All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 32
capítulo 30 - criminal




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Ponto de vista: Annabeth

Estava tudo muito estranho.

Eu e Percy havíamos acabado de descer para tomar café da manhã e logo de cara eu percebi que alguma coisa estava errada. Não tinha nada a ver com o fato de que Rachel estava animada que nem parecia que tinha deixado a mãe para morrer - algo que me traumatizou para todo o sempre - nem de eu ficar sabendo por uma mensagem de Silena de que Hefesto e Afrodite iriam sair.

Percy parecia tenso, ansioso e inseguro. Eu perguntei umas mil vezes, mas ele é cabeça-dura e não quis contar. Na verdade ele disse que não tinha nada, mas eu não acreditei. 

Minha mãe tinha sumido do nada ontem à noite e a única coisa que sabíamos era que ela tinha subido super cedo para o quarto - como Afrodite dissera. Hefesto disse que talvez fosse muita pressão, mas eu conhecia bem demais minha mãe para cair nessa. Ela também ainda não tinha vindo tomar café, o que só tornava as coisas mais sinistras.

Poseidon estava abatido e anormalmente quieto. Não falou com ninguém e nem ao menos sorriu. Seus olhos verdes sempre cheios de diversão pareciam ter perdido o brilho.

Percy, como o lerdo que é, não percebeu nada disso. Mas Métis começava a se incomodar pelo fato de que minha mãe não descia.

- Quer que eu vá chamá-la? - perguntei.

- Não precisa, querida. Athena deve estar muito cansada por causa de ontem. Depois eu subo e levo o café para ela.

Assenti.

Ponto de vista: Percy

Droga, droga, droga, droga.

Tinha certeza que minhas mãos nunca estiveram tão suadas. Pra variar, Annabeth falava animadamente sobre algum assunto completamente desconhecido – eu realmente não ouvia nada – mas pelo jeito que ela balançava os braços e eu enfiava bolinhos garganta abaixo, e ela tossia, para depois retomar o ar e continuar a falar, tinha que ser alguma coisa boa.

- Percy! – ela exclamou de repente. – Você está ouvindo uma palavra do que estou falando?

- Ahm – vacilei, chacoalhando o rosto e tentando me focalizar em seu belo rosto. – Sim.

- Que bom.  Posso continuar, então. – Annabeth deu de ombros, e retomou o assunto (provavelmente irrelevante) de que estava comentando antes. Tentei revirar os olhos, mas ela tinha olhos de coruja, então era melhor ficar parado.

Minutos depois, ela não parava de falar e minhas mãos não estavam ficando nada mais secas.

- E é por isso que as tartarugas marinhas–

- Annabeth, cala a boca. – retruquei, da maneira mais gentil possível.

- QUÊ? – ela questionou, seus olhos cinza ficando gigantescos com o choque.

- É, cale a boca – disse, antes que perdesse a coragem. Ela me espancaria mais tarde, mas valeria à pena. – e me ouça por um minuto, mulher.

Annabeth fez que sim, mordendo seu lábio inferior, obviamente tentando controlar sua raiva. É, ela provavelmente me estupraria mais tarde. Agora que o estrago já estava feito...

- Annabeth – eu disse, praticamente caindo de cara no chão quando desci da minha cadeira e ajoelhei-me ao seu lado. Percebi que a surpresa foi tomando seu rosto delicado cada vez mais, o que não estava ajudando.

- Que você pensa que está fazendo? Tá todo mundo olhando... – ela disse.

- Ah, não tem quase ninguém aqui – respondi, olhando para a sala aonde tomávamos o café da manhã. – Agora me escute. Sei que não sou bom com palavras, que sou um idiota e que você me odiou no começo de tudo, mas, espero que saiba que eu te amei desde que nós nos casamos acidentalmente e você estava com as roupas íntimas cheias de arroz.

- Percy!

- Estou quase terminando – prometi, lutando para não desmaiar, retirando a caixinha de veludo do bolso de trás da minha calça. – Annabeth Chase, eu prometo de amar e te apoiar, mesmo quando você falar sobre tartarugas marinhas e tiver algum vegetal em lugares inapropriados. Eu te amo, Annabeth. Você se casa comigo... de novo?

- Você é mesmo um idiota – ela disse quase imediatamente. – É claro que eu caso com você, de novo.

Quando ela me beijou, senti minhas pernas virando gelatina e meus braços, marshmallow.

- Isso é por me mandar calar a boca – ela anunciou quando quebrei o beijo, dando-me um tapa na bochecha.

Apesar de fingir muito bem, vi que, por trás de seu rosto corado, Annabeth estava sorrindo.

Caramba, aquela mulher iria me matar um dia.

[...]

- Bem, já que todos acabamos, eu vou subir. Tenho que ver Athena e fazê-la comer. Aquela menina acha o quê? Eu não vou deixar ela ficar fazendo regime pra emagrecer e ficar seca, que nem essas modelos horrorosas! - Métis fazia seu discurso enquanto arrumava uma bandeja de café da manhã para levar.

Vi Annabeth revirando os olhos fofamente.

- Ela não está fazendo regime... Deve estar com dor de cabeça, ou perdeu a hora – ela disse.

- Perdeu a hora, ah! – sua avó continuou reclamando, indo até o elevador.

- Por que será que ela não desceu? – perguntei, colocando minha mão sobre a de Annabeth.

- Eu não sei – disse ela, suspirando.

Ponto de vista: Athena

Eu sabia que minha mãe iria ficar uma fera quando não me visse no café, pensando as piores coisas que podiam ter acontecido comigo.

Argh. Dor de cabeça dos infernos... Isso sempre acontece quando eu bebo ou choro demais. Saco.

Saí do banheiro enrolada numa toalha. A sensação de um banho quente e o sol iluminando tudo aliviava a minha tensão, mas minha cabeça continuava a mil.

Fui até a sacada e observei um pouco o horizonte, respirando o ar da manhã. Talvez eu comesse algo mais tarde; isso se minha mãe ou Annabeth não resolver vir aqui e trazer algo, aquelas duas...

Quando voltei, comecei a me trocar até que batem na porta, que eu abri terminando de abotoar a jeans.

- Ah, bom dia querida! Como dormiu noite passada? - ela perguntou, já entrando, praticamente passando por cima de mim.

Como eu disse, ela estava segurando meu café.

Fechei a porta com mau gosto, será que ela não podia esperar mais uns dez minutos pra começar?

- Ótima e a senhora? - falei, tentando disfarçar meu mau humor. 

Eu dormi bem, mas você está mentindo.

Revirei os olhos.

- Athena, eu também fui treinada aqui, e você é minha filha. Pode ir falando.

Peguei uma maçã e fui até a sacada, descalça.

- Não foi nada, mãe... Só estou preocupada.

- E eu posso saber por que tem vidro no chão?

- Eu esbarrei na mesinha e derrubei umas coisas...

- Bom, se não quer contar, não conte, mas eu preciso conversar com você.

Como ela podia ser tão esperta?

- Estou ouvindo.

- Poseidon - eu gelei. - Você gosta dele?

- Por que quer saber? - falei, prestando mais atenção.

- Porque eu acho que vocês estão indo rápido demais. Athena, ouça. O que está acontecendo entre você e ele aconteceu há muito tempo atrás, comigo e com seu pai. Nós fomos felizes, Athena, mas eu larguei minha carreira e você viu no que tudo isso desencadeou. As coisas só se acalmaram agora. E, seu pai está morto por causa dessa bagunça.

Eu não precisava perguntar nada, estava tudo no diário.

- Por favor, filha, pense no que está fazendo.

- Aconteceu algo importante no café? - perguntei, mudando subitamente de assunto.

- Percy e Annabeth vão se casar. Direito.

Ela suspirou, provavelmente também reprovando o fato de que eles eram muito novos para casar e "estavam destruindo suas vidas".

- Aah. Fico feliz por eles.

- É, eles se gostam, dá para ver em seus olhos...

Ótimo. Agora eu iria ter que conviver com Poseidon na mesma família.

Saco. 

- Mas Athena, você tem certeza que não quer pensar melhor sobre aquele assunto... Está na hora de você se dedicar apenas ao trabalho e...

Eu sabia que ela não se daria por vencida tão cedo, então decidi acabar com tudo aquilo de uma vez só.

Olhei para baixo, era cedo mas muitas pessoas já andavam pela calçada.

- Não se preocupe, mãe. Nada do que você tem medo vai acontecer. Poseidon e eu brigamos - voltei para dentro, começando a calçar minhas botas de salto. Eu teria muita coisa para fazer. - Nós não estamos juntos e não vamos ficar.

- Mas...

- Sem mas. Está tudo resolvido.

- Aah. Querida, eu sinto muito, eu não queria dizer que... - ela olhou em meus olhos, segurando a bandeja novamente.

- Tudo bem - falei, sorrindo. - Não importa. Não mais.

Enquanto ela se retirava, eu pensava em como aquilo tudo era uma grande mentira. Aquele assunto nunca morreria, estaria para sempre... inacabado.

Suspirei.

- Hoje vai ser um longo dia...

[...]

Encontrei Hefesto em seu refúgio, como ele gostava de chamar. Era uma sala enorme, cheia de computadores e telões. Na verdade lembrava o laboratório da escola onde eu cursei o segundo ano, em que se desenvolvia novas tecnologias.

- Bom dia! - falei, sentando em uma cadeira enquanto ele tirava os fones do ouvido.

- Bom dia, tem gente que acordou animada hoje hm? - ele disse, sorrindo.

Quem ouve isso até acredita.

- É, animação sempre é bom. O que temos para hoje?

Ele sorriu e procurou algo no computador, seguido de uma careta.

- Aah, droga. Vai se encontrar com os membros do conselho para rever algumas normas.

- E eu que esperava ficar bem pelo resto do dia... - resmunguei, revirando os olhos. - A vida não pode ser perfeita.

- É o que eu digo.

- Bem, que comece a tortura, não é? - falei, deprimida de novo. - Conversou com Afrodite?

- Sim, ela é uma mulher maravilhosa.

- Ela é minha amiga, se machucá-la eu te torturo lentamente.

Hefesto revirou os olhos.

- Nós vamos sair.

- Ok. Isso não é da minha conta, só estou dizendo para tratá-la como ela merece. Afrodite não é como essas daí com as quais você passa as noites, ela é uma mulher respeitável e honrada.

- Já entendi o recado, chefinha. Pode deixar.

- Obrigada, Hefesto. Isso significa muito para mim - falei, com uma mão no seu ombro. Ele assentiu e voltou ao trabalho.

Ainda era cedo. Daqui a algum tempo eu iria até a antiga sala de meu pai - que agora era minha - no último andar e aí sim, eu me sentiria realmente uma presidente*.

- Soube que Percy e Annabeth vão se casar - ele falou, sem tirar os olhos da tela.

- Ah sim. Eles vão. Como sabe?

- As notícias correm por aqui. Mas e você? Soube que não apareceu no café.

- Minha mãe subiu... Ela estava preocupada.

- É normal. Vai me dizer por que não apareceu?

- Dor de cabeça... Pressão... Acho que a noite de ontem acabou me abalando mais do que o esperado.

Realmente, muito mais.

Eu não esperava que Hefesto caísse naquilo, ele me conhecia há anos, era praticamente meu irmão.

- É, com certeza ser chamada de vadia bem naquela hora vai fazer você se lembrar dessa noite para todo o sempre - concordou ele, sorrindo, embora parecesse não ter aceitado muito bem a desculpa.

[...]

- Eu vou indo, até mais - falei. - Estou subindo.

E que comece a tortura.

_________

*presidente: Eu não quis colocar 'presidenta'. Sei lá, fica meio estranho, feio.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá, todo mundo agradecendo à Ju por fazer um momento Percabeth peeeeeeeerfeito *U*



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