In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 18
Bem-vindos à Sidney


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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P.O.V. 3ª pessoa

Dentro da carroça havia dois homens e duas mulheres, com exceção do cara que os chamou para entrar, os outros três lhes encararam bastante, passaram muito tempo examinando as roupas cinzas, mas, de certa forma, quando entraram e deixaram de apertar os olhos pelo sol, os caras de dentro sossegaram.

— So, what are your names? Where do you come from? (Então, quais são seus nomes? De onde vocês vieram?) – O estrangeiro perguntou com um sorriso no rosto. – Oh, sorry, I’m Richard, from England. She is Elizabeth, my fiance. (Ah, desculpe-me, Eu sou Richard, da Inglaterra. Ela é Elizabeth, minha noiva.) – Apontando para uma jovem mulher com os cabelos presos. – And they are Charles and Bettany. We met each other at the boat. And you? (E eles são Charles e Bettany. Nos conhecemos no barco. E vocês?)

— My name is Henry and she is Rose, my cousin, we came from England too. (Meu nome é Henry e ela é Rose, minha prima, nós viemos da Inglaterra também.) – Filipe mentiu, e abriu um sorriso acolhedor, depois apertou discretamente o braço de Isabelle e sorriu para ela, incentivando-a.

— Oh, yes. (Oh, Sim) –Ela disse com o melhor sorriso falso que conseguiu fazer em seus lábios, não gostava nem um pouco de mentiras.

— Which city did you came from? (Legal, de que cidade vocês vieram?) – Richard perguntou

— London. (Londres) – Filipe respondeu. Elizabeth e Bettany não paravam de encarar Isabelle que tentava se distrair olhando pela janela.

— So do us. Which street? (Nós também. Que rua?) – Richard não parava um Segundo. E tudo que Isabelle pensava era “É agora que vamos ser descobertos”.

— Well, this doesn’t really matter, but we were lost for a few days, our boat didn't come, and we have to walk since it, but we doesn’t know where exactly we are, neither the date. (Bem, isso não importa, mas nós estávamos perdidos por alguns dias, nosso barco não veio, e nós tivemos que andar desde então, mas não sabemos onde exatamente estamos, assim como a data.) – Filipe falou com uma calma incrível. E Isabelle ficou com uma cara mais assustada ainda. “Que diabos, de onde ele tira essas ideias?” Pensou, mas continuou olhando pela janela, mesmo que só visse arbustos.

— Poor Young man, We are going to Sydney, and it is april 16, in 1850. (Pobre homem jovem, nós estamos indo para Sydney, e é 16 de abril de 1850.

— Ok, thank you. (Ok, obrigado) – Filipe disse, não estava tão assustado por fora, mas tinha certeza que sua pressão havia subido bastante. Tentou olhar para Isabelle, mas ela estava com cara de quem ia vomitar se passasse mais alguns minutos na carroça que tanto balançava.

— JOSEPH, HOW LONG IT WILL TAKE? (Joseph, quanto ainda vai demorar?) – Richard berrou para o cocheiro, mas nem Isabelle, nem Filipe esperavam isso, e tiveram um grande susto, ela caiu no chão da cabine, e ele a repôs no banco imediatamente

— 15 MINUTES! (15 minutos) – Uma voz rouca gritou de volta. O resto da viagem foi bem silenciosa.

— Oh God! (Oh deus!)– Isabelle disse assim que a carruagem parou. Numa terra seca, onde existiam mais terra do que casas, apenas algumas fábricas e um pequeno porto do outro lado, haviam fileiras e fileiras de escravos morenos, provavelmente australianos.

— Welcome to Sydney! (Bem-vindos a Sydney) – Richard gritou de felicidade, mas a Brasileira não conseguia encontrar um motivo para tal felicidade, tudo que sentia era uma grande piedade por aqueles que apanhavam de chicote no sol forte. Filipe percebeu que Belle estava mal e apertou sua mão mais forte, dando apoio.

Incrivelmente e, pela primeira vez, eles não eram os estranhos naquele cenário, ninguém lhes encarava como se não se encaixassem lá. Eles eram apenas “britânicos exploradores” com roupas diferentes. Os estranhos mesmos eram alguns chineses que estavam nas redondezas. Os Australianos sofridos encaravam os chineses com ódio, talvez por “roubarem” o trabalho e deixarem a mão-de-obra pesada para os nativos.

— Come on guys, let’s explore! (Venham, vamos explorar!) – Richard disse, enquanto as mulheres conversavam e Charles estava distraído observando tudo e anotando num pequeno caderno.

— Thank you so much for everything, but we have to visit my cousin who lives here (Muito obrigado por tudo, mas nós temos que visitar meu primo que vive aqui.) – Filipe disse.

— Oh, ok then, so, see you Henry, Rose. (Oh, ok, então, vejo vocês por aí, Henry, Rose)

— Ok, bye (Ok, tchau.) – Puxou Belle pelo braço e foram andando para o nada.

— Estás bem? – Filipe perguntou quando andaram bastante e não podiam ver mais nada daquela vila.

— Não, que horror! Temos que sair daqui agora! – A brasileira respondeu, se sentou no meio da terra e começou a chorar.

— Está bem, está bem, acalma-te e vamos. Mas, fale em inglês, se conseguir, use um pouco de sotaque, afinal, ninguém pode nos descobrir, ok? – Ela balançou a cabeça e se levantou.

— There is only one problem (Só tem um problema.) – Ela disse.

— And what is it? (E qual é?)

— I’m Hungry (Estou com fome) – E os dois caíram na gargalhada, estavam com fome na imensa maioria das vezes, isso e frio e, às vezes, sono. Andaram bastante no calor, e adoraram quando rolaram na terra vermelha e essa cor se incorporou em suas roupas. Chegaram a outra vila e roubaram dois pães por uma janela. A brasileira deu apenas uma mordida no seu e o entregou a um escravo discretamente. O português dividiu o seu com ela. O pôr-de-sol foi lindo, mas quando restaram apenas estrelas no céu, o medo invadiu. Sons de animais e gritos de pessoas os rondavam. Até que se escutou o primeiro tiro. Sem pensar duas vezes, eles correram, sabiam que viriam outros em seguida. Esconderam-se atrás de uma montanha de pedras no meio do deserto. O tiroteio parecia vir cada vez mais próximo e Belle chorava silenciosamente. Até que uma bala perdida atingiu uma das pedras da montanha que estavam, a pedra caiu bem em cima do pé direito de Filipe, que fez um esforço enorme para não gritar de dor.

— Tá bem, tá bem. Não entre em pânico, fique calmo, tudo vai dar certo. Você vai ficar bem, BEM! – Isabelle falava em um tom baixo, quase um sussurro, queria dizer isso para Filipe, mas foi mais para ela, afinal não podiam correr, sair dali, ou mesmo falar em voz alta.

— Shh.. – Filipe disse em meio ao cansaço e dor, mas conseguiu que ela se calasse. A brasileira tirou a pedra de cima do pé dele, estava horrível, sangue escorria para todos os lados e tinha um edema enorme. O português estava de olhos fechados e disse: Está muito feio?

— Não. – Isabelle mentiu. – Continue de olho fechado, ok? – E rasgou parte da calça branca que estava usando e enrolou no pé dele bem apertado.

— Ai! – Filipe tentou sufocar um grito.

—Não, shh! – Mas já era tarde demais, o som dos tiros aumentou juntamente com os passos, eles estavam se aproximando.

— Filipe, se deite na areia.

— O quê?

— Deite, agora! – Ele obedeceu e Belle jogou um pouco mais de areia vermelha sobre ele e deitou-se ao seu lado em seguida, jogou um pouco em si e fechou os olhos, rezando internamente para que a areia não infeccionasse a ferida no pé de Filipe.

Eles chegaram gritando e atirando.

— You, Your stupid australian! You stole my bread! (Você, seu australiano estúpido! Você roubou meu pão) – Um britânico estava com revólver apontado para dois nativos.

— No, I didn’t. (Não, não fui eu)– Um deles disse.

— So who did? A ghost? (Então quem foi? Um fantasma?)- Outro tiro, outro morto. Eles estavam lutando por culpa do pão que Isabelle e Filipe roubaram mais cedo.

— Please, do not , I swear that i didn’t steal it. (Por favor, não, Eu juro que não o roubei) - Implorava o outro nativo.

— Ok, so who stole my bread? (Ok, então quem roubou meu pão?) – Isabelle tentou se levantar, mas o português segurou sua mão como um aviso. Após algum tempo, escutaram um tiro e os passos indo embora. A brasileira passou o resto da noite chorando e, vez ou outra, trocava o curativo do colega. Era uma cena estranha, pois ele estava ferido, mas ela estava sofrendo muito mais. Ambos estavam sentindo uma dor enorme dentro de si, eram, de certa forma, assassinos. Foi por culpa deles que dois nativos morreram. Quanto nojo sentiam de si, repulsa além de tudo. Mesmo sabendo que se tivessem levantado e assumindo o que fizeram estariam mortos agora, o sentimento de culpa permaneceu. De algum jeito e, após bastante tempo, se reconfortaram nas pedras e desmaiaram de cansaço.

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Frio. Apenas frio e branco. Era milhares de vezes mais frio, havia neve ao seu redor, estavam a céu aberto, mas um estranho céu aberto, o sol estava lá, mas não os esquentava. Desde que caíram, Rosa e Tyler não conseguiam se mover, o frio era intenso demais, e lhes cortava a pele coberta apenas por um fino tecido cinza. Eles podiam sentir ele lhe picando o tempo todo e penetrando na carne, mas não sentiam mais nada, nem podiam se mover, ficaram apenas parados esperando pela morte, até que fecharam os olhos e desmaiaram. E, por um milagre, um cachorro os “salvou”.


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