Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 7
Capítulo 6. Obsidinium*


Notas iniciais do capítulo

N/A: Poxa!... Ngm mais deixa review na minha fic... :(
Acho que vou desistir dela...



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6. OBSIDINIUM*

Guardei a carta de Gianna e comecei a folhear, delicadamente, o antigo diário.

No início, nada me interessava realmente. Nada parecia ligado ao trecho que arranquei do diário atual. Athenodora escrevia angustiadamente. Era desolador. Um sentimento de piedade se apoderou de mim, e o ódio por Caius ganhou força. Ele fazia da segunda vida de Athenodora um verdadeiro inferno; era preferível estar morta.

Até que, com a chegada do outono nos campos e a geada nos Montes Apeninos, sua narrativa começa a demonstrar alguma esperança...

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________ Narrativa do Diário de Athenodora________

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Após alguns séculos de prisão, quando eu começava a me acostumar com a sobrevida de imortal; quando as lembranças risonhas de um tempo distante tornavam-se cada vez mais nebulosas, e quando o poder passou a me sorrir irônico e aliciador; eis que um fio dourado de esperança surge na trama do meu destino...

Não desconfiei de nada quando Caius saiu por aqueles dias para caçar, acompanhado por um grupo de vampiros da guarda, isso era comum e ele sempre trazia alguma comida para mim; apesar da escassez causada pela peste que assolava e dizimava os rebanhos humanos.

Desta vez, porém, em seu retorno, escutei uma conversa muito estranha entre a guarda que o escoltou na viagem de caça.

Falavam em um rastro diferente e nauseante nos Apeninos, que Caius reconheceu apavorado e voltou imediatamente para contar a Aro. Comentavam que Caius dissera ter reconhecido surpreso, este rastro como o de um lobisomem.

Senti como se tivesse levado um soco na barriga... Não podia ser...

Ele havia desistido da caçada há alguns séculos. Quando decidi mentir para ele, e confirmar que meu filho havia sido morto.

Mas não estava. Eu tinha certeza. Jamais lhe dei certeza quanto aos sinais de todos aqueles cadáveres peludos que ele me trazia. Jamais confirmei que nenhum deles possuía o verdadeiro sinal da linhagem de Rômulo. Até que um dia, ele trouxe mais um, esperando ler na minha reação a dor do reconhecimento do sinal de seu pai.

Então, mesmo sabendo que aquele cadáver não era de meu filho, de forma alguma; eu fingi ser, para que Caius parasse com a perseguição. E ele parou. Deu-se por satisfeito matando o único fruto do meu amor.

Contudo, meu filho ainda vivia e algo inexplicável em meu coração morto e gelado há tantos séculos me dizia que ele estava próximo, escondido nos Apeninos, buscando encontrar uma forma de se aproximar de Volterra... Ele estava tentando me encontrar, ainda que inconscientemente.

Será que ele sabia no que me transformei? Não. Não é provável...

Será que ele teria repulsa por mim? Será que seu instinto falaria mais alto e ele me odiaria, mesmo sabendo que um dia, fui eu quem lhe deu a luz?

Não. De certo ele pensa que eu esteja morta. Eu só posso ter sido dada como morta pela minha família. Meus pais não devem ter sabido que na verdade fui transformada. Entreguei-me à obsessão de Caius para salvar minha família... Como fui ingênua, tola... Minha intenção era me entregar em sacrifício. Contudo, tiraria minha própria vida quando meus pais tivessem fugido levando o bebê.

Cheguei a cortar meus pulsos, mas Caius, no minuto derradeiro, me mordeu e me transformou nisto.

Então, o que ele estaria fazendo aqui?

Sentindo a necessidade de me antecipar a Caius e ir ao encontro do desconhecido que estava deixando o rastro nos Apeninos, considerei tentar algo que jamais fiz nesta segunda vida: sair sozinha da torre.

Alguma coisa dentro de mim dizia que eu precisava ir até ele.

Tenho vivido trancada em minha suntuosa masmorra. Sempre saímos – Sulpícia e eu – acompanhadas por Caius, Aro e Marcus, e toda a guarda Volturi unida.

Foi assim na última vez, devido ao mais recente, e eu espero que último caso de crianças-imortais, no século passado; no qual aquela succubus – Sasha era o seu nome – foi julgada e condenada.

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____ Pausa na Narrativa do Diário de Athenodora___

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Perdi o foco por um momento... Então, ela esteve no julgamento e na execução de Sasha?!... Oh! Eu não me recordava disso... Minha respiração se acelerou, apesar, da paralisia gelada que era meu corpo. A saudade me devastou por um momento. A tristeza da impotência... As lembranças daquele dia... Mas, Sasha havia, de fato, infringido a lei... Irina, não...

Estranho perceber como ainda doía até hoje... De repente, me dei conta de que talvez... Só talvez... Toda esta história de vingança jamais apague e alivie a dor da saudade de minha irmã...

Não. É diferente. Com Irina foi diferente. Concentrei-me e voltei à leitura.

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_________ Narrativa do Diário de Athenodora _________

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Minutos antes do romper da aurora, esgueirei-me pelos becos subterrâneos. A guarda fazia algumas trocas de turno neste horário, e eu consegui ganhar as ruas de Volterra. Respirei profundamente algumas vezes, satisfeita. O cheiro de comida era forte, mas eu não estava com sede, o que seria um problema, pois isso significava reluzentes olhos escarlates.

Eu usava um vestido cinza discreto, que de fato ficava totalmente encoberto pela enorme capa negra. Joguei o grande capuz sobre minha cabeça, ele esconderia os olhos. De qualquer forma, não haveria risco de qualquer humano me ver. A cidade ainda dormia. E eu me moveria agilmente, o que era algo, que sem dúvida, eu não tinha necessidade de fazer com frequência, mas isso era apenas instinto puro.

A corrida não foi longa, atravessei as campinas da Toscana flutuando e avistei os Apeninos em minutos. Assim, como lá embaixo, o tapete de folhas de ferrugem cobria o chão, mas naquela manhã, e no alto das montanhas, havia uma fina camada de gelo, da bruma da madrugada.

Quando venci a terceira montanha, uma pequena coluna de fumaça atrás de uma encosta teria me chamado a atenção se eu não pudesse, de imediato, reconhecer um cheiro muito peculiar. Fez minha respiração acelerar... Era cheiro de... OBSIDINIUM!...

Estanquei paralisada e em choque com as lembranças do perfume da flor rara que Rômulo trazia para mim. Elas haviam se tornado escassas; quase em extinção. Já não eram mais encontradas. Não é possível que ainda houvesse obsidiniuns aqui nos Apeninos e eu não soubesse... Ainda assim, eles não florescem nesta época do ano...

Recomecei a me movimentar, agora em uma caminhada aflita em direção a fina coluna de fumaça.

Quando, mais próxima, comecei a ouvir a batida de um coração e senti como se flutuasse em direção a ele. Não corria, nem andava... Sequer me dei conta de estar me movendo. Apenas... Volitava em direção a este palpitar acelerado.

Fui levada, por essa estranha força atrativa, a entrada de uma pequena caverna encravada na encosta, junto às arvores centenárias. A fogueira, cuja coluna de fumaça avistei ao longe, ardia logo na entrada, e o coração que me atraiu até aqui, batia lá dentro.

Quando estava a uns dez metros da pequena caverna, uma voz, em pânico, gritou lá de dentro:

– Quem vem lá?

Silêncio. Eu não encontrava minha voz para responder.

– Quem vem lá?

Essa voz... Não me deixava dúvidas. Sequer havia necessidade de ver o Sinal da Lua Cheia! Era idêntica a voz de Rômulo. Senti minhas pernas fraquejarem e caí genuflexa.

Por Júpiter! Só pode ser ele...

Senti meu rosto se torcer em um choro sem lágrimas.

Um homem saiu da caverna desconfiadamente, mas avançou muito devagar em minha direção. Eu continuava de joelhos... Chorando. Cabeça baixa, o capuz me escondia. Suspirei alto e disse, não sei por que, em etrusco e não em latim, idioma que já predominava na época:

– Por favor, não se assuste...

Ele arfou, seu coração tornou-se mais acelerado, e tenho certeza, não foi por causa do som melodioso da minha voz, mas pela escolha do idioma que usei. Depois se aproximou muito lentamente. Eu continuava de cabeça baixa, temia assustá-lo com a cor de meus olhos monstruosos.

– Quem és mulher? – ele indagou com cautela, também utilizando o idioma etrusco. Percebi surpresa que o perfume raro de obsidinium vinha dele. Era o cheiro do sangue dele.

– Não temas. Eu não vou machucá-lo. – continuávamos falando em etrusco, embora este já fosse um idioma morto há vários séculos. Eu não conseguia parar o choro árido.

– Choras?! Também não vou machucá-la... – ele sussurrou piedosamente, e eu ainda de cabeça baixa, escondendo meus olhos perguntei:

– Diga-me, senhor, como te chamas?

– Chamo-me Tirreo...

Era ele. Meu filho. Este era o nome que Rômulo lhe deu quando o pegou em seus braços pela primeira e última vez, antes de sair naquela noite de lua cheia para enfrentar o vampiro que me perseguia: Caius.

Tomei coragem e levantei a cabeça, encarando-o. Flocos de neve caíam do céu agora, porém tudo a nossa volta ficou suspenso, parado no ar por alguns instantes.

Tudo. Parado.

A neve suspensa, os sons da floresta... A respiração e os batimentos de seu coração...

Então, ele fixou seus olhos nos dois rubis em meu rosto e recuou assustado.


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Notas finais do capítulo

N/A: *Obsidinium* - ok, eu inventei isso! Como está no texto é uma flor rara absurdamente linda e perfumada, que no século XIII já estaria extinta. É um neologismo! Dei este nome porque seria como se a palavra “obsidiana” derivasse do nome da flor, que por sua vez, teria um aspecto vítreo único. Gostaria de ser capaz de desenhar a flor o que tenho em mente!... Mas ela será melhor descrita em breve..Só é uma pena que eu não mereça reviews...! :(