Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 26
Capítulo 25. Estratégias


Notas iniciais do capítulo

N/A: Nossa! Demorou, mas saiu... A culpa não foi minha, foi dos problemas no site...! ;D
Vejam o que vcs acham deste capítulo!
Boa leitura! *-*



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25. ESTRATÉGIAS

Lucca se despia enquanto a banheira enchia.

Eu o observava de pé, os seios à mostra, meus cabelos caíam livremente pelos meus ombros e costas. Todo meu corpo estava elétrico. Ele olhava em meus olhos e livrava-se de sua roupa lentamente...

– Você sabe o que houve aqui a primeira vez em que usei esta banheira? – seus olhos ardiam nos meus. Os únicos sons que ouvíamos eram os corações de Marconi, Nessie e Sophia no andar de baixo, o próprio coração dele e a água que caía.

– Não... – respondi baixo.

– Você não faz nem ideia?... – balancei a cabeça em resposta, arqueando uma sobrancelha. Ele continuou, a voz era baixa e provocante, rouca de desejo. – Foi culpa do seu cheiro delicioso em cada canto desse quarto... – ele agora se aproximava totalmente nu e pulsante só para mim. Comecei a ofegar.

– Meu cheiro é culpado de quê? – eu perguntei, tentando entoar tão sexy quanto ele conseguia, senti o canto da minha boca se entortar em um sorriso.

Seus braços envolveram minha cintura e sem que me desse conta a calcinha de renda branca que eu usava era um amontoado de trapos no chão. Suas mãos passeavam livremente pelo meu corpo e eram tão quentes...! Sua boca insistia na trilha elétrica e incandescente em minha pele. Ele, de alguma forma, nos colocou dentro da banheira e a água era agradável e morna. Com a mudança de posição foi minha vez de explorar seu corpo com minha boca.

– Não pude me controlar... – disse ele por fim, interrompendo-se para gemer. Eu explorava seu pescoço com a língua, seu peitoral com as mãos. – Eu tive que me tocar... – gemido. – Pensando em você...

Aquela confissão sussurrada entre gemidos de prazer atravessou a linha tênue do meu escasso equilíbrio e eu me joguei, me entreguei; permitindo que Lucca arrancasse de mim seu êxtase.

Já era alta madrugada quando trocamos a banheira pela cama. Lucca, definitivamente, não estava gentil esta noite. Cada toque seu, cada beijo, cada invasão ao meu corpo, tinham o selo da urgência. Era selvagem, era puro instinto, era um trem desgovernado. Era... incrível!

Notei que ele estava mais forte, quase como um vampiro, e em determinado momento, consegui entre os gemidos comentar sobre isso, e ele me respondeu sob a respiração entrecortada que sua força ainda aumentaria mais nos próximos dias, até a lua cheia.

Quando ele, finalmente, adormeceu completamente fatigado, após nos levar às alturas incontáveis vezes, é que eu pude refletir sobre a perfeição que essa situação era. Eu que sempre preferi os humanos aos vampiros, por causa de sua maciez, calor e avidez; porém, sempre precisei dosar meticulosamente a minha força para não machucá-los, agora me vejo casada e apaixonada por uma criatura mítica que além de quente, macio e ávido por mim, também é forte e resistente aos meus carinhos mais intensos.

Somente quando passasse a lua cheia, ele ficaria enfraquecido por alguns dias até que sua força voltasse novamente... Quase como um humano. Mas, de qualquer forma, isso não seria problema para mim.

Assim, nossa noite de núpcias fora perfeita e, pela quietude na casa, só posso acreditar que todos saíram para nos dar privacidade.

Eu não consegui encontrar coragem para acordá-lo pela manhã, quando ouvi vozes lá embaixo indicando que Marconi já estava despedindo-se para voltar à Anchorage. Foi egoísta da minha parte, eu sei... Mas Marconi dispensou qualquer oferta relacionada a nos incomodar. Os outros acataram e, Carlisle e Esme foram levá-lo.

Além do mais, Lucca e eu poderíamos ir nos despedir no aeroporto amanhã, quando ele voltasse à Itália. Com os Volturi vindo pra cá, lá seria mais seguro para ele.

Logo depois, ouvi quando as meninas acordaram. Rosalie ficara com elas durante a noite e cuidou de Sophia para mim até que Lucca estivesse pronto para levantar.

O tempo já não estava mais aberto e ensolarado. A nebulosidade aumentara durante a noite e o céu estava nublado.

Lucca acordou sorrindo e esticando o corpo todo, espreguiçando-se. Depois buscou meus olhos e meus lábios intensamente, dizendo:

 – Acordar. – beijo. – Pela manhã. – beijo. – E ter você. – beijo. – Como. – beijo.

Primeira. – beijo. – Visão. – beijo. – É perfeito! – e beijou todo meu rosto...

Eu ri.

– Vamos. – eu disse. – Sophia até agora não chamou por nós, mas ela não vai demorar em sentir nossa falta...

Você é que está sentindo a falta dela! – acusou ele. Eu não podia discordar de forma alguma. Eu já estava louca para segurá-la e sentir seu cheiro e seu calor de novo.

Descemos juntos depois de um banho rápido e separados, pois caso contrário, não teria sido um banho rápido...

Com exceção de Carlisle e Esme, que ainda não haviam voltado de Anchorage, e Athenodora, Paolo e Lucila, que só saíram mesmo do quarto de Carmem para o casamento, todos estavam na varanda ao redor das duas meninas. Elas brincavam sentadas perto do divã.

No momento em que eu e Lucca paramos na porta da varanda, Sophia levantou seu olhar e sorriu para nós. Depois se colocando de pé sozinha, deu seus primeiros passinhos em nossa direção, com leveza e elegância, incompatíveis tanto com sua verdadeira idade – de quase um mês de vida – quanto com a idade que aparenta ter. Todos arfamos surpresos por um momento e depois, puxados por Rose e Bella, a aplaudimos.

– Ela perguntava por vocês insistentemente. – disse Edward.

– Achei que ela não estivesse perguntando por nós. – falei, enquanto a levantava em meus braços. Era visível seu crescimento dia após dia, assim como o de Nessie, que também continua esticando. – Imaginei que ela pudesse fazer isso mentalmente... – completei. Sophia distribuiu beijos pela minha face e me abraçou, envolvendo meu pescoço. Depois jogou seu corpo e arrojou-se para o colo de Lucca a fim de fazer o mesmo com ele.

– Ao que parece, é mais fácil para ela colocar seus pensamentos em nossas mentes desde que haja algum contato visual. Bem, pelo menos por enquanto... – respondeu Edward. De fato, faz sentido. É muito provável que com o passar do tempo, sua habilidade evolua e ela consiga fazer isso com alguma distância.

Passamos o restante da manhã juntos – os três – em meu atelier. Enquanto eu trabalhava na escultura de Lucca – que riu quando viu seu busto entalhado no mármore –, ele e Sophia se divertiam pintando uma pequena escultura de gesso que eu tinha esquecida por lá. Como eu havia somente trabalhado no busto da peça, pude mudar meus planos e moldar o mármore de forma que a figura altiva de meu marido estivesse segurando nossa filha em seus braços.

Quando estiver pronta, ele vai adorar!

Logo depois que Sophia e Nessie almoçaram, ouvimos um carro que se aproximava pela estrada secundária, acompanhado de passos céleres de vampiros que corriam. Juntamo-nos aos outros na varanda novamente. Obviamente, Edward já podia ‘escutá-los’ e informou a todos:

– No carro são Carlisle e Esme, que já estão de volta de Anchorage e ao que parece encontraram com o clã irlandês no caminho.

Então, Siobhan estava chegando?! Foram rápidos...

– É um dos clãs que vocês estão aguardando? – perguntou-me Lucca, imperceptivelmente, sussurrando em meu ouvido.

– Sim. – respondi no mesmo tom. Ele assentiu.

Siobhan, Liam e Maggie chegaram segundos antes de Carlisle. E após os usuais cumprimentos, Athenodora e sua pequena guarda juntaram-se a nós, sob os olhares estupefatos dos irlandeses e, assim, imediatamente estávamos discutindo sobre a visita dos Volturi. Explicamos a eles sobre Sophia e Lucca, bem como a ligação deles com Athenodora.

– De qualquer forma, a situação este ano é muito diversa do ano passado. – ponderou Siobhan. – Acredito que agora temos argumentos para reclamar o abuso de poder da parte deles. E... exigir uma reformulação disso – completou ela olhando, especulativamente, para Sophia em meu colo.

– Então, é isso que você vai desejar intensamente dessa vez, minha amiga? – perguntou-lhe Carlisle divertido. Ela riu e respondeu:

– Carlisle...! Não comece com isso de novo! – e abaixou a cabeça, balançando-a lentamente, com um breve sorriso nos rosto.

– Concordo com Siobhan. – disse Eleazar, voltando ao tom de seriedade. – Acredito que os Volturi ainda sejam necessários para manter a ordem e o equilíbrio em nosso mundo. Mas eles precisam primeiro, reconhecer seu próprio abuso de poder, e segundo, aceitar uma reformulação disso.

– Você enfatizou a reformulação, Eleazar... – especulou Liam. – Mas... O quê exatamente...?

Caius, Liam. – ele interrompeu, cuspindo o nome do ancião Volturi. Lucca sibilou involuntariamente, eu segurei sua mão. Eleazar continuou. – Meu objetivo, bem como o de Tanya, desde o incidente do ano passado tem sido fazer fogueira dele.

– O meu também... – afirmou Kate resoluta e um tanto ofendida por ter sido excluída por Eleazar.

– Aro não vai permitir isso...! – assinalou Siobhan com o tom alterado pela audácia das nossas intenções. Lucca sibilou novamente com a menção à Aro, e todos o olharam em expectativa. Sophia enroscou-se em meu colo, seus bracinhos envolveram meu pescoço. Fiz uma nota mental de conversar com ela sobre Aro depois. Afinal, que noção ela tem disso? Ele é seu pai... Será que ela compreende?

– Ele não terá escolhas... – disse Eleazar, lentamente, respondendo à Siobhan e ainda ponderando o ódio de Lucca por Aro. – Será um irmão pelo outro desde que...

– Desde que...? – Siobhan o instigou.

– Faz sentido. – concordou Edward, que obviamente, já sabia dos planos de Eleazar. – Ano passado, meu objetivo era acabar com Demetri, devido ao contexto daquela situação. Ou seja, para tentar dar fuga à minha filha e paz à Alice e Jasper... Mas agora... Ela é a “bola da vez”...

Quem? – foi Rose quem perguntou intrigada com o uso do feminino.

– Eleazar? – eu disse, olhando para meu amigo. – O que você tem em mente? Explique-se. – exigi.

– Não posso, Tanya... – disse ele. – Não sei se é uma boa ideia que todos saibam de todas as estratégias. Não sabemos de quem Aro vai querer ver os pensamentos, então...

– Como assim não sabemos? – eu rebati. – É claro que ele vai querer Edward! – eu lembrei. Com Edward ele teria uma visão dos pensamentos de todos nós. Como Eleazar pode ter se esquecido disso?

– Não, necessariamente. – foi o próprio Edward quem respondeu. – Ano passado eu era central no julgamento. Era de minha filha que estávamos falando. Agora não. – esclareceu ele olhando de mim para Lucca e continuou. – Ainda não sabemos qual queixa exatamente eles vão apresentar. Ou qual desculpa...

O silêncio pairou sobre todos nós, com a certeza de que neste ano, a luta seria inevitável. É claro que Aro quereria a menina de volta, e Lucca e eu não estávamos dispostos a entregá-la. Ainda assim, me perguntei quem seria a vampira da guarda Volturi, mencionada por Edward e Eleazar, que deveria ser priorizada numa possível luta. Quem seria tão central a ponto de possibilitar que Aro entregasse Caius aos nossos propósitos sem reclamar, sem lutar para defendê-lo?

Athenodora escutava tudo em silêncio sentada na grande poltrona da lareira.

– Nossa desvantagem numérica é ainda maior este ano... – ponderou Siobhan olhando para Maggie e seu parceiro Liam.

– Não se preocupe com isso Siobhan. – respondeu-lhe Edward, tranquilizando-a. – Alice não pode ver a coisa toda com muita clareza, devido à presença de Lucca, bem como a dos quileutes, que já estão a caminho. – os olhinhos de Nessie faiscaram para seu pai e seu rosto de querubim iluminou-se imediatamente. Edward continuou explicando. – Mas é possível saber que estaremos em pé de igualdade com eles desta vez.

– Tenho me focado no futuro de Bella. – explicou Alice, que até então estivera calada; com o olhar perdido o tempo todo analisando cada brecha de futuro que lhe fosse possível. Bella virou-se surpresa e Edward a olhou com uma sobrancelha arqueada, mas com a expressão terna e amorosa.

– Alice a vê no momento do confronto, amor. É mais claro para ela. Seu escudo estará projetado protegendo a todos, como você fez da última vez. – Bella olhou de Edward para Alice intrigada. Ele continuou. – É possível, na mente de Alice, visualizar o campo de cobertura do seu escudo, no momento em que você projetá-lo, e contar os pontos brilhantes das mentes que estarão dentro dele. Sem incluir, é claro, todos os lobos das alcateias quileutes, já que as mentes que brilham são só as dos dois alfas.

Achei aquilo interessante. Não sabia que o escudo dela funcionava dessa forma. Fui interrompida em meus pensamentos pela própria Bella que tentava compreender:

– Mas Alice não pode ver os lobisomens quileutes... – ela argumentou baixo.

– Mas as mentes de Jacob e Sam brilham em seu escudo e isso Alice consegue ver.

 Lucca, então, disfarçadamente veio dizer algo em meu ouvido:

– Essa casa vai ficar lotada de olhos vermelhos?... – ele sussurrou a pergunta em tom de lamento. Eu tive que rir.

– Sim. – respondi também aos sussurros. Liam nos olhou especulativamente, reparando inclusive em nossas alianças. Sustentei seu olhar.

E assim, no final daquele dia mais dois pares de olhos vermelhos juntaram-se a nós: Benjamin e Tia. Amun deixava claro seu lado, simplesmente ausentando-se junto com sua parceira. Não permitimos que isso abatesse nosso ânimo. Alice avisou que já não contava mesmo com eles.

Logo depois de colocarmos Sophia na cama, Marconi fez contato avisando que havia comprado sua passagem para a Itália e o horário de seu vôo. Lucca e eu, então, nos recolhemos em nosso quarto após, finalmente, trazermos seus poucos pertences que estavam na barraca – que só então, foi desmontada – para dentro.

Seus livros ganharam espaço em minha estante e as poucas roupas foram acomodadas em meu closet.

Após o recém adquirido e doce hábito de nos amarmos em minha banheira antes de deitar, Lucca adormeceu em um sono agitado. Fiquei com ele. Não me sentia entediada. Jamais me cansaria de sentir seu cheiro e seu calor.

Quando a madrugada ia alta. Senti um leve tremor no chão. Tudo tremia.

Os objetos na estante, os vidros da janela vibravam sutilmente. Eram levíssimos tremores ritmados. Lucca, em seu sono pesado, pareceu não perceber.

Levantei-me, vesti meu roupão e desci. Encontrando com um Paolo assustado na escada, que também havia deixado Lucila com Athenodora no quarto para saber do que se tratava o imperceptível terremoto.

Imperceptível porque humanos não seriam capazes de sentir o leve tremor de terra, intermitentemente ritmado, que acontecia aqui. Mas, para nossos sentidos aguçados era visível que algo estava acontecendo.

Na sala, minha família parecia relaxada, conversando tranquilamente. Alguns assistiam televisão, outros voltaram a jogar xadrez...

– Mas alguém pode me explicar o que está havendo aqui? – perguntei intrigada. – Parece um terremoto muito fraco...

Foi Edward quem me respondeu e, aparentemente, já havia tranquilizado os outros:

– As alcateias estão chegando...

Aliviada, compreendi então que o tremor de terra era o tropel dos quileutes em sua corrida, aproximando-se do chalé, e me perguntei quantos seriam agora.

Kate e Eleazar já esperavam por eles da varanda. Eu, no entanto, não podia me importar menos com a chegada dos transfiguradores. Voltei para meu quarto a fim de me aquecer no calor do meu próprio lobisomem Filho da Lua que dormia.

Ouvi os sons de sua chegada e as saudações, mas deixei para cumprimentá-los pela manhã.

Quando Lucca acordou, nos aprontamos para nossa pequena viagem a Anchorage. Entramos juntos e silenciosamente no quarto de hóspedes – onde as meninas dormiam esta noite –, para esperar que Sophia acordasse.

Nessie estava espalhada na cama com um Jacob roncando alto ao seu lado, encolhido na ponta da cama para não perturbá-la.

Lucca me olhou interrogativamente, balancei a cabeça. Eu explicaria a ele sobre nossos novos visitantes depois.

Sophia ainda ressonava em seu berço. Tomamos nosso tempo contemplando seu sono sereno. Lucca envolvia meu corpo por trás carinhosamente, até que as pequenas órbitas de Sophia tremeram levemente, por debaixo das pálpebras rosadas, e ela abriu seus olhinhos amendoados para nós.

Nosso anjo acordava sorrindo, principalmente devido à nossa presença ali.

Fui prepará-la para sair, enquanto Lucca desceu para providenciar seu café da manhã. Hoje ela tomaria uma de suas mamadeiras de sangue humano doado, que Carlisle conseguira trazer para ela ontem. Logo a acostumaríamos a caçar animais, mas por enquanto ela usaria este sangue doado, principalmente hoje que ela iria se despedir de Marconi – não poderia estar com sede.

Quando desci com ela, usando um dos vestidos que Alice lhe trouxera antes do casamento, Esme e Carmem sorriram para nós.

Percebi que a maior parte dos quileutes ainda mantinha-se na forma de lobo dormindo na neve do lado de fora, tanto na frente, quanto nos fundos do chalé. Somente o líder negro estava acordado e sentado montando guarda na varanda. Havia também um jovem índio que, assim como Jacob lá encima, estava em sua forma humana, dormindo no sofá da sala. Pelo que Esme me informou, aquele se chamava Seth. Contei um total de vinte e três quileutes, incluindo os dois na forma humana.

É estranho como meu interesse por eles mudou. No ano passado, antes de tudo o que aconteceu, tínhamos contato somente com Jacob, e Carlisle me explicou a ligação mágica dele com Nessie. No entanto, mesmo ele parecia mais como um animal de estimação dos Cullens, a meu ver. E agora... Com Lucca tão presente em minha vida, vejo os quileutes com outros olhos, muito embora eles não sejam exatamente iguais de forma alguma. Também não são totalmente distintos se fossem comparados com os Filhos da Lua de outras linhagens.

Quando Sophia ficou satisfeita nos despedimos dos outros e fomos para a garagem. Lucca, que não havia entrado lá ainda, parou boquiaberto diante da coleção de carros esportivos – os nossos e os dos Cullens. Ele assoviou alto e exclamou dois tons acima do normal:

Mas o que é isso? Um Salão do Automóvel de Luxo? – eu ri.

– Na verdade está incompleto. Os Cullens não trouxeram tudo o que têm... – o Volvo de Edward estava ali, então acredito que ele, Bella e Nessie vieram nele; a Mercedes de Carlisle também estava ali e o Porsche amarelo de Alice. Eu apontei. – Os nossos são esses aqui. – mostrando o meu (e agora dele) Audi AG prata, o Jaguar X-Type preto de Eleazar e Carmem, e o Zenvo ST1 vermelho de Kate e Garret. Os olhos de Lucca surpresos e brilhantes escorregaram para um quarto carro encostado e coberto no canto, mas ele preferiu não perguntar. O que foi bom para mim, porque os flashs de algumas lembranças de sua dona, imediatamente vieram me assombrar. Lucca me distraiu dessa linha de pensamento:

– Qual é o seu? – ele perguntou.

– Você quer dizer o nosso! – eu o respondi sorrindo, ele arqueou uma sobrancelha e eu continuei apontando com o queixo. – É o Audi prata. Vamos. Você dirige. – ele sorriu e pegou as chaves das mãozinhas de Sophia.

A viagem foi rápida e divertida. Sophia, sentada em meu colo no banco do carona, continuava colocando em nossas mentes todas as imagens que lhe chamavam a atenção infantil.

Uma vez em Anchorage, pegamos Marconi no hotel. Ele havia acabado de fechar sua conta. Guardamos sua limitada bagagem no carro e fomos a um restaurante para um almoço. Ainda havia tempo para isso antes de seu voo para a Itália.

Ele parecia preocupado com o que estava para acontecer, mas evitamos este assunto; bem como uma despedida definitiva no aeroporto, após o almoço. Preferimos um “até logo” ao invés de um “adeus” e prometemos que logo iríamos vê-lo em Sluderno.

Após o embarque de Marconi, fizemos uma rápida compra de roupas, levamos Sophia para passear no Museu de Anchorage e ao Buttress Park.

No fim da tarde, quando voltávamos ao chalé resolvi tocar no assunto Aro com ela no carro. Ela parecia pensativa, mas não compartilhava conosco nenhuma imagem ou comentário, no momento. Talvez um pouco sonolenta. Aproveitei que ela me olhou e sorriu docemente, talvez um pouco tristonha e perguntei:

– O que foi, meu anjo? Você ficou triste de repente... – seus olhinhos fitaram os meus com uma tristeza profunda e uma imagem de Aro invadiu minha mente, e pela forma como Lucca desviou o olhar da estrada para nos olhar, parece que a dele também. Ele disse:

– Este é...? – interrompendo-se sugestivamente, os dentes trincados com ódio.

– Sim, é ele. – eu o respondi. Com certeza a imagem era a mesma.

Os olhos de Sophia ganharam mais tristeza ainda, o que fez meu coração parecer espatifando-se em mil caquinhos, e uma imagem muito angustiante me veio assoladora à mente.

Era a primeira imagem que ela teve quando nasceu.

A primeira e última vez que ela a viu, a única forma da qual ela se lembrava de Gianna.

Lucca arrancou um som agudo dos pneus do carro quando freou e parou abruptamente no acostamento da estrada. Depois se livrou do cinto de segurança e encostou a testa no volante, respirando aos arquejos. Tive, então, a certeza de que ele também via.

Tentei tocar sua perna solidária, mas sequer conseguia imaginar a dor e a tristeza profunda que tomavam sua mente de assalto, com a imagem sangrenta de Gianna moribunda dando à luz numa cena de terror.

Lucca começou a chorar e Sophia vendo aquilo se encolheu no meu corpo chorando também. Por um momento, entrei em pânico. Mas, depois me acalmei respirando lentamente. Minha família precisava de mim agora.

Notei que Sophia, em seu pranto silencioso, perdia o controle das imagens que nos mostrava, alternando rapidamente entre sua verdadeira mãe morrendo ao trazê-la ao mundo e Aro, que ela também não parecia ter visto muitas vezes. O sentimento de culpa vinha junto à imagem de Gianna, e pavor sempre acompanhando a imagem de Aro.

Estava claro que ela o temia desesperadamente; mas sabia, em sua mente infantil, que aquela criatura pavorosa era também seu pai. Aquilo a entristecia de uma forma que eu nunca vi antes; sequer jamais imaginei que alguém pudesse sentir tamanha angústia, principalmente alguém tão puro e inocente quanto Sophia.

– Shhh... Não fique assim... Shhh... Acalme-se querida... – eu tentava entoar freneticamente para acalmá-la. Seu coraçãozinho palpitava acelerado demais, aquilo estava me preocupando. Havia mesmo em seus pensamentos um sentimento de dor física. – Ele não vai sequer tocar em você... Eu prometo... – cantei. Ela suspirou, deixando-se convencer.

Minha mão massageava, insistentemente, a perna de Lucca e ele procurou se acalmar, para não assustá-la mais.

Por fim, Lucca respirou profundamente algumas vezes, secando seu rosto com as mãos e pegou Sophia em seu colo, colocando-a sentada de frente para ele. Ela olhava para baixo. Lucca então levantou seu rostinho com delicadeza e falou baixo, suave, mas decididamente:

– Eu sou seu pai, Sophia. Não ele. – olhos nos olhos. As duas amêndoas esverdeadas de Sophia olhavam para cima, sob os longos cílios. Após suspirar mais uma vez, muito aliviada, ela assentiu concordando. Mais do que isso. Ela assentiu compreendendo o que Lucca queria dizer.

Lucca então, já recomposto, devolveu Sophia para meus braços e voltou a dirigir para casa. Ela por fim dormiu ainda soluçando de vez em quando por causa do choro. Nós não conseguimos dizer mais nada, ainda muito abalados pelas imagens de Gianna que ela trazia consigo.

A única certeza que eu tinha é que Sophia não poderia ficar com Aro. Aquilo acabaria com ela... Ela tinha pavor dele e se sentia culpada pelo que aconteceu a sua mãe.

Quando chegamos ao chalé, notei que Karl e Eike haviam voltado. Seus olhos de rubi estavam irrequietos com a presença dos quileutes.

Estes não estavam muito contentes em estar aqui, junto de tantos vampiros. Haviam se afastado um pouco correndo pela floresta. O cheiro era muito incômodo para ambos os lados. Mas a aliança era necessária...

Pedi que Carlisle examinasse Sophia. Fiquei preocupada com sua palpitação dolorosa no carro e contei a ele sobre suas terríveis lembranças. Carlisle ouviu tudo em silêncio e sentenciou por fim:

– Só há um remédio para aliviar a dor da pequena Sophia, minha amiga... – eu esperei paralisada, ele continuou. – O seu amor...

O meu amor... Pensei seriamente, sentindo o peso da responsabilidade.

.

.

“O amor estava aqui

Mas eu nunca saberia

do que um dia se revelou

Quando te vi...”

                                                              .    

(Beto Guedes)


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Notas finais do capítulo

N/A: N/A: E então? O que acharam? Sim, é um capítulo intermediário, pois estamos rumo ao fim! Comentem!...

O próximo sai na quarta, tá!? =D
Bjokas*.*!!!