In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 9
A Vida Fora de Casa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, com o fim de ano, tudo é mais corrido.



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Pela pequena janela de madeira da cozinha podiam ver o pôr-do-sol. Ele fazia reflexo nos pequenos flocos de neve, espalhados pela grossa camada da mesma. E a própria, ganhava uma nova coloração. Era deveras bonito, daquelas belezas que só se viam em sonhos. Todavia ao olhar pros lados ainda estavam trancados naquela minúscula casa. Tigelas foram postas a mesa e seu conteúdo era de uma pasta grossa branca, uma espécie de mingau. Acredite, não era nada bom. E, apesar disso, ambos engoliram tudo para a fome passar o mais rápido possível. 

Após certo tempo, parecia que toda a hospitalidade daquele povo foi embora, ao menos diminuiu. Os filhos mais velhos foram atrás de madeira para acender a lareira. O pai e a mãe entregaram uma blusa de lã à Filipe e  outra à Isabelle. E os mandaram trabalhar. Entregaram uma enxada para o menino. E um saco com restos de comida para a garota dar de comer aos animais. Com pouca dificuldade, conseguiram através de gestos, lhes dizer o que deveriam fazer.

Apesar da ânsia de vômito pelos cheiros ruins que se misturavam pelo que segurava, Isabelle colocou os restos de comida em um balde para facilitar a distribuição. Ela ficou do lado de fora da cerca que evitava os animais de fugirem e arremessava as comidas. Ela podia repetir aquela tarefa mais tarde sem grandes dificuldades.

Porém, podia-se dizer totalmente o oposto com o garoto. O frio era forte demais. E estava ventando na sua direção. Não sabia arar a terra e a enxada pesava muito. Não o deixariam entrar até que terminasse o “serviço”.

Isabelle não entrou, lhe entregaram uma cesta, e apontaram para as árvores. Ela correu para colher algumas frutas. Estava ficando cada vez mais frio. Não havia qualquer resquício de sol, apenas um leve brilho de lua que começava a aparecer no céu. Após alguns minutos o estrangeiro quase desmaiou. Isso exigia bastante esforço físico e, sinceramente, a única força que ele tinha era de esmurrar alguns garotos quando estava com muita raiva.

Era difícil para ela escalar árvores, e as condições não facilitavam: O escuro, o frio e a falta de habilidade.

Ele não desistia, tinha uma grande persistência, ou apenas orgulho em demasio. De qualquer modo, conseguiu finalizar seu trabalho. Quando procurou pela brasileira e viu o que ela estava fazendo, teve uma grande saudade de casa e da infância. Ele sempre escalava as árvores do seu quintal numa falha tentativa de fugir dos irmãos.

O garoto correu pela neve, mandou-a descer. E começou a escalar, em questão de segundos estava no topo. Ele se dispôs a jogar as maçãs para ela colocar na cesta. Era uma ótima sensação, a sensação de segurança que estar em cima de uma árvore lhe passava. Sabia onde pisava e tinha certeza de que não iria cair. Porém a felicidade foi breve. E quando havia sido duradoura? Pensou consigo mesmo. Uma saudade de casa invadiu seu peito. Já possuía olhos de vidro, sorriu levemente com a memória de quando inventou esse nome. Piscou algumas vezes e desceu. Isabelle o esperava para retornar à casa.

Foi caminhando a passos lentos, não conseguia forçar seus músculos das pernas a correr. Quando chegou, apenas o membro mais jovem da família estava na cozinha. O resto já estava dormindo. A estrangeira desabou sobre um monte de palha assim que chegou. O garotinho olhava para Filipe, como um fã olha para um ídolo.

— Quel est ton nom? (Qual é o seu nome?) – O português continuou calado, não falava francês muito bem – Je m'appelle Marcus (Meu nome é Marcus).

— Filipe - Marcus se assustou, pensou o dia todo que eles eram de uma terra distante e que não falavam nada de sua língua. Antes que pudesse perguntar outra coisa, Filipe começou a chorar. Foi andando lentamente até outro monte de palha. Sentou e se aconchegou, deu uma última olhada para o pequeno francês, virou a cabeça e dormiu. Apesar de querer muito, não teve sonhos por essa noite, o que seria uma fuga temporária e realista de seus problemas atuais.

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Rosa acordou com areia na boca, estava numa praia deserta. Assim que abriu os olhos, uma onda de água salgada foi em direção a eles, fazendo-a gritar de dor e se levantar. Cuspiu a areia, esfregou os olhos já vermelhos. Estava muito quente e ela continuava com aquela roupa cinza. Olhou para os lados na tentativa de encontrar Tyler que havia caído antes no buraco ou qualquer outra pessoa. Seu estômago relembrou a fome, e ela começou a procurar comida. Tentou escalares os coqueiros, mas não conseguiu. Olhou para trás e viu uma espécie de floresta. Poderia ter algum animal, mas também poderia ter frutas. Com dúvida, entrou.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar postar mais rápido, obrigado a todos que acompanham esta fic.



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