POV Bárbara

            Lá estava eu, sentada no metrô. Como sempre. Muitas pessoas acham imprudente deixar uma garota de 16 anos andar sozinha pelo subsolo da cidade, mas a minha mãe não é uma dessas. Todos os dias de manhã, em vez de me chamar pra tomar café, como qualquer mãe normal, ela grita: “Bárbara, você vai perder seu metrô! Pegue sua barrinha de cereal e vá logo!”. É bem assim. Mas, eu entendo o porquê de ela fazer isso: meu pai sai trabalhar muito cedo e ela tem que cuidar da casa. Por isso eu não ganho carona. Mas eu até que gosto de andar de metrô. Me sinto livre.

            Enquanto eu penso nisso, o trem começa a parar. Me levanto e caminho até a porta. Bom, era só eu subir as escadas e andar até o outro lado da rua para chegar à minha linda escola. Eu adoro ir pra escola. Ver os amigos, aprender coisas novas...

            Quando sento na minha carteira, uma garota que nunca conversou comigo na vida se virou para falar comigo.

            - Bárbara não é? – Assenti com a cabeça – Prazer, eu sou Ana. – Ela me esticou a mão.

            Apertei a mão dela e falei:

- O prazer é meu.

            Ok, eu não sei bem o que essa garota queria comigo, mas eu sou uma pessoa amigável e que gosta de manter a boa imagem. A maioria dos meus amigos, principalmente Lauren, minha melhor amiga, estudam na escola do bairro mesmo. Só eu que estudo longe, e não tenho muitos amigos aqui. Conversei com a garota durante o tempo livre da aula e no segundo tempo já estávamos bem amigas.

Quando entramos na aula de história, descobrimos que iríamos ter uma prova surpresa. Eu gelei. Mas quando vi o assunto da prova, relaxei de imediato. Era mitologia grega. Não há nada que eu entenda mais que mitologia grega. Sou como uma “expert” nisso. Tanto que não me surpreendi quando tirei nota máxima. Ana, rindo, virou pra mim e disse:

            - Tá legal, você TEM que me ensinar essa matéria – Rindo, nós seguimos juntas para a próxima aula.

Ela me convidou pra almoçar, então fomos até um McDonald’s, que ficava a algumas quadras da escola. Depois que comemos, decidimos ir comer um bolinho no Starbucks do outro lado da rua, então seguimos até lá.           

Na porta do restaurante, tinha uma senhora parada. Quando pedi licença à ela, a ouvi sibilar e então ela virou pra mim. Levei um baita susto. Não era nada que eu já tivesse visto. Era uma mistura de mulher e cobra. Ela tinha o pescoço longo como o de uma cobra, mas o rosto de uma. Quando ela avançou pra cima de mim, tudo ficou escuro e eu ouvi uma voz aparentemente poderosa bradar: “A deixe em paz!”. Então eu desmaiei.

――――― ∞ ―――――

Quando acordei, estava parada num salão enorme, que tinha 12 tronos enormes, com uns sete metros de altura, sério. E no meio da sala, havia um homem e uma mulher gigantes, discutindo entre si:

- Com certeza tem que ser ela! – Falou a mulher.

            - Nós ainda não nos decidimos. – Respondeu o homem.

            - Mas você viu, aquilo estava atrás dela! Ela tem que estar destinada a isso!

            - Sim, eu concordo, mas nós acabamos de nos lembrar dessa lei, não precisamos necessariamente usá-la!

            - Mas ela tem a idade certa! E você viu o que eles estão perseguindo-a, não podemos arriscá-la nem desperdiçar essa chance!

            - Tudo bem então, mas temos que falar com ela primeiro.

            Levantei-me e eles me encararam. Eu devia estar sonhando. Eles eram enormes! Tomei coragem e, já que pra mim era só um sonho, perguntei:

            - Falar o que comigo?

            O homem se aproximou de mim e se agachou. Ele olhou bem fundo nos meus olhos e então se virou e falou para a mulher gigante:

            - Tem razão, tem que ser ela. – Sua voz era tão real, que eu deduzi que não era nem de perto um sonho.

            - Falar o que pra mim? – Perguntei pela segunda vez. Só então percebi que havia gritado. Então abaixei o tom de voz e fiz outra pergunta. – Do que vocês estão falando? Que lei é essa? Quem são vocês?

            A mulher veio para mais perto e me disse:

            - Você tem certeza de que não sabe quem somos?

            - Sim, infelizmente eu tenho.

            O rosto da mulher entristeceu e dessa vez foi o homem que falou comigo.

            - Como grande amante de mitologia grega, você devia ao menos ter uma idéia de quem somos, não acha?

            Então caiu a ficha.

            - Peraí, peraí, está dizendo que vocês dois são deuses gregos? E que esse é o Monte Olimpo?

            - É isso mesmo. Eu sou Atena e esse é Zeus. Sei que pode parecer estranho, mas temos ficado de olho em você há um bom tempo. – A mulher, aparentemente a grande deusa Atena falou carinhosamente para mim – Você sabe que existem filhos de deuses com humanos aos quais chamamos de semi-deuses, não?

            - Sim, eu vejo isso na escola, mas não é só parte da historia? Quero dizer, eles não existem mesmo, não é?

            - Na verdade eles existem sim, pequena Bárbara, vivem entre as pessoas e tem um dia-a-dia normal.

            - Mas por que estão me dizendo isso? Eu não sou uma semi-deusa, sou?

            Dessa vez foi Zeus quem respondeu:

- Infelizmente não, mas é sobre isso que queremos falar com você. Nós estávamos revisando o livro de regras, e nos lembramos de uma regra muito importante. É uma regra, Bárbara, que diz que se os 12 deuses olimpianos juntamente com Hades e Héstia concordarem, e o humano tiver qualidades especiais, podemos tornar um humano um semideus. Mesmo que ele seja filho de humanos. E nós, enquanto observávamos você, descobrimos que você tem muita agilidade e força, ambas úteis numa batalha. E também vimos que você tem um ótimo caráter, um ótimo cérebro e um ótimo coração. Por isso, se a senhorita concordar, iremos torná-la um semideusa.    

- Nossa, é muita coisa pra minha cabeça. – Me sentei no chão – Primeiro descubro que os deuses gregos existem de verdade. E agora, descubro que pode ser que eu me torne “afilhada” de vocês?  - Abri aspas no ar – Creio que vocês vão ter que me explicar melhor.

- Não tem explicação melhor que essa Bárbara. E então, você permite ou não que a tornemos uma semideusa?

- Eu não sei. E meus pais? E minha escola?

- Você não tem com o que se preocupar. Você ficará com sua família e seus amigos. E irá à escola de qualquer jeito. Você só se comprometerá no verão. E então, o que me diz?

- Por mim, tudo bem. Mas tenho que ver se minha mãe vai deixar.

- Não se preocupe, já falamos com sua mãe e ela te autorizou. Agora é só você querer.

- Claro, claro que eu quero! Mas eu não vou me machucar não é?

- Não se preocupe você não vai sentir nada. Esta noite te daremos os poderes, e no verão você vai ao acampamento meio-sangue.

- O que é esse acampamento?

- É o lugar onde os semideuses treinam. E é onde você vai passar o seu próximo verão, que começa em 1 semana. E tome cuidado, não queremos que nada aconteça com você. No fim da próxima semana, você irá até esse endereço e pedirá para falar com o Quíron. É só dizer seu nome que ele te explica o resto.

- Ok. Mas como eu saio daqui?

Ele riu – É só você seguir até o elevador e descer. Sairá no Empire States Building. Você consegue se virar a partir dai?

Eu ri também – Sim, eu consigo. – Então eu peguei o elevador e fui embora.

――――― ∞ ―――――

 Cheguei em casa achando tudo aquilo muito surreal, mas no fundo feliz e animada eu sempre quis que o mundo dos deuses fosse real e agora está acontecendo mesmo!Com esses pensamentos despenquei na cama e acabei cochilando.

Quando acordei comecei a pensar de novo no que havia acontecido será que fora um sonho?Estava quase desistindo de ir quando entro no meu banheiro e vejo a mulher mais linda que eu já vi se maquiando no meu espelho, depois que me recuperei do choque, perguntei.

-Quem é você? O que está fazendo no meu banheiro?- então ela pareceu ter acabado de perceber que eu estava lá e soltou um riso que pareceu música para mim.

-Eu sou a deusa Aphrodite –disse ajeitando o cabelo- e você é uma mocinha atrasada. Vamos vou te levar ao Olimpo- falou puxando minha mão.

-Então eu não sonhei!? –perguntei ainda não me deixando ser puxada pela deusa.

-Mas é claro que não bobinha. Vamos. –então foi como se ocorresse um flash e der repente eu estava no mesmo salão que estive hoje á tarde, com 14 pares de olhos gigantes direcionados á mim.

-Então- a voz de Zeus saiu como um trovão- como já havíamos falado estamos aqui para lhe tornar uma meio-sangue, porque acreditamos que você mereça.Você será como se fosse filha de todos os deuses presentes, possuirá todos os poderes que o seus filhos tem direito...-só que ele foi interrompido por Aphrodite.

-E terá o guarda-roupa renovado por moa!-disse ela dando pulinhos e batendo palminhas, mas após ser fulminada pelos olhos de Zeus que pareciam que corria eletricidade ela se acalmou.

-Continuando...mas, haverá um porem- sabia- você vai ter que lutar sozinha, quando tiver alguém ou algo te atacando diretamente será feita um tipo de bolha que não deixará ninguém entrar, isso serve para provar que você merece mesmo ser a nossa escolhida.Todos os presentes concordam?- todos os deuses assentiram sorrindo como se eu fosse mesmo filha deles. -Bárbara?

Respirei fundo e respondi com firmeza.

-Provarei que mereço. – minha resposta foi seguida de olhares de aprovações.

-Pois bem, que comecem as bênçãos. -Zeus falou

Então uma mulher com olhos verde-grama e cabelos cor de terra estendeu a mão na minha direção.

-Por ser uma menina que se importa muito com a alimentação e o meio ambiente, além de ser doce quando quer, eu, Deméter, deusa da agricultura, lhe dou minha benção. –então senti como se estivesse em um campo de trigo, sentindo o cheiro do vento. Senti que estava de brincos e vi que eram folhas. –viram adagas. – ela falou se referindo as jóias.

-Por ter uma das melhores mentes da atualidade eu, Atena, deusa da sabedoria te abençôo. -senti minha cabeça trabalhando a mil por hora e senti que havia uma tiara cinza que, vi depois ter uma coruja. - Vira uma espada.

E assim foi passando cada deus falava porque estava me abençoando,cada um por sua função tipo, Àrtemis por eu ser independente, ganhava os poderes como se eu fosse filha deles e os presentes também, ela me deu um colar de lua que se encaixa com o de Apolo que é um Sol, viram um arco e flecha, com flechas douradas e prateadas,frias e quentes.

-Por você ter um espírito de líder nata eu, Zeus, deus dos céus, lhe dou minha benção. - Senti meu corpo ficar elétrico e um anel com um raio apareceu em minha mão. –Vira um escudo que manda raios. Bom, eu lhe proclamo oficialmente uma semideusa. -Então um trovão soou e eu apaguei.  

Uma semana depois

Eu entrei no taxi e dei ao motorista o endereço que tinha recebido de Zeus na semana passada. Foi uma viagem meio comprida, mas eu estava tão ansiosa que nem percebi. Ele me deixou no fim de uma rua meio acabada. Eu vi uma placa dizendo “Acampamento Meio-Sangue” e segui até o topo da colina. Tinha uma pessoa parada de costas pra mim. Decidi pedir informações (vai que fosse Quirón?). Cutuquei seu ombro esquerdo e, quando a criatura se virou pra mim, percebi que não era Quirón nenhum. Era a mulher-cobra que estava na porta do Starbucks.