A Sakura Inglesa escrita por M Iashmine M


Capítulo 2
Capítulo 2 - Mobília e conversas


Notas iniciais do capítulo

Oieee! Aqui está o segundo capítulo... Desculpe pelo título, eu estava sem ideias...
Aqui ainda está um ritmo calmo, mas no próximo as coisas provavelmente vão esquentar!
Beijão, aproveite a leitura e não esqueça do review!^^



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Já era fim de tarde naquela sexta-feira e a companhia Oriental Mobiles estava trazendo o restante da minha mobília para o campus. Quando cheguei há uma semana, a única coisa que consegui comprar em tamanho adequado para meu quarto foi uma cama de solteiro king que encontrei na loja da companhia. O restante dos móveis foi sendo entregue no decorrer da semana, pois foram feitos sob medida para o quarto nos modelos que eu escolhera. Eu gostaria de ter trazido meu quarto do Japão, mas trazê-lo de avião seria mais difícil e incômodo do que simplesmente encomendar um novo em estilo oriental (meus pais que sugeriram).

Estive me virando durante a semana com minhas roupas dentro da mala mesmo, mas agora pude acomodá-las adequadamente no roupeiro.

Mas a festa seria na próxima noite e, apesar de eu não estar habituada a freqüentar esses eventos, ainda assim eu queria muito ir e minha empolgação me deixou um pouco desorientada. Por fim, para conseguir arrumar tudo em tempo mais útil, procurei por Mathew, que imediatamente concordou em me ajudar e se mostrou muito habilidoso com a organização.

- Obrigada mesmo, Matt – disse, enquanto acomodava um pufe verde-turquesa ao lado de uma poltrona lilás. – Certamente eu não ficaria pronta nem amanhã com tudo isso para ajeitar – gesticulei para várias caixas e malas ainda por serem desfeitas.

- Não agradeça por algo tão simples – jurei que ele iria dizer banal, mas repensou em algo melhor e mais sutil – e, afinal, é para isso que servem os amigos.

Enquanto eu arrumava uma colcha de dragão púrpura e cobalto sobre minha cama, Mathew espichava-se até o maleiro do guarda-roupa para guardar outras cobertas e travesseiros sobressalentes, coisa que fazia sem muito esforço. Observei-o em um momento e lembrei-me que, além de minha fisionomia, minha altura também incomodava as outras crianças e jovens japonesas, afinal eu tinha 1,75m, sendo muito mais alta que a maioria. Mas naquele momento eu me senti realmente baixa, ou melhor, me senti mais “normal”.

- Você parece ter muita prática em organizar ambientes. Quero dizer, você faz isso muito bem pelo menos – acomodei mais dois pufes, um vermelho e um púrpura perto do anterior. – Pronto! Já se foi uma caixa – disse animada. - Agora faltam mais... hum... umas doze?

- Não, faltam dez. Já esvaziei mais duas – apontou-me ele as duas caixas vazias onde antes havia colchas, travesseiros e outras roupas de cama.

- Você é mesmo incrível!

Percebi que ele sentara na poltrona azul que havia do outro lado do quarto, próximo ao roupeiro.

- Eu apenas aprendi com minha mãe. Quero dizer, desde pequeno não pude viver muito com meus pais por causa de seus ofícios. Eu morei sozinho muito tempo, mas minha mãe sempre tirava quase uma semana de folga para me ajudar com minhas coisas logo nos primeiros dias. Quando ela não podia fazer isso, quem me ajudava era meu irmão mais novo, Tom. É claro, nem se compara o nível de ajuda. Mas eu aprendi bem.

Eu não sabia sobre ele ter um irmão mais novo, mas não foi isso o que mais me chamou a atenção.

- Você quer dizer que, para não viver sozinho, acabou morando em muitos colégios internos? – Algo mexeu muito comigo naquele instante e eu compreendi ainda mais seu modo de ser, toda aquela gentileza e calma que expressava tão espontaneamente, seu cavalheirismo.

- É... Você pode colocar dessa forma, fica até mais simples de se entender – suspirou ele e olhou para o teto, recostando-se na poltrona.

Percebi então o quão forte Mathew era, pois se eu tivesse passado por aquilo, acho que não estaria aqui hoje para contar história. Não teria suportado.

- Você é mais incrível do que eu pensava, você é realmente forte – torci um tecido que tinha nas mãos, provavelmente alguma blusa que estava guardando na cômoda.

- Você não sabe do que é capaz até ser colocado à prova. Por mais modesto ou comum que alguém possa parecer por fora, de dentro pode nascer uma incrível personalidade e por mais incrível que alguém já seja por fora, sempre poderá ser melhor, poderá crescer mais.

Percebi pelo canto do olho que ele voltou seu tronco na minha direção.

- Você nem sabe ainda, mas eu já a percebo como uma pessoa maravilhosa e incrível e que irá muito longe e brilhará muito mais que outras – ele sorriu quando me virei para olhá-lo.

Senti meu rosto corando.

- Por que diz isso se nos conhecemos há apenas uma semana?

- Digo isso porque é o que vejo – sorriu mais calorosamente que antes. – Dá para conhecê-la só de olhar nos seus olhos. É como dizem: “os olhos são a janela da alma”. Eu vejo em você muita doçura e carisma, determinação, vontade de reconhecimento, dedicação, talento e muito mais. VOCÊ é que é mais incrível do que pensa.

A temperatura do meu rosto quando corei ainda mais poderia ter dado a impressão de que eu estava ardendo em febre e Mathew riu com isso. Eu simplesmente não sabia o que responder para ele e voltei meu rosto em direção à cômoda, para guardar a peça que tinha em mãos.

Ele riu novamente.

- Certo. Agora, antes que você entre em erupção de tão vermelhinha, vamos parar com essa conversa e trabalhar mais. Você não pode ir dormir tão tarde hoje, senão pela manhã não estará disposta.

- Como assim “não dormir tarde senão não estarei disposta pela manhã”? Tem algo programado para amanhã de manhã? Se for a redação de História do Sr. Claus, eu já a terminei em aula.

- Bem, você não teria nada, mas agora tem. Amanhã te levarei para um passeio pela cidade! – Mathew pareceu tão empolgado com a ideia que minha espinha se arrepiou.

- Você não pode estar falando sério – disse, mas no fundo estava extremamente feliz por aquela proposta. – Quero dizer, eu ainda nem conheço todo o campus – e aposto que vai levar semanas – e você quer me mostrar algo ainda maior? Perdeu o juízo – não pude evitar rir com a ideia.

- Você tem ao menos um lugar nesta cidade que conheças?

Percebi que ele queria me persuadir, mas não sabia a quê. Embora eu pudesse responder àquela pergunta certamente.

- Sim, eu conheço. Meus tios moram aqui... – E assim se seguiu a conversa. Realmente não conseguimos ficar em silêncio.

Naquela noite eu deixei a janela do meu quarto aberta para o ar circular pelos móveis novos e foi muito compensador. O ar noturno estava fresco e agradável e eu dormi como um anjo. Tive sonhos maravilhosos e quando chegou de manhã desejei poder sonhar mais, mas isso não aconteceria, porque no corredor do lado de fora do meu quarto Matt já batia à porta, esperando minha resposta. Como eu não tinha muita escolha e, confesso, estava um tanto animada com aquele passeio, fui até a porta, destranquei-a e disse a Mathew – abri só uma frestinha – que me esperasse no salão do prédio que eu chegaria lá em dez minutos, afinal já separara uma roupa para hoje na noite anterior.

Fomos a tantos lugares que minhas pernas quase não me deixavam mais em pé. Já estava discutindo com Matt, dizendo que naquela noite ele me carregaria para todos os lados se eu não pudesse mais andar. Ele apenas ria e em certo momento agarrou-me pela cintura e colocou-me no colo. Quase enfartei e teria morrido de vergonha se estivesse de saia ou vestido, como costumava estar. Minha sorte foi porque decidi vestir jeans naquele dia.

- Isso não tem graça, aquilo foi apenas um comentário porque estou cansada – comentei, evitando me debater para não parecer muito infantil.

- Azar o seu. Você não deveria ter dito isso para seu “guia turístico” de qualquer forma, agora vai ter que aguentar até eu decidir te colocar no chão e, se eu fosse você, me comportaria como uma boa menina – ele riu e firmou os braços ao meu redor.

- Eu vou te matar – sibilei, olhando ao redor; as pessoas que também andavam no parque assistiam a cena e eu estava avermelhando cada vez mais. Aquilo certamente não era comum no mundo que eu conhecia e, ainda assim, pareceu tão simples e normal para Matt.

- Estarei esperando por isso – sorriu ele, maliciosamente dessa vez. Novamente um arrepio na espinha.

Decidi parar de lutar e tente ficar calma. Eu não estava realmente brava, estava apenas embaraçada com tudo aquilo, afinal isso era uma situação consideravelmente executável por um casal, mas não por amigos como no nosso caso, ainda mais sendo amigos de poucos dias.

Para se desculpar, Mathew levou-me a uma sorveteria – ainda no colo - e pagou-me um enorme Sundae – acho que o mais caro de lá. Conversamos mais e mais, contando histórias pessoais e se conhecendo melhor. Ele ouviu minhas palavras muito seriamente e percebi que ele estava muito atento a tudo aquilo; isso me deixou feliz, afinal ele estava me compreendendo e disse que eu não deveria mais ser fortemente influenciada por meu passado, devia apenas considerar tudo o que passei como lições de vida.

- Você me contou que veio para a Inglaterra exatamente no intuito de mudar sua vida social, além de buscar por seu sonho. Não esqueça que sua vida será diferente de agora em diante e que você sempre terá muito mais pessoas te apoiando do que imagina. Aqui – apontou com o polegar para seu próprio peito – sempre terá um refúgio.

Mathew nunca entenderia o quão especial ele é para mim, tão especial como minha querida Sophy, a quem eu ainda não encontrara desde minha chegada à Oxford. Matt, nunca se afaste de mim, você é minha fortaleza... Esteja sempre comigo, é o que eu gostaria de dizer, mas soaria como uma confissão e esse não era meu objetivo. Sejam quais forem os sentimentos de Matt por mim, um relacionamento amoroso que não desse certo o levaria para longe de mim. Estremeci com a ideia.

- Você está com frio? – Perguntou ele.

- Talvez – disfarcei, mas não neguei, pois já era fim de tarde e o ar frio da rua deixava tudo mais tenso.

- Vamos então – disse ele, pegando a carteira no bolso da calça, - afinal ainda temos uma festa para ir.

- Sim e você conseguiu acabar com toda a energia que eu acumulei pela noite.

Ele me olhou de atravessado.

- Brincadeira. O Sundae já repôs uma parcela e o passeio, em parte, também.

Agora ele apoiou a cabeça com uma das mãos e pôs o cotovelo na mesa, para firmá-la. Olhou-me atentamente como alguém que vislumbra um lindo quadro em uma exposição, pelo qual se sentiu muito atraído.

- Muito obrigada por hoje – disse-lhe, ficando um pouco constrangida.

Ele sorriu angelicalmente e depois alcançou o dinheiro para a garçonete.

Para a volta, chamou um táxi e não deixou-me pagar nem isso.

- Uma bela noite nos aguarda – comentou olhando para o céu. – Hoje haverá muitas estelas e a lua estará cheia. Será realmente uma noite maravilhosamente clara e encantadora.

Sua expressão naquele momento me fez realmente querer, mais do que qualquer outra coisa, ir àquela festa, acompanhada dele e trajando um belo vestido para compensar sua presença perto de mim, mesmo que me parecesse uma borboleta perto de uma fortaleza.

Havia algum tempo que eu parara de acreditar em coisas assim, mas... Será que esta noite se tornará o prólogo para o meu “Conto de Fadas”?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que achou?
Bem, como eu disse, no próximo as coisas esquentam um pouco mais. Por isso aguarde e continue acompanhando!
Next: "Capítulo 3 - Reencontros no baile"

Não esqueça do review! Kisu!=^-^=



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