In My Head escrita por IsabelNery


Capítulo 13
Areia de Luta


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!!



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P.O.V. 3a Pessoa

As ondas agitavam-se cada vez mais, fazendo consequentemente com que o barco balançasse num ritmo maior. Desde pequena, a brasileira enjoava constantemente em viagens de carro, nunca havia navegado de verdade em mar aberto, muito menos com as ondas quase tocando o interior do barco. Sua situação piorava ainda mais pelo simples fato de que havia comida uma gororoba há poucos minutos. Ela já enchera um grande balde apenas com vômito, estava com a pele bastante pálida e com a testa suada, mesmo que o clima fosse bastante favorável. Ao reencontrá-la, o português levou outro susto. Ele era um velho amigo do mar, desde pequeno conhecia-o e à grande maioria dos barcos atuais. Isabelle já havia recolhido outro balde, os tripulantes não se importavam com o mal-estar dela, contanto que ela não sujasse o barco ou que limpasse tudo depois. Filipe se sentou ao lado dela, não tinha a menor ideia do que fazer para acalmá-la. Mas, em menos de meia hora, a estrangeira se recuperara.

— Então, que dia é hoje? – Ela perguntou, e o pavor voltou aos olhos verdes.

— Err, b-bom, e-eli d-disse que hoj-je era 27 d-de outubro. - Filipe gaguejava mais do que tudo.

— Isso é não é possível, deve ter mentido! Alguns dias atrás eu estava em setembro, quero dizer, na outra vida.

— D-de 1665.

— COMO?! Isso é IMPOSSÍVEL! Quer dizer que “viajamos” no tempo? O que estou dizendo? Estou ficando louca! Devem ser atores, é uma pegadinha! E o que fazemos aqui? Para onde estamos indo?

— Não sei. – Depois disso, Isabelle encheu mais um balde, e antes que pegasse outro, o navio parou. Atracaram em outro porto e descarregaram uma grande quantidade de uma espécie de pó preto. Depois, o louco que os puxou para o navio deu duas moedas de bronze para cada tripulante e ficou no barco cercado de garrafas. Felizmente, no porto havia vários estrangeiros, eles desceram e se esconderam atrás de barris para escutar a conversa de dois ingleses.

— I’m so glad I came to this travel! I think that half of my Family has died. Now, they’re prohibited for us to come here, they’re afraid for the epidemic comes here too. Do you have any notices about your family? (Eu estou tão satisfeito de ter vindo a esta viagem! Acho que metade da minha família está morta. Agora, eles vão nos proibir de vir aqui, eles estão com medo de que a epidemia venha para cá também. Você tem alguma notícia da sua família?)

— I Should have, I want to have, but I doesn’t have any notices for them for months. It’s to sad think they died. All for that plague! Thanks god I escaped, but when I remember that all of my neighbored and friends are dying, I just want to cry. For God, my wife, my daughters! (Eu deveria ter, eu queria ter, mas não tenho notícias a meses. É muito triste pensar que morreram. Tudo por causa daquela Peste! Graças a deus eu escapei, mas quando me lembro que todos os meu vizinhos e amigos estão morrendo, só quero chorar. Por Deus, minha mulher, minhas filhas!)

— Your luck bring your son, his small, but at least you have a little family. How old is he? (Você é sortudo por trazer seu filho para aqui, ele é pequeno, mas é o que restou de sua família. Quantos anos ele tem?)

— He is ten years old. But is too smart. Now, he’s buying more fish, I should start to look for a job if I continuous for here. (Ele tem dez anos de idade. Mas é muito esperto. Agora ele está comprando mais peixe, eu devo começar a procurar um emprego se for continuar por aqui)

— Yes, me too. Hey, there is he? (Sim, eu também. Ei, ele está ali?)– Um garoto pequeno, mas forte de cabelo loiro vinha arrastando uma grande sacola fedorenta e se juntou aos outros ingleses. Quando Isabelle estava a ponto de desmaiar pelo cheiro, Filipe a carregou até saírem do porto e foram em direção ao que parecia uma feira de frutas. Com as moedas de bronze, compraram maçãs e uvas. Depois foram até um lago, onde a brasileira bebeu bastante água para se hidratar e comeram juntos as frutas. Não havia mais moedas quando foram passear pelas ruas, encontraram uma banca de jornal, no qual além da data a manchete assustava: New Plague.

Os estrangeiros se entreolharam rapidamente e correram para perto do lago novamente. O que poderiam fazer? Onde quer que fossem, arrancavam olhares de todos, não só pelos rostos, mas principalmente pelas roupas cinzas. Pareciam loucos fugitivos ou estrangeiros que estão trazendo a epidemia para outro país. Filipe percebeu que eles haviam feito a travessia da Inglaterra para a França no barco, ou o que eles já foram um dia.

Andaram pela margem do rio, até verem algumas senhoras lavando roupa. Um plano surgiu na cabeça do Português. Discretamente, passou perto das cestas de roupas, e quando as donas lavavam outras no rio, ele pegou um monte delas e saiu correndo rio abaixo, ouvindo gritos que deveriam ser xingamentos. Isabelle o seguiu o tempo todo. Dentre as roupas roubadas estavam: Duas calças beges, um vestido estranho verde, uma blusa branca cheia de babados, uma meia e uma saia gigante. Filipe vestiu uma das calças e a blusa de babados, e Isabelle ficou com o vestido, ambos estavam ridículos em sua opinião, fora o fato de estarem descalços. Deixaram o resto das roupas perto do lago e voltaram a perambular pela cidade.

Praticamente todos estavam falando nessa epidemia, depois de escutar algumas conversas, descobriram que se tratava de uma epidemia de peste bubônica na Inglaterra. O garoto não sabia ao certo se já lera sobre ela em algum livro de sua outra “vida”. As pessoas os encaravam menos do que com as roupas cinzas, mas sempre erguiam o nariz, para demonstrar superioridade toda vez que passavam.

Era muito diferente da França que o garoto visitara nas Férias passadas, e, para a surpresa ou horror deles, seu medo foi confirmado, quando não havia Torre Eiffel! O monumento não fora construído, mas há poucos meses Filipe o vira naquele exato local!

— Algum problema? – Isabelle perguntou. Claro que eles estavam num grande problema, mas não era a isso que ela se referia, e sim ao fato do português ter se ajoelhado com a boca escancarada bem em frente de onde deveria estar a Torre Eiffel.

— Err, Bem, acá deveria haver a Torre Eiffel. – Ela arregalou os olhos por segundos, mas desistiu de ficar espantada, simples, tudo era maluco de qualquer jeito, para que se preocupar?

Sem opção, retornaram ao porto. Lá, apenas limpando o chão por uma hora conseguiram algumas moedas. Mesmo sem saber o valor delas e com a noite chegando, entraram no que parecia ser uma pousada, havia vários idiomas pairando no ar. Entregaram todas as moedas a uma mulher, esta lhes deu alguns vegetais para comer. E depois os levou ao que deveria ser um quarto, mas fedia bastante e as camas eram feitas de palha, a mulher disse que queria o resto do pagamento amanha, eles nem se preocuparam em pensar nisso. Apenas deitaram nas camas de palha com a noite soprando os indícios fugitivos de uma epidemia. Sem conseguir dormir, ambos ficaram encarando o teto, até começarem a conversar.

— Se você pudesse escolher, ficaria aqui, na França ou voltaria para o quarto cinza? – O garoto levou pouco tempo para pensar na resposta.

— Eu ficaria em qualquer lugar, contanto que tu ou os outros dois estivessem comigo. E quanto a ti?

— Acima de tudo, gostaria de voltar para casa. Mas como não lhe dei essa opção, acho que preferiria ficar aqui com você, seria bom se Eles (Rosa e Tyler) aparecerem por aqui, afinal, essas pessoas não podem atuar para sempre, não é? Tenho que admitir, os atores são excelentes, o figurino, as falas, e todo resto foi muito bem pensado, até nos detalhes. Boa noite. – Antes da metade da fala dela, o garoto já estava dormindo. Belle não percebeu e continuou falando com o ar. Poucos minutos depois ambos estavam dormindo, desta vez, sonharam que haviam regressado a suas casas. Sonhos felizes para uma realidade bastante amarga.

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Geralmente, cair é ruim, mas muito pior é cair ao lado de alguém que você não conhece e que não fala direito seu idioma é pior. Naquele buraco, apenas o silêncio ecoava pelas paredes, Rosa e Tyler não ouviram nenhum dos chamados dos outros. Eles também caíram em areias, só que do outro lado do mundo.

— What the... (Mas o quê....) – Tyler disse quando observou ao redor. Aparentemente era uma linda ilha, o mar azul, a floresta verde, rochas no mar. Poucas pessoas andavam ao redor deles e quase todas os encaravam.

— Así que hablamos com alguien? (Então, devemos falar com alguém?) – O garoto não entendeu e Rosa teve que fazer mímica. Acabaram rindo junto no final, mas ele entendeu e negou. Desde a guerra, não confiava em ninguém. Caminharam bastante, comeram bananas das árvores, e conseguiram escutar a conversa de duas senhoras: Espanhol. Rosa se alegrou, quase pulou de alegria, o que só fez com que as pessoas a olharem torto.

— Permiso senõra, donde estoy? (Com licença senhora, onde estou?).

— En La Bahía de Los Cochinos. (Na Baía dos Porcos).

— Gracias. (Obrigado) - Olhou meio assustada para o garoto, mas a senhora já havia saído. Já ouvira esse nome na escola, aula de história ou de geografia? E o que havia aqui? Ela não precisou pensar por mais tempo, pois o olhar de Tyler já informava o que estava por vir. Ao horizonte, via-se uma pesada sombra negra, vários barcos estavam se dirigindo para a baía. O choque estava na face de todos os cubanos, muitas pessoas corriam, outras estavam paralisadas, como os nossos estrangeiros. Em segundos, Tyler e Rosa correram para trás de uma grande árvore oca. Tiros estavam sendo disparados, gritos de horror pairavam no ar e os corações batiam rapidamente ou pela última vez. Logo, uma marcha era ouvida ,e pouco tempo depois, outro exército chegou. Da luta só se escutava gritos e tiros. Era bem mais triste para a garota que entendia tudo, do que para ele que não compreendia os xingamentos e o que estava acontecendo. Cada vez avançavam mais pela mata, havia outras pessoas acampadas, cabanas, comidas quentes, havia até mesmo vilarejos e uma pequena cidade. Mas, todos só queriam se esconder e, geralmente, a ansiedade aumenta quando se esconde por medo. Eles ficaram escondidos num grande tronco oco, onde podiam se deitar. Tapavam os ouvidos e antes que escurecesse, fizeram mímicas para aliviar a tensão. Comeram um pouco mais, e voltaram ao tronco. Vários bichos rondavam a terra e o tronco, era nojento, mas não havia opção. Após algum longo tempo, ao som de tiros eles desmaiaram de sono.

Tyler foi o primeiro a acordar, Rosa não estava mais próxima a ele, e quando abriu os olhos para seu alívio ou horror regressara ao quarto cinza, os outros três ainda estavam dormindo. Ele se levantou, ia para o banheiro, porém havia uma porta nova, bem do lado da antiga e igual a mesma.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, beijos!



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