Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 25
Capítulo 24. Núpcias


Notas iniciais do capítulo

Olá! :DDD
Demorei, mas cheguei! Desculpe pela falta de atualização no fds! Mas, o site não cooperou mto...!
Mas, aqui está o capítulo e tem trilha sonora:
— Ivan Lins - Vieste
— Muse - Can't take my eyes off you

Links:
http(**)//letras(*)terra(*)com(*)br/ivan-lins/46451/
http(**)//letras(*)terra(*)com(*)br/muse/169598/traducao(*)html

Lá tem a letras traduzida e dá pra carregar o aúdio tbm! Não deixem de ouvir, tá?!

Boa leitura e divirtam-se!!! *.*



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24. NÚPCIAS

Era interessante ver o desenho da visão de Alice ganhar forma de repente em frente daquele espelho recém colocado no meu quarto. Já era quase fim de tarde e eu já estava pronta. Acho que se Athenodora tivesse usado minhas medidas para fazer o vestido, ele não teria ficado tão perfeito em mim...!

O corpo era bem justo e marcava minhas curvas delicadamente. Era de brocado pérola, totalmente rebordado por Athenodora com mini pérolas autênticas – centenas delas. O decote não era profundo, e tinha a forma de canoa; a manga era três quartos, e tanto na ponta da manga, quanto em toda a linha do decote, haviam pequenos brilhantes incrustados em uma trama microscópica e geométrica, mas que olhando de longe produziam um efeito divino, inexplicável. Ou seja, nada que uma bordadeira humana pudesse fazer...! Ou ainda, nada que se pudesse comprar sem desembolsar uma pequena fortuna...! Não era um vestido muito rodado. A saia consistia em várias camadas de uma seda finíssima, que formavam uma nuvem cor de pérola, com um leve toque acetinado. Não tinha cauda, como um vestido de noiva convencional teria. O que eu achei ótimo!

Era o vestido mais deslumbrante que eu já vi...

Preferi me arrumar sozinha. Não havia nada que pudesse ser feito para me deixar mais bonita. Meus cabelos desciam pelas minhas costas, nos meus habituais cachos alongados – aqueles que atrizes e modelos levam horas para fazer, eu os tinha naturalmente – e afagavam delicadamente minha pele exposta pelo decote do vestido. Quanto ao rosto, não havia maquiagem humana que pudesse me deixar mais linda... Minha beleza exalava pelos meus poros porque eu estava intensamente apaixonada, e prestes a desposar o homem mais lindo e perfeito do mundo...

Alice estava lá no lago vendo os detalhes finais para a cerimônia.

Antes mesmo de chegar de Anchorage trazendo consigo os vestidos para as damas, todos os sapatos – inclusive os meus, muitas flores – que ela não permitiu que eu visse, o bolo – que tinha três andares, champanhe francês, roupas para os homens e, Marconi, o filho idoso do meu jovem e lindo Lucca; o caminhão de entrega de uma grande loja de departamentos veio até aqui deixar uma enorme cama king size e um berço de bebê todo de ferro, mas pintado de branco.

A cama já estava montada e arrumada no meu quarto, e o berço fora montado, provisoriamente, no quarto de Kate, que era onde Nessie estava dormindo durante essa visita dos Cullens. Então, Sophia dormiria lá com Nessie por enquanto.

Sophia que acordara sorrindo em me ver beijando Lucca um pouco antes de Alice chegar e nos separar “por causa da surpresa”... No caminho para o chalé, Rose me disse que foi Edward quem ouviu minha conversa com Karl, através de nossos pensamentos, percebendo inclusive, minha insegurança com a maternidade. Então, ele a chamou, para que junto com Kate, eles pudessem interromper a investida venenosa de Karl no meu momento de maior vulnerabilidade.

Quando cheguei a meu quarto, após a rápida conversa com Rose; Sophia estava dormindo encima de Lucca, que havia virado de barriga para cima. Ele ressonava baixo (meu príncipe não roncava, nem mesmo nesta posição!) e ela estava muito fofa com a bochecha rosada apertada contra o peito dele, a boquinha entreaberta, e os olhinhos levemente fechados, com seus cílios longos e perfeitos.

Fiquei algum tempo parada contemplando o sono dos dois, próxima à janela. O dia começava a clarear quando Lucca acordou e saindo de baixo dela, cuidadosamente, veio me abraçar e depositar um delicioso e longo beijo em meus lábios. Durante o beijo, porém, uma imagem de nós dois nos beijando naquele exato momento, só que do ponto de vista de uma terceira pessoa, invadiu minha mente, e pela reação de Lucca, a dele também. Assustados, nos afastamos e lá estava Sophia sentada no divã e sorrindo... Sorrindo não. Melhor dizer, gargalhando e batendo palminhas. Seus pensamentos eram de júbilo e a impressão que eu tive é que esse júbilo era por causa do nosso beijo. Porque em seguida, ela mostrou imagens de Edward beijando Bella, e deles dois junto de Nessie, como a família que eles eram.

Enfim, o quê essa garotinha poderia estar entendendo de tudo isso?!...

Então, como Alice logo depois chegara dizendo que Lucca e eu só nos veríamos na hora do casamento, eu acabei passando o dia todo com Sophia, porque ela não quis desgrudar de mim um minuto sequer.

Rose tentou oferecer a ela comida para bebês humanos, no entanto Sophia recusou, mas no meu colo e a pedido meu, ela resolveu experimentar a papa. Carmem tentou levá-la para conhecer o orquidário e o atelier, mas ela só quis ir comigo.

Ela viu Nessie entrar correndo na cozinha chamando Bella, alto com sua vozinha melodiosa: “Mamãe, mamãe... Venha! Tia Alice está chamando você...!” Sophia ficou observando curiosa a interação das duas, depois olhou para mim séria e pensativa por um minuto e, depois, sorriu.

A todo momento minha mente era invadida com suas impressões e comentários peculiares sobre tudo que víamos. Além disso, ela era extremamente carinhosa e amorosa comigo. Seus grandes olhos de amêndoas ganhavam aquela meiguice própria dos bebês quando ela me fitava, ela puxava uma mexa do meu cabelo para cheirar e beijar, e meu rosto era acariciado por suas mãos gordinhas e quentes. Parecia visivelmente que ela queria me mostrar o quanto ela era esperta e carinhosa.

Sophia estava tentando me cativar, me seduzir... E eu me deixava levar.

Estas lembranças recentes foram interrompidas por alguém que subia para meu quarto e seu cheiro logo a denunciou:

– Posso entrar. – perguntou minha irmã colocando a cabeça para dentro. Eu sorri.

– É claro, Kate! – respondi divertida. Ela fechou a porta, eu me virei para assistir à sua reação. Ela me olhou de cima a baixo e soltou um assovio alto.

– Oh, Tanya...! Você está... Deslumbrante!

– Obrigada, Kate! – ela fez uma pausa emocionada, enquanto se aproximava e murmurou:

– Ah... Queria tanto que elas estivessem aqui para vê-la agora... – eu não precisava perguntar de quem ela estaria falando, eu tinha certeza que sabia exatamente.

– Você também está linda! – eu disse, mudando o rumo da conversa. Kate também já estava pronta, usando seu vestido de dama. Era um longo e leve vestido de seda em degradé lilás e um ombro só.

Kate olhou a grande cama e sentando-se nela perguntou um pouco constrangida:

– Você um dia poderá me perdoar? – eu também não precisava perguntar pelo quê. Sabia que ela falava de seu comportamento preconceituoso com Lucca. Sentei na cama ao seu lado e pegando sua mão nas minhas respondi, com sinceridade:

– Eu já perdoei minha irmã...

– Os Volturi virão em alguns dias, Tanya. Mas seja lá o que quer que aconteça conosco, quero que você saiba que eu estou muito feliz por você e espero que você aproveite cada momento de tudo isso, como se fosse o último.

Eu assenti e sorri para minha adorada irmã e juntas nos levantamos para descer e encontrar os outros. Porém, todos já haviam ido para o lago. Na sala, a mesinha de centro fora retirada e, como não tínhamos uma mesa de jantar como os Cullens, Alice improvisou ali, utilizando a mesa redonda da cozinha. Que fora trazida para a sala, coberta com uma bela toalha de renda e tinha sobre ela flores, o balde com gelo e champanhe, e o exagerado bolo, que somente Lucca, Marconi e Nessie haveriam de provar.

Kate, que na escada disparou na minha frente, voltou com um lindo e fino buquê de tulipas corais, cujos caules cortados compridos e presos por um simples laço de cetim, eram para ser carregados amparados no braço dobrado, como se fosse um bebê. Ela me entregou meu buquê sorrindo e então me pediu:

– Espere alguns segundos para que eu chegue lá primeiro, depois vá caminhando serenamente para encontrar sua felicidade, minha irmã. Encontrar o homem que preencheu o seu dolorido vazio. – sua voz foi sumindo embargada, eu tentei controlar o nó em minha garganta.

Ela desapareceu pela porta da varanda afora.

Eu aguardei.

Pensei em Irina. Acho que se eu fechasse meus olhos e me concentrasse seria até capaz de sentir seu cheiro...

Logo afastei este pensamento e segui Kate. Da escada da varanda do chalé se estendia um grosso tapete vermelho, que seguia na direção do lago. Ele era todo ladeado por pequenos arranjos de tulipas de todas as cores, com iluminação própria. Caminhei por ele decididamente, vitoriosa, mas sem pressa.

Uma brisa suave do fim de tarde movimentava levemente o meu cabelo e o cheiro das tulipas ia ficando cada vez mais forte no ar. Eu caminhava na direção de um crepúsculo avermelhado, cujos raios partiam por detrás das montanhas e rasgavam o ar em feixes paralelos, modificando o tom perolado do meu vestido, que agora combinava perfeitamente com a cor do meu buquê; produziam um efeito radiante nos milhares de diamantes da minha pele exposta do decote, rosto, antebraços e mãos, e deixavam o arruivado dos meus cabelos um tanto mais escuro.

Quando venci metade do caminho para o lago, ouvi a música que começava a tocar. Não era uma música desconhecida, mas também não era algo que eu, amante de um bom rock, costumasse ouvir com frequência. Porém, era a música perfeita para falar da forma como este amor havia me invadido, sem pedir licença, sem aviso prévio, sem preconceitos e rótulos...

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Vieste

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Vieste na hora exata
Com ares de festa e luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos pra mim
Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim

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Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, pra dentro de mim
Meu amor

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Ao longe já era possível avistar minha família. Estavam todos de pé na neve. As sete damas – Carmem, Esme, Rose, Kate, Bella, Alice e Lucila – formavam um amplo semicírculo, ao final do tapete vermelho onde Athenodora também me aguardava, junto da mesinha de centro da sala, que fora utilizada ali. Todas usavam o mesmo modelo esvoaçante, porém Kate se destacava das outras, pois seu vestido tinha cor e as outras não, usavam branco. Todas reluziam magníficas ao sol que se punha. Havia muitas flores espalhadas por todo o lugar.

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Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim

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Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado pra mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, pra dentro de mim

Meu amor

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Nessie segurava uma almofadinha de cetim pérola e seu vestido combinava com o meu. Todos os homens estavam de terno escuro, corte moderno e gravata frouxa sobre as camisas brancas. Edward segurava Sophia que observava tudo atentamente; seus olhinhos, muito esverdeados devido à luminosidade, brilhavam emocionados. Voltei a me perguntar: o quê ela compreendia de tudo ali?

Obviamente, que todos os vampiros também reluziam no fim de tarde. Notei que Marconi também se destacava sem usar terno, mas com agasalhos pesados e bota acolchoada para protegê-lo do frio, e parecia maravilhado com toda a cena. Lucca usava a mesma cor que eu, a gravata era da cor das tulipas do meu buquê. Já bem próxima, encontrei seu olhar de ônix fluido e esqueci todo o resto. Parecia que estávamos só nós dois ali, não havia mais ninguém... Não reparei na decoração de Alice... Não vi mais nada...

Enxergava somente o meu amor ali. Ele cantou a última estrofe para mim em português perfeito.

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Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado pra mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, pra dentro de mim

Meu amor

.

A música parou e eu segurei forte a mão de Lucca. Ele sorriu muito emocionado, e nós dois nos viramos de frente para a grande matrona etrusca que aguardava ereta e serena, mas sorrindo para nós. O sol poente por trás das montanhas deixava agora o céu lilás.

– Escolhi dedicar esta cerimônia de casamento à deusa etrusca do amor e da beleza: Turanna*. – disse Athenodora solenemente, e continuou. – Doravante Ela será a protetora deste casal...!

Athenodora então virou de costas para nós, em direção ao sol poente e, vigorosamente, falou algumas palavras em etrusco com os braços estendidos ao alto, como se invocasse algo. O som melodioso daquele idioma, na voz dela causou sensações estranhas em meu corpo. Notei que o coração de Lucca se acelerou e ele apertou um pouco mais minha mão. Athenodora continuou falando naquela língua estranha e parecia estar cantando. Os sons que ela emitia eram guturais, ritmados, relaxantes...

De repente, com um movimento do braço direito, mas sem interromper sua deprecação nem tampouco retirar seu olhar do poente, ela apontou para a última dama deste lado: Lucila. A vampira, como se entendesse exatamente o comando dado em etrusco avançou, caminhando lentamente, para o nosso lado e nos entregou um pequeno vaso de cerâmica com pétalas de rosa. Somente neste momento percebi que, com exceção de Kate, as outras seis damas agora seguravam estes vasos em suas mãos. Os vasos, pelo cheiro característico do barro, pareciam ter sido moldados muito recentemente, haviam formas desenhadas neles, muito parecidas com os desenhos de vasos que sempre são encontrados por arqueólogos e historiadores. Athenodora então, ainda de costas falou em inglês para que entendêssemos, já não estava falando com Turanna neste momento:

– As pétalas de rosa haverão de trazer paz e serenidade para a jornada comum de vocês. – Lucca aceitou a oferta, sorrindo para Lucila. Ela estava séria, compenetrada, os olhos vermelhos profundos e misteriosos em nós.

Quando Lucila retornou ao seu lugar na formação em semicírculo, Lucca colocou o vaso na mesa e Athenodora deu um novo comando em etrusco, agora para o lado esquerdo. Era a vez de Carmem trazer o seu vaso. Ela o entregou a mim sorrindo e nele havia um laço branco de cetim. Athenodora explicou:

– A fita representa a união que deverá permear toda a vida de vocês, em todos os momentos, tanto na bem-aventurança quanto na tormenta...

Depois se seguiu com Alice, Esme, Bella e Rose a nos trazer seus vasos, que continham respectivamente; incenso, para purificar nossas palavras, ações e sentimentos; ouro em pó, para que tivéssemos riqueza moral e material; sementes de girassóis, que representariam a fecundidade da mulher – onde Athenodora fugindo ao protocolo da cerimônia disse que o ‘presente’ daquele vaso, no meu caso, seria Sophia, e um pequeno livro (de filosofia, que acredito eu, tenha sido escolhido pela própria Rose), que representava a sabedoria.

Por fim, Athenodora virou-se de frente para nós. A essa altura o céu já ganhava um tom de azul escuro muito bonito, que empurrava o lilás para trás das montanhas. A primeira estrela já cintilava e a lua crescente era prateada no céu. Era o momento mais mágico de minha segunda vida. Ela deu o último comando em etrusco para que Kate e Marconi se aproximassem.

 Kate pegou a fita branca de cetim e amarrou meu punho direito ao punho esquerdo de Lucca. É claro que poderíamos fragmentar aquela fita com facilidade, Kate também não apertou o laço de forma alguma. Athenodora cantava em etrusco e compreendemos o gesto simbólico de nossa união sendo selada ali para sempre. Marconi acendeu o incenso e imediatamente o cheiro acre nos envolveu, Athenodora continuava cantando. Lucca estava sério, compenetrado, o rosto cheio de emoções indescritíveis.

Então, de súbito o cântico etrusco cessou e Athenodora, desvencilhando nossas mãos do laço simbólico, disse sorrindo:

– Bem, a pedido de Lucca vamos completar esta cerimônia, com alguns gestos que os antigos etruscos não faziam... Nessie! – a pequena então dançou até nós, imitando Alice com perfeição, e entregou a Lucca uma caixinha de jóias que estava sobre a almofadinha, depois voltou para seu lugar. Edward e Bella trocaram olhares orgulhosos.

Lucca abriu a caixinha na minha direção e eu arfei quando vi nossas alianças. Era uma trama de três cores de ouro: amarelo, branco e avermelhado. A dele era fina e simplesmente trançada, a minha era um pouco mais grossa na espessura e tinha um brilhante incrustado ao meio. Ele pegou minha mão esquerda e deslizando as três alianças tricolores pelo meu dedo anelar com uma lentidão exagerada, falou, enquanto elas se trançavam:

– Tanya... Entrego meu coração, minha vida e minha alma em suas mãos, porque eles não fariam sentido algum sem você. Espero um dia estar à altura de seus sentimentos nobres, sua determinação e beleza incomparável. Se e quando este dia chegar, poderei deixar esta vida, certo de que cumpri minha missão, e tendo como última visão dos meus olhos cansados sua face de anjo de alabastro. Que o último som nos meus ouvidos seja sua voz de sereia que encanta e hipnotiza; que o último perfume que eu sinta seja o cheiro doce dos seus cabelos, que haverão de se espalhar como cortinas escondendo o beijo doce e derradeiro que seus lábios depositarão nos meus, selando a vida de felicidade que terei vivido ao seu lado e o último sabor perfeito que meu paladar experimentará, enfim.

Eu, que perdera há muito a capacidade de falar, suspirei profundamente compreendendo que precisaria também dizer meus votos à Lucca ao colocar-lhe sua aliança. Então segurei sua mão esquerda, peguei a aliança e enquanto deslizava a trança de ouro por seu anelar, dei voz a um coração silenciado há quase um milênio, olhando nas profundezas daqueles lagos negros que eram seus olhos:

– Lucca... Vivi dez séculos errando pelo mundo; pois estava duro, morto e silenciado pelo veneno que me tornara imortal. Desafiei cada ser com quem tive contato a voltar a me fazer bater novamente... Sentir... Ninguém foi capaz disso, no entanto. Fui marcado com feridas irremediáveis. Sofri perdas irreparáveis. E, justamente quando eu perdia a esperança e o deserto árido da solidão se apossava de mim, você chegou trazendo alento e sossego, confiança e amor. Sou o coração da Tanya e você me deu vida de novo. Você me fez reviver neste exato momento... Você pode me ouvir? Estou batendo... – me virei para olhar para Sophia. Lucca seguiu meu olhar compreendendo o que eu queria. Eu queria que ele soubesse que o palpitante coração dela agora seria o meu e que ambos eram dele.

Olhei para o meu marido novamente e seus olhos estavam rasos d’água, seu sorriso me tirou o fôlego incoerente. Suas mãos envolveram meu rosto e ele me puxou para um beijo muito, muito doce.

Nossa pequena plateia aplaudiu e Emmett assoviava alto, como se estivesse nas cadeiras especiais de um jogo de basquete da NBA.

Então, saímos em um cortejo solene, que também era costume entre os etruscos, seguindo pelo tapete vermelho de volta ao chalé. Lucca e eu íamos à frente de mãos dadas, seguidos por Athenodora, depois vinham as sete damas em fila indiana, sendo que Kate era a primeira de braço dado com Marconi. Os homens seguiam informalmente atrás, e ao invés de acompanhar suas parceiras na fila, fizeram companhia à Garret.

No chalé, o clima era de festa e comemoração. Jamais experimentei tamanha felicidade, porém nada nunca se igualou para a emoção que Sophia, inocentemente, reservou para mim...!

Em meio aos abraços de felicitação, ela demandou com exigência meu colo, gemendo e abrindo e fechando as mãozinhas em minha direção. Uma vez nos meus braços, colou seu corpinho ao meu, envolveu meu pescoço com seus bracinhos quentes e repousando seu queixo em meu ombro, colocou em minha mente, pela primeira vez, uma frase ao invés de imagens: “Tanya... Minha mamãe...!” Depois, se afastou para buscar meus olhos, ansiosa em ver aceitação e aconchego. Algo em meu rosto a fez sorrir deslumbrante, e uma lágrima cintilante desceu por sua bochecha rosada. Meu coração inundou-se de amor por aquela criança. Eu a abracei forte chorando sem lágrimas e incapaz de responder a Lucca que me perguntava ansiosa e freneticamente o que estava havendo. Fez-se silêncio e Edward, que obviamente, também escutou, esclareceu a todos:

– Sophia acaba de chamar Tanya de mãe, pela primeira vez... E... eu gostaria de ser capaz de colocar em palavras a alegria... O alívio dela quando percebeu a aceitação em seus olhos, Tanya... Mas eu não posso... Foi... – calou-se Edward sem palavras, sacudindo a cabeça imperceptível e infinitesimalmente. Edward sem palavras era, sem dúvida, algo raro de se ver.

Lucca juntou-se ao nosso abraço. Sophia desta vez falou alto pela primeira vez, desde que chegou aqui.

– Meu papai e minha mamãe... – sua voz era linda, parecia a música mais perfeita que meus ouvidos já escutaram.

Quando nos afastamos, as felicitações continuaram efusivas e eu notei que Rose discretamente subiu as escadas num átimo, buscando o quarto de Kate. Esme fez sinal com o queixo para Emmett, que a seguiu silenciosamente.

Lucca e eu partimos o bolo segurando juntos a espátula. Como eu previra somente Lucca, Marconi e Nessie se serviram, porém Bella impediu que a filha experimentasse champanhe...! Todos rimos e Marconi pediu a palavra para levantar um brinde em nossa homenagem, somente ele e Lucca experimentaram a champanhe. Sophia também comeu alguns pedacinhos do bolo que eu lhe ofereci, desmanchavam-se em sua boquinha rosada. Alice saltitou para o nosso lado, animada:

– Entregue ela para Bella ou Esme, vocês dois ainda precisam dançar... – e ao seu comando o som foi ligado e os acordes extremamente românticos da imortal “Can’t take my eyes off you”, começaram na versão mais moderna do Muse.

.

You're just too good to be true

Can't take my eyes off you

You feel like heaven to touch

I wanna hold you so much

At long last love has arrived

And I thank God I'm alive

You're just too good to be true

Can't take my eyes off you

                                                                              .                 

Lucca me conduziu à nossa limitada pista de dança na sala do chalé e nos deixamos embalar lentamente, sem nos preocupar com a levada mais rápida do Muse, parecia que dançávamos a versão original de Frankie Valli. Lucca aproximou nossos rostos em um beijo suave, eu pensei na noite de núpcias, meu corpo tremulou. Notei que Jasper deu uma risadinha e cochichou algo no ouvido da baixinha. Edward envolveu a cintura de Bella por trás. Garret beijou Kate e Carmem foi sentar-se no colo de Eleazar próximo da lareira. Marconi observava tudo aquilo surpreso.

.

Pardon the way that I stare

There's nothing else to compare

The sight of you makes me weak

There are no words left to speak

So if you feel like I feel

Please let me know that it's real

You're just to good to be true

Can't take my eyes off you

.

Sophia recostou-se confortavelmente no colo de Esme, nos assistindo com seus lábios revirados em um sorriso, mas por fim ela bocejou e aconchegou-se para dormir. Suas pálpebras caíram aos poucos, ela parecia lutar com o sono para ficar mais tempo conosco. Mas por fim, o sono venceu e ela adormeceu.

Então, pude voltar minha atenção para o homem perfeito que me tinha em seus braços. Ele se aproximou para cochichar em meu ouvido:

– Nunca. Jamais houve uma noiva tão linda quanto você... – sussurrou ele. A voz doce e macia. – Sou o homem mais sortudo do mundo...! – E prendeu meus olhos em meu sorriso preferido, que hoje estava especialmente iluminado.

Perdi o foco quando ele cantou para mim o refrão da música. Esqueci onde eu estava e quem eu era.

.

I love you baby, and if it's quite alright

I need you baby to warm the lonely nights

I love you baby, trust in me when I say

Oh pretty baby, don't bring me down I pray

Oh pretty baby, now that I've found you, stay

Let me love you baby, let me love you

.

Ele riu baixo e sua mão em minha cintura apertou nosso abraço discretamente, eu comecei a ofegar. A corrente elétrica rasgou meu corpo totalmente avassaladora. Mas o que está acontecendo comigo? Eu precisava me controlar... Estão todos aqui, as atenções todas em nós. Tentei acalmar minha respiração, mas o cheiro dele não ajudava em nada.

.

You're just too good to be true

Can't take my eyes off you

You feel like heaven to touch

I wanna hold you so much

At long last love has arrived

And I thank God I'm alive

You're just too good to be true

Can't take my eyes off you

.

Era verdade. Eu não podia tirar meus olhos dele. E ele agora era somente meu.

O refrão se repetiu e agora, com a respiração um pouco mais estabilizada, quem cantou baixinho para ele fui eu.

Por fim, a música acabou e surpresos constatamos que, de fato, não havia mais ninguém na sala. Rimos juntos por um momento, até que Lucca me encarou sério, os olhos ardentes. Senti que meu rosto suavizou-se, completamente inebriada pelo amor indescritível que exalava. Minhas pernas vacilaram no momento certo porque Lucca me pegou no colo e disparou escada acima, com urgência.

Quando chegamos ao meu quarto, meus pés tocaram o chão totalmente bambos e incertos, uma vez que fui imprensada contra a porta que bateu atrás de nós. 

Lucca me virou de costas e começou a abrir os botões de pérola do meu vestido. Com minha bochecha encostada na madeira da porta, senti seus lábios em chamas tocarem suavemente minha pele cada vez que um botão se abria.

Gemi.

Quando o vestido estava totalmente aberto, ele espalmou minha pele, tentando controlar a pressão urgente de suas mãos pesadas e ansiosas. Seus lábios agora produziam pequenas sucções em pontos sensíveis de minhas costas e eu senti minha cabeça cair para trás, sem conseguir controlá-la.

Ao me virar de frente para ele, Lucca deslizou meu vestido com exatamente a mesma expectativa pela minha nudez estampada em seu olhar na nossa primeira vez juntos, noite retrasada.

Livrei-me dos sapatos, depois de pular a ‘poça’ de tecido cor de pérola do meu vestido, que ficara esquecido no chão. Tirei o paletó dele, ao mesmo tempo em que nos beijávamos ardentemente e andávamos em direção à cama. Quando subitamente Lucca nos parou, ofegando e sussurrou entrecortado:

– Você se importa se começarmos pela sua banheira? – perguntou ele, os olhos em brasa.

– Na-não. – gaguejei confusa, pulsante. Ele gemeu e me puxou novamente para sua boca por um momento, depois suas mãos moldaram-se em meu traseiro e me levantaram do chão. Automaticamente, minhas pernas envolveram sua cintura e meus pés cruzaram-se atrás. Fui levada à minha banheira com uma rapidez absurda, descobrindo o primeiro fetiche do meu... marido.


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Notas finais do capítulo

N/A: *Turanna: divindade feminina etrusca, seria a equivalente de Afrodite/Vênus na cultura etrusca.

Então, o que acharam? Faltou alguma coisa que vcs gostariam de ter visto nesta cena do casamento deles? Tem alguém achando péssima essa ideia da filha híbrida da Gianna ficar com eles? Manifestem-se, por favor! Estou LOKA pra saber! hahahaha

*.*Bjokas e até quarta!*.*