Aurora Boreal escrita por Leeh


Capítulo 7
Pensamentos Impróprios


Notas iniciais do capítulo

Me explico lá embaixo.

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/123654/chapter/7

Pensamentos Impróprios

POV – Edward

A conversa com Bella provocou a reação contrária que eu esperava, tanto de mim quanto dela. Pensei que ficaria mais aflito, angustiado, depois que ela descobrisse tudo, mas não; me senti livre e... Feliz. Parecia que um peso fora tirado de minhas costas e eu podia novamente respirar sem precisar de esforço.

Apesar de saber que Bella não é igual a qualquer ser humano que eu já tenha conhecido, não esperava que ela reagisse tão calma e fria quanto à minha verdade. Mesmo com todas as suas perguntas um tanto complexas, minhas respostas não a afetaram tanto quanto o esperado; tanto quanto afetariam as outras pessoas. Mas, bem, Bella não era “outras pessoas” de forma alguma. Ela me surpreendia cada vez mais.

Com um sorriso bobo nos lábios, olhei para Marie, que estava completamente concentrada no jogo de basquete à sua frente. Tão parecida com a irmã, mas ao mesmo tempo tão diferente... Ingenuamente, considerei contar-lhe toda verdade, como fiz com Bella, mas sacudi a cabeça como se espantasse tal pensamento.

Se Bella reagira tão bem quanto ao meu vampirismo, Marie sairia correndo aos berros.

Como uma pessoa normal faria, pensei, Ela reagiria como uma pessoa totalmente normal...

Dei um suspiro pesado e apertei um pouco Marie, que descansava a cabeça em meu ombro, esfregando seu braço. Virei a cabeça e encarei Bella; estava totalmente compenetrada no livro. Eu nunca lera A Dama das Camélias, mas ela devia estar adorando, pois um gentil sorriso se fez presente em seus lábios e ela segurou uma bochecha com a mão.

Dei uma leve risada, admirando-a nesse momento tão... Simples e belo. Ainda sorrindo, olhei no relógio e me surpreendi com o horário. Despedi-me de todos e fui para casa.

Já da garagem, podia sentir a tensão que rodeava minha família. Respirei fundo e saí do carro, andando vagaroso numa tentativa de adiar aquele encontro. Adentrei a sala de estar sendo imediatamente queimado por seis pares de olhos que me encaravam, ansiosos.

- Ah, fale de uma vez, Edward! – reclamou Alice, mordendo o lábio. Sentei-me em uma poltrona, de modo a poder olhar todos nos olhos.

- Eu contei tudo a Bella hoje à tarde...

- Sim, isso nós sabemos, idiota! O que realmente queremos saber é se vamos ter de sair da cidade, não sem antes ver Bella numa camisa de força a caminho do manicômio! – exclamou Rose, suas mãos cerradas. Trinquei o maxilar ante aquela imagem e falei, tenso:

- Não precisam se preocupar, nós não nos mudaremos. Bella jurou manter segredo e, caso isso não aconteça, podemos alterar a memória de Forks. Não são muitas pessoas, convenhamos. – acrescentei, sorrindo sem humor algum.

- Seria até divertido fazer isso! – Emmett comentou, um sorriso travesso passando por seu rosto.

- Bem, acho podemos relaxar um pouco – começou Carlisle –, mas fique sondando a mente de todos nos próximos dias, Edward. Só para termos certeza absoluta que Bella não nos trairá.

Fiquei um tanto nervoso com essa declaração. Ora, Bella não contaria nosso segredo! Confio nela, sei que nunca faria isso! Após pouco tempo, todos dispersaram, então subi para o quarto, tentando não pensar em mais nada. Contudo, uma fala de Esme me fez parar no meio da escada e prestar atenção à cozinha:

-... apaixonado por Bella, não acham? – eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

- É verdade, querida, isso vem se tornando cada vez mais aparente. – disse Carlisle.

- Falta pouco! – começou Alice, a excitação quase tangível em sua voz – Ele ainda não se deu conta, mas vai perceber logo, logo! – Por bem ou por mal, ele vai perceber., pensou.

- Relaxe, Alice. – Carlisle tentou contê-la – Dê tempo ao tempo e, por favor, não interfira! Marie e ele ainda precisam se separar para que possa dar tudo certo com Bella e...

Não fiquei para ouvir o resto e, indignado, fui para o quarto, saltei a janela e corri. Corri o mais rápido que pude, tentando fazer com que o vento forte que me cortava o rosto afastasse aquelas palavras de minha mente.

Os galhos baixos das árvores me cortavam os braços, rosto e pescoço, mas eu não me importava. Não prestava atenção alguma ao caminho que seguia, desde que estivesse o mais longe possível de casa.

Só parei de correr ao me deparar com a beirada de um penhasco. Por um momento fiquei aflito, preocupado em ter quebrado os limites do tratado, mas um carro numa rodovia longínqua me informou que eu estava no sul de Toronto.

“... apaixonado por Bella”.

As palavras não me saíam da mente, rondando-me e causando-me uma terrível dor de cabeça.

Será que isso é verdade? Estou me apaixonando por Bella? Meu lado racional queria me dizer que não, meu amor é da Marie e sempre será assim, mas já não soava tão convicto. Meu lado emocional não me dizia nada, simplesmente formava imagens de Bella que passavam como flashes em minha cabeça.

Dei dois passos para trás e me sentei no chão, estremecendo com o contato da pedra fria com minha pele, segurando a cabeça nas mãos. O vento gelado me açoitava as costas, deixando-as insensíveis, mas não dei importância. Ajeitei-me melhor no penhasco, deixando as pernas a balançar pelo ar enquanto respirava fundo, tentando ouvir o quebrar das ondas embaixo de mim.

Lentamente, o ar cortante e o estrondo do mar clarearam minha cabeça e eu me permiti deitar no chão, apoiando minhas mãos na nuca.

Pensei em Marie e em tudo o que gostava nela. Seus olhos travessos, sua sagacidade, inteligência e poderosa arte de manipulação através de um único sorriso ou olhar. Lembrei-me do som de sua risada; de sua voz suspirando meu nome em nossos beijos mais intensos; do toque quente de suas mãos e da maciez de seus lábios.

Invariavelmente, acabei por pensar em Bella também. Aquele rosto que eu conhecia tão bem, mas que, ainda assim, me encantava com suas reações inéditas.

Seus olhos me perfuravam, como se penetrassem por minhas defesas e lessem minha alma. Olhos quentes, profundos, misteriosos. Olhos que brilhavam como duas estrelas.

Seus lábios me atiçavam, me fazendo imaginar como seria tê-los contra os meus. Lábios cheios e grossos numa proporção perfeita, vermelhos como o morango mais doce. Sempre que ela, distraída, os umedecia com a língua, meu corpo reagia e tentava adivinhar qual seria sua textura e seu gosto. Lábios estes, que se abriam em um sorriso que alcançava meu âmago e me extasiavam de prazer.

Incrivelmente, em meio a essas divagações, adormeci na rocha. Acabei por entrar num sono tão profundo que sonhei. Sonhei com algo inusitado e de tirar o fôlego.

Em meu sonho, via aberta uma janela larga e alta, com uma bela mulher, que usava somente um leve vestido azul, estava encostada em sua lateral. Seus grossos cabelos castanhos caíam lisos até sua cintura. O corpo escultural me fez arquejar e a visão de seu quadril envolto pelo tecido enviou choques elétricos por todo meu corpo.

Senti um aperto na calça quando minha excitação tornou-se visível. Caminhei em silêncio até ela e, atrevidamente, abracei sua cintura, encostando propositalmente meu quadril no dela. Esse contato a fez suspirar; suas mãos circundaram meus braços e o apertaram.

- Edward. – ela sussurrou. Somente esse som foi o bastante.

Virei-a de frente para mim e olhei em seus escuros olhos, puxando-a em seguida para um beijo sôfrego. Nossos lábios moldavam-se, enquanto nossas línguas se enroscavam em uma dança sensualmente deliciosa. Ela tinha um gosto de morangos, chocolate e framboesas que me enlouquecia.

Minhas mãos percorriam todo o seu corpo, subindo lentamente seu vestido, ao mesmo tempo em que acariciavam sua pele, causando arrepios por todo seu corpo. Sorri em seus lábios e a prensei na parede. Imediatamente, uma de suas pernas enganchou-se em minha cintura, aumentando o contado entre nossos sexos, o que me fez gemer.

Rapidamente, despi-nos e juntei-me a ela, sentindo suas carnes me abrigando calorosamente. Esse atrito me levou a loucura.

- Bella! – gemi.

E foi aí que acordei.

Ofegante e suado, despertei percebendo assustado o volume em minhas calças. Levantei-me, estremecendo quando senti o vento gelado contra minhas costas molhadas de suor e corri na direção de volta para casa.

Desta vez corri mais devagar, permitindo que minha mente criasse tantas perguntas quantas quisesse. Ao sentir novamente o cheiro inigualável de mel e sol de minha família, diminuí o passo para uma caminhada. O riacho correndo foi uma boa opção para me... Acalmar antes de entrar em casa, mas antes que eu passasse da porta dos fundos, minhas pernas me levaram à estrada e, no final das contas, acabei em frente à janela de Bella.

Eu mal percebera que já havia anoitecido, mas me surpreendi ao vê-la sentada no parapeito da janela aproveitando a noite anormalmente quente e o céu estrelado. Seu semblante era indecifrável, mas pensei ter visto frustração ali.

Enquanto a encarava, imagens aleatórias do sonho pulavam em minha mente, reproduzindo vivamente as sensações. Depois de alguns minutos, ela se recolheu e apagou a luz do quarto, mas, para minha sorte, deixou a janela aberta.

Tão silenciosamente quanto pude, escalei as trepadeiras de sua parede e pulei dentro do quarto, sentando-me na velha cadeira de balanço em frente à cama. Perdi o fôlego por alguns instantes ao olhar para Bella, vestida somente com uma camisola rendada. Isso deveria ser crime federal!

- Ah, Edward! – ela gemeu e isso quase me fez pular da cadeira – Hum, tão bom!

Por Deus, o que eu não daria para poder ler sua mente e saber o que ela sonhava! Sem poder aguentar mais disso, voltei para casa e fui direto ao banheiro, onde tomei uma ducha fria para assentar os nervos.

Vesti uma calça de moletom qualquer e deitei na cama, adormecendo com o som de Bella gemendo meu nome.

No dia seguinte, fiquei a manhã toda sem conseguir encarar minha cunhada nos olhos, tamanha a vergonha que sentia. Contudo, eu não podia me esquecer da promessa que havia feito a ela no dia anterior.

Um tanto inseguro, fui falar com minha namorada. Marie e Alice vinham fofocando sobre detalhes do baile na fila do almoço quando resolvi me pronunciar:

- Amor, o que acha de Bella passar o dia na minha casa amanhã? – perguntei enquanto pagava nossa comida.

- Ia mesmo falar com você sobre isso, amor. Acho ótimo, assim ela não fica sozinha o dia todo. Vou falar com ela. – disse, se afastando, mas segurei-a pelo braço.

- Pode deixar, eu mesmo vou.

Durante todo esse diálogo, Alice me encarava de cenho franzido com uma única pergunta rondando sua mente: “O que raios você está fazendo, Edward?” Balancei minha cabeça tão rápido que somente ela veria, tentando dizer-lhe que não estava aprontando nada, mas não sei se funcionou.

Rondei o refeitório em busca de Bella, mas só a encontrei no jardim, comendo sozinha. Aproximei-me e sentei-me ao seu lado, assoprando seu em ouvido.

- Ah! – gritou, virando-se para mim – Edward, seu besta!

- Bom dia para você também, Bella. – falei, sorrindo matreiro – Então, falei com sua irmã e ela disse que não se importa de você ir lá em casa amanhã.

- Jura?! – perguntou, um sorriso enorme se abrindo em seus lábios de morango. Assenti e ela deu um pequeno grito, abraçando-me.

Deixei-me ser abraçado e inspirei seu cheiro de frésias, morangos e framboesas. Sem querer, deixei que imagens de meu sonho voltassem com toda a força, animando-me imediatamente. Gentil e discreto, afastei-a e cruzei as pernas, perguntando:

- E então, que horas posso passar na sua casa para lhe buscar?

- Hm – ela pensou, franzindo os lábios – A que horas vocês almoçam?

- Ah, por volta da uma hora.

- As onze, pode ser?

- Por mim, tudo bem, mas você não quer dormir até mais tarde? É sábado, adolescentes normais dormem até às duas da tarde no sábado.

- Edward – ela disse, cética –, eu leio A Dama das Camélias pelo menos duas vezes ao mês e escuto Wagner. Não sou uma adolescente normal.

- Não se esqueça da família de vampiros postiça que você arranjou.

- Oh, como pude esquecer?!

Passamos o resto do almoço conversando besteiras e rindo um da cara do outro, até o sinal bater e nos puxar de volta à realidade. E a realidade era que eu não era namorado de Isabella Swan, mas sim de Marie Swan e eu não podia me deixar esquecer disso!

Mas, apesar do que a minha consciência dizia, eu estava ansioso pelo sábado.

N/A: Olá meus amores e minhas amoras, como estão?

Com muita raiva de mim, ou só um pouco? =D

Gente, me desculpem mesmo! Terceiro ano do Ensino Médio é um inferno e eu não tenho tempo nem pra comer, quase! Mas eis-me aqui com um capítulo fresquinho só pra vcs.

Já vou deixar avisado que daqui pra frente, os novos capítulos sairão somente de domingo agora, pois durante a semana (incluindo no sábado) me dedicarei às minhas obrigações.

Espero mesmo que me entendam e não queiram me matar.

Para quem acompanha My Babygirl, também sairá um pouquinho atrasada, pois tanto eu quanto a Rapha estamos totalmente atoladas com nossas rotinas novas, mas tentaremos postar o mais rápido possível.

Baci fiores



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora Boreal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.