Aurora Boreal escrita por Leeh


Capítulo 6
Vampiros e Melhores Amigos


Notas iniciais do capítulo

Enjoy...

2 usuários acompanham esta história e foram notificados por e-mail: Raphaella Paiva, Raaymms



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/123654/chapter/6

Vampiros e Melhores Amigos

POV – Bella

No dia seguinte, acordei mais cedo que o normal; estava ansiosa demais para ficar dormindo. Tomei banho, me arrumei e tomei café, mas, ao olhar no relógio, vi que ainda era muito cedo para sair de casa, então entrei na Internet, usando o laptop que minha mãe dera de aniversário há dois anos.

Consegui matar uma hora na Internet e acabei saindo atrasada de casa. Irônico. Cheguei antes de soar o primeiro sinal e fui para a sala sem olhar para ninguém, não conseguiria encarar nenhum dos Cullen ainda.

O dia acabou passando rápido demais e, quando dei por mim, estava em casa preparando-me psicologicamente para encontrar com Edward Cullen. Dei graças a Deus por Marie estar estudando na casa de Angela; não sei por que estava escondendo isso dela, mas não era algo que eu queria compartilhar.

Às quatro, meu celular vibrou com uma mensagem de texto:

Estou indo para a trilha.

Te encontro lá

E.

Toda a minha calma foi por água abaixo quando saí de casa e pisei na trilha da floresta. Caminhei um pouco até ver a clareira, meu objetivo; olhei para trás e pude ver minha casa, eu não estava longe. Aprofundei-me na clareira e, quando olhei em volta, pude ver uma figura encostada em uma árvore, olhando para mim. Puxei o ar com força e me obriguei a me aproximar.

- Bella. – ele me cumprimentou com um aceno de cabeça.

- Edward – disse, repetindo seu gesto. – Bem, estou esperando...

- Acalme-se, Bella, você terá as respostas que deseja. Mas para que haja respostas, precisa haver perguntas. Pode começar.

Pensei um pouco e fiz a pergunta que me corroía desde o dia anterior:

- Como me tirou do caminho a tempo estando tão longe?

- A minha... O que sou, é muito mais veloz que os humanos. Podemos atravessar distâncias gigantescas em minutos.

- E o que, exatamente, você é? – perguntei, sem muita certeza de que queria a verdade. Ele respirou fundo antes de responder.

- Eu e minha família somos vampiros, Bella.

- V-vampiros? Como? Desde quando? – abobada, sentei-me numa pedra e ele se aproximou, sentando no chão.

- Nossa família começou com Carlisle; ele nasceu em Londres, por volta de 1640. – ofeguei e ele parou, olhando para mim.

- Estou bem, é que não esperava por estórias do século XVII, desculpe. Continue.

- O pai de Carlisle era um pastor anglicano muito severo que liderava as buscas às bruxas, vampiros e lobisomens da época; ao envelhecer, ele encarregou o filho a dar continuidade às caças. No começo, Carlisle foi uma decepção, mas era mais inteligente que o pai e conseguiu achar o esconderijo de vampiros de verdade.

“Em certa noite, ele juntou os aldeões e seguiu em busca dos monstros nos esgotos de Londres. A criatura devia estar muito fraca e faminta, pois atacou primeiro Carlisle, mas soltou-o para defender-se e deixou-o sangrando na rua, enquanto tentava fugir dos outros. Carlisle escondeu-se em um porão por três dias, que é o tempo que levamos para nos transformar.

“Ainda acho incrível ele ter se mantido em silêncio – disse, a voz carregada de orgulho e admiração -, o processo é terrivelmente doloroso! Bem, quando ele se deu conta no que tinha se transformado, tentou se matar de todas as formas que conhecia...”

- Como?

- Pulou de alturas gigantescas, tentou se afogar; tentou até inanição, mas nada dava certo. Ele era jovem e muito forte. Nunca provou de sangue humano, mas via que sua força de vontade estava se esvaindo, então se isolou em uma floresta perto de Londres.

“Certa noite, uma horda de cervos passou perto do lugar em que ele se escondia; estava tão louco de sede que atacou, sem pensar. Depois de alimentado e lúcido, ele viu uma alternativa ao monstro que repudiava. Então começou a fazer melhor uso de seu tempo, estudando à noite e planejando de dia. Ele nadou até a França...”

- Ele nadou até a França? – perguntei, incrédula.

- As pessoas atravessam o canal a nado o tempo todo, Bella.

- Ah, pode ser; é que ficou engraçado no contexto, desculpe. Pode continuar.

- Bem, ele atravessou a Europa, estudando música, ciências e medicina; e descobriu que sua vocação era salvar vidas. Até que ele foi à Itália e encontrou mais de sua espécie, mas esses eram mais civilizados que os de Londres. Ficou na Itália por algumas décadas, mas decidiu mudar-se para o Novo Mundo.

“Monstros estavam virando mito e ele poderia andar entre as pessoas sem ser reconhecido ou recriminado. Ele estava sozinho e procurava por uma companhia mais fixa que os grupos que vinha conhecendo. Quando a epidemia de Gripe Espanhola atacou, ele cuidou dos meus pais...”

Sua voz foi se perdendo e seu olhar ficou vago. Ele já não olhava para mim, mas encarava um ponto cego no meio da floresta, perdido em pensamentos. Inconscientemente, sentei-me no chão, de frente para ele, e segurei sua mão. Seus olhos voltaram-se para mim e, avaliando minha expressão, ele abriu um pequeno sorriso e continuou:

- ... Depois de certo tempo, ele foi enviado de volta à Londres, para um forte que precisava de um médico. Algumas semanas depois que ele chegou, o forte foi bombardeado e foi aí que ele me encontrou.

- Um forte, como assim? – franzi o cenho, procurando lembrar dessas datas. Gripe Espanhola, o forte... Surpresa, perguntei – Você lutou na Primeira Guerra Mundial?

- Sim. Meu sonho era servir na Guerra, mas meus pais não queriam que eu me alistasse; estava até de casamento marcado com Elouise McCoy, mas fugi, menti minha idade e me tornei soldado. Mas meu forte foi bombardeado e fiquei preso entre os escombros, com um ferimento horrível na cintura.

“Carlisle cuidou de mim, fez o melhor que pôde, mas a ferida infeccionara e ele sabia que não me restava muito tempo – estremeci ante essa revelação. Edward morto era algo impossível; inimaginável - Depois de decidir o que fazer comigo, ele me levou para uma antiga casa, abandonada há anos e... Me mordeu. Ele cuidara de meus pais, que morreram da Gripe, sabia que eu estava sozinho.”

- Simples assim? – ele acenou – E como foi?

- O veneno em meu corpo foi excruciante. Como eu disse, o processo é muito doloroso para o mordido, mas nem imagino como foi para ele. Quando provamos do sangue humano, uma espécie de frenesi acontece e é quase impossível parar. Precisa muita força de vontade.

Eu o encarava embevecida. Uma sirene em minha mente gritava que eu devia estar apavorada com isso, fugir aos berros e nunca mais me aproximar dele nem de sua família. Mas eu não estava apavorada, estava fascinada!

- Carlisle transformou todos vocês?

- Não, Alice e Jasper juntaram-se a nós depois de alguns anos. – ele viu a curiosidade em meu olhar e, com uma risadinha, começou a explicar – Pouco tempo depois de mim, Esme entrou para a família. Ela caíra de um penhasco, mas estava viva, então Carlisle a trouxe e a transformou.

- Então não é preciso estar morrendo pra se tornar um vampiro?

- Não, Carlisle que é assim. Ele nunca condenaria alguém que tivesse uma chance. Depois veio Rosalie e ela trouxe Emmett, literalmente. Encontrou-o sendo atacado por ursos e o trouxe até Carlisle, por medo de não conseguir... Logo depois de Emm ter entrado para a família, Alice e Jasper nos encontraram. E essa é a estória da família Cullen.

- Uau.

Foi tudo o que consegui dizer.

Nós passamos a tarde toda conversando; ele me explicando todos os detalhes da vida de um vampiro – inclusive o infeliz acontecido na cozinha dele -, eu me fascinando ainda mais e ficando cada vez mais curiosa; quando uma pergunta era respondida, outras mil se formavam em minha cabeça. Só fomos interrompidos quando ele olhou para algo atrás de mim.

- Charlie está chegando, está no fim da rua.

- Você consegue ouvir o carro? – ele sorriu em concordância – Uau, que demais!

- Acho melhor você entrar, ele pode ficar preocupado.

- É, acho que sim. – concordei desanimada, ele franziu o cenho.

- O que foi?

- Não queria ter de ir embora, gostei de conversar com você.

- Bem, podemos fazer isso de vez em quando; somos cunhados, não tem problema se as pessoas nos virem conversando. Façamos assim, este sábado você vai lá em casa, aí conversamos mais.

- Está certo, estarei... – meu sorriso esmaeceu – Nesse sábado Marie vai sair com Jessica e Angela para comprar o vestido para o baile...

- Você não vai ao baile? – balancei a cabeça – Por quê?

- Não me dou bem com salto alto nem com danças. – ele começou a rir e se levantou, oferecendo-me a mão para ajudar-me.

Quando saímos da trilha, pude ver as luzes vermelhas e azuis da viatura se aproximando. Entramos em casa e fui à geladeira buscar algo para esquentar. Por sorte, sobrou lasanha da janta de ontem, então cortei um pedaço para mim e um para Charlie, hesitando com a faca na mão.

- Vai jantar conosco, Eddie? – disse, sem pensar

- Eddie? – perguntou, arqueando uma das sobrancelhas, fazendo-me corar

- Ah, desculpe, sem apelidos.

- Não me importo. Bom, se não se importar, eu gostaria de comer lasanha.

Sorri e cortei um pedaço para ele também. Coloquei tudo num prato, dentro do micro-ondas e, enquanto esquentava, pus a mesa. Meu pai chegou, pendurou o casaco e o coldre e veio para a cozinha.

- Boa noite Bells, olá Edward.

- Charlie.

- Oi pai, com fome?

- Com certeza!

Comemos tranquilamente, conversando sobre trivialidades. Quando Marie chegou, comigo lavando a louça e o Edward secando, fiquei rígida. Será que ela sabia? Olhei para ele, que me encarava alarmado. Entendi a mensagem e não disse nada demais.

Ele ainda assistiu um pouco da Sport TV junto de Marie e meu pai, enquanto eu lia A Dama das Camélias, e despediu-se. Assim que ele foi embora, levantei do sofá, dei boa noite para todo mundo e subi para o meu quarto.

Eu me sentia feliz. Finalmente ter descoberto o porquê da estranheza da família Cullen foi como um peso tirado dos meus ombros; agora eu podia respirar aliviada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, gostaram?Já sabem, né? REVIEWS!Baci fiores



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora Boreal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.