eu perguntei. “Eu nem mesmo sei onde ela fica!”

“Mentira!” Protestou ele. “Foi você sim! Por que... Se não foi...”

“Então você não tem idéia de onde ela esteja?” Eu completei. “Sinto muito, mas de novo... Não fui eu!”

Ares não falou nada. Só ficou parado, cheio de ira me encarando. Seus olhos me fuzilavam com ardentemente. Se ele tivesse a sua espada, realmente teria me matado. Mas ele não tinha. Ou seja... Eu me dei bem.

Pelo menos foi isso que eu pensei.

“Isso quer dizer que ela pode estar em qualquer lugar.” Eu continuei para ver até que ponto seus olhos se agüentavam sem explodirem. “Digo... Em qualquer lugar mesmo. Debaixo do seu sofá, encima do telhado, no quarteirão da...”

Eu parei de falar, e ele olhou para mim esperando pelo resto. Dessa vez, eu é que não continuei. Eu sabia onde estava a espada dele. Sabia exatamente onde estava, e aquilo me dava medo.

“Alice? Eu não estou entendendo nada.” Falou minha mãe.

Isso me deu mais medo ainda. Ela estava perto da minha casa. Logo... Estava em perigo.

“Mãe.” Eu falei tentando manter a calma. “Onde você está?”

Perto da sua casa. Estou quase chegando e...” Ela respondeu, mas eu a interrompi.

“Não! Onde exatamente você está?” Perguntei. “Olha pela janela e me diz.”

Houve um momento de silêncio, mas depois ela respondeu.

Ahm... Eu não conheço a região muito bem, mas... Estou na frente de uma rua sem saída. Acho que... Tem um terreno de obras aqui.”

“Não!” Eu exclamei. “Sai daí!”

“O que você quer dizer com isso?” Perguntou Ares. “Não tem sentido nenhum. É só um terreno de obras.”

“Não é não!” Eu insisti. “Mãe...!”

Pah!” Eu ouvi o barulho pelo telefone. Algo tinha batido no taxi. Algo bem grande.

“Mãe?!” Eu perguntei novamente esperando resposta. “Você ainda está aí?!”

A ligação caiu. Eu arregalei os olhos para o telefone e desci e o peguei. Tentei ligar de volta, mas dava uma mensagem dizendo que o número estava desligado ou fora da área de cobertura.

Não tinha tempo. Eu tinha que correr até lá. Peguei um casaco verde que estava encima da cama e coloquei por cima da blusa de manga comprida, já que estava extremamente frio lá fora. Eu corri até a porta do quarto, mas Ares me impediu.

“Onde pensa que vai?” Perguntou ele. “Não vai a lugar nenhum sem que eu...!”

“Sai da minha frente!” Eu empurrei o braço dele para o lado e desci as escadas correndo. Ele veio atrás de mim rapidamente. Quando cheguei á sala vi que o meu pai já estava no sofá da sala.

“Pai!” Eu falei parando de andar. “Você...?!”

“Ouvi.” Ele falou se pondo de pé.

“Faça alguma coisa então!” Eu pedi, e ele ficou em silêncio. “Você não viu? Um cão infernal deve ter atacado o taxi! Faça alguma coisa.”

“Alice...” Ele falou em um tom triste.

“Não...” Falei sem acreditar. “Não vai dizer que...!”

“Intervenção direta.” Completou Ares no meio da escada. Sua voz agora não estava zombando, e nem sendo cruel. Simplesmente... Dando uma informação. “Ele não pode.”


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaam!

Suspense, hein?

O que acharam?

Até o próximo capítulo.