In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 14
Aparência X Gosto


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado ao lilyblume, que fez a primeira recomendação da fic! Muitíssimo obrigada!!
Aproveitem



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Tyler foi o primeiro a acordar, Rosa não estava mais próxima a ele, e quando abriu os olhos para seu alívio ou horror regressara ao quarto cinza, os outros três ainda estavam dormindo. Ele se levantou, ia para o banheiro, porém havia uma porta nova, bem do lado da antiga e igual a mesma.

P.O.V. 3ª Pessoa

— UHUUUUUUUUU! This is amazing guys! I can’t believe, it’s the same tasty!! Come here, now!!! (Isto é incrível gente! Eu não consigo acreditar, é o exato gosto! Venham aqui agora!) – Tyler entrou gritando de felicidade com uma colher na mão, pulou em cada uma das camas para acordar os outros. Até eles perceberem que havia outro pequeno relevo à direita da porta que levava ao banheiro, no caso, outra porta. Os três se dirigiram à ela, e se maravilharam tanto como Tyler. O quarto era quadrado, havia quatro armários cinzas, eles eram gigantes em comprimento e pequenos em largura, ou seja, altos e finos. Em outra parede havia um quadro, parecido com os de escola, e com mais quatro carteiras brancas.

Ao fundo, havia uma grande bancada, com quatro cadeiras, uma ao lado da outra. Quatro tigelas, e três colheres. O conteúdo das tigelas não agradava aos olhos de nenhum dos que não haviam o provado. Algo pastoso, branco, só de olhar dava nojo. Mas então, porque Tyler comeu e adorou? Já fazia dias que não comiam nada assim que acordavam, estavam com muita fome. Tyler devorou todo o conteúdo da tigela em menos de dois minutos.

— Err, How does it tasty? (Qual é o gosto?) – Filipe perguntou.

— Something I had not eaten in years, this thing has the exactly taste of Michael’s sandwich. (Algo que eu não comia há anos, essa coisa tem o exato gosto do Sanduíche de Michael.) - Dito isso, o português se sentou e deu colherada, a qual foi seguida de muitas outras com um sorriso.

— Camarões do Porto! Coma Belle! – Essa pasta branca tinha o gosto de morangos para Isabelle, e da mistura de sorvete de maracujá com sorvete de cajá para Rosa. A exata comida predileta de cada um, bastava comer com os olhos fechados e tudo parecia mil maravilhas. Em menos de cinco minutos as tigelas estavam vazias. Ao abrirem os armários, na mesma ordem crescente, havia livros para aprender Inglês, Espanhol, Português, Francês, Italiano, Russo, Alemão, Braile, Código Morse, Latim, entre outros. Isabelle (Queria testar seus conhecimentos básicos) pegou o livro em português para aprender um pouco mais de Inglês. Filipe pegou para aprender Espanhol (Era fluente em Inglês), Rosa escolheu o livro para aprender Inglês e Tyler queria aprender espanhol. Rosa e Isabelle juntaram as bancas e estudaram inglês mais ou menos juntas, com a ajuda de um dicionário de Espanhol/Português. Do mesmo modo, os garotos se juntaram para estudar Espanhol, mesmo que Filipe já soubesse bastante sobre a língua. Os livros eram brancos com letras pretas, exercícios comuns, em uma página havia um texto sobre algum fato da história ou geografia do mundo, e na outra havia exercícios sobre palavras e frases dos textos, no final dos livros, estavam as respostas dos exercícios. Em uma hora, já estavam bastante adiantados. Após algum tempo, eles descansaram um pouco e Tyler, com ajuda do livro, deu uma aulinha sobre Inglês, apenas os básico do Verb to be, do Past simple e do Past participle. Nunca passaram tanto tempo no quarto cinza sem que um apito soasse, isso era um alívio em parte. Mas, para pessoas como Rosa e Tyler que não eram chegados a estudar, uma aventura teria sido um pouco melhor, dependendo de qual fosse. Mais uma vez se revezaram para usar o banheiro, a temperatura estava agradável, apesar de estar um pouco fria para a Brasileira, mas nada a se comparar com o primeiro dia. Já estavam com fome novamente, apenas sonhando em comer aquelas delícias, felizmente o alarme não viria nem tão cedo.

Os livros eram bem grossos, Rosa e Tyler já não aguentavam mais estudar depois de algumas horas, e estavam com fome. Saíram daquela sala, a Loira levou de lá um caderno e um lápis, debruçou-se sobre ambos e fez algo que não fazia desde pequena: desenhou. Em cada armário havia um estojo repleto de canetas pretas, lápis e borrachas, entretanto não havia lápis-de-cor, algo que seria útil para se livrar do eterno cinza.

— This Is Beautiful! (Isto está lindo!!) – Tyler exclamou olhando o desenho por cima do ombro dela.

— Thank you!! Now I can speak a little bit of english!! (Obrigada!! Agora eu falo posso falar um pouco de inglês) – Rosa sorriu mostrando um pouco de seu aprendizado, claro que com um sotaque espanhol fortíssimo. O desenho era de um pássaro, mas especificamente um pombo, ele voava ao redor de uma bela cachoeira. Há esta hora, a fome já os consumia, poucos minutos depois Filipe e Isabelle saíram da sala e foram para o quarto. Eles elogiaram o desenho de Rosa e o colocaram entre as beliches dela e de Isabelle. Quando regressaram à sala de estudos, as tigelas haviam sido reenchidas, não com uma pasta branca e nojenta, mas sim com a cara das delícias que eles mais gostavam. Porém, quando a primeira colher foi a boca de Tyler, este correu para o banheiro e vomitou tudo, com os outros não foi muito diferente. Gostos de Escargot, de Couve-de-flor queimado, de Larvas cozidas e de Carne de jacaré, se apresentavam nos pratos de Tyler, Rosa, Filipe e Isabelle (Nessa Ordem). - Como algo tão belo poderia ter um gosto tão ruim? – Essa pergunta se passava pela cabeça de cada um, de um jeito ou de outro, aquilo era comida, e era melhor do que nada. Mesmo odiando, e no caso de Rosa, vomitando a cada cinco colheradas, comeram tudo. Voltaram para o quarto e antes que pudessem pensar em algo mais, as luzes se apagaram. Não dava pra enxergar nada no breu, tatearam os móveis feito cegos para encontrar suas camas. Tyler e Isabelle encontraram as suas rapidamente e guiaram os outros pela voz. Durante a noite, o frio aumentou.

O tempo de sono era cronometrado, pois era praticamente impossível dormir com as luzes acessas e, no dia seguinte, elas foram acesas após quatro horas de sono. Nenhum dos quatro saiu da cama, apenas enfiaram as caras nos travesseiros tentando dormir em vão. Para piorar, o alarme ressoou obrigando-os a usar os travesseiros como tapa-ouvidos. Rosa chorou, Isabelle também, Tyler começou a andar e gritar feito um louco enquanto Filipe resmungava: “Não passa de um sonho, não passa de um sonho”. A frase foi repetida e a tristeza se espalhou.

O buraco negro se formou e cambaleantes os quatro deram as mãos e pularam. A queda não durou muito tempo, dez, quinze, vinte minutos ao máximo, mas isso não é relevante. Pararam em uma terra seca e deserta, vários quilômetros vazios. Sem construções, com apenas alguns cactos, pedras e plantas rasteiras secas, sem o menor sinal de pessoas, ou de vida. O ar era seco e quente, difícil de respirar.

— É pedir demais ter um dia normal?! Porque com certeza a primeira coisa que qualquer pessoa ama quando quase não dorme e come é parar no meio do nada?! – Isabelle gritou sarcástica. Somente o Português compreendeu mais ou menos o que ela quis dizer.

— Veja bem, ninguém está a apreciar esta situação a que fomos colocados, tentai-vos acalmar-te. – Ela o encarou incrédula, mas logo se dispôs a andar para frente, apenas com a roupa cinzae os pés nus. Os outros a seguiram, caminharam por uma hora e pararam para descansar, Rosa chorava e os pés de todos estavam sangrando e queimados. Doía bastante pisar num chão de “brasa”.

— Aaaaaaa! Una piedra entró en mi pié!! (Uma pedra entrou no meu pé) – Rosa falou e se sentou no chão agarrando o pé. Tyler não compreendeu, e ela olhou pra ele e tentou falar em inglês com um forte sotaque espanhol e alguns erros de gramática: Something came into my feet (Alguma coisa entrou no meu pés).

— Oh, ok. We will help you. (Nós vamos ajudar você) – Ele segurou seus braços enquanto Filipe segurava-lhe os pés e Isabelle tentava retirar a pedra com os dedos.

— Relájate (Calma) – Filipe falava entre os gritos de dor da espanhola. Até que finalmente Isabelle conseguiu retirar aquela pedra cheia de sangue, Tyler carregou Rosa enquanto caminhavam, com o pé dela pingando sangue pelo caminho. Depois de alguns minutos, Isabelle iria desmaiar em pouco tempo, a língua seca, o calor de matar, o cansaço extremo, tudo isso junto era igual ao começo de uma morte. Contudo, Filipe avistou o que parecia ser dois homens em uma barraca, eles usavam longas roupas estranhas e uma espécie de gorro em suas cabeças. Eles conversavam entre si e armavam uma barraca, havia um camelo cheio de bolsas próximo.

Levou certo tempo até eles notarem a presença de outros quatro seres humanos, que mais pareciam loucos perdidos. Apenas Filipe encarava os homens, o resto do grupo admirava o camelo, com aquelas dobrinhas e cor marrom claro. Tyler se distraiu e acabou tropeçando, fazendo com que Rosa, que ele estava carregando, caísse no chão. Um dos homens estava de azul e o outro de verde, o de azul se levantou e começou a fazer perguntas que nenhum dos estrangeiros compreendia. – Que língua é essa? – Todos se perguntavam, e Rosa começou a chorar no chão, Tyler tentou recolocá-la nos seus braços, mas ela não deixou e ficou em pé. A mais nova fez gestos indicando sede, e os homens subiram no camelo e indicaram para lhes seguirem. E assim foram, os quatro atrás de dois homens e um camelo.


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Notas finais do capítulo

Críticas? Deixem suas opiniões, e quem quiser pode deixar um lugar e uma época que queiram que eles sejam enviados.
Beijos, até o próximo cap, obrigada pelo apoio de todos!



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