In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 10
Dia de Náufrago


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Rosa andava cautelosamente, pois em menos de dois minutos já havia sido picada por uma abelha no polegar da mão esquerda. Sempre que avançava, tinha que usar as mãos, já levemente arranhadas, para abrir caminho entre os galhos e folhas. Seus pés estavam cheios de lama. E estava com uma agonia constante do zumbido conjunto de vários animais nos ouvidos. Sua visão estava embaçada e a cada passo que dava sentia que ia cair tamanha era sua fome. Até que, sentiu uma forte dor na parte de trás de sua cabeça, como se a tivessem atingido com algo e desmaiou pela dor. Sonhou com sua última noite em casa, quando Guilherme havia amarrado Amanda e imposto uma condição para soltá-la, mas quando Rosa ia falar algo para impedi-lo, ela despertou.

Estava no meio da floresta cercada por um monte de pessoas de pele vermelha (O que ela julgou serem tintas ou queimaduras de sol), definiu como uma tribo. Rosa enxergava as pessoas através do que parecia ser bambu, ela se sentou, olhou em volta e percebeu que estava presa numa espécie de "jaula" feita de pedaços de bambu.

Olhou para frente e viu um dos índios (como ela apelidou àquelas pessoas) a encarando. Ele tinha a pele vermelho vivo e pinturas marrom espalhadas pelo corpo, o cabelo era de um preto intenso e sua franja lisa caía pela testa. Quando ele percebeu que a estranha havia acordado, ele se levantou e começou a pular gritando: Esh NaviKta Mor! Esh NaviKta Mor!

Um monte de outros índios de estatura baixa fizeram um círculo e começaram a fazer o mesmo gritar as mesas palavras. Rosa estava em pânico, alguns a tiraram de dentro da gaiola e a seguravam tão forte pelos braços e pernas que ela não conseguia se soltar. Ela fechou os olhos e começou a rezar em sua mente. Quando os abriu estava em cima de um caldeirão borbulhante. Um dos índios que seguravam sua perna se distraiu e parte de trás da perna esquerda de Rosa caiu na água fervente. A garota gritou instantaneamente, a dor era insuportável, se mexeu tanto com tanta vigorosidade que os índios que a seguravam não resistiram e a soltaram. Ela caiu ao lado do Caldeirão, na terra. Se levantou, pegou uma lança que estava próxima e correu o mais rápido que conseguia para dentro da floresta. Podia ouvir os gritos do grupo atrás dela. Ela se sentia caçada, uma presa que estava ao máximo tentando fugir de seus predadores, os quais não passavam de seres humanos iguais a ela fisicamente. Era como uma "brincadeira" de gato e rato. Contudo, dentro da selva, ela se torna perigosa e incrivelmente mais difícil. Não existe trilhas, atalhos, para qualquer lado que você olhe, só tem plantas, folhas de um verde intenso. Além do zumbido contante de insetos, os chocalhos de cobra, e o cheiro repugnante da putrefação de animais mortos. Após alguns minutos, ela não aguentou e se jogou entre alguns arbustos, rezando para não ter uma cobra escondida. Quando os gritos da tribo invadiram seus ouvidos, ela catou umas pedrinhas e jogou com toda força para o outro lado, tentando desviar a atenção deles para irem para longe. Deitou encolhida e não se mexeu, até ouvir eles indo embora.

Mesmo sem querer, ela sentou e olhou para a ferida na perna. Não sabia de qual grau fora a queimadura, mas sabia que doía bastante. Pegou uma folha grande que estava por perto e a colocou em volta da queimadura. Depois, pegou outra folha e a comeu, estava com muita fome, mas tudo aquilo fez com que ela esquecesse por um tempo essa necessidade básica para salvar sua própria vida. O mesmo aconteceu com a dor na perna. Ela havia diminuído como se nunca houvesse queimadura durante o transtorno. E, agora, retornava com tudo.

Rosa comeu um monte de folhas até a fome diminuir. Enrolou outra folha na perna, guardou um monte delas no bolso da calça. Levantou devagar, andou cautelosamente por mais tempo, até encontrar um macaco, especificamente, um chimpanzé. Não importou muito a espécie para ela, já que assim que o viu, começou a correr em disparada para o lado oposto. Tropeçou em um galho e caiu, quando olhou para cima, a vontade de gritar foi menor que o medo pelo ato de fazê-lo. Ficou calada, mas em sua frente, a uns dois metros de distância, estava uma pantera. Pela escuridão da mata quase não conseguia ver o corpo negro do animal, mas o olhos cinzas eram nítidos e ela os observava e encarava com pavor. Depois do que pareceram horas, mas não passaram de segundos. A espanhola apoiou as mãos no chão e se levantou bem devagar. Sem deixar de encarar por um segundo aqueles olhos cinzas penetrantes.

A lança que ela tinha pego dos índios estava no chão ao seu lado. Ela se esticou um pouco para a alcançar. A pantera abriu a boca e começou a se movimentar lentamente na direção de Rosa. Num movimento rápido, o animal percebeu o que sua presa pretendia e pulou para perto da lança. Rosa levantou o instrumento. A lança perfurou o tórax da pantera. Rosa estava em estado de choque. Ela havia matado um animal. Nunca havia matado antes nada em toda sua vida. Os olhos da pantera continuaram abertos. A espanhola não aguentou e vomitou. Uma pergunta deveras infantil lhe veio a cabeça: Será que ela tem família?

Em menos de dois segundos depois ela estava correndo em disparada para qualquer lugar. No meio do caminho pegou mais folhas. Após certo tempo, chegou na mesma praia que acordara. Entretanto, dessa vez, o céu estava escuro. Não havia resquício algum de sol. Apenas um pequeno brilho de lua cobrindo o perímetro. Ela ficou de joelhos na areia, com a água salgada batendo neles. E começou a chorar, não conseguia tirar os olhos da pantera da cabeça. Ela não conseguia acreditar no que fizera. Sua única desculpa era que a pantera ia devorá-la. Mas, desse ponto a matar um ser vivo?

Rosa vomitou de novo, não o fez uma terceira vez porque não tinha mais o que botar para fora. Ela deitou sobre a areia. Soluçou um pouco até se deixar levar pelo cansaço do dia exaustivo. Dormiu com medo, com o rosto banhado em uma mistura de lágrimas e areia, com arrependimento e, acima de tudo, com saudade.

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De um lado, canhões, do outro mais canhões, e ele estava no meio. Atrás de sacos de areia. Ele observava tudo imóvel. Um monte de pessoas de uniforme gritavam e ele não entendia nada. Depois de minutos, chegaram mais tanques. Mas, o pior foi, quando um dos soldados reparou no menino perdido. Infelizmente, Tyler foi para o pior dos lugares: Uma Guerra.

 


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Notas finais do capítulo

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