All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 31
capítulo 29 - my immortal


Notas iniciais do capítulo

Beeeem menor que os outros!



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Ponto de vista: Athena

- Ei, cara, então quer dizer que você tá de rolo com a própria chefe? - perguntou uma voz desconhecida.

Coloquei a taça numa mesa distraidamente, tentando prestar atenção na conversa.

- Que isso, claro que não - era a voz de Poseidon.

Tudo bem que eu não chamaria como 'rolo' mas pelo menos algo nós tínhamos.

- Ah, e aquela agarração que eu vi ali mais cedo?

- Ela não me importa, sabe, só um casinho, assim como todos os outros, entende? - era Poseidon novamente.

- Perfeitamente.

Franzi os lábios. Era assim que ele me via? Assim que pensava em mim?

Claro, como eu não percebi antes? Ele sempre cheio de gracinhas, brincadeiras, mãos bobas. Eu era um brinquedo. Mais uma das muitas mulheres que caíram e ainda iriam cair em sua armadilha. Eu sentia pena delas. E agora sentia pena de mim. Mas eu sempre fui forte. Não posso, não me permito sentir pena de mim mesma. Ficar sofrendo por um homem... é masoquista.

Sem nem mesmo olhar para trás, saí caminhando normalmente, mas totalmente destruída por dentro. Eu segurava as lágrimas e tentava fazer com que elas voltassem para o lugar de onde vieram. Descontava toda a minha raiva naquela pobre bolsa, deixando meus dedos brancos.

Era tudo brincadeira.

Ele tinha jogado com meus sentimentos. Justo depois de anos, quando me permiti amar novamente. Quando ele disse me que amava... Quando eu pensei ver aquele brilho amoroso e quente em seus olhos... Quando eu me senti protegida por ter seus braços ao meu redor... Eu pensava que ele me amava. 

E era tudo brincadeira.

Como eu pude ser tão idiota? Eu sempre escolho os caras errados! Eu pensei que tinha acertado uma única vez na vida, pensei que tinha encontrado a pessoa certa... Mike... Frederick... Poseidon...

Eram todos iguais! Idiotas, egocêntricos, aproveitadores baratos!

[...]

Por que a porta do quarto parecia tão distante? Cada passo que eu dava durava uma eternidade... Tudo parecia tão turvo... Tão sem sentido... As lágrimas embaçavam minha visão e manchavam a minha maquiagem. Minhas bochechas estavam meladas e eu não aguentava mais aquele sapato apertando meus dedos. Eu queria sumir. Queria esquecer. Eu queria parar de sentir. Minhas mãos tremiam, eu não conseguia parar o choro...

Foi difícil encaixar a chave na fechadura, o que só aumentou minha raiva e minha vontade de atirar em alguém.

Assim que a porta se abriu eu me apoiei e tirei os sapatos. Deixei que tudo caísse no chão, a bolsa, os sapatos, aqueles brincos que eu achava que tanto me incomodava. Peguei a primeira coisa que vi pela frente e joguei.

O que eu vi foram estilhaços de vidro voando em todas as direções, depois daquele barulho irritante de algo se quebrando. Meus braços penderam ao lado do corpo. Eu estava mole. Estava acabada. Minúsculos pedaços de vidro cortaram minha pele enquanto eu caminhava até a cama, mas eu não ligava.

Agarrei o travesseiro. Eu queria ter algo para me apoiar. Mas tudo ali cheirava a ele. Estava com o cheiro dele. Aquele cheiro irresistível de perfume masculino, misturado com o cheiro leve de brisa marinha.

Será que ele iria me perseguir pela eternidade?! Ele estaria em cada canto que eu fosse? 

Eu me sentia uma idiota por continuar abraçada a algo que me lembrava ele. Era pedir para sofrer. Mas eu o queria. Eu o amava e sentia a sua falta. 

Hoje era para ser a melhor noite da minha vida, uma coisa especial, feliz. Então vem aquele ser desprezível e acaba com tudo! Eu mereço isso?

[...]

Ponto de vista: Poseidon

Já fazia mais de uma hora que eu não via Athena. Aonde é que aquela mulher se meteu? De novo?!

Alcancei Hefesto. Ele estava conversando com uma mulher que eu vi entrar com Athena.

- Ei, alguém viu Athena?

Ele sorriu.

- Tem certeza de que não sabe aonde ela está?

Revirei os olhos. Aah.

- Ela subiu - disse a mulher, com um sotaque forte.

Mas já?

Assenti e corri para o elevador. O que tinha acontecido dessa vez? Por Deus, o que eu tinha feito? Era impressão ou ela estava mesmo diferente? Ela estava agindo de um jeito estranho, sim.

Mas por quê? Senhor, será que não dava pra explicar?

[...]

- Athena? - chamei. Bati na porta. Nada. 

Olhei para os lados, procurando o que fazer. Bati de novo.

- Athena, você está aí? - perguntei, encostando a cabeça na porta e fechando os olhos.

Ouvi algo. Não era impressão, nem minha imaginação.

Ou eu estava mesmo desesperado a ponto de ter alucinações ou eu ouvi Athena fungando.

- Querida, se estiver aí, abra a porta, por favor.

Pensei ter ouvido um suspiro, seguido de um 'Não' meio manhoso.

Era ela.

- Athena, o que está acontecendo? Me desculpe se eu fiz algo errado, mas eu estou preocupado com você, abra a porta.

Barulho de chaves sendo chacoalhadas. Logo, eu estava olhando para uma mulher totalmente mudada.

- Querida, o que...?

- Não me chame de querida - ela disse, com aquela expressão amargurada.

Ela se virou e caminhou para a cama, deixando a porta aberta. Seus olhos estavam vermelhos, seu rosto manchado de maquiagem, suas coisas estavam no chão, o quarto estava uma bagunça e ela... Bem, ela estava destruída.

Fechei a porta. 

- O que houve? - perguntei, sentando-me na cama e a abraçando.

- E você ainda pergunta? Por que quer saber? Você não se importa! - ela disse, ficando tensa. Athena não retribuiu o abraço, mas também não se afastou.

Percebi que ela estava em uma luta interna, dividida entre brigar ou falar tudo de uma vez.

Ela começou a chorar baixinho. Aquilo me cortava por dentro. Saber que eu era o motivo daquele choro compulsivo.

Aos poucos, ela se encostou no meu braço, apoiando-se e chorando ainda mais. Eu sabia que seu cheiro ficaria ali.

- Quem disse isso? É claro que eu me importo!

Ela levantou os olhos vermelhos e aparentava tristeza evidente.

- Você disse! Disse para um outro cara, mais cedo, quando ele te perguntou se tínhamos algo! Você disse que eu não importava para você, que era igual à outras! - ela gritou, tentando se afastar.

Puxei-a mais para perto, tentando passar alguma sensação boa.

- Athena, eu disse aquilo, não vou mentir. Mas foi por uma boa causa!

- Boa causa? Como assim uma boa causa? Nem por uma boa causa as pessoas diriam uma coisa dessa se não fosse verdade!

Segurei seus ombros. Ela parou de se debater e olhou em meus olhos.  Ela estava com raiva. Mas eu via a esperança refletida no cinza, bem no fundo. Ela queria acreditar e lutava contra o impulso.

- Aquele cara. Eu o conheci na faculdade. Ele lutava para roubar minhas namoradas, e até amigas que eu tinha. Amigas de verdade, não daquelas com quem se tem uma amizade colorida. Se eu contasse a verdade sobre você... - senti meus olhos se enchendo de lágrimas. - Ele tentaria roubá-la de mim. E quem iria garantir de que ele não conseguiria? Eu fiquei com medo, Athena. Medo de perder você. Eu amo você.

- E quem me garante que não está mentindo? - ela perguntou, com raiva.

- Eu garanto - ela revirou os olhos. - Mas se não quiser acreditar, eu vou entender. Eu devia ter contado a verdade.

Eu sabia que nós não iríamos conseguir parar de discutir, desde o primeiro momento. E sabia que aquilo poderia acabar conosco. Mas não pensei que seria tão cedo.

Me levantei e depositei um leve beijo em sua testa.

Tinha certeza que meus olhos estavam cheios de água. Eu não queria fazer aquilo, deixá-la sozinha. Mas temia que se ficasse ali iria piorar tudo.

Já estava com a mão na maçaneta quando ouvi sua voz, fraca e insegura.

- Eu amo você - sua voz estava embargada e eu me sentia um idiota. - E sempre vou amar.

Ela era uma mulher maravilhosa. Como eu pude deixar tudo desabar com um deslize desse?

Fechei os olhos. Eu não sabia o que fazer, na verdade. Eu conhecia bem demais aquela mulher para saber que ela poderia estar tanto furiosa quanto arrependida. Ela era imprevisível.

- Mas se é assim que tem que ser... - ela começou. - Então eu acho que nós realmente não fomos feitos para ficar juntos. Eu amo você, Poseidon, mais do que tudo. Mas... Tem algo errado. Algo que nunca vai mudar. Eu tenho minhas responsabilidades e você nunca vai deixar de ser assim, nunca vai deixar de ser o homem pelo qual eu me apaixonei. Mas o pior disso tudo, é que sempre existe um lado ruim. E é justamente o fato de nós não nos encaixarmos. Nós nos amamos, mas não conseguimos sustentar uma relação.

Eu a olhei, como se fosse a última vez.

Ela continuava linda. E sempre seria assim. Eu temia o futuro. Eu sofreria em silêncio, por ela. E principalmente quando a visse.

E tudo iria ser mais doloroso se ela conseguisse encontrar a felicidade com outro. Era tudo tão terrível ao meu ver...

- Você está certa. Como sempre esteve. Mas isso nunca vai mudar a verdade. Daqui a algum tempo, nós vamos nos encontrar na mesma situação, e tudo vai ser mais difícil - falei, fazendo um esforço. Aquelas palavras pareciam presas em minha garganta. - Não importa por quantas eu vou me sentir atraído; meu coração sempre vai pertencer à você. 

As lágrimas escorreram. Os fracos sorrisos apareceram e foram embora. A ansiedade por um abraço cresceu.

Mas já era tarde demais.

Eu não precisava continuar ali para piorar as coisas.

---

- Eu te amo, Athena - sussurrei para o nada, com a testa apoiada na porta de seu quarto e os olhos fechados.

Naquela hora eu me dei conta. Nós dois estávamos destruídos. 

E talvez seria assim para sempre.


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Notas finais do capítulo

Alice vai querer minha cabeça como decoração depois dessa, desculpe amiga. Agora você entende por que eu não podia te contar? e__e



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