In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 5
Tyler: Ativado


Notas iniciais do capítulo

Oieee, foi mal a demora. Mas, aí está o último maluco!Curtam a leitura, nos vemos lá em baixo!!!



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NOME: TYLER JOHN MASEN

NASCIMENTO: 29/01

IDADE ATUAL: 19 anos

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Traduzido do inglês

Nova York, Estados Unidos

 

Estava andando pelas ruas da ensolarada Nova York. Parecia feliz, ria e brincava com Michael, meu irmão mais velho. Estava em suas costas, ele pulava, girava, fazia barulhos, imitava um avião. Para as pessoas da rua, éramos loucos. Mas, para mim, não importava o que eles pensam. Tudo o que importava era que estávamos felizes. Comecei a ficar enjoado, meu estômago embrulhava. Acordei. Olhei pro lado e vi uma lixeira azul. Levantei em um pulo e vomitei tudo. Minha cabeça latejava de ressaca. Olhei ao redor tentando me localizar. Onde estava? Me perguntava isso com uma constância muito maior do que gostaria. O que tinha feito? O mesmo de sempre provavelmente: merda. Acho que era uma espécie de parque de diversões, havia uma montanha russa à minha frente, uma roda gigante à minha esquerda. Quase toda noite sonhava com alguma lembrança dele comigo, felizes, pois depois daquela época, não sobrou felicidade alguma. Um zelador que limpava os restos de comida. Olhou para mim.

— Não vai para casa? – Perguntou recolhendo um pacote de pipoca e colocando na lata de lixo azul.

— Vou sim, até mais. – Disse. Andei até a entrada. Não reconhecia o bairro. Mas estava acostumado a não saber onde estava, o que havia feito, e como fui para lá. Avistei uma estação de metrô, fui em direção à ela e desci as escadas. Olhei o mapa. Uma das coisas que Michael fez para mim quando estava vivo, foi me ensinar tudo sobre mapas, ele era bom em geografia.

Entrei no primeiro metrô que apareceu. A dor de cabeça diminuíra um pouco. Não sentei. Esperei mais três estações. Depois saí. Antes de subir, olhei para o meu relógio. Quinta, 14:37. Droga, tenho que estar na livraria às 15:00, e pegar Mary, minha irmã mais nova, na escola às 14:45. Minha mãe adotara Mary quando ela ainda era um bebê, pouco depois que meu pai faleceu e antes de Michael fazê-lo também. A mãe biológica dela morreu no parto e seu pai era colega de trabalho do meu e também estava lá naquele fatídico dia.

Subi correndo. Lá estava o quarteirão onde um dia existira duas grandes torres idênticas. Há muitos anos, meu pai trabalhava lá. Morreu em um dia de trabalho. E eu assisti, no colo de Michael, quando criança meu pai morrer no atentado das torres gêmeas. Andei algumas quadras, e vi duas garotas, puxando as tranças da minha irmãzinha. Segurei as duas pela camisa. Uma em cada mão.

— Algum problema? – Perguntei. Mary sorria. Com aquele olhar que eu adorava.

— Não. – Respondeu uma delas.

— Parece que há um problema. Se as duas encostarem em um fio de cabelo dela, prometo que vão se arrepender. Estamos entendidos? – Soltei-as com força, e elas caíram de bunda no chão. Peguei a mochila de Mary e fomos andando lado a lado pela calçada. Antes de virar a esquina, consegui ouvir os choros delas.

— Obrigada. - Minha irmã disse enquanto desfazia o resto do que tinha sobrado de suas tranças

— É meu dever como seu irmão. Por que elas fazem isso? – Perguntei, faltava um quarteirão para a livraria que eu trabalhava por meio expediente.

— Não sei.

— Se alguém te machucar ou fazer algo que você não gosta, pode me dizer o nome do futuro defunto, ok?

— Ok. – E riu. Chegamos na biblioteca. Deixei-a fazendo sua lição em uma das grandes mesas. E fui ao armário de funcionários. Apenas troquei a camisa manchada de lama, pelo uniforme, e tirei a jaqueta. Voltei, porém quando estava prestes a abrir as novas caixas de livros. Minha Chefe chegou.

— 15:04. Está atrasado. – Resmungou. Essa velha é uma ridícula em questão de pontualidade.

— Desculpe, amanhã vou chegar no horário. – Falei a frase no automático. Falava isso quase todo dia. Sorte minha que a memória dela não é tão boa. Finalmente, foi embora. Abri uma caixa, e alguns funcionários abriram outras. Peguei oito livros, os distribui pelas estantes. Voltei a mesa e fui recolhendo alguns livros. Dei uma rápida olhada em Mary. Depois de tudo organizado. Fiz o de sempre. Procurei um livro para Mary ler. Todo dia ela lia um novo.

— Que tal Romeu e Julieta? – Perguntei.

— Não, li esse semana retrasada.

— E esse aqui, o caçador de pipas?

— Pode ser. – Pegou e se sentou no puff azul. Dirigi-me ao balcão. Hora de receber os alunos da faculdade da frente. Entraram como sempre, como vândalos. Uma das diversões do trabalho era olhar os grupos com meu amigo Jack. Os nerds que já traziam todo um arsenal em suas mesas sozinhas. As patricinhas que seguram os livros de cabeça para baixo muitas vezes, enquanto buscam com os olhos algo mais interessante ao redor. Jack adorava isso, sempre ganhava alguma noitada. Eu já passei dessa fase. Passei de várias na verdade, porém entrei em muitas outras. Saí do que era diversão e entrei no vicio. É como se minha cabeça estivesse parada no tempo, naquela época, naquele dia. E o mundo ao meu redor evoluía. Quanto mais ele ficava forte, mais fraco ficava eu. Enfim, voltando a realidade. Jack correu para uma das burrinhas como um animal. Já foi mostrando como se segura um livro da maneira correta, sussurrando ao seu ouvido. Até que ela pediu seu telefone. Minha irmãzinha parecia estar um pouco confusa com a leitura um pouco mais avançada que de costume, mas ela adorava um desafio.

— Ei!! – Alguém gritou bem perto do meu ouvido. Por instinto levei a mão a orelha direita.

— Sabia que não se grita em uma biblioteca? – Perguntei com raiva. Virei-me para a pessoa. Uma garota de olhos verdes e cabelo loiro curto, posicionava-se à minha frente com um livro na mão.

— Sei, e sei também que quando chamamos funcionários, eles devem nos atender. O que não foi meu caso, porque estou aqui há dez minutos lhe chamando.

— Desculpe, o que deseja? – Por mim não seria educado com ela, mas percebi pelo canto do olho que a chefe estava olhando.

— Qual é o limite de locação por dia? – Quem faz uma birra por isso? Tem um cartaz ao lado do caixa para qualquer um ler, mas vou tentar não ser tão rude quanto gostaria.

— 5 livros, senhorita. Algo mais?

— Onde é a seção dos livros de direito?

— Está fazendo direito na faculdade? – Perguntei.

— Não, administração. - Respondeu meio rude, eu entendo, não deveria estar xeretando a vida de alguém que acabei de conhecer. 

— Ok, venha por aqui. – Subi a escada de madeira, quase tudo era de madeira ali. – Um, dois, três, aqui quarto corredor.

— Obrigada. Desculpe pela confusão.

— Sem problemas, se precisar de algo pode chamar. – Falei com meu melhor sorriso.

— Você parecia tão absorto, às vezes sorria pro nada, olhava tudo em volta como se não soubesse o que estava acontecendo. E sorria como um idiota. Mas, ficou feliz quando viu aquela garotinha. – Observadora.

— Err.. Ela é minha irmã. Não sou doido se quer saber. – Riu.

— Eu nem perguntei seu nome.

— Tyler, e você é?

— Alice Cooper.

— É nova na faculdade? Nunca a vi por aqui.

—Sou sim.

— Por que quer livros de direito se ... – Não pude terminar a frase. Alguém me chamou. – Tenho que ir.

— Toma meu telefone. – Tirou um cartão da bolsa dela.

— Tchau. – Respondi e saí daquele corredor. Desci a escadaria. Jack.

— Cara, você tava demorando. Quem é? – Perguntou na maior cara de pau.

— Uma menina. – Olhei pro pulso. 18:58. Mary estava quase dormindo entre uma página e outra.

— Ei, bonita, hora de acordar, já vamos. Terminou?

— Não, mas li bastante.

— Gostou?

—Não é ruim.

— Não é ruim? – Ri – Já volto, vou me trocar. – Dei-lhe um beijo na testa. Andei um pouco. Desci as escadas. Peguei uma camisa extra no meu armário, minha jaqueta. Tirei aquele uniforme. E as vesti. Tirei aqueles sapatos ridículos, e coloquei meus tênis. Subi as escadas. Dando de cara com Alice.

— Já vai fechar. É melhor ir. Amanhã você volta e pega os livros.

— Ok, tchau. – Olhei ao redor. Mary estava sentada nos degraus da escadaria para o andar de cima.

— Vamos. Desculpe fazê-la esperar. 

— Tudo bem.

— Não está tudo bem. Como recompensa, escolha onde vamos jantar. – Um sorriso brotou nos seus lábios. Nem precisava falar. Sempre que podia, comia no mesmo lugar. Uma lanchonete que ficava na esquina da nossa casa. Era a favorita de Michael, comíamos lá todo dia de manhã. Ainda como. Apenas para não perder a tradição. Fomos de metrô até ela. Quando chegamos, Beth, uma gordinha simpática que trabalhava na lanchonete desde sempre, nos atendeu.

— Oi Mary, como vai? Faz tempo que não vem aqui. E você meu querido? Entrem, entrem, podem sentar, vou buscar o cardápio.

— Não precisa Beth, sei tudo decorado.

— Tudo bem. Vou servir os outros clientes, quando resolverem me chamem. – Saiu apressada. Voltei minha atenção a Mary.

— Então, o que vai querer? Já é tarde, vamos levar pra viagem. – 19:31, minha mãe ficaria com raiva.

— Eu quero um sanduíche de frango e Coca

— Beth – Chamei, ela veio na hora. – Para Mary um sanduíche de frango e coca, eu vou querer o de sempre. E para viagem, porque já está tarde.

— Tá bom, já trago seus fofos. – Lá se foi. Voltou bem rápido. Paguei. Saímos. E andamos até casa. Chegando lá, comemos, nossa mãe não tinha chegado ainda. Ela é enfermeira, vive dando plantões. Ficamos vendo TV por um tempo, mas quando deram nove horas, desliguei a televisão.

— Hora de dormir.

— Já? – Coloquei-a nas minhas costas, e repeti em atos, ou ao menos o tentei, o sonho que havia tido mais hoje mais cedo, sendo que desta vez Mary era eu pequeno, e eu era meu irmão mais velho. Desta vez em um lugar menor, e em direção ao quarto dela. Eu pulava, girava, fazia tudo. Apenas para ouvir a risada mais pura do mundo, a risada de criança. Coloquei-a na cama. Dei-lhe um beijo na testa.

— Não vai embora.

— Eu tenho que ir, não moro aqui, esqueceu?

— Conta uma história antes. – Pediu, como resistir a uma carinha de anjo?

— Tá bom. Era uma vez uma linda princesa chamada Mary , ela vivia com seu irmão em um reino distante. Eles eram felizes lá. Certo dia, a princesinha estava andando pelo bosque, quando foi sequestrada por duas monstras da floresta. Assim que percebeu a perda de sua irmã mais nova. O rei Tyler, saiu com o exercito inteiro a sua procura. Ele fora o primeiro a achar a caverna onde moravam as monstras. Derrubou a porta, e as fez confessarem onde estava Mary. O exército prendeu as monstras. E Tyler achou sua irmãzinha dentro de uma gruta, atrás da cachoeira. Resgatou-a, e ficaram felizes, comeram sanduíche de frango com coca-cola. Fim. – Todo dia, Michael me contava uma história, as dele ao menos tinham lógica. Eram perfeitas, ele encenava, se agitava, gostava. Mary, nunca ouviu uma história dele. Na verdade, ela nem se lembra dele direito. Mas eu? Me lembro de cada detalhe de TUDO.

— Tchau Mary. Tenho que ir, amo você. – Lhe dei um beijo na bochecha.

— Também te amo. Boa noite – Antes de sair do quarto, eu disse: Tenha bons sonhos, linda.

Depois fechei a porta. Minha mãe tinha acabado de chegar. As chaves estavam em cima da mesa. Tentei sair de fininho. Como disse tentei, mas fui pego.

— Olá. – Minha mãe disse calmamente, sentada na cadeira da mesa da cozinha.

— Oi.

— Bonito, não é senhor Tyler? Tem ideia de que horas são? Eu pensei em mil coisas quando ela não voltou da escola antes de eu sair para o trabalho. Dessa vez quero uma boa explicação.

— Eu me atrasei para buscar ela e tive que levá-la ao trabalho. – Ela me encarou severamente.

— Essa foi a última vez que isso acontece. Se repetir, você nunca mais vai vê-la, isso eu posso garantir. A última coisa que ela precisa é de um bêbado como exemplo de vida. – Minha mãe nunca superou a perda do meu pai. Contudo, superou a do outro filho aparentemente. Já eu, nem uma, nem outra. – Agora saia da minha frente. – Saí pela porta. Peguei o metrô até meu apartamento. Tomei um bom banho. Escovei os dentes. E fui ao vizinho, Jack. Quase todo dia tem alguma festa lá. Entrei, bebidas, pessoas se agarrando. Típico de Jack. Bebi algumas garrafas. Até que avistei uma pessoa conhecida.

— Alice, que surpresa! O que faz aqui? – Ela deve ter sentido meu hálito horroroso, pois se virou.

— O que foi que você bebeu?

— Nada demais, o que faz aqui? – Perguntei novamente.

— Uma amiga me trouxe. – Olhou pra trás procurando alguém. Olhou com nojo, e depois para mim. – Ela está com seu amigo. – Virei minha cabeça. Deparei-me com Jack se agarrando com uma menina, em pé.

— Desculpe por isso.

— Não, sem problemas. Agora vou ter que esperar ela acabar para ir pra casa. – Sentou no sofá de couro preto.

 

— Não fique cabisbaixa, venha, curta a festa. – Entreguei-lhe uma garrafa. Primeiro ela deu pequenos goles, depois virou tudo. Peguei mais duas. E assim passou a noite, até que Jack veio com as drogas. Ele estendeu na mesa, cocaína, MD, cigarro de maconha, etc....

Comecei com algo leve, o cigarro, mas, depois cheirei um pouco de cocaína e, quando me dei conta, já estava beijando alguém. Até que caí na real, e vi o rosto de tristeza de Alice a minha frente. Depois, só vi o escuro.

Frio. Era como se um vento congelante viesse furiosamente "cortando" pedaços de minha pele. Minha cabeça latejava. Onde diabos eu estava, que eu me lembre nenhum lugar em Nova York seria tão frio. Me mexi mais um pouco. Mais hoje tinha que pegar Mary e deixar em casa. Quando olhei pro relógio, 00:00, dia 0, quem foi o filho da puta que quebrou meu relógio?? Espera aí, eu estava numa cama. Era a parte de cima de um beliche. Ouvi o choro de algumas pessoas. Ótimo, me mandaram para um manicômio. Tinha certeza, tudo era cinza. Olhei para baixo, desci. Quando toquei o chão, três cabeças me olharam. Nunca as vi antes em toda minha vida. O que Mary estaria fazendo numa hora dessas? O que Michael faria? Não sei, eles nunca foram para um manicômio. Acontece que eu não sou doido, ao menos ao ponto de me mandarem para um manicômio. Sério, minha cabeça parece que vai explodir.

— ¿Quién eres tú? – Uma menina loura, e agora espanhola, me perguntou. Não precisava falar español para saber: Quem é você?

— Tyler. – Ela, o menino e a outra menina. Se olharam entre si. Depois para mim.

— ¿Sabes dónde estaño? – (Sabe onde estamos?) Neguei com a cabeça. As marcas de choro eram visivas nos três. Será que eu morri? Será que nunca mais vou ver Mary? Mas se eu morri, cadê Michael?

Resultado, eu não morri, ainda sentia meu coração bater, desta vez, bastante acelerado. Sim, eu estava com medo. Eles não sabia onde estavam e eu muito menos. Somente pensei em Michael, Mary, papai, Alice, Jack, até nas pessoas que odiava. Queria meu mundo de vagabundagem de volta.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo, se você leu gostou, odiou, ou acha que pode ficar melhor, mande um review, prometo que vou responder!!Até o próximo capitulo!Beijinhooos!



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