Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 13
Capítulo 13 - Retorno




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Mitsuru-kun e eu percorremos toda a extensão do rio até a estação em um tempo recorde, tão rápidos quanto assaltantes de farmácia. Fomos saudados por Haruki, que nos esperava com os braços cruzados e o semblante de um segurança de porta de boate. Depois de perguntar como foi o nosso não-encontro e especular os resultados da nossa pesquisa de campo, ele xingou abertamente, decidiu que era hora de uma pausa e determinou que era a vez de Mitsuru pagar a conta de todos, já que, segundo ele, a culpa pelo fracasso de todos era toda e inteiramente oriunda da falta de vontade para encontrar mistérios que ele apresentava.

Após um frugal almoço de lanchonete, Haruki puxou os seus antecipadamente preparados palitos marcados para um novo sorteio. Meu estômago ainda roncava, e eu duvidava muito que a carne do sanduíche daquele lugar fosse algum dia ser absorvida inteiramente pelo meu organismo, mas me mantive calada quanto ao fato de querer voltar correndo para casa e para a comida de domingo da minha mãe. O entusiasmo de Haruki, renovado depois de uma alimentação, mesmo que parca, era maior do que tudo isso.

Itsuko pegou um dos palitos, sorrindo radiantemente com seus dentes brancos.

— Não está marcado – ela anunciou, mostrando o palito como uma apresentadora de programa de variedades.

— O meu também não – Mitsuru disse fracamente, com a expressão um pouco desconfortável – E você, Kyonko-chan? – ele indagou, interessado. Senti todos os olhares da mesa grudados em mim. Peguei o palito do meio, sem titubear.

— Está marcado – confirmei.

Haruki pareceu cada vez mais temperamental, e avançou contra um dos palitos restantes antes de entregar o último para Nagato. O dele estava marcado, o de Haruki não.

O líder da Brigada fitou o palito não marcado como se pudesse explodi-lo com seu olhar a laser, e então virou-se para mim, com a mesma intensidade. Senti um arrepio agourento na base das costas.

— Encontre-nos em frente à estação às quatro. Nem um minuto há mais. É melhor que tenha algo para mim até lá – ele terminou a bebida em um só gole – Vocês ficam com o Sul. Tenho que ressaltar mais uma vez que não se trata de um encontro?

Como não houve resposta, ele se levantou. Puxou Mitsuru pela gola parte de trás do colete, separando-o friamente do hambúrguer que ainda estava pela metade, e rebocou-o para fora do lugar. Itsuko foi desfilando logo depois, apressada.

— Acho que teremos que pagar a conta…

-

— O que devemos fazer? – indaguei para Nagato, que parecia estar aprimorando o seu hobbie de olhar para frente.

Estávamos no meio da rua, do outro lado da lanchonete. Haruki e os outros há muito já haviam sumido no horizonte.

Comecei a andar sem rumo certo, e logo encontrei Nagato me seguindo. Acho que estava me acostumando a andar com ele agora, e de certa forma, era fácil.

— Hmm... Nagato-san – chamei, querendo parecer o mais casual possível – Sobre aquilo que você disse outro dia…

— O que?

Engoli em seco ao ouvir sua voz, mas continuei andando no mesmo ritmo. Eu mesma não podia acreditar que ia dizer aquilo. Talvez seja a doença de março me afetando, um pouco atrasada. Ou simplesmente eu passei tempo demais ouvindo Haruki.

— Posso estar começando a acreditar em você. Um pouco. – disse, em voz baixa.

— É isso? – ele indagou, com a voz firme. Não ousei olhar sua expressão, que certamente seria tão monótona quanto o tom de voz que ele usou.

— É.

Depois disso, o silêncio. Na verdade, não havia nada de atípico no silêncio quando se tratava de Nagato Yuuki, mas isso não o fazia menos incômodo.

— Por que você está de uniforme no final de semana?

Não houve resposta. Olhei para trás, apenas para verificar se Nagato continuava me seguindo, mas ele já se encontrava ao meu lado, olhando fixamente para o caminho com os olhos inexpressivos atrás das lentes dos óculos.

— O que você faz nos feriados?

Ele novamente não deu sinais de que estaria ciente das minhas tentativas de acabar com o monólogo. Se não o conhecesse, diria que era deficiente auditivo. Ou talvez ele estivesse somente me ignorando… Eu sou tão chata assim?

 — Você está feliz?

 —…

 — O que você pensa sobre a atual situação econômica do Japão?

—…

— Esquilos são fofos, não?

—…

Essa foi a nossa conversa naquele dia.

Não fazia sentido vagar pela cidade como dois mendigos bêbados, e seria patético procurar por aliens quando de acordo com as suposições, estava com um ao meu lado naquele exato momento. E eu percebi depois de alguns minutos que não havia chance de iniciar um diálogo então subitamente a melhor das ideias surgiu na minha mente, desabrochando como sakuras na primavera.

A Biblioteca.

Não havia outro lugar mais adequado para aquele garoto em todo o universo, e era milhões de vezes mais confortável estar com ele quando não havia pressão para tomar a iniciativa. E também, tenho a forte sensação de que ele ficaria bem feliz naquele lugar.

Eu já havia estado lá algumas vezes para trabalhos escolares ou durante o desespero das provas finais, mas não costumava emprestar livros com tanta frequência. Assim que entramos lá dentro, Nagato avançou sobre as prateleiras como uma garota em dieta vai para a geladeira.

Escolhi algum livro da prateleira mais próxima, randomicamente, e folheei algumas páginas. As palavras soltas que eu pude perceber me agradaram então eu procurei por algum lugar para me acomodar, enquanto Nagato sumia entre as estantes de livros grossos e de capa dura, que traziam consigo uma espessa camada de poeira ilustrando o quanto eram requeridos. Ele realmente deve amar esses livros enormes.

Sentei em uma poltrona de leitura que estava no lugar onde não havia estantes. Não fazia ideia de quanto tempo havia passado, e estava absorta na história, que era alguma coisa sobre idade média, um cavaleiro e uma princesa, quando senti o celular vibrando dentro do bolso da jaqueta. Corri para fora, assustada com os olhares de repreensão que recebi mesmo que o celular estivesse no modo de vibração.

— Alô?

— Onde diabos vocês estão? – Um rosnado inumano ecoou pela minha mente. Afastei o celular do ouvido, a fim de manter a capacidade auditiva intacta – Você sabe que horas são?

— Desculpe, eu estava distraída… - respondi sem pensar.

— Idiota! O que você tem na cabeça?

Você é última pessoa do mundo que pode perguntar o que eu tenho na cabeça.

Olhei para o visor do celular. Já eram quatro e meia. Se me recordo bem, ele marcou o encontro para as quatro. Isso explica sua incontestável fúria.

— Você tem trinta segundos para estar aqui na minha frente! – ele disse, deligando o telefone suavemente na minha cara. Não ordene coisas que são impossíveis para alguém como eu!

Após colocar o telefone de volta no bolso, voltei à biblioteca. Nagato ainda estava parado no mesmo lugar a sabem-se lá quantas horas desde que chegamos, com uma pesada enciclopédia nas mãos. Meu telefone tocou de novo, mas eu o ignorei, seguindo até onde o garoto estava.

— Nagato-san, nós temos que ir – pedi. Ele não se moveu um centímetro, com os olhos grudados nas páginas – O Haruki já ligou duas vezes... três agora. – corrigi, sentindo o celular se manifestar novamente – É melhor nos apressarmos.

— Não. – ele respondeu, olhando-me por baixo das lentes, e voltou a focar-se no livro.

— Ah… Nagato-san… Por favor… - suspirei, querendo jogar aquele celular irritante que dançava loucamente no meu bolso contra a parede. Sem pensar duas vezes, segurei-o pela manga do casaco e arrastei sua figura inerte até o balcão principal – Esse garoto quer fazer um cadastro para emprestar esse livro – eu disse rapidamente para a garota que estava como recepcionista. Ela fitou Nagato longamente, e então se voltou para o computador, digitando com agilidade e fazendo algumas perguntas ocasionais. Depois de finalizado, apressei-me porta afora, sentindo Nagato nos meus flancos. Ele carregava o pesado livro, que parecia ser de filosofia e tinha um nome impossível de pronunciar, seguro na mão angulosa, apertando-o com tanta força que os nós dos dedos se tornavam ainda mais brancos que o resto da pele.

Corremos toda a extensão até a praça. Corrigindo, eu corri, afinal as pernas longas de Nagato podiam percorrer sem esforço o equivalente a aproximadamente dez passos meus. Quando finalmente as três pessoas que nos esperavam entraram no meu campo de visão, eu desejei ter fugido enquanto tive oportunidade. Haruki estava tão furioso que não seria estranho vê-lo ficar verde e explodir suas roupas ali mesmo.

—Você está atrasada. – ele disse, friamente calmo, de uma maneira totalmente ameaçadora. Seria menos assustador se ele tivesse gritado.

— Eu sei. Sinto muito. – pedi ofegante, segurando o lado das minhas costelas que parecia estra perfurando meu pulmão.

— Onde estavam? – ele inquiriu, parecendo querer perfurar encarando com furor Nagato, que apenas sustentou inexpressivamente o olhar. Ele apenas mostrou o livro que trazia nas mãos como resposta.

— Você paga a conta. – disse apenas, com os olhos perigosamente entreabertos. Acaba de me ocorrer que isso tudo não passa de uma desculpa para Haruki comer de graça durante todo o dia. Não me diga que você passa fome em casa, Suzumiya?

O sol sumia no horizonte, deixando o céu vermelho de uma maneira muito preguiçosa. Finalmente, depois de um domingo desperdiçado por inteiro, a primeira atividade ao ar livre da Brigada SOS chegou ao fim. Em frente ao café em que tínhamos estado mais cedo, nós nos preparávamos para ir embora. Haruki falava expressivamente algo sobre ter tido mais sucesso se Mitsuru tivesse vindo com o cosplay de coelhinho.

— Obrigado por hoje. – Mitsuru-kun pronunciou suavemente, e o semblante cansado. Acenei com a cabeça, sorrindo desajeitadamente. Depois de se despedir de todos com um gesto, ele seguiu em frente, certamente querendo chegar logo em casa e se ver livre dos abusos insanos do Chefe da Brigada.

Estava pronta para dar as costas e seguir meu rumo também, quando senti uma mão enorme no ombro, bloqueando-me. Nagato Yuuki me encarava diretamente, perfeitamente imóvel como o usual.

— Agradeço por me mostrar aquele lugar – ele disse, com sua voz baixa e grave. Não havia nada que demonstrasse minimamente sinais de gratidão em sua expressão, mas eu sentia que ele estava sendo verdadeiramente sincero.

— Não foi nada, Nagato-san. – sorri sem graça, corando imperceptivelmente.

— Yuuki. – ele disse somente, retirando-se para a direção oposta. Mesmo estando no meio de uma multidão, ele se destacava com sua altura e a maneira excepcionalmente elegante de andar. Aquela era a sua maneira de pedir que eu o chamasse pelo primeiro nome?

— Kyonko! – Haruki chamou, antes que eu pudesse sequer ficar confusa com a situação – Não pense que você vai conseguir ir embora assim. O que esteve fazendo o dia inteiro?

— Acredito que o mesmo que você – blefei, tentando fitá-lo com a mesma intensidade que ele fazia. Ele fez um som estranho, que se aproximava de um rosnado, e então cruzou os braços.

— Tanto faz. – ele afastou os olhos – Eu vou levá-la até em casa, então se apresse. – resmungou.

— O que? – indaguei incrédula.

— Você ouviu o que eu disse, então venha logo – ele disse, começando a andar.

— Espere, Suzumiya-san – ouvi outra voz se sobrepondo, avançando na minha direção. Itsuko sorriu, segurando o braço de Haruki com naturalidade, impedindo-o de avançar – Eu gostaria de acompanhar Kyonko-chan hoje.

Haruki bufou.

— Então venha junto.

— Ah… - ela riu como se pedisse desculpasse, abraçando-me pelo ombro como uma velha amiga. Eu recuso esse tipo de naturalidade! – Eu adoraria, mas gostaria de poder ter uma conversa a sós com ela. Uma conversa entre garotas. Você compreende?

— Certo – ele sibilou, tomando o sentido contrário, sem olhar para trás. Logo sua figura se misturou à paisagem, e eu não o reconheci mais em meio aos outros. Muito obrigada por me abandonar, Suzumiya-san!

— Vamos? – Itsuko indagou, inclinando o corpo na minha frente.

— Não me diga que você também tem algo para me contar sobre Suzumiya? – tentei ser o mais cética possível, enquanto começava a andar. A minha suposição pareceu estar correta, pois Itsuko mudou sua postura imediatamente, ficando ereta e rígida, mudando sua imagem fofa por um momento.

— Ah! – ela suspirou, movendo os cabelos com a mão – suponho que aqueles garotos já se aproximaram de você, considerando sua reação. Julguei sua atitude de sabe-tudo como sendo um pouco incômoda – Até onde você está informada?

— Tudo o que sei é que Haruki não é uma pessoa comum, acho.

— Hmm... isso torna as coisas um pouco mais fáceis para mim… – ela ponderou, colocando o indicador no queixo enquanto mirava o céu – Em resumo, é exatamente isso.

Continuei a caminhar, sem me deter àquela pessoa ao meu lado. Isso só pode ser algum tipo de conspiração de alguma instituição do governo americano! Será que algum tipo de vírus mutante está afetando o cérebro dessas pessoas? Ou o aquecimento global finalmente conseguiu infiltrar seus raios ultravioletas na mentalidade humana, derretendo os miolos das pessoas? Creio que o meu também foi derretido, considerando que eu ainda não liguei para o hospício. E pior, eu poderia estar também acreditando naquelas palavras, possivelmente. Os sintomas estão se agravando.

— Primeiro, me diga quem você é realmente. – pedi, a fim de me situar na história, mesmo que já tivesse um palpite.

— Eu sou uma esper – Itsuko agitou seu corpo levemente, com certa expectativa encoberta na voz – Ou o que você chama de esper. Bem, eu possuo poderes paranormais.

Eu olhei a vitrine da loja mais próxima, tentando fingir que aquela conversa pudesse ser avaliada como “normal”. Aquele vestido ficaria ótimo… Sigh! É impossível!

— Preferia não ter me transferido para esta escola tão repentinamente, porém houve uma mudança nas circunstâncias. – ela continuou a falar, ignorando habilmente as minhas tentativas vãs de agir naturalmente – Nunca pensei que aqueles dois iriam atuar tão repentinamente, sendo que estiveram sempre observando Suzumiya de longe.

Pare de se referir à Haruki como se ele fosse um animal de zoológico ou um traficante colombiano alvo de investigações do FBI.

— Se acalme – ela pediu, percebendo meu incômodo – Estamos nos esforçando também, e não temos intenção de causar prejuízos de qualquer caráter à Suzumiya-san. Na verdade, nós queremos apenas protegê-lo.

— Nós? Há mais pessoas como você?

— Não muitos, realmente. Eu ainda pertenço a patente mais baixa, então não tenho acesso a todas as informações, mas parece que pode haver cerca de dez atualmente. E todos nós estamos sob a supervisão da ‘Organização’.

Oh, sim! Agora tudo faz sentido!

— Eu não sei de muita coisa sobre os membros ou sobre o que a Organização consiste, mas parece que há a influência dos poderosos de cima. Assim como você pode ter presumido, a Organização foi fundada há três anos, e sua prioridade é observar Suzumiya Haruki.  Eu não sou a única componente da Organização na escola, sempre houve alguns infiltrados entre os alunos, antes de mim. Eu apenas tive sorte de poder estar mais próxima.

Por que todos vocês gostam do Haruki? Ele é apenas um garoto excêntrico que causa problemas aos outros com a sua excentricidade. Ele pode até ser um pouco atraente, mas não acho realmente que seja ao ponto de ter toda uma organização fundada apenas para analisa-lo.

— Não sei o que aconteceu comigo três anos atrás, mas um dia eu acordei e subitamente percebi que possuía poderes paranormais. Fiquei assustada e sem saber o que fazer, e foi quando a Organização me encontrou. Eu realmente pensava que havia algo de errado com o meu cérebro.

Eu ainda acho que tem algo de errado com o seu cérebro.

Repentinamente, ela parou, colocando as mãos atrás das costas com a cabeça levemente inclinada para o lado.

— Kyonko-chan, quando você acha que esse mundo começou a existir?

— Big Bang? – arrisquei tolamente.

— É o que dizem… - ela riu, recomeçando a andar ao meu lado – Porém, para nós, existe outra teoria. Esse mundo veio a existir somente há três anos.

Olhei para o rosto de Itsuko, esperando que ela dissesse “é brincadeirinha” e então sorrisse daquele jeito odioso, mas isso não aconteceu.

— Isso é um absurdo – argumentei – Eu tenho memórias do que aconteceu antes de três anos atrás, a cicatriz que ganhei quando caí da árvore, e há todas as coisas descritas nos livros de história!

— E como você pode ter certeza de que os humanos não foram criados com memórias pré-determinadas? Nesse caso, o mundo poderia ter sido criado há apenas cinco minutos atrás, e você não teria evidências do contrário.

— Vamos supor que eu concorde com isso. O caso é, o que a existência da sua Organização tem a ver com o Haruki?

— O líder da Organização acredita que toda a nossa realidade não é nada além do sonho de uma pessoa, e para essa pessoa, criar e alterar o espaço e as situações é algo simples e preciso. E você pode imaginar quem é essa pessoa.

Ao olhar para mim novamente, por um breve momento Itsuko pareceu ser alguém mais madura.

— Você sabe como os humanos chamam aquele com poder de criar e destruir o mundo? – frente a minha falta de resposta, ela continuou – Deus.

Arqueei as sobrancelhas para aquela afirmação. Isso parecia mais absurdo do que a possibilidade do mundo ser criado há cinco minutos.

— É por esse motivo que nos mantemos cautelosos. Se deus ficar descontente com esse mundo, pode simplesmente destruí-lo para recriá-lo completamente do inicio. Eu acredito que esse mundo vale a pena, mesmo com todos os defeitos eventuais que possa apresentar, e é por isso que eu venho ajudando a Organização a protegê-lo.

— Então vá e fale com Haruki. Peça para ele parar, eu tenho certeza que ele ficaria feliz em ser chamado de deus e ouviria o seu pedido.

— É claro que isso não é possível. Suzumiya-san ainda não está ciente dos seus poderes, e nosso trabalho é garantir que ele continue assim e possa viver sua vida pacificamente. Nesse momento ele ainda é incapaz de controlar o mundo a sua vontade, está incompleta. Mas mesmo não estando completamente evoluído, ele já dá sinais do que é capaz.

— Como você sabe?

Itsuko voltou a sorrir.

—Por que você acha que pessoas como eu, Nagato Yuuki e Asahina Mitsuru existem? É por que Suzumiya-san desejou!

Imediatamente, as palavras de Haruki no começo do semestre vieram à minha cabeça.

— Como ele ainda não tem noção da proporção dos seus poderes, é incapaz de utilizá-los em sua totalidade, mas ele pode liberá-los subconscientemente de maneira aleatória. Nos últimos meses, Suzumiya-san liberou seus poderes excessiva e continuamente, o que resultou em Asahina-san, Nagato-san e até mesmo eu termos nos juntado ao seu clube.

Eu estive prestes a perguntar “E eu?”, mas isso pareceria carente e inseguro demais.

— Porém, para todos nós, é você a figura mais misteriosa de todas. Espero que não se importe, mas eu fiz uma série de pesquisas sobre você, e posso assegurar que você é um humano comum, sem nenhum poder especial ou particularidades específicas, além de um apelido fofinho.

Isso é uma crítica?

— Não sabemos o porquê de Suzumiya-san ter escolhido você para estar ao seu lado, mas o destino do mundo pode muito bem estar em suas mãos. Você é a única que pode garantir que Suzumiya-san não se sinta desagradado com este mundo.

De novo essa suposição de “escolhida”. Isso não passa de um clichê de mangá shonen! E nem mesmo faz sentido.

— E se Haruki morresse repentinamente? – indaguei, sentindo-me desconfortável apenas com a hipótese.

— O mundo seria destruído? Continuaria a existir sem um deus? Talvez outro surgisse em seu lugar? Ninguém pode fazer nada além de suposições.

Um gato espreguiçou-se em cima de um muro, há alguns metros de distância.

— Você disse que possuía poderes parnormais?

— Não precisamente, mas é essa a ideia.

— Então me mostre seus poderes e eu acreditarei em você. Acreditarei em todos vocês. Apenas me forneça provas em que eu possa me basear. Faça aquele gatinho levitar.

O gato levantou a cabeça, olhando na nossa direção como se tivesse ouvido a conversa. Itsuko sorriu animada, e eu imaginei que aquela seria a primeira vez que que via seu verdadeiro sorriso.

— Desculpe-me, mas não vai ser possível. Meus poderes necessitam de certas condições peculiares para se manifestarem, e eu não posso satisfazê-las agora, mas acredito que você terá chances de vê-los algum dia. Sinto muito por tomar o seu tempo, mas eu preciso ir para casa agora – ela sorriu novamente, colocando a palma estendida na frente do rosto, e saiu correndo como uma gazela para atravessar a rua. Ela está fugindo?

Do outro lado, ela acenou para mim uma última vez e então eu a perdi de vista.

Olhei novamente para o gatinho, que me encarava friamente. Ele ainda estava bem firme e seguro no muro. Como eu pensei.


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Notas finais do capítulo

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