Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 12
Capítulo 12 - Encontro




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— Mantenha em mente que isso não é um encontro, é uma operação de campo – a voz alta de Haruki chamava a atenção de todas as pessoas ao redor para nós – E você, – ele apontou para Mitsuru, que tremeu e se escondeu parcialmente atrás de mim – Não pense que me engana com essa cara de ingênuo, se levar ela para algum lugar suspeito, perderá a sua patente, e eu vou fazer com que sua reputação fique tão suja que você terá que revirar o lixo para conseguir o almoço do dia e acabará se casando com um cachorro embaixo da ponte. Procurem por mistérios!

Depois de gritar isso, ele deu as costas e seguiu com passos duros. Itsuko e Yuuki o acompanharam em silêncio. Eles seguiram para o oeste, enquanto eu e Mitsuru cobriríamos o leste. As pessoas continuaram a nos observar, cochichando casualmente. Pergunto-me por que elas ainda não chamaram a polícia.

— O que deveríamos fazer? – Mitsuru saiu de trás de mim e colocou-se ao meu lado, fitando-me com seus grandes olhos perdidos. Eu queria muito voltar para casa, ainda tinha esperanças de conseguir dormir mais um pouco, mas suponho que seja impossível. Pensei por alguns instantes, até chegar a nenhuma conclusão – Vamos dar uma volta, não faz sentidos ficarmos parados.

Ele assentiu, andando complacentemente comigo. Atravessamos a praça que havia sido o ponto de encontro, e demos voltas em algumas ruas. Olhamos as vitrines das lojas do distrito comercial, demos uma olhada na barraca de presentes, e Mitsuru gentilmente se ofereceu para pagar um sorvete para mim. Isso não soa como um encontro?

De qualquer forma, continuamos andando até encontrar o caminho da beira do rio. Há um mês, esse lugar estaria cercado de cerejeiras, mas agora o verde era predominante. Mitsuru parecia hesitante, e sua expressão sugeria que ele estava nervoso. Algumas garotas que passavam por nós olhavam para ele e faziam comentários, mas ele não parecia perceber. Nós dois tínhamos a mesma altura, mas por causa do seu semblante, é possível que pensassem que ele é meu irmão mais novo. Claro que ninguém iria supor que éramos colegas de clube à procura de coisas misteriosas.

— Essa é a primeira vez que eu faço algo como isso – ele disse repentinamente com sua voz inacreditavelmente suave, olhando fixamente para o rio enquanto seu rosto corava.

— Procurar por aliens? Bem… é a minha primeira vez também.

— Não! – ele disse, rindo. Sua risada lembrava a de um bebê. Pura e simples, sem maldade – Eu estou falando de andar por aí, com uma garota, sozinho.

— Aaah… - eu senti meu rosto queimar. Voltei o olhar para o rio, segurando com força a barra do vestido branco que levantava levemente com o vento – Bem… isso é uma surpresa. Você nunca saiu com uma garota antes?

— Não. – ele respondeu, sorrindo sem graça. Seus cabelos flutuaram ao redor da cabeça com a brisa, lembrando chamas de uma fogueira.

— Hmm... um monte delas já devem ter se confessado para você, ao menos. – comentei distraída, tirando o cabelo do rosto.

— Um pouco – ele sussurrou, abaixando a cabeça timidamente – Mas não faz diferença, pois eu não poderia me envolver em um relacionamento com ninguém por agora.

O silêncio se sobrepôs subitamente. Eu pensei em algo para dizer, contando três casais alegres, um nem tanto, e uma criança com um cachorro que passaram por nós.

— Kyonko-chan – ouvi sua voz fraca quando o cachorro iniciou uma corrida e arrastou a criança para frente – Eu tenho algo para dizer a você.

Ele me olhava desconfortavelmente, com os olhos de bebê foca repletos de coragem e determinação. Em um ato repentino, segurou meu braço por cima da jaqueta jeans, e rebocou-me até o banco próximo as cerejeiras. Esperei que ele dissesse algo, sentindo-me estranhamente impaciente, com expectativa latente.

— Eu não sou bom em explicar as coisas – ele dizia para si mesmo, com a cabeça baixa – Talvez ela não acredite em mim. Por onde eu deveria começar...

Finalmente levantou seu rosto, levemente corado, e com um tom de voz reconfortante, começou a falar.

— Eu não pertenço a esse tempo, a essa era. Sou uma pessoa do futuro. Não posso dizer quando cheguei e de qual plano temporal, nem qualquer outra informação. Isso é completamente proibido, e por isso eu tive que passar por um rígido treinamento antes de utilizar a máquina do tempo. Se eu tiver a mais remota intenção de revelar algum conhecimento não autorizado, minha memória sobre essa questão será imediatamente bloqueada. – ele tomou fôlego e me olhou, como se pedisse desculpas – Você entende o que eu quero dizer?

— Me perdi logo no começo – admiti. Estava revivendo a sensação nostálgica de ter ouvido algo como isso em um apartamento quieto e tedioso.

— Diferente da água que está correndo naquele rio, o tempo não possui fluxo constante. – ele disse calmamente, olhando para frente – A estrutura do tempo é formada por diferentes planos bidimensionais. – ele me observou com o canto dos olhos, para confirmar que eu havia entendido. Eu deveria estar fazendo uma cara muito estúpida, pois ele se ajeitou no banco e me encarou seriamente – Hmm… Que tal assim… pense em um anime. Quando você assiste, vê todas as imagens movimentando-se continuamente, mas na realidade eles são criados a partir de imagens estáticas. O tempo também é assim, de uma forma intensamente mais complexa. Entre um quadro temporal, ou uma imagem estática, e outro, há as chamadas fendas temporais, que quebram a continuidade entre os quadros temporais, mesmo que sua frequência seja próxima à zero. A viagem no tempo é uma forma de movimento tridimensional através dos planos bidimensionais. É como adicionar um objeto extra em uma imagem estática. Algo como acrescentar uma pessoa a uma foto que já foi tirada. Mesmo que haja mudanças nessa era, não haveria consequências no futuro, pois não há continuidade entre os planos. Você está me acompanhando?

— Sinceramente, eu estou me esforçando muito.

Mitsuru riu melodicamente, com seus cabelos acompanhando o movimento dos seus ombros. Eu estava revivendo a sensação nostálgica de ter ouvido algo como isso em um apartamento quieto e tedioso.

— Então me deixe contar a razão pela qual eu estou nesse plano temporal.

A criança que fora arrastada pelo cachorro passou pela nossa frente, na direção contrária. Trazia um grande sorvete na mão, que o cachorro fitava cobiçosamente.

— Há três anos, foi registrada a ocorrência de um imenso terremoto temporal. – onde foi que eu já ouvi essa história de três anos? – Ficamos chocados quando voltamos para investigar, por era impossível voltar mais longe no passado do que isso. Chegamos a conclusão de que havia um imenso abismo temporal, especificadamente nesse quadro temporal. Não tínhamos ideia do motivo de sua causa, e apenas recentemente – recentemente para a era da qual eu vim, é claro – viemos a descobrir o motivo.

— E qual é o motivo? – indaguei, com minhas suposições formuladas. Mas não poderia ser ele, poderia?

— É por causa de Suzumiya-san.

Definitivamente, eu não senti nenhuma alegria por ter acertado dessa vez.

— O incidente ocorreu exatamente na época em que Suzumiya-san entrou no ginásio, e ele estava no centro da quarta dimensão. Estamos certos de que foi ele quem bloqueou a passagem para voltar ao passado.

— Eu não acho que Haruki seria capaz de algo assim – expus minha opinião sincera com cuidado. Queria que ele sentisse que apesar de não poder acreditar naquelas histórias que dariam um ótimo roteiro de filme hollywoodiano, eu não o achava tão louco quanto poderia ter achado depois de ouvir essa mesma teoria contada pelo nosso antissocial colega de clube na noite anterior.

Mitsuru riu para mim, talvez agradecido pela minha disposição em escutá-lo.

— Eu também acredito que seja impossível para um ser humano normal interferir com os planos temporais, é um mistério longe de estar resolvido. Suzumiya-san não está ciente de que é a fonte de todas essas distorções e terremotos temporais, e eu vim para o lado dele para que pudesse observar cada alteração ocorrida. Podemos dizer que estou a cargo do monitoramento, na falta de uma expressão melhor.

Eu estava sem saber o que responder. Não queria ferir os sentimentos daquele garoto que olhava para mim esperançosamente, mas seria hipocrisia dizer que eu acreditava em tudo o que ele me dizia.

— Você não acredita em mim, não é mesmo? – ele perguntou com um sorriso triste.

— Não é isso. – me apressei em dizer – É que... bem… por que está me contando isso?

— Por que você foi escolhida por Suzumiya-san. – ele disse, abrindo mais o sorriso.

— Como? – indaguei atônita, sentindo o rosto corar subitamente – D-do que v-você está falando?

— Eu não posso entrar em detalhes, mas se estou certo, você é uma pessoa muito importante para Suzumiya-san. Existe uma razão para tudo o que ele faz, e deve haver uma razão para que ele queira você por perto também.

— Não, você deve estar enganado! – tentei desconversar, balançando as mãos de um jeito estranho. Procurei rapidamente por outro tópico de assunto – Então… Nagato e Koizumi são…

— Sim, eles são parecidos comigo, mas Suzumiya-san ainda não sabe que foi ele quem nos trouxe para o seu lado.

— Então você sabe o que eles são?

— Isso é informação confidencial.

— O que aconteceria se simplesmente deixarmos Haruki sozinho?

— Informação confidencial.

— Já que você é do futuro, deve saber o que acontecerá daqui para frente, certo?

— Informação confidencial.

— Ah, certo…

— Me desculpe por isso. – ele pediu, com os olhos penosos tornando-se subitamente vermelhos – Eu realmente não posso lhe dizer, não tenho o direito de fazê-lo.

Depois disso, nós silenciosamente observamos o rio. O silêncio tornou-se pesado, até esmagar todos os meus pensamentos racionais até eles se tornarem poeira. E o tempo passou.

— Mitsuru-kun…? – chamei hesitante.

— Sim? – ele atendeu prontamente, curioso como um esquilo.

— Posso fingir que nunca tivemos essa conversa? Não consigo pensar se acredito ou não em você, e prefiro deixar essa questão de lado agora.

— Ok – um sorriso iluminou seu rosto por inteiro. Ele levantou e parou cuidadosamente a minha frente – Neste momento, essa é a melhor solução. Por favor, trate de mim como sempre tratou. – Disse, se curvando. Não precisava tanto! – Eu conto com você.

Neste momento, meu telefone tocou. Quem era senão Haruki?

— Anh… Alô? – balbuciei.

— Nos encontraremos ao meio-dia- Eei, Nagato, onde você pensa que está indo? Ao meio-dia, na estação onde estávamos hoje de manhã – ele disse rispidamente, desligando imediatamente logo após dizer isso. Olhei para o relógio no visor do celular. Já eram onze e cinquenta e cinco... nunca chegaríamos a tempo!

— Era Suzumiya-san? O que ele queria?

— Devemos nos encontrar de novo na estação. É melhor corrermos.

— Não devemos deixa-lo esperando então - Mitsuru tomou a frente, segurando minha mão firmemente entre seus dedos, e partimos correndo em direção à estação. O que será que Haruki faria se nos visse correndo desse jeito?

— Hmm… posso perguntar uma coisinha? – falei arfante, sentindo o lado da minha costela se comprimindo.

— Claro.

— Qual a sua idade real?

Ele riu de maneira travessa, sem perder o ritmo.

— Informação confidencial.


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Notas finais do capítulo

Waa~ Espero que tenham gostado do capítulo *--*
Deixeem reviews!!~ o/



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