Amz escrita por MissBlackWolfie


Capítulo 5
Ano novo


Notas iniciais do capítulo

Meninas.. emoções fortes a seguir.. hahahahaha



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Enquanto andávamos entre a multidão que nos rodeava. Sentia que minha mente trabalhava em ritmo ensandecido. Tentava capturar cada detalhe de tudo que havia ocorrido ao longo do dia.

Sempre fui uma pessoa com capacidade de juntar pontos de uma historia com muita facilidade, graças a meu excesso de leitura. A final, alguns livros possuem historias muito similares. Entretanto todo ocorrido de hoje era real, não havia ficção ou personagens imaginários. Havia eu e Ernesto, isso tudo definitivamente estava ocorrendo de verdade.

Para minha sorte meu irmão me guiava entre a correnteza de pessoas. Deslizávamos entre elas como estivéssemos em uma canoa, graças a destreza de meu irmão.

Olhei para seu rosto por um segundo, havia uma nuvem negra de preocupação. Abaixei a cabeça sentindo culpa, não devia ter falado todas as minhas conclusões com ele agora, devia ter esperado para mais tarde. Em um momento mais oportuno e calmo. Odeio quando ajo por impulso.

Quando chegamos ao portão da casa do Fonseca, me estomago pareceu despencar, pois precisava controlar toda essa confusão que estava instaurada em mim.

Não quero perguntas indiscretas de Estela ou de Alex. Ernesto hesitou por um momento a frente ao luxuoso portão de ferro fundido, onde no meio havia o brasão da família, ele me deteve com a mão em meu cotovelo. Dessa forma fui obrigada a virar para encará-lo.

- O que foi Ernesto – Falei um pouco impaciente. Eu tinha muita coisa em mente.
- O que vamos fazer. Acho que devemos combinar direito. Para não haver falhas. – ele disse severamente.
- Vamos conversar depois da festa. Sentaremos calmamente e uniremos a peças desse jogo. – Meu tom era de determinação. Até eu fiquei surpreendida com minha firmeza.

Ernesto somente assentiu com a cabeça, e voltamos a caminhar, acho a melhor palavra seria marchar, estávamos com passos firmes como soldados indo a uma missão. Não pude deixar de rir da situação.

Me fez lembrar uma frase que tinha lido uma vez: “Basta um segundo para sua vida mudar completamente para sempre”. Realmente algo havia mudado, não sabíamos o que era, mas nos tinha dado um gosto, que eu nunca havia experimentado o gosto doce do mistério. Sentia-me tão viva, a sensação era quase de reconforto.

Passamos ao lado da varanda, indo para a entrada dos fundos da casa onde havia a porta da cozinha. Não podíamos entrar pela porta da frente, não pertencíamos a família, isso nunca me afetou, afinal minha única família era meu irmão, os Fonseca eram intrusos.

Entretanto ao passar pela varanda, observei que Carlos estava encostado em uma das pilastras, vi seus olhos seguindo meus passos. Olhei bem fundo neles, acho que no primeiro momento queria ter certeza que não eram eles a me observar na livraria, mas tinha certeza que não eram.

A verdade era que: estava me sentindo tão bem e confiante, mesmo não sabendo motivos disso, quis mostrar isso a ele de alguma maneira, assim sustentei o seu olhar, durante o meu passar.

Essa minha atitude fez ele se mexer, parecia inquieto. Deve ter estranhado minha atitude, afinal sempre evitei olhar diretamente para ele, para não provocar seu desejo imundo por mim. E ele pareceu notar que hoje eu estava diferente. Sorriu para mim cheio de malicia, estava se divertindo com minha atitude. Eu desviei meu olhar, virei para frente e continuei meu caminho.

No canto de olho vi que ele entrou na casa. Imediatamente me arrependi do que tinha acabado de fazer, tinha estimulado a praticar seu esporte preferido, me infernizar. Senti meu tigre ficar feliz com minha atitude e o possível produto dela. Bufei com a sua felicidade alheia.

Cheguei à porta da cozinha, coloquei a mão na maçaneta, parei por um instante. Fechei os olhos para me concentrar, colocar toda aquela na minha confusão mental, as perguntas e as conclusões já feitas, dentro da gaveta que encontrava-se no fundo da minha mente.

Respirei profundamente, puxando todo o ar que estava minha volta. Escutei Ernesto atrás de mim, parecia estar fazendo a mesma coisa do que eu, quando abrir olhos para procurá-lo, na verdade estava debochando de mim, fazendo uma imitação barata da minha pessoa.

Abaixei a cabeça e comecei a rir, ele me acompanhou. Ele chegou a dobrar com as mãos na barriga, então pus o dedo indicador nos meus lábios, pedindo silencio para ele. Dei meu ultimo suspiro e abri a porta.

Tive a visão da quantidade de trabalho que enfrentaria nesse dia de festa. A bancada que ficava no meio da cozinha estava repleta de pacotes pardos de compras.

Então ouvi Estela próxima a cozinha, talvez estivesse na sala de jantar, sua voz estava quase histérica, reclamando que ainda não havíamos chegado. Sua voz sempre era estridente, isso era característico dela. Ela ainda não tinha ouvido nossa presença.

Para ajudá-la meu irmão abriu novamente a porta, esticou o máximo possível seu braço e a bateu com uma violência enorme, fazendo-a tremer levemente ao encontrar com o batente. Ele realmente parecia ter se divertido com aquela travessura.

De repente, ouvimos o barulho dos saltos Estela, parecia andar rapidamente. Quando chegou ate nós seu rosto estava vermelho escuro, quase num tom roxeado, não sei se ela estava assim devido a raiva do nosso atraso ou devido ao esforço da sua pequena corrida.

Ela também estava arfando, sua respiração estava acelerada. Seus olhos estavam sérios pousados em nós, estava nos analisando. Então ela explodiu as palavras.

-Vocês querem me matar? Sabem que horas são? Sabem que dia é hoje? – Ela parou tentando ainda recuperar o ar
- Desculpa Estela. Distraímos-nos muito na praia e a rua estava muito cheia. – Respondi olhando para baixo.
- Vocês querem que eu tenha um infarto? – Ela parecia está se acalmando.
- Ela não nos daria esse presente- Sussurrou Ernesto em meu ouvido. E começou a rir.
- O que você, seu brutamontes, está rindo?- Estela cuspiu as palavras para Ernesto.

Ele saiu de trás de mim e foi caminhando em direção a Estela. A olhava diretamente nos olhos dela, que ficou visivelmente desconfortável com essa atitude dele. Ela começou a olhar para mim buscando alguma resposta sobre o que meu irmão pretendia fazer, dei os ombros. Realmente não fazia idéia de seu plano. Isso a deixou mais apreensiva, tenho que confessar que eu também estava.

Ernesto parou na frente dela, ainda estava sustentando seu olhar, percebi que ele se curvou na frente dela. Ouvi Estela engolir seco seu medo. Nunca tinha visto meu irmão naquela forma assustadora. Pensei em intervir, mas senti um certo medo dos olhos dele. Eu vi seu rosto ficar a centímetros do dela. E começou a falar com um tom extremamente desafiador.

- Hoje ninguém vai me tirar a felicidade que eu estou sentindo dentro do meu peito. Nem você ou seus insultos. – ele abaixou mais um pouco e encarou mais próximo os olhos de Estela. – Aproveite que ainda estamos aqui, pode ser por pouco tempo.

Estela estava com corpo caído em cima da bancada, na tentativa de escapar da imposição corporal que meu irmão estava empregando em cima dela. Ela começou a tremer dos pés a cabeça, começou a ficar com falta de ar. Não sei muito bem porque, não se era ameaça de Ernesto ou aproximação do seu corpo com o dele. Isso tudo era muito estranho. Resolvi acabar aquela situação. Coloquei minhas mãos nos ombros dele, pareceu relaxar com meu toque.

- Temos que trabalhar. Temos muito que fazer. – disse calmamente – Lembre-se o que combinamos. – ele virou-se para mim, seus olhos estavam com fogo de fúria.

Aquilo me assustou, mas não deixei transparecer essa minha percepção. Afaguei seus ombros com as palmas de minha mão. Em uma tentativa de lhe transmitir calma. Como eu o conhecia muito bem sabia que ele estava recobrando a paz, conseguia ver a serenidade, que eu tanto admirava nele, retornando as suas afeições. Isso me reconfortou profundamente.

Quando finalmente ele estava bem, abriu um sorriso de moleque me agradeceu através do seu olhar, esse tipo de comunicação entre nós era mais que suficiente, sempre tivemos essa fina sintonia. Sorri para ele de volta, estava tudo bem, podia sentir isso, o clima no ambiente estava tranqüilo novamente.

- Realmente tenho muito que fazer. Afinal essa família não faz nada sem a gente. – Ernesto disse em um tom deboche. – Quero ver quando nos tornarmos saudades- Saiu andando da cozinha. Virou para mim e piscou.
Abaixei a cabeça, encarei o chão para não rir da sua atitude. Então ouvi a Estela se endireitando ao meu lado. Passava as mãos pelos cabelos e as roupas, em uma tentativa frustrada de arrumá-los. Seus olhos estavam vagos, pareciam que estavam hipnotizados por alguma magia. Achei graça daquela imagem. Então pigarreei ao seu lado, tentando tira-la do transe.

- O que há de errado com ele? – Estela agora me olhava com os olhos arregalados.
- Não sei te dizer. Mas esquece isso. Vamos começar os preparativos da festa. – Tentei usar um tom de empolgação a minha fala.
- Realmente você tem muita coisa fazer. – Pareceu que ela aceitou meu tom.
- Vou ao meu quarto guardar um livro que comprei e já venho.
- Vamos logo com isso. Já perdi muito tempo hoje com bobagens.

Enquanto ela falava, peguei o diário, que estava ao lado da pia, e o aninhei em meus braços como um bebê. Sai correndo em direção ao jardim, atravessando o gramado, e logo depois passando entre os canteiros repletos de flores, definitivamente meu irmão tem um dom para jardinagem, pois era responsabilidade dele a beleza daquele lugar.  

Eu estava indo em direção a casinha, que tinha aparência de abandonada, localizava-se bem afastada da casa do Fonseca. Era ali que eu e Ernesto dormíamos. Em um casebre caindo os pedaços, onde tinha quatro pequeníssimos cômodos. O meu quartinho ficava no fundo, havia um colchão de palha no chão e um baú onde eu guardava meus poucos pertences.

Havia roupas velhas, alguns objetos de nenhum valor financeiros, mas repletos de valor sentimental, como um vestido da minha mãe. Sempre quando me sentia sozinha, e isso era bastante comum, eu abraçava-o e tentava sentir o seu cheiro, talvez eu imaginasse como ele seria. Já que seu perfume havia se dispersado pelo tempo.

Entretanto hoje era um dia que eu estava particularmente feliz, na verdade irradiante. Finalmente algo diferente e talvez único havia acontecido na minha vida. E talvez, como mesmo disse Ernesto, poderia ser o começo de uma mudança, a saída desse inferno chamado Fonseca. Sabia que eu obteria respostas importantes na leitura daquele diário. Peguei e embrulhei-o no vestido da minha mãe, coloquei no fundo do baú.

 Com o embrulho em meu peito comecei imaginar qual seria o conteúdo desse diário. Será a historia daquela moça que me observava ou sobre Lisa? Ou de nenhuma das duas? Ou será que eu tinha supondo erroneamente que ele foi deixado para mim? Por que eu não arrombava aquela fechadura? Por que aquela encadernação me interessava tanto? Muitas e muitas perguntas começaram a surgir. Desembrulhei cuidadosamente o diário.

Olhei novamente a capa do diário, a rosa parecia brilhar em contado com raio de sol que entrava timidamente entre uma das frestas do teto. Pareceu ser um chamado para eu desvendá-lo naquele momento. Minhas mãos começaram a tremer e a suar. Senti as gotas de suor começando a minar na minha testa. Uma onda de ansiedade invadiu meu corpo.

Passei a minha mão direita delicadamente na rosa. Sussurrei para ela: “Desculpe”. E tentei a forçar um pouco a fechadura de metal. E logicamente como na primeira vez, lá na livraria, ele não abriu. Fiquei um pouco com raiva, pois havia uma esperança ridícula dentro de mim, acreditava que o diário queria se abrir para mim. Bem bufei em sinal de frustração. Eu teria que empregar a força para poder abri-lo.

Olhei a minha volta em busca de algum tipo de ferramenta para minha tarefa de arrombamento. No meu cômodo não havia nada, então segui para nossa pequena sala, que também era nossa dispensa. Surgiu em mim um tipo de urgência nos meus movimentos. Comecei abrir as gavetas de um armário velho, onde eu sabia que Ernesto guardava algumas ferramentas.

Nesse instante, no meio da minha busca, senti alguém me observando na soleira da porta do casebre. Paralisei na mesma hora, deixando cair o martelo que estava em minha mão, girei meu corpo abruptamente para o lado do meu observador. Então encontrei os olhos de Carlos, tinha um sorriso torto em seus lábios.

- O que você esta procurando? – Perguntou ao mesmo tempo em que começou andar para trás de mim.
- Uma ferramenta – Minha voz saiu rouca e fraca – Queria consertar uma coisa.
- Deve ser uma coisa muito importante. – Ele já estava atrás de mim. Senti seu hálito em minha orelha.
- Nada que não possa esperar- Eu estava paralisada. Meu tigre movia-se de um lado para outro dentro de mim, repetindo: “Se entregue”.
- Acho que você não tem opção, você vai ter que esperar. Afinal tem uma festa para ser arrumada – Ele encostava os lábios agora no lóbulo de minha orelha. – E sua função deixá-la apresentável.

Nesse segundo de pequeno contato entre nós. Ouvi e vi meu dragão soltar uma labareda de fogo imensa e me esquentar completamente por dentro. O tigre rugiu sobre protesto, mas recuou. Respirei fundo, precisava de concentração nesse momento, me ajoelhei e peguei o martelo do chão, coloquei-o dentro da gaveta. E fechei gaveta calmamente.

Senti que o olhar de Carlos estava nas minhas costas. Dei um passo para o lado e sai em direção ao meu quarto, precisava esconder meu tesouro, seria desvendado mais tarde. Carlos ficou parado onde estava, mas sabia que não seria por muito tempo.

Peguei o diário, o embrulhei de qualquer maneira no vestido e joguei dentro do meu baú. Quando eu fechei a tampa, senti as mãos de Carlos nos meus ombros. Paralisei novamente e minha respiração suspendeu por um segundo. Odiava como meu corpo me traia quando estava perto dele. Isso me gerava um sentimento de impotência. Acho que no fundo sabia que um dia meu tigre iria ganhar e eu sucumbiria ao seu desejo. Era somente uma questão de tempo. E ele parecia se divertir com minha reação física.
- Você esta diferente hoje? – Ele perguntou deslizando as mãos nos meus ombros e seguindo para as costas. – Esta até bonita.

Meu corpo podia querer se entregar, junto com meu tigre. Mas minha razão, que tinha como seu grande aliado meu dragão, não iria desistir facilmente, lutará até o fim com toda força. Ri dessa batalha travada dentro de mim. E também porque sempre vivia muito mais dentro de mim, junto com as minhas fantasias e loucuras, do que no mundo externo, na chamada realidade.

- O que você esta rindo? – Carlos sussurrou calmamente entre os fios do meu cabelo.
- Estou me divertindo com a idéia que estava passando em minha mente – Respondi saindo do domínio de suas mãos.
- Clair você está diferente. Gosto disso. – Carlos olhava dentro dos meus olhos, Estavam cheios de luxuria.
- Carlos eu tenho muita coisa para fazer- Disse dando a costa para ele, fui caminhando para porta. – Então, você pode se retirar?
- Claro.

Ele passou vagarosamente por mim, seu corpo encostou-se ao meu propositalmente, parecia um gato se esfregando nas pernas do seu dono. Minhas pernas enfraqueceram um pouco pelo seu contato. Como defesa, minhas pálpebras fecharam tentando me fazer concentrar na minha determinação de não entregar aquele monstro. Agradeci internamente a ao meu dragão, por tamanha responsabilidade.

Quando ele sumiu entre o jardim, senti um enorme alivio. Meus olhos fitaram o chão, a vergonha que havia dentro de mim era enorme, não devia nutrir esses tipos de sentimentos e emoções por Carlos. Eu sempre estive ciente que nunca teria uma relação saudável com ele, era uma experiência que só traria dor e sofrimento ao meu coração. O que ele sente por mim são sentimentos errôneos, sinto isso perfeitamente. Mas é sempre assim, não conseguimos controlar objeto que o coração deseja, é irracional e incontrolável. Até quando meu dragão poderia me proteger da fome de desejo que meu tigre tinha por Carlos?

Suspirei, não era hora de ter esse tipo de discussão interna. Tinha muito trabalho me esperando, a festa não se arrumaria sozinha, eu tinha que ir para a labuta. Deveria ir logo, porque se demorasse mais ali talvez Carlos voltasse. Sem duvida minha cota de força de vontade já estava enfraquecida. Não quero me arriscar mais.

Então sai a passos largos entre o jardim. Eu sabia que o dia seria cansativo, mesmo havendo uma equipe para decorar todo local, era a minha responsabilidade deixar tudo impressionantemente bonito para o evento de hoje à noite, era muito detalhe e responsabilidade em meus ombros.

Entretanto me agradou a promessa de um dia longo de trabalho. Manteria minha mente entretida por algumas horas, mas sabia que ela daria um jeito de pensar o que estava escrito naquele diário durante a minha jornada de trabalho.

Quando cheguei na cozinha vi Estela andando de um lado para outro, esbravejando palavras de ordem e xingamentos. No momento que seus olhos repousaram em mim, pressenti que seria alvo de sua fúria.

- O que você esta fazendo parada aí? – Ela gritou soltando vários perdigotos. – Comece a trabalhar.
- Sim Estela! – Respondi já pegando as verduras que estavam na bancada.

Assim comecei minha rotina, pela área de culinária lavando e cortando os legumes e verduras, temperando as carnes, preparando o banquete que seria servido à noite. Depois de adiantar bem minha tarefas na cozinha, segui para o jardim com o intuito de verificar se a decoração estava sendo feito de acordo com desejo de Estela. Para minha total felicidade a equipe seguia muito bem as orientações da dona da festa, também eles já trabalham para ela muito tempo, já estão habituados com temperamento explosivo e desmedido da matriarca.

A festa de revellion do Fonseca sempre era um evento bastante aguardado pelos moradores de Jilas. Afinal sempre era uma comemoração repleta de várias tipos bebidas e com comida farta, os convidados sempre saiam muito satisfeitos. Em um lugar onde eventos como esses eram raros, os convites eram disputadíssimos, todo mundo queria ser convidado ou tentar entrar na festa de alguma maneira.

Contudo Estela fazia questão de convidar todos os habitantes de Jilas. Não porque gostasse das pessoas, e sim com o intuito de mostrar para todos como sua família era abastada. Era um ato de extrema vaidade e futilidade, características bem peculiares da matriarca da família Fonseca.

Esse ano não foi diferente, mas tenho que ser justa e confessar mesmo havendo certos exageros, a festa estava lindíssima. A decoração do jardim estava encantadora, havia fios com pequenas lâmpadas brancas que cruzavam a extensão da festa, formando um tipo de teia de luzes, deixando o teto luminoso.

As mesas dos convidados tinham toalhas brancas de renda, todas feitas à mão, os talheres eram de prata, os copos de cristais com detalhes de ouro na borda, muito delicados. O arranjo de flores que havia no meio das mesas, era de orquídeas amarelas e no seu centro era colorido em tom de magenta, para acompanhar havia também bromélias vermelhas, tudo em um vaso de barro lindamente esculpido.  E o perfume que elas exalavam inebriante.

Já a mesa onde estava o banquete os pratos eram fartos, alimentaria o dobro de convidados que estavam lá naquela noite. Muita ostentação, exatamente como Estela gostava demonstrava para todos.

A festa transcorreu sem grandes incidentes, houve somente os problemas de sempre, alguém quebrando um prato, a reposição dos alimentos, alguém passando mal por abusar do álcool. Fatos que ocorrem em qualquer reunião de pessoas. Não parei um segundo, isso já era esperado. Durante toda a correria fiquei procurando por Ernesto, mas não o vi em canto algum. Comecei a ficar aflita, isso não era um comportamento comum, ele sempre ficava perto de mim, para comentarmos sobre os convidados.

Era estranho esse sumiço do meu irmão porque toda vez que ele se afastava de mim, por qualquer motivos que fosse, desde do mais importante até o mais ínfimo, ele me avisava, pois sabia que me preocupo com ele. Afinal ele é a única pessoa que eu tenho na vida para contar, era a minha família na terra, sem ele minha vida era vazia e só. Além diss, ele me protegia de tudo e de todos. Assim a sua mínima ausência era sentida por mim, nunca ficamos mais do que horas separados, onde um estava outro também se encontrava.

Ao final da festividade comecei a procurá-lo com mais afinco, buscava por todos os lados a sua figura. Caminhei entre as mesas, parei na pista de dança, bem no meio dela onde ainda havia várias pessoas dançando animadamente. Observei cada rosto, nenhum era de Ernesto. Não achá-lo gerava ansiedade dentro de mim, e cada minuto que passava ela crescia sufocando-me, havia uma agitação dentro de mim. Onde ele poderia estar?

- Está procurando por alguém? –Carlos perguntou aparecendo como um vulto na minha frente. - Espero que seja por mim. – Passando uma das suas mãos nos meus cachos e a outra repousando na minha cintura.
- Não tenho tempo para isso. – Minha voz saiu falha, fechei meus olhos tentando buscar concentração. Não queria deixar que seu toque me dominasse e também queria achar meu irmão.

Sai andando entre os corpos suados que dançavam animados na pista. Senti seu olhar repousar nas minhas costas, não queria ficar ali com ele. Minha inquietude, meu novo ser dentro de mim adquirido nessa manhã, começou a se agitar tanto juntou ainda com a minha ansiedade, isso tudo começou a me enjoar. Senti o mundo rodar por alguns segundos.

Corri para a margem do jardim, me agachei entre os arbustos, precisava disso para me reequilibrar meu corpo e mente. O mínimo pensamento de ficar longe de Ernesto me gerava um sentimento de solidão, sem ele, eu estaria sozinha no mundo. Esse medo me fez suar loucamente, as gotas brotavam na minha testa e na minha nuca, senti a ânsia vindo dentro do meu corpo.

Tentei racionalizar o meu medo, em uma tentativa de controlá-lo, por que eu estava deixando aquele monstro me enfraquecer daquele jeito? Era um sentimento irracional. Mas fui tomada pela idéia que hoje tudo foi tão atípico os acontecimentos que tinham ocorrido mais cedo, até o comportamento ameaçador de Ernesto com Estela. Tremi ao lembrar os olhos assustadores do meu irmão. Tudo estava tão estranho que poderia sim ter acontecido alguma coisa com ele.   

Então vi uma sombra se formar a minha frente. Dei um pulo para ver quem estava atrás de mim. Meu coração parou por um segundo, não acreditei quando vi Ernesto atrás de mim com um sorriso desconfiado. Acho que ele estava confuso o porquê eu estava naquele lugar e daquela maneira.

- Clair você viu algum fantasma que você trouxe de souvenir da livraria hoje? – Ele passou sua mão na minha testa secando meu suor.
- Onde você estava? – Gritei sem querer, expulsando todo aqueles minutos aflitivos a sua procura.
- Calma! – Ele me olhou assustado – Estava pegando uma coisa que você estava querendo muito.

Seus olhos tinham um brilho igual de uma criança que tinha acabado de fazer uma travessura. Ele esticou a mão direita para mim, não estava entendo o que ele queria dizer com aquele gesto. Reparei que seu punho estava fechado, ele olhou para mim com um ar de divertimento, mas continuava a não entender o que ele iria me mostrar. Comecei a ficar irritada com todo aquele mistério, e percebendo isso ele começou abriu os dedos vagarosamente, só para aumentar minha inquietação. Acredito que meu estado tenso o divertia.

Assim vi um pequeno pedaço de metal, com um brilho e com característico de metal envelhecido, tive certeza que já tinha visto semelhante hoje, comecei a repassar minhas memórias do dia. Como uma explosão, lembrei que aquela cor era mesma do fecho do diário. Aqueles segundos pareciam intermináveis, os movimentos dos dedos de Ernesto pareciam estar muito lentos para minha curiosidade. Será que era o que eu estava pensando? Quando ele finalmente abriu toda a mão pude ver que minha dedução era correta. Era uma chave do diário!

Internamente a gaveta onde estava todas as perguntas e conclusões feitas mais cedo no dia de hoje se abriu ferozmente, liberou todo seu conteúdo, que logo se juntou aquela nova peça que Ernesto estava me dando. Ofeguei por um segundo.

- Como você conseguiu? – Estava gaguejando e tremendo incrédula.
- Lisa veio para me entregar. – Ele respondeu todo presunçoso. Abriu minha mão e colocou a chave nela. – Ela disse que você precisaria.
- Lisa te falou isso? Então realmente ela tinha algo a haver com aquele diário. Eu sabia!
- Ela disse que você encontrará muitas respostas naquelas páginas. – Ernesto estava quase que eufórico. Eu ainda me sentia anestesiada por toda essa mistura de sentimentos que havia dentro de mim.
- Como você a encontrou? – Minha voz ainda estava alterada.
- Eu estava servindo bebidas para algumas pessoas. Quando senti alguém me observando entre as plantas do jardim, fiquei incomodado com isso. Comecei a buscar quem era. Então vi os olhos lilás que conhecemos hoje de manhã. Posso dizer que paralisei por alguns segundo. Parei tudo que estava fazendo e fui à sua direção.
- Ela não fugiu de você? – disse impressionada.
- Por que ela faria isso? Você esta me chamando de feio? – Ernesto fingiu ficar magoado. – Assim você me ofende.

Então ele soltou uma gargalhada gostosa. Eu, entretanto, estava tão sobressaltada de curiosidade que não consegui acompanhar o seu humor. Senti meu cenho fechado, como um dia nublado repleto de nuvens, as minhas eram de frustração e curiosidade. Ele percebeu o meu estado e continuou.

- Bem. Vou falar logo, porque você está me olhando com uma cara muito estranha. Parece que você vai me matar. - Então bufei.
- Ernesto fale logo. – Eu disse entre dentes. Poderia até ser infantilidade minha, contudo me incomodava saber que Lisa procurou meu irmão invés de mim. Lá no fundo do meu âmago pensei que eu era a importante dessa historia, mesmo sem saber sobre o que ela tratava. Realmente isso tudo é muito estranho, os fatos e os meus sentimentos.
- Eu me aproximei dela vagarosamente, tenho que confessar: estava com medo dela fugir de mim. – Ernesto abaixou os olhos, mas logo retomou sua alegria. – Fui chegando mais perto, e ela foi abrindo cada vez mais o sorriso. – Vendo minha impaciência e ele encurtou a historia. - Assim que cheguei perto ela esticou a mão e me deu a chave. Disse que era do diário que você encontrou a na biblioteca. E falou que sabia que você não o arrombaria. – Ao final da frase não pude evitar, senti levantar minha sobrancelha, em sinal de espanto.
- Como ela sabia disso? Mas ela esta errada, porque eu pensei sim em arrombar o diário. – Senti minha pele do rosto esquentar de vergonha. Tinha sensação de culpa, como se tivesse traindo a confiança de Lisa. Entretanto ela era uma estranha, por que eu devia alguma consideração a ela?
- Porém você não arrombou certo? Isso que importa. Ela sabia que você não tinha feito. - Ernesto estava tentando me animar, tirar-me da minha tristeza. – Isso que interessa.
- Acho que você tem razão. – Olhei para palma da minha mão, onde a chave repousava. – Então vamos acabar com esse mistério. – disse Ernesto extremamente empolgado.

Ouvimos nesse momento o grito de Estela, parecia histérica, na verdade esse era seu tom de voz normal conosco. Estava procurando por nós, pois a festa havia acabado e assim deveríamos limpar e arrumar toda bagunça que resultou da festa. Ernesto já ia protestar novamente contra a matriarca da família, temi que ele ficasse irritado igual a hoje mais cedo. Pus a mão em seu ombro, tentando conter sua fúria.

- Já não esperamos? – eu disse calmamente – Vamos esperar mais um pouco. Vamos arrumar tudo e depois a gente vai ter paz para ler o diário, tentar entender toda essa loucura.
-É melhor a gente começar logo arrumar essa baderna, para podermos ficar livres logo. - Ernesto me respondeu mau humorado toda sua alegria anterior tinha se dissipado. 
- Vamos, te encontro daqui uma hora no casebre. Leremos juntos aquelas páginas. – Eu disse olhando diretamente nos olhos do meu irmão. - Afinal estamos nessa aventura juntos.
- Ok. Você me convenceu - Ernesto já estava me abraçando bem forte. – Desculpe ter te assustado com minha ausência. Lembre-se: sempre estaremos lado a lado. Somos a família um do outro. Você não vai se livrar de mim facilmente, maninha.

Acredito que todo esse furacão de sentimentos que estava acontecendo dentro de mim, desde na manhã de hoje, estava mexendo com meus ductos lacrimais. Eles logo trabalharam quando ouviram a frase que meu irmão acabará de falar. Minha visão ficou embaçada, Ernesto virou um borrão na minha frente.

O abracei mais forte. Só nós entendemos o que cada um representa na vida do outro. Sempre fomos sozinhos no mundo, e só tínhamos um ao outro para viver a loucura que era nossas vidas. Sem duvida ele era a pessoa mais importante da minha vida. Não sei o que eu faria sem ele, nem gosto de imaginar. E sinto que ele também tem o mesmo sentimento do que eu.

-Vamos parar de sentimentalismo – Disse Ernesto em seu costumeiro tom zombeteiro- Vamos logo antes que Estela chegue perto o suficiente para minha mão encostar na cara dela.
- Sim – Foi a única palavra que consegui dizer enquanto enxugava minhas lagrimas.

Ele riu desse meu choro, começou a me ajudar secar minhas lagrimas. Então ouvimos Estela gritar novamente nossos nomes, isso fez Ernesto fechar os punhos e os olhos, acredito que ele tava contando até dez para não voar naquela mulher. Eu ri daquela tentativa de meu irmão se acalmar, e isso me pareceu, aliviá-lo de sua tensão. Então o virei para o outro lado e o mandei ir embora. Inspirei e expirei profundamente, precisava de serenidade para não acatar a idéia de meu irmão contra Estela. Os gritos estavam mais e mais enlouquecidos.

Para não acontecer nenhum incidente, fui em direção dela. Ouvi atentamente suas instruções sobre como arrumar a casa, logicamente que era desnecessário aquele discurso, afinal era sempre meu serviço diário arrumar toda a casa. Mas deixei-la falar tudo que desejava. Depois de dez minutos de falatório, ela encerrou e marchou para sua casa. Fiquei aliviada por ela ter ido embora, não sei por mais quanto tempo eu agüentaria a sua companhia.

Logo em seguida comecei arrumar toda a bagunça que estava espalhada por toda casa e jardim. Não sei se era minha ansiedade para ler logo aquele diário, mas parecia que a festa de hoje tinha deixado mais estragos do que as anteriores. Todo esse processo de limpeza me consumiu preciosas duas horas. Quando visualizei que tinha terminado minhas obrigações domesticas, corri para o casebre, meu coração começou a aumentar o ritmo, minha curiosidade me consumia por inteiro. Corri o máximo que minhas pernas conseguiam, começaram a queimar pelo esforço.

Ao chegar à cabana, vejo a porta da frente aberta, isso me fez ficar cautelosa. Será que Ernesto tinha deixado a porta aberta? Não era comum, normalmente ele sempre a fechava para que Carlos não ficasse me observando de camisola. Já que algumas vezes meu irmão o pegou ao redor do nosso casebre.

Entrei calmamente, meus passos eram cautelosos, não queria produzir nenhum som. Analisei o ambiente e vi que a luz do meu quarto estava acessa. Isso fez meu sangue gelar, meu coração agora se debatia loucamente em meu peito, o encontro dele com minhas costelas estavam me incomodando. Respirei e inspirei tentando controlar o meu receio sobre meu invasor. Quem estava no meu quarto?

Na verdade intimamente eu sabia, afinal meu tigre estava inquieto, confirmando a minha suspeita, só poderia ser Carlos. Comecei a caminhar decidida para quarto, isso deixou meu felino enlouquecido de desejo. A cobiça e a luxuria começaram a desenhar imagens de nós dois juntos. Eu estava andando em direção ao meu quarto, minhas pernas ficaram falhas, mas continuei andando. Eu estava determinada, eu precisava entrar naquele lugar, ler o diário. “E ver Carlos”.Sussurrou o tigre dentro de mim e rugiu.

Ao chegar a porta do quarto espiei a fresta entreaberta, vi Carlos de costa com a cabeça baixa. Então abri a porta lentamente, mas fui traída por um rangido da madeira, que fez Carlos virar e me encarar.

Quando vi suas mãos no diário, e o fecho arrebentado.  Eu pude sentir meu dragão bufar todo o calor que a raiva poderia exigir. Meus punhos se fecharam ao lado do meu corpo. Fui tomada por uma sensação de pose, que nunca antes havia sentindo. Era meu aquele diário, os segredos que havia nele pertenciam a mim, eu que deveria ter lido e não ele.

-O que você esta fazendo aqui? – sibilei com ódio para Carlos.
-Como você conseguiu esse diário? – Perguntou balançando o diário em suas mãos, seu tom era despretensioso.
-Não te interessa. - Respondi entre dentes- Devolva o diário. Ele é meu. – Dei um passo na sua direção, com os punhos ainda cerrados na lateral do meu corpo.
-Nossa nunca te vi com tanta raiva- Ele esquivou de mim. E começou a andar em volta de mim.- Você fica linda brava desse jeito.
-Carlos me devolva isso. – Eu estava paralisada, mas eu já estava gritando.
-Venha pegar. – Senti seu hálito quente no meu ouvido.

Meu tigre deu um salto de felicidade, era o convite que ele sempre esperou ouvir de Carlos. Mas eu tinha um desejo mais urgente em minha mente: o diário. Mas eu ia aproveitar a vontade do meu tigre ao meu favor, eu ia usá-lo para atingir o meu objetivo.

Investir todo meu peso corpóreo contra Carlos, isso o fez assustar, e acabamos caindo em cima da cama, eu por cima dele. E começamos lutar, na verdade eu tentava pegar o diário da suas mãos, mas ele era muito rápido. Ele conseguia se desvencilhar das minhas investidas das minhas mãos com extrema agilidade. Isso estava me irritando, mas meu felino estava em êxtase pelo contato dos nossos corpos. Mas nada disso importa, a única coisa que importava era eu pegar o diário.

Carlos parecia se divertir com meu desespero, então ele passou a mão que estava livre em minha cintura, me segurou e girou nossos corpos, me fazendo repousar debaixo dele. Jogou o diário para o canto do quarto, para livrar suas mãos que logo prenderam as minhas ao lado do meu corpo. Eu lutava para tirá-lo de cima de mim. Comecei a me debater, ele me olhava intrigado, acredito que surpreso com aquela minha reação.

-Clair quanto mais você lutar, mais difícil vai ser eu te soltar. - Ele segurava com força meus punhos. – Agora me responda: Como você conseguiu esse diário.
-Não é da sua conta. - Meus olhos marejaram, ele estava me machucando fisicamente quanto ao meu orgulho.
-Você é tão fraca. – Ele inclinou em direção ao meu rosto - Sempre foi tão frágil, que chega ser injusto eu me aproveitar de você assim, tão desprotegida. - Um sorriso luxuria formou-se em seus lábios.

Aquelas palavras fizeram meu dragão empurrar o tigre para longe, assim o mesmo fiz com Carlos. Não sei de onde aquela força surgiu talvez minha adrenalina tivesse fortalecido meus músculos, dando para eles combustível para trabalharem de forma mais eficaz.

Não importa a origem daquela força, só o vi caindo parando na parede. Levantei apressadamente e corri para direção do diário, no meio do caminho senti as mãos dele pegando meus calcanhares, me fazendo cair de frente para o chão. Mas estiquei os braços e consegui alcançar o diário.

Senti Carlos subindo nas minhas pernas, comecei a chutá-lo na esperança de atingi-lo. Entretanto parecia inútil, ele continuava a subir, então fechei os olhos, não queria ver o que ia acontecer comigo quando ele chegasse novamente perto do meu rosto. Será que ainda resistiria a suas investidas?

Nesse momento ouvi Ernesto me chamar, senti o corpo de Carlos tremer ao ouvi a voz do meu irmão. Graças ao céu sempre tive meu irmão para me salvar de Carlos e de mim mesma. Ao ouvir a voz do meu irmão, Carlos se colocou de pé em menos de um segundo, e correu para janela. Encolhi-me no canto do quarto com o diário em meus braços que repousavam juntos em meu peito. Mas antes escapar ele virou e me ameaçou.

- Você ainda será minha. – Seu sorriso era perturbador junto com seu olhar – Você não pode fugir sempre.

Meu corpo reagiu com medo, um espasmo percorreu a minha espinha, ao ouvir aquela ameaça. No fundo eu acreditava piamente nas palavras dele, sabia que era questão de tempo e de oportunidade para eu me entregar a esse sentimento doentio que sentia por ele. Abaixei a cabeça pelo peso dessa certeza. Senti-me suja por nutrir tal sentimento por aquele monstro. Queria ter outro destino para mim, longe dessa insanidade que eu vivia. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Então vi que eu estava molhando a capa do Diário. 


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Notas finais do capítulo

aiaiaiaiai... vms pro diariooooooo



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