Fiamma escrita por Akahana


Capítulo 17
Oito - Reunião 'Famigliar' e alguns Inimigos




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  Estava frio naquela manhã, assim como em todas as outras no gelado norte da Rússia. Xanxus definitivamente se arrependia de ter ido pra lá. Chegava certa hora da madrugada que ficava frio demais para que ele conseguisse continuar dormindo. Simplesmente não dava, ele não tinha tamanha capacidade. E os gêmeos seqüestravam uma Kamiori semi-consciente da cama improvisada na sala e sua única fonte de calor virava um cobertor de lã, que, sem sombra de dúvida, não era suficiente. Ele era um homem grande, afinal, precisava de calor.

  E então lá estava o chefe da Varia acordado em plenas cinco da manhã tentando achar alguma coisa pra se esquentar. Ele não merecia aquilo, por Deus. Ele não tinha nem menos algo pra surrar, nem menos podia xingar se não quisesse acordar os três seres abraçados na cama. E não desejava a desgraça do tédio naquele frio para ninguém, nem mesmo os insuportáveis gêmeos Sayure.

  Ele se perguntava como Kamiori, que sempre acordava tão cedo, ainda não estava de pé, mas se deu conta de que nem ela resistiria ao quentinho abraço daqueles dois numa manhã tão gelada como aquela. E começou a se levantar para buscar lenha – talvez conseguisse reacender aquela lareira.

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  A garota pôs uma mecha do cabelo castanho avermelhado para trás da orelha, o vento fazia os fios baterem na face da garota. Olhava na direção de seu lar, a Itália, sorrindo cinicamente ao pensar se seu irmão ainda estaria lá. Talvez até à procura dela. Se não fosse tão lamentável, seria divertido para ela. Na verdade, era divertido.

  - Senhorita, está começando a chover. Não gostaria de entrar? – Perguntou o homem de voz agradável e ela se virou para fitá-lo.

  - Não me chame de senhorita, Tao. Apenas Rossa é suficiente. – Sorriu. Aquele rapaz era uma das únicas pessoas que conseguia tal feito desde... Bem, desde muito tempo. – Mas você tem razão. – Ela começou a caminhar, dando uma última olhada no céu nublado e sentiu um pingo de chuva cair bem na ponta de seu nariz. – Temos que esperar o relatório de nosso querido aliado.

  Solene, ela desapareceu pela cortina da varanda com um sorriso malicioso no rosto.

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  Os cabelos verdes escorregavam pelas mãos delicadas de Mikaely, que brincava com os fios de uma concentrada Kamiori. A Fiamma estava de olhos fechados, sentada ereta no sofá, provavelmente meditando. Mikael não se importava, já que tinha seu próprio objeto de concentração – um livro em alguma língua que era difícil de identificar. Já Xanxus se mantinha alheio a todo o resto enquanto se grudava à lareira. As últimas manhãs haviam traumatizado seriamente o imponente chefe da Varia.

  Já era tarde agora, faltava pouco e não podia se apressar. Prezava pelo bom-humor e fuso horário de seus guardiões. Abriu os olhos, tinha que descansar um pouco e ainda não era hora.

  Pegou alguns papéis em cima da mesinha de centro (papéis esses que Xanxus deveria ter lido) e folheou os documentos até achar algum que lhe chamasse atenção. Dentro de alguns minutos. Só mais alguns minutos.

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  - Eu acho que não é uma boa idéia. – O garoto repetiu, meio tímido e assustado da idéia.

  - E por que eu deveria te ouvir? – Ela mostrou a língua para o mais velho, enquanto pulava pela fenda no chão.

  Ela caiu em uma piscina natural de água quente que tinha sido formada numa fenda profunda no meio de uma planície quase deserta na Islândia¹. Ela voltou à superfície, convidando o outro a pular também enquanto jogava os cabelos molhados para trás. Os olhos azuis brilharam com um sentimento de vitória quando Jakes puxou Bran pela cintura e os dois caíram na água quentinha.

  A isso se seguiu uma guerra de água iniciada pela garota. Era incrível como ela conseguia se sentir a vontade com os dois, mesmo eles sendo... Ahn... Garotos. Era como se sentisse proteção e era cada vez mais divertido irritar Bran e confabular com Jakes. Yorokobi estava feliz e se sentia aquecida na gelada terra da Islândia.

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  - Alô! Alô! Teste. 1, 2, 3. Tá todo mudo ouvindo? – A voz suave de Fiamma Kamiori ressoou na cabeça de Nevi e ele teve certeza de que estava ficando louco. Como se estar na Varia já não fosse suficiente. – Responde, cambada! – A voz pareceu um pouco mais agressiva, mas sem perder o tom alegre. Nevi também se sentiu feliz ao ouvir a voz da chefe, mas manteria isso em segredo mesmo que custasse sua vida.

  Observou os outros guardiões a sua volta, todos encostados em árvores na pequena clareira na qual concordaram em passar a noite. Todos eles pareciam no mesmo estado de atordoamento/felicidade no qual se encontrava. A garota de cabelos brancos tinha os olhos azuis arroxeados abertos em surpresa. O Rossetti tinha um sorriso bobo no rosto e se mantinha atento. A outra garota agora tinha os olhos verdes e fechou-os calmamente. Os outros, notando isso, repetiram o ato e quando os abriram de novo estavam numa confortável sala de reuniões. Apesar de que, no ligar de uma grande e imponente mesa de madeira, havia somente um tapete de cores escuras, no qual ele mesmo se encontrava sentado.

  Dezessete guardiões, incluindo a si mesmo estavam sentados no tal tapete. Ele sabia que eram seus ‘colegas’ porque as chamas de cada um se faziam presentes discretas acima da cabeça de cada um, como uma daquelas setas de videogame indicando os personagens. A garota de fios brancos estava do seu lado e sentiu um pouco de medo ao fitar a chama dela. Era de um roxo quase preto e em seu centro, à parte, havia a conhecida chama da Tempestade.

  Fiamma Kamiori se encontrava sentada numa cadeira que deveria fazê-la parecer importante, mas acabou deixando-a engraçada, já que as duas não combinavam nem um pouco. Atrás dela havia um quadro. A imagem era simples, mas aconchegante: um homem loiro que ele reconhecera como Giotto Vongola, uma mulher de longos cabelos negros e uma criança bonita e feliz no colo dos dois. Ele não sabia quem era a mulher e nem a criança. Mulher e filha de Giotto? Pelo que sabia ele não tinha tido, ou pelo menos não constava nos documentos.

  - Vocês estão todos reunidos aqui por um motivo. Desculpem se acordei alguém, é complicado demais por causa de todos os fusos. – A Boss se pronunciou, fazendo todos olharem para ela. – Vamos ao que interessa. A Fiamma, desde os tempos de antes de sua criação sempre foi uma Famiglia diferente das outras. Pode-se perceber pela variedade de chamas de seus guardiões. E, tenham certeza, já acolhemos muito mais chamas do que vocês imaginam. E, por sermos uma Famiglia diferente nossos inimigos não são comuns tampouco. Temos uma única Famiglia rival que realmente é forte para tentar nos derrubar. – Ela estava séria e, pela primeira vez desde que a conheceu, ela parecia uma verdadeira chefe mafiosa. Um estranho sentimento de admiração pela mulher sentada na cadeira tomou conta de Nevi.

  - Ahn... Eu não entendi. Você está dizendo que uma Famiglia inimiga está declarando guerra á nós? – Uma garota de curtos cabelos castanhos disse, não parecendo preocupada e sim curiosa.

  - Exatamente. Gracione... – Os olhos verdes da chefe fitaram de canto um garoto que estava abraçado à um outro de cabelos longos e ondulados. No entanto, isso durou muito pouco e ela terminou a pausa com um suspiro de uma raiva que ela pareceu tentar conter. – Essa Famiglia, Gracione, foi a que matou Prima Fiamma. – Ela disse, apontando o quadro atrás dela. Ela provavelmente estava falando da mulher na imagem, mas Nevi notou que ela não se virou para fitar o quadro. – E que esteve atrapalhando a Fiamma durante as outras três gerações em que sobrevivemos sem uma Boss, antes, é claro, de a nossa Famiglia ser extinta – o que também foi causado pela Gracione. – Kamiori parecia calma, mas era notável o requinte de irritação em sua voz.

  - Então, se eles estão declarando guerra, o que devemos fazer? – Perguntou um garoto de traços femininos e olhos esverdeados.

  - Bem, vocês não estão em grupos para nada. Em cada um desses lugares está uma relíquia ou é um lugar de importante lembrança para a Fiamma. O da Rússia por exemplo, Mikael, é o túmulo da mãe de Prima Fiamma, que era russa. Fica no bosque do lado da casa de vocês. – Ela explicou, fitando o garoto que mantinha-se abraçado à uma garota extremamente parecida com ele. – Mas em cada lugar é diferente. Todas essas lembranças e objetos estão ligados à força vital da minha chama. A herança da Fiamma para as chefes, quer dizer, não a do Céu. O seu dever é nada mais nada menos que proteger o que quer que tenha que ser protegido. Simples, não?

  - A teoria realmente é bem simples. Mas não tivemos nenhum treinamento como Famiglia ainda. Não conhecemos os poderes uns dos outros e nem sabemos como trabalhar em equipe direito. Além do que, eu tenho certeza de que você não tem nenhuma estimativa de quando ou como eles vão nos atacar. – Aquela garota dos olhos que mudavam de cor começou a enumerar os problemas, contando nos dedos cada item.

  - Gomenasai. – Kamiori baixou a cabeça, meio envergonhada e rindo um pouco de si mesma. Mas pelo menos sua raiva havia passado. E agora todos os guardiões sorriam com ela, mesmo estando preocupados. – Você está certa, Kyun, mas eu já ia chegar nessa parte. Não é como se eu fosse deixar vocês a Deus dará. Eu coloquei vocês nos grupos que estão porque é com esses componentes que vocês se encaixam melhor, tanto em lutas quanto em personalidade. E não discutam, eu tive muito trabalho para arranjar vocês dessa forma. – Ela concluiu, vendo um suspiro irritados, de desagrado e até de desespero de alguns. O próprio Nevi não sabia ao certo como ele faria pra lutar ao lado daquelas pessoas.

  - Ahn... Devemos treinar juntos, então? – Perguntou incerta uma garota baixa e muito pálida. – Quer dizer, entre os grupos?

  - Esse é o objetivo, Dora. – Ela disse, como quem explica para uma criança. E então a Boss pareceu se lembrar de mais uma coisa. – Ahn, os grupos vão receber auxílio, obviamente. Os que não têm pessoas que não são guardiões Fiamma junto vão receber cartas ou mensagens através de outros meios. O grupo maior, da Itália, vai receber reforços com o tempo, já que a mansão Fiamma precisa ser muito bem protegida. A Gracione conhece bem o local, quase tanto quanto nós. E os outros grupos vão acabar sendo levados para a Itália porque provavelmente é lá que a Gracione atacará com seu chefe e suas maiores forças.

  Nevi observou os grupos assentirem em acordo e viu as faces ficarem mais confiantes. Ele podia não gostar muito da chefe, mas tinha que admitir que ela sabia como organizar uma Famiglia. Ele olhou para os componentes do próprio grupo – cujo era encarregado exatamente da Itália – e todos pareciam certos de que podiam lidar com a situação e ele próprio não tinha nem um pingo de incerteza. Viu as garotas se mexerem, sentando de pernas cruzadas, já que ficar ajoelhada estava ficando incômodo.

  O clima estava leve mesmo tratando-se de um assunto tão complicado quanto guerra.  Kamiori havia se levantado e sentado no chão, sorrindo de seu jeito tão típico, enquanto passava os olhos sobre as faces de cada uma das pessoas sentadas no chão e seu sorriso ficou levemente maior ao ver a face interessada de Nevi, que geralmente era tão inexpressiva.

  - Eu acredito em vocês e eu sei que vão conseguir. – Ela olhava para os guardiões com orgulho nos olhos e não desfazia o sorriso nem enquanto falava. – Hmm... Eu tenho alguma coisa mais pra dizer? – Ela perguntou mais pra si mesma do que para as pessoas à sua frente.

  - Ahn... Bossu. – Perguntou um garotinho pequeno que quase não aparecia ao lado de uma garota que sorria sarcasticamente. O pequeno de chama do Trovão parecia acanhado e incerto se devia perguntar ou não. – Nem todos têm os anéis ainda, não é? Então... Como...

  - Não se preocupe, Leo. – Ela disse direcionando o rosto para fitá-lo, ato que foi copiado pelo resto dos presentes e deixou o garotinho muito embaraçado. A própria Kamiori se segurava para não apertar as bochechas dele. – A questão dos anéis é que nem todos podem ter os anéis ainda. Temos chamas bem instáveis aqui e estou certa de que essas chamas sabem dos perigos que podem causar se não aprenderem a se controlar um pouco mais. – E ela fitou alguns guardiões – Nevi, inclusive – com um sorriso um tanto sádico. – Bem, espero que tenham gostado. Eu demorei bastante pra fazer espaço na minha mente pra abrigar vocês.

  - Estamos dentro da sua cabeça? – Nevi havia se pronunciado pela primeira vez naquele dia, mas, apesar de estar confuso e surpreso, seu rosto mantinha a expressão de indiferença.

  - Tecnicamente. Agora, tchauzinho ~

  Ela acenou para seus guardiões enquanto, um a um todos desapareciam diante dos olhos do jovem integrante da Varia. A imagem da própria Kamiori se tornava mais fraca diante de si enquanto ela sorria ternamente. Nevi havia visto vários lados de Kamiori hoje. E ele não sabia o quanto as informações que conseguiu naquela reunião seriam importantes no futuro. E nem teria que se preocupar com isso agora, já que assim que abriu os olhos viu os colegas se levantando e se dirigindo à uma clareira maior – precisavam treinar.

  “EU AMO TODOS VOCÊS E PELO AMOR DE KAMI, NÃO MORRAM!”, a voz gritante e carinhosa de sua chefe ressoou, longínqua, em sua mente. Pelos sorrisos de canto nos rostos dos seus ‘colegas’ (e era isso que eram, teria que se acostumar cedo ou tarde), todos os outros também tinham ouvido.

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  - “Cabelos verdes curtos. Olhos da mesma cor. Braço esquerdo enfaixado desde o ombro. Ambientalista doente. Aparenta calma, mas tem tendência a ser sádica. Pais desconhecidos e criação idem. Sem informações quanto a poder de luta.” É o que consta nos mais recentes relatórios dele. Até onde sei, Rossa recebeu as mesmas informações. Ele não vai nos revelar nada, não é? – Os escuros olhos roxos da garota se enfureceram quando o moreno à sua frente assentiu. A pergunta não tinha sido direcionada à ele, especialmente, mas o garoto tinha razão. – Então vamos oficializar essa guerra. Mande a notícia para os Vindice, eles só vão aparecer se uma das Famiglias for destruída, quando for. Eles não podem interferir nesse assunto. – E ela parecia a ponto de quebrar a mesa de madeira grossa e lustrosa à sua frente. De fato, ela estava tentada.

  - Claro, Nerezza-sama. Agora mesmo. Depois eu posso voltar para o QG na Coréia? – O rapaz respondeu, fazendo uma referência e saindo depois da jovem murmurar um ‘faça como quiser, Kai’. Logo se via o vulto do homem magro desaparecendo pelos corredores da mansão em direção à prisão QG dos Vindice.

  - Se vai nos trair, pelo menos o faça direito, idiota. – Ela escondeu os olhos com uma mão como se estivesse tentando conter a raiva (o que de fato estava), mas um observador poderia ver as lágrimas manchando o escuro marrom da madeira na mesa em que se apoiava.


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Notas finais do capítulo

N/A: Sinceramente, eu tentei escrever o capítulo antes, mas eu não consegui. Gomenasai T.T /levapedrada Mas, enfim, o importante é que eu escrevi, não é? *-* Tenho algumas coisas a falar sobre o capítulo:
Primeiro: Se lembram daqueles capítulos antes do Especial que mostravam as fichas e tudo mais? Pois é, eu acho que vocês estavam cansados deles assim como eu e eles acabaram /todoscomemora Porque, né, ficava cansativo de escrever e cansativo de ler, até porque, ninguém conseguia absorver muito as informações daquela forma ^^ ~ Então, vamos todos pegar no tranco juntos e conhecer os personagens ao longo da história (porque essa aqui ainda não se acostumou com tantos personagens u,u)
Segundo: Tiveram pessoas (sim, Hime-chan, eu estou falando de você u,u) que quiseram saber mais sobre a morte da Prima. Mas eu não vou dar o ouro pra vocês assim tão fácil, não é? Tudo se esclarece depois ^^ E, Hime-chan, eu esqueci de dizer, mas o chapie anterior é dedicado pra você, porque mesmo eu demorando você deixa um review daqueles eu amo você ♥ ~
Ahn... É só! ^^ ~ Espero que o chapie tenha agradado e o tamanho também (né, Ste-chan .ploc) :3 E daqui pra frente as coisas vão ficar mais cara de shonen mesmo, sabe? Se o capítulo não fez sentido ou está ruim, avisem por favor, eu não vou, sei lá, matar vocês na calada da noite por isso ^^ Críticas são bem-vindas *-*
Eu amo todos vocês ~ ^^ ♥ !
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¹ - Eu não faço idéia de se existe esse lugar. Provavelmente não. Eu tampouco tenho muitas informações sobre a Islândia, então não confiem muito, ta? ~ ^^
/Alguém mais viu ontem no GNT o programa do David Letterman com as SNSD? Porque eu sim *-------* (e lá estava a doida gritando o fanchant no meio da madrugada u,u)



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