Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 27
Call of Dutty: Alice vrs Ares


Notas iniciais do capítulo

Tam tam tam taaam!

Pelo título vocês já devem ter notado que esse capítulo vai ser legal, né?

Espero que gostem.



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“Eu não preciso do sofá inteiro... Só de uma parte dele! E uma parte bem pequena.” Eu falei sentada naquela poltrona desconfortável.

“Já disse que não, agora pare de choramingar.” Respondeu Ares.

Ele passou umas 2 horas vendo as lutas mais sangrentas que estavam passando na TV, e quando cansou delas fez surgir um Xbox e começou a jogar um jogo de tiro. Eu não estava prestando muita atenção, mas depois de uns vinte minutos eu olhei para a TV e notei que o jogo era Call of Dutty.

Eu amo jogos de tiro. Não que eu seja que nem aquele animal, mas eu sempre gostei da emoção de estar caçando alguém e ao mesmo tempo estar sendo caçada. Aqueles tipos de jogos eram muito legais, mas minha mãe nunca me deixou jogá-los. Dizia que era muito violento, mesmo eu insistindo que necessitavam mais de estratégia do que de qualquer outra coisa.

Quando olhei ele jogando aquilo, uma idéia surgiu na minha mente.

“Deus da guerra, hein?” Eu comentei e ele ergueu uma sobrancelha sem tirar os olhos do jogo.

“E daí?” Perguntou ele matando dois caras de uma vez só.

“Daí que deve ser muito bom nesses jogos de guerra. Faz sentido, sabe?” Eu comentei.

“Não vou te dar um espaço no sofá só porque está me bajulando, filhinha de Hermes.” Disse ele.

“Eu não estou te bajulando.” Eu falei. “Estou te desafiando.”

Ele deu uma pausa no jogo, olhou para mim e riu.

“Há! Você?! Está me desafiando nesse jogo? Você não deve nem mesmo saber o nome!” Riu ele.

“Call of Dutty.” Respondi calmamente, e ele estreitou os olhos para mim.

“O que você quer?” Perguntou ele.

“Se eu ganhar de você... Eu fico com um espaço no sofá. E não vale ficar me empurrando!” Eu combinei.

“E se eu ganhar?” Ele quis saber.

“Se você ganhar...” Eu não tinha pensado naquilo. “Ahm... Eu não sei.”

“Eu sei.” Ele sorriu maldosamente, e eu entendi que aquilo não seria bom. “Você vai assistir o replay daquela luta até Afrodite voltar. Imagine... Aquele braço quebrando mais de vinte vezes seguidas.”

Eu estremeci. Ele tinha pegado pesado. Eu ia odiar ter que ver aquilo mais de vinte vezes seguidas! Ia gerar traumas psicológicos em mim que nunca seriam curados, mas isso não seria pior do que continuar sentada naquela poltrona. Eu acho.

“Combinado.” Eu concordei. “Mas... Eu sento no sofá para jogar.”

Ele revirou os olhos e chegou para o lado. Eu sentei á direita dele, e o idiota ainda fez questão de me espremer contar o braço do sofá.

“Você já era, Kelly.” Sorriu ele “Ninguém ganha de mim nesse jogo. Ninguém.”

“Vamos ver.” Eu falei.

O jogo começou. Era eu contra ele em uma arena da segunda guerra mundial. Ares suspirou e sorriu dizendo coisas como “Bons tempos... Bons tempos...” e “Como aqueles alemães lutavam bem” e eu assenti sem dizer nada.

Ele tinha escolhido um tipo de metralhadora que é ótimo para alvos que esteja bem na sua frente e para fazer bastante barulho, enquanto eu escolhi um rifle.

Sempre que Ares andava a minha procura eu acertava a cabeça dele do alto de algum prédio, ou atrás de algum muro. Ele zingava irritado, mas sempre tentava de novo. Claro que ele me matou algumas vezes, e eu também morri por causa de uma mina, mas fora isso eu estava disparando na frente.

O que eu podia fazer? Era muito boa nesse jogo. Quando acabou a rodada a TV mostrou: Militia (Ares) 500 x 2300 Trip 220 (eu).

“Há! É isso aí! Eu ganhei um espaço no sofá!” Eu comemorei.

“Isso não vale!” Berrou ele jogando o controle no sofá com força. Ares ficou de pé e me fuzilou com o olhar, mas eu nem liguei.

“Diga o que você quiser... Mas de qualquer jeito eu ganhei.” Meu sorriso era triunfante.

“Você trapaceou! E também...!” Ele parou para pensar em alguma desculpa. Do nada ele segurou o meu pulso e mostrou para mim a minha própria mão. “Você tem dedos pequenos!”

Eu franzi o cenho.

“Dedos pequenos?! É essa a sua desculpa?” Eu ri. “Não seja um mau perdedor e aceite... Eu ganhei, e você perdeu. Perderia até se tivesse a minha mão.”

Os olhos dele brilharam.

“Ah, você acha?!” Ele perguntou.

Ares brilhou em vermelho e eu pude ver a sua imagem se modificando até ficar... Parecida com... A minha.

“Vamos ver quem ganha agora!” Falou ele com a minha voz. “Uma segunda rodada. Tudo ou nada pelo sofá.”

Eu arregalei os olhos. Era exatamente como eu tirando os olhos cor de sangue, e o ar maligno que cercava ela. Na verdade ele. Que loucura.

“Você... É um péssimo perdedor!” Eu exclamei. “Você se transformou em mim mesma só para provar que eu ganhei por ter dedos pequenos.”

“Não são só os seus dedos que são pequenos.” Zombou ele “O seu cérebro também, mas eu prefiro provar uma coisa de cada vez. Saí para lá!”

Ele se jogou no sofá e me deu uma cotovelada. Eu imaginei que isso não doeria tanto, pois ele devia ter a mesma força que eu tenho, mas na verdade continuava forte como antes.

Nós fomos de novo. Ares realmente ficou mais ágil e isso me deixou um pouco incomodada. Nunca pensei que os meus dedos fossem pequenos mesmo. Mas ainda assim eu tinha a minha esperteza, coisa que para ele faltava.

“Eu vou acertar a sua cabeça bem no lugar onde devia ter um cérebro, Kelly.” Gabou-se ele. Eu me virei para falar alguma coisa, e ele realmente acertou. “Head shot!”

Ele falou junto com a voz do jogo. Eu revirei os olhos.

O jogo não foi tão difícil quanto eu pensei que seria. Embora ele fosse mais ágil, a minha mira era infalível. Pelo menos... No videogame.

Militia (Ares) 1200 x 2700 Trip 220 (eu) foi o placar do jogo.

“Certo... Eu vou ficar parada aqui esperando você inventar uma nova desculpa. O que tem de errado comigo agora? Os meus olhos são menores que os seus e eu enxergo mais rápido?” Perguntei tentando não rir.

O rosto dele ficou vermelho (ou devo dizer que o meu rosto ficou vermelho?) de raiva. Ares lançou o controle na TV e olhou para mim.

“Você trapaceou!” Berrou ele “Não tem como uma lesada que nem você ganhar de mim em um jogo de guerra!”

“Eu ganhei sim.” Afirmei olhando para ele. “Duas vezes seguidas! E fiquei com um espaço do sofá.”

Eu estiquei os braços e encontrei uma posição confortável. Estiquei os pés e os deixei encima da mesinha de centro. Ares estava mordendo uma almofada.

Quando uma inútil como você aprendeu a jogar Call of Dutty?” Perguntou me fuzilando com o olhar.

“Eu jogava quando era menor. E não é só o Call of Dutty, mas também outros do tipo. O meu favorito é o Medal of Honor.” Eu contei. “Ah, claro! Mas não que isso seja da sua conta.”

Ele chutou a mesa de centro e os meus pés bateram no chão. Aquilo doeu um pouco, já que o meu corpo inteiro estava se recuperando da última luta.

“Outra partida! Aquelas duas não valeram.” Ele falou.

“Eu não vou jogar de novo. Já te ganhei duas vezes... Ganhar a terceira vai ficar chato.” Eu ri.

Eu pude ver os meus próprios olhos brilhando de raiva, e isso não foi uma visão muito legal. Ares parecia uma adolescente rebelde com raiva do mundo.

“Escute aqui, Alice!” Exclamou ele cerrando os punhos. “Quem você pensa que é para recusar um desafio meu?! Pegue aquele controle imediatamente e comece a perder!”

“Alice?” Eu repeti, e ele arqueou uma sobrancelha. “Você me chamou pelo meu primeiro nome?”

“O que que isso tem?! Eu te chamo do jeito que eu quiser!” Protestou ele.

“É, mas geralmente não costumam ser muito gentis.” Eu comentei. “O que aconteceu com Filhinha de Hermes?

Ele estreitou os olhos.

“Eu vou usar o couro dela como tapete.” Ele disse. “Agora jogue!”

“Não.” Eu respondi. “E quer saber? Você não pode fazer nada contra mim, senão vai perder o seu desfile particular de jóias, lembra?”

“Se eu quiser te matar eu faço isso, e não há ninguém nesse mundo que vá me impedir.” Falou ele.

“Vai fundo então.” Eu falei me virando no sofá. “Eu estou bem na sua frente.”

“Não quero matar você. Quero que jogue!” Ele revirou os olhos. “Mas quer saber... Se você não quer, tudo bem. Eu digo que essas últimas jogadas não valeram, por isso... Saia do meu sofá!”

Ele me empurrou e eu caí no chão. Ares começou a rir e colocou no canal de luta na TV novamente.

“Ei! Você é que é um trapaceiro!” Eu tentei voltar para o sofá, mas ele me empurrou com o pé novamente para o chão. “Deixe-me sentar aí, senão...!”

“Senão o que?” Quis saber ele. “Vai reclamar com o seu papai, ou com o seu namoradinho? Socorro! Ares está sendo malvado comigo!” Ele imitou a minha voz de um jeito mais fino e infantil.

“Eu sei os seus pontos fracos.” Eu ameacei. “Até por que... São os meus.”

“Nossa! Por Zeus! Eu estou morrendo de medo.” Riu ele e continuou a olhar para a TV.

Eu olhei para o seu pé. Esperava que os pontos fracos dele quando estivesse transformado em mim seriam iguais aos meus. Com um movimento rápido eu puxei seu sapato e apertei a sola do pé direito.

Ares olhou para mim rindo de leve.

“O que vai fazer? Me matar de cócegas? Ah, será que...? Ah!” Ele exclamou e eu vi que tinha dado certo. “Ah! Sua miserável!”

Aquiles tinha calcanhares fracos. Alguns heróis tinham egos inflados. Eu tinha o meu terrível problema de câimbras nos pés. Ares se contorceu de dor no sofá e eu me levantei triunfante.

“Foi você quem pediu!” Eu falei.

“Eu... Eu vou matar você!” Ele exclamou tentando levantar do sofá, mas assim que pisou no chão ele se contorceu de dor novamente. “Ah!”

“Ah... Para de chorar como uma garotinha.” Eu zombei. “Se você não consegue encarar um simples ataque de câimbras, então como espera sobreviver ao mundo lá fora?”

“Eu vou fazer com que você nunca mais veja o mundo lá fora!” Ele berrou e se lançou na minha direção, mas eu desviei a tempo. “Volte aqui, Kelly!”

Eu saí correndo e Ares veio mancando na minha direção.

“Quando Afrodite chegar ela vai me perguntar onde você se meteu. Aí eu vou apontar para a parede e mostrar para ela a sua cabeça pendurada!” Ele ameaçou. “Reze para o seu pai pedindo para que eu não te alcance!”

Ares ficou de costas para a porta e tomou sua forma original. Suas roupas voltaram ao tamanho normal, e seus olhos cintilavam de ira por trás dos óculos. Ele estava tão irritado que nem notou Afrodite abrindo a porta. Por sorte ela entrou em silêncio, tornando fácil com que eu infernizasse a vida dele mais um pouquinho.

“Ares...” Eu fingi estar com medo. “O que você vai fazer?”

Ele engoliu essa e sorriu maldosamente.

“Eu? Há!” Ele riu mancando na minha direção. “Primeiro eu vou quebrar todos os ossos do seu corpo um por um. Depois disso, eu acho que posso fatiar você em milhões de pedacinhos e dar todos eles como ração para os cães infernais!”

“Mas Afrodite disse...!” Eu tentei falar, mas ele me interrompeu. Excelente.

“Eu não estou nem aí para o que ela disse!” Rugiu ele. “Você é a pessoa mais irritante, insuportável, odiosa, e trapaceira que eu já tive o infortúnio de conhecer!”

“Ares!” Exclamou Afrodite na porta batendo o salto alto no chão impaciente.

Ares gelou. Eu sorri e disse para ele que tinha tentado avisar, mas ele não quis ouvir. Se Afrodite não estivesse lá eu juro que ele teria arrancado o meu pescoço com os dentes. Mas como ela estava ele agiu de forma diferente. Ele me abraçou fingindo estar muito orgulhoso.

“É isso aí, campeã! Viu? Eu te disse que você conseguiria ganhar...! Ah! Afrodite! Mas que surpresa.” Disse ele virando-se para ela.

“O que foi isso, Ares?” Perguntou ela com os braços cruzados.

“Isso... O que?” Perguntou ele fingindo ser a pessoa mais inocente do mundo. “Ah! Essa nossa pequena discussão? Ah... Não foi nada. Nós estávamos jogando videogame, coisa inocente. Sabe? Aí... Nos empolgamos um pouco. Esses jogos de guerra sempre provocam esse efeito nas pessoas. Mas enfim...”

“Foi isso?!” Perguntou ela andando até ele. “Esse show todo por causa de um videogame? Alice?” Ela olhou para mim esperando saber a verdade.

“É... Vamos Alice. Conte para ela e nós esquecemos essa cena de uma vez por todas.” Falou Ares sorrindo.

Eu entendi a indireta. Se eu confirmasse a versão dele, ele não me mataria depois. Para mim aquilo estava bom. Acho que já tinha sido emoção demais para um dia.

“Pois é... Eu acabei com ele no videogame, e nos perdemos um pouco a cabeça. Mas está tudo bem.” Eu sorri docemente.

“Certo...” Falou Afrodite estreitando os olhos, mas depois ela acabou por acreditar em mim. Seus olhos encontraram os de Ares e seu rosto tornou-se um pouco mais... Sedutor. “Então... Ela já pode ir para casa. E eu posso... Mostrar a coleção de jóias para você.”

Ares me empurrou até a porta. Eu parei e me virei. Afrodite estava sussurrando no ouvido dele coisas que eu não quero repetir. Ele virou- se para mim e disse:

“Dessa vez eu... Deixo passar, Kelly.” Ele estendeu a mão fez a porta se fechar.

Depois disso eu ainda ouvi alguns sons... Ahm... Que eu também não quero repetir, e fiz uma cara de nojo para a porta fechada. Eu lembrei naquele momento que eu poderia chamar o Charles e jogá-lo para dentro pela janela, mas... A promessa que eu tinha feito ao meu pai veio na minha cabeça.

“Não vai fazer isso, não é?” Perguntou alguém atrás de mim. Eu me virei e vi Apolo sorrindo.

“Uhm... Hoje não.” Eu falei. “Mas... Aposto que vão ter outras oportunidades.”

Apolo revirou os olhos, mas logo depois abriu um sorriso para mim.

“Você fica bonita com roupa de motoqueiro militar.” Brincou ele. “Beije o motoqueiro. Se eu fosse você tirava isso antes que alguém resolva seguir o conselho.”

“Engraçado.” Eu revirei os olhos. “Eu... Vou para casa.”

“Te levo até lá. Quero saber se você está com algum trauma psicológico. Afinal, passar a tarde com ele não é para qualquer um.” Falou Apolo.

“Eu estou bem, obrigada. Mas... se quiser pode entrar para conversar.” Eu convidei.

“Conversar com você? Não. Você entediante demais. Eu vou embora.” Mentiu ele, e eu o empurrei para o lado.

“Eu digo o mesmo.” Fiz uma careta.  


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Notas finais do capítulo

Então?

O que acharam?

Por favor, mesmo eu tendo postado vários capítulos... Mandem reviews neles, certo?

Até o próximo!