Aurora Boreal escrita por Leeh


Capítulo 8
Conhecendo a Fera


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, um recadinho especial à Raayamms: Flor, eu sei que vc vai querer esquartejar e queimar o Edward lentamente neste capítulo, mas fique calma que mais pra frente tudo se acerta, eu juro!Enjoy!



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Conhecendo a Fera

POV – Bella

Sábado demorou, mas chegou, quente e enevoado. Acordei com um sorriso nos lábios ao me dar conta de que dia era, arrumei-me preguiçosamente e tomei café da manhã com Marie, antes dela sair para a casa de Angela. Olhei para o relógio, que marcava quinze para as onze da manhã, e sorri novamente.

Este seria um dia interessante; eu já não via a família Cullen com os mesmos olhos. Já não via Edward com os mesmos olhos. Antes ele era simplesmente meu cunhado bem educado pelo qual eu nutria um carinho muito forte, mas não mais. Agora ele era um vampiro que se esforçava até demais para ser bom pelo qual eu nutria admiração e um carinho enorme.

Suspirei, peguei minha xícara de chá e fui assistir televisão enquanto esperava o tempo passar. Acabei cochilando no sofá e tive um sonho curioso, para dizer o mínimo. Tinha certeza de estar sonhando, pois me encontrava em uma clareira belíssima... Nua... Com Edward me abraçando... Também nu. E nossas peles brilhavam levemente na luz do sol que incidia diretamente contra nós.

Virei-me de frente para ele e, sorrindo, beijei-lhe os lábios; minhas mãos embrenharam-se em seu cabelo quando ele entrou gentilmente em mim, puxando levemente seus fios de cobre sempre que ele se mexia para frente e para trás.

Separei meus lábios dos dele, trilhando beijos leves até sua orelha e gemendo seu nome, sentindo-o estremecer e aumentar a velocidade de seus movimentos...

Acordei assustada e muito corada, ouvindo uma buzina. Olhei pela janela e vi o volvo parado no meu meio fio, Edward encostado na porta do carona, olhando para mim com um lindo sorriso nos lábios.

Engoli em seco e respirei fundo. Deixei a xícara na pia, coloquei o celular no bolso da saia jeans e saí, trancando a porta. Olhei para ele e podia jurar que ele mordera os lábios ao ver minha saia e minhas pernas, mas foi algo rápido demais para que eu pudesse confirmar.

Cumprimentei-o com um beijo no rosto e entrei no carro, um tanto embaraçada por estar tão próxima dele depois de um sonho daqueles. Ele entrou no carro e deu a partida, o velocímetro disparando para 150 km em um minuto.

Todo o trajeto foi feito em silêncio; eu incapaz de encará-lo por enquanto e ele perdido em meio a pensamentos que eu desconhecia. Ao chegarmos em sua casa, fui recebida por Alice e Esme, que me levaram imediatamente para a cozinha alegando precisarem de ajuda com algumas coisas.

Ajudei-as a cozinhar strogonoff de frango ao molho branco que, modéstia a parte, ficou uma delícia de dar água na boca. Conversamos sobre trivialidades enquanto comíamos, rindo e brincando como se fôssemos uma família. Me surpreendi quando Esme trouxe a sobremesa, dizendo:

- Fiz torta de limão para você Bella, sei que é a sua favorita! – corei com isso e agradeci Esme, totalmente acanhada. A torta estava uma delícia e mandei a educação às favas, comendo três pedaços.

Terminado o almoço, nos dirigimos à sala de estar e ouvimos Carlisle falar sobre seu mais novo paciente no hospital. Ao sentarmos, prestei atenção a um detalhe que não tinha percebido da última vez: atrás do sofá onde Esme e Carlisle estavam sentados havia um belíssimo e lustroso piano de cauda.

Meus olhos brilharam quando vi o instrumento, o que não passou despercebido à Alice; ela seguiu meu olhar e sorriu, perguntando:

- Você toca, Bella?

- Piano? – ela assentiu – Um pouco, me dou melhor no violão, mas tive algumas aulas quando era pequena.

- Ora, então toque um pouco para nós, querida! – pediu Esme, sorrindo amavelmente.

- Ahn, não, obrigada. Eu toco muito mal mesmo... – gaguejei, corando.

- Então toque violão, Bells; você disse que sabe tocar. – pediu Emmett – Hey, eu tenho um violão! Vou buscar! – disse, sorrindo, e subiu correndo as escadas.

- Oh, não faça isso comigo, Alice! – pedi, desesperada, sem ver qualquer rota de fuga – O piano é seu? – perguntei, tentando distrai-la.

- Não, é do Edward, mas você não vai se safar dessa, Bella.

- Ah... – gemi de frustração, sem ideias para me livrar daquilo. Foi só quando Emmett apareceu com o violão nos braços que tive uma ideia: - Já sei! Toco violão se o Edward tocar piano depois.

- Não, não! – ele protestou, levantando-se – Isso é assunto e problema seu, Bella, pode me tirar dessa!

- Uau, valeu pela ajuda, cunhadinho.

- A discussão está muito boa, mas Bella, meu lírio dos campos, você vai tocar para nós por bem ou por mal. - Alice ameaçou, levantando-se e pegando o violão da mão de Emmett, estendendo-o para mim.

Depois daquela ameaça, ainda mais intimidadora pela doce voz de Alice, suspirei fundo e peguei o instrumento, tirando-o da capa. Arregalei um pouco os olhos ao me deparar com um belo Giannini preto e com todas as cordas de ferro.

- Está bem, que música vocês querem ouvir?

(N/A: Gente, as músicas a seguir não são necessárias ao capítulo, mas está aí o link para quem quiser ouvir)

- Conhece uma banda chamada Owl City? – perguntou Alice e eu acenei – Conhece aquela música deles chamada Fireflies? – acenei novamente, sorrindo, e comecei a tocar.

A melodia fluiu leve como fios de água e eu comecei a cantar. Imaginei que, pelo menos, Alice me acompanharia, mas fiquei na mão e cantei sozinha mesmo. Corei violentamente por toda a música, mas graças a Deus não errei nota alguma. Quando toquei os últimos acordes, todos aplaudiram.

- Sabe tocar The Only Exception, do Paramore, Bella? – perguntou Rosalie. Assenti, um tanto surpresa, e comecei a tocar.

Novamente cantei sozinha, mas dessa vez não me importei tanto; o medo da primeira vez passara. Mais uma vez todos aplaudiram quando terminei de tocar e mais alguns pedidos foram feitos.

Até Jasper fez um pedido, mas sussurrou no meu ouvido que eu não cantasse, enquanto ele mesmo cantou Iris olhando nos olhos de Alice, que rompeu em lágrimas.

Com um sorriso, coloquei um braço por sobre o violão e olhei para os seis vampiros à minha frente e para o único que estava ao meu lado. Edward sorriu quando nossos olhares se encontraram e apertou minha mão, que descansava na almofada do sofá.

Esse movimento não passou despercebido à Alice, que encarou-nos com uma expressão satisfeita e voltou a pousar a cabeça nos ombros de Jasper. Ninguém falou durante alguns minutos, até Emmett soltar:

- Certo, já torturamos a Bella. Agora é a vez do nosso Eddinho! - ri com o apelido e me virei para Edward, que balançava a cabeça veemente.

- Não, já disse!

- Ora, vamos, Edward! – pedi – Eu quero ouvi-lo tocar, por favor... – ele avaliou minha expressão e suspirou, levantando-se e sentando-se em frente ao piano.

- Você e sua irmã tem um poder incrível! – ele se virou para mim, sorrindo; me aproximei, indagadora – É impossível negar quando vocês pedem algo olhando-nos desse jeito.

Sorri abertamente e apoiei os cotovelos na cauda do piano, pousando a cabeça nas mãos, enquanto ele tocava. A melodia era suave e um tanto melancólica, mas lindíssima. Os dedos dele fluíam pelas teclas, mal encostando nelas, e eu notei que não havia partitura.

- Você compõe? – perguntei antes que pudesse me refrear, mas isso não o desconcertou e ele, sem tirar os olhos das mãos, respondeu:

- Um pouco; às vezes... Por exemplo, Marie me inspirou nesta.

A melodia foi passando de melancólica para calma, mas séria, como numa ópera. Podia ver Marie dançando esta música em um de seus balés. Ele permaneceu nesta música por um tempo e eu pude perceber quando o som começou a mudar; a harmonia tornou-se calma e relaxante, um som muito doce que me deixava um tanto sonolenta.

- Você me inspirou nessa... – levantei a cabeça ao ouvir isso, um sorriso brotando em meus lábios. Sentei-me ao seu lado e o abracei, fazendo com que ele parasse de tocar.

- Ela é linda! Obrigada!

Aos poucos ele foi retribuindo meu abraço e acabou por colocar o queixo no topo de minha cabeça, depois de beijar-me a testa. Naquele momento, todo o mundo dissolveu e só havia eu e Edward. Fechei os olhos e inspirei seu cheiro que me entorpecia desde a primeira vez que nos vimos, deixando minha mente livre para divagar.

Eu me sentia muito bem no abraço de Edward; meu corpo se encaixava no dele de uma forma quase atemorizante, como se tivéssemos sido formados para estarmos nos braços um do outro. O pensamento me assustou e eu me afastei gentilmente de seu abraço, encarando-o com os olhos marejados.

- Obrigada pela música; ela é realmente linda!

- Não há de quê. – ele disse, sorrindo graciosamente e beijando minha testa novamente – Bem, o que quer fazer agora?

Dei de ombros, sorrindo. Passei a semana toda esperando por este dia, mas, agora que ele chegara, não sabia o que fazer com ele. Olhei fixamente para Edward, tentando achar algo para fazer, até que uma luz acendeu em minha mente.

- Já sei. Conte-me mais sobre você. Ahn, quer dizer, sobre vampiros e tal...

Ele pegou minha mão e me levou até uma janela aberta. Paramos ali e eu olhei para baixo, me preocupando com a distância entre nós e o chão; mas ainda mais preocupada com os pensamentos de Edward, que tinha um sorriso travesso nos lábios.

- Suba em minhas costas. – estranhei, mas fiz o que ele pediu – Você confia em mim?

- Teoricamente... – respondi insegura e ele riu.

- Então é melhor fechar os olhos.

Contudo, ele disse isso tarde demais e eu não fechei os olhos quando ele pulou na direção de uma árvore. Me segurei com mais força nele, apertando mais meus braços ao redor de seu pescoço e minhas pernas ao redor de sua cintura.

- É melhor se segurar, macaco-aranha. – disse zombeteiro e eu ri.

Ele escalou a árvore até a copa, tirando-me de suas costas e me colocando seguramente em um galho, enquanto se apoiava em outro, perto de mim. Olhei em volta, admirando a paisagem incrível. Dava para ver toda a extensão do lago e a cadeia de montanhas Olympic.

- Esse tipo de coisa é surreal! Isso simplesmente não existe! – falei embevecida, olhando para ele, que sorriu.

- Existe no meu mundo.

- Daria qualquer coisa para viver assim... Deve ser incrível ser um vampiro! – imediatamente ele ficou tenso e disse entredentes:

Para ouvir:

Twilight Soundtrack Version – Bella’s Lullaby

http://www.youtube.com/watch?v=IoBoeg-oyBA&feature=BF&list=PL7E4EF5F27334D17B&index=11

- Você não sabe o que está falando!

- Claro que sei! Deus, eu daria qualquer coisa para ser um vampiro. Poder sair correndo por aí, sentindo o vento nos cabelos; apreciar as mais diversas paisagens; ter essa força incrível, essa velocidade...

- É, ser um monstro sem alma; tendo de ver todos os que você ama morrendo enquanto você permanece inalterável. Sem nunca mudar, sem nunca evoluir. Você não sabe o que está dizendo, Bella.

As palavras dele me paralisaram, destruindo totalmente minhas ilusões sobre a vida como vampira. Mas o que mais me doeu, foi ver como ele se colocava naquelas palavras; ele realmente acreditava ser um monstro. Pior, um monstro sem alma... Incrédula, me aproximei dele com cuidado, peguei seu rosto em minhas mãos e o forcei a olhar em meus olhos, sussurrando:

- Como você pode pensar assim? Como esse tipo de coisa se atreve a lhe passar pela cabeça? Edward, se você realmente acredita no que acabou de falar, então você não sabe nada sobre almas!

- E você discorda?

- Veemente. – falei séria – Edward, sendo quem você é não é possível que acredite no que acabou de dizer! Como se atreve a pensar que você é um monstro sem alma quando é justamente sua alma que torna você a pessoa maravilhosa que é?

- Pessoa maravilhosa? Bella, você não me conhece. Não pode dizer palavra sobre o que sou.

- Então me mostre quem você realmente é, Edward! - acho que eu não devia ter dito aquilo com tanta raiva, pois confesso que fiquei com medo.

Edward se retesou e começou a rosnar, parecia uma fera pronta para atacar. Ele agarrou meu braço e desceu da árvore, correndo comigo para longe da casa. Parou em uma clareira, onde me jogou no chão e começou a me circundar, como um leão caçando um cordeiro.

Fui me arrastando para trás, inutilmente, tentando me afastar daquele vampiro perigoso, mas ele se aproximava cada vez mais, fechando o cerco ao meu redor. Eu respirava rápido e estava suando em bicas; de repente, Edward saltou sobre mim, fazendo com que eu caísse de costas no chão.

Prendeu minhas mãos em cima de minha cabeça com um braço e suas pernas estavam uma de cada lado de minha cintura. Olhei diretamente em seus olhos, cujas íris tornaram-se negras feito a noite, mas tudo o que vi ali foi a fera que ele tanto se esforçava para esconder.

Rosnando, ele deu um sorriso sarcástico e foi abaixando a cabeça lentamente na direção do meu pescoço. Algo me dizia para começar a gritar e me debater, mas eu não conseguia!

Apesar de assustador, Edward estava glorioso! Parecia um anjo guerreiro extremamente perigoso se divertindo com seu alvo; eu não conseguia fazer nada além de respirar.

Senti seus lábios na pele da base de meu pescoço. Fechei os olhos e esperei pela pontada que seria seus dentes afundando em minha carne, mas não foi isso que senti. Respirando pesadamente, como se embebedasse com meu cheiro, Edward roçou seus lábios em meu pescoço e me libertou, indo parar encostado em uma árvore a três metros de mim.

Eu ainda estava assustada, então tudo o que consegui fazer foi sentar e segurar minha cabeça entre as mãos. Respirando fundo, mas rápido, fui ouvindo minha pulsação acalmar, contando as batidas de meu coração e esperando a hora certa para me mexer. Não encarei Edward sequer uma vez.

Cento e vinte e sete pulsações depois, eu consegui me levantar e olhar para ele, que me encarava sério, mas triste.

- Viu como você não sabe nada sobre mim? A sua sorte é que eu não estou com sede, senão era o seu cadáver que estaria diante de mim agora! – ele gritou, ríspido

- Eu sei o suficiente. – rebati, com raiva

- E o que seria o suficiente?

- Sei que você é um vampiro; que deveria se alimentar de sangue humano, o que faria de você um monstro assassino. Mas sei também que você renega seus instintos naturais; que prefere se alimentar de um sangue que não o fortalece tanto justamente para não se tornar um monstro. Sei que você escondeu seu segredo por tanto tempo por medo da rejeição e para proteger aqueles a quem ama. Você não é um monstro, Edward, você só é diferente.

Quando comecei o meu discurso, ele me olhava sarcástico e cético, já desacreditando em minhas palavras. Mas pude ver que, conforme eu falava, ele foi se desarmando ao ver a sinceridade queimando em minha voz. Eu não achava que Edward era um monstro, muito pelo contrário! Para mim, ele era uma das melhores pessoas que eu já conheci.

Acariciei sua maçã do rosto com meu polegar, sorrindo fracamente. Ele não conseguiu retribuir ao sorriso, mas me puxou para um abraço apertado, parecendo procurar algo do que tirar as forças que ele não tinha, mas precisava. Murmurei algumas palavras de conforto em seu ouvido e não o soltei até ele relaxar, o que me deixou com algumas cãibras.

Quando ele enfim respirou fundo e me soltou, olhou profundamente em meus olhos, beijou minha testa e murmurou um obrigado. Sorri em resposta, beijando-lhe a bochecha. Tirei o celular do bolso e me assustei ao ver que horas eram.

- Meu Deus, são sete e meia! Não é possível que tenhamos ficado tanto tempo conversando!

- Venha, suba em minhas costas, vamos voltar...

Subi desajeitadamente em suas costas e voltamos ao nosso ponto de partida. Ao pousarmos na beira da janela aberta, demos de cara com os seis Cullen sentados no sofá, conversando; conversa essa que se encerrou quando eles nos viram. Edward tirou-me de suas costas e me deu a mão, como se procurasse por apoio.

- Edward, querido, está tudo bem? – perguntou Esme, vendo os olhos vermelhos e inchados dele, se levantando e colocando uma mão nos ombros do filho.

- Estou bem, mamãe. Agora eu estou bem. – ele respondeu, abraçando a mãe com o braço livre e apertando minha mão – Desculpe por tudo, mãe...

- Por tudo o quê, meu bem?

- Tudo o que já fiz vocês passarem – disse simplesmente, soltando-se do abraço.

- Ora, meu amor, está tudo bem.

Eu sorri ante aquela cena, apertando mais a mão de Edward, que sorriu abertamente ao olhar para mim. Sentamo-nos no sofá e começamos a conversar descontraidamente, Alice nos contando do seu projeto de abrir uma grife, até Emmett perguntar:

- Bella, você gosta de videogame?

- Ah, um pouco. Jogo bastante Guitar Hero e The Sims, por quê?

- Duvido que você ganhe de mim no Guitar Hero! - aceitei o desafio e todos, menos Esme e Carlisle, nos dirigimos à sala de jogos da casa Cullen.

Quando Jasper abriu a porta do aposento, fiquei maravilhada: era enorme! Havia uma estante com uma TV de 52’ no centro, rodeada pelos mais diversos jogos de videogame, incluindo toda a coleção Guitar Hero! Havia também uma mesa com um belo e frágil tabuleiro de vidro de xadrez; uma mesa de pebolim; jogos como damas, dominó e também baralhos.

Mas o que mais me chamou a atenção foi uma parede que era coberta do chão ao teto por fotos da família, nas mais diversas épocas. Havia uma com todos os Cullen juntos, sorrindo. Eles estavam em um campo, com belas montanhas de cenário e pareciam muito felizes. A foto datava de 1963, mas os rostos da imagem e os que vi hoje eram os mesmos.

Continuei andando, observando as fotos e sorrindo com algumas situações que elas gravaram, até que tropecei em algo, caindo sentada no chão. Parei e olhei para os lados, mas ninguém parecia ter visto nada, ou fingiram que não viram nada. Suspirei e fui ver no que eu tropeçara.

Não era qualquer coisa, era um livro. E não era um livro qualquer, era a primeira edição autografada de Drácula, de Bram Stocker. Embevecida, dei uma olhada no livro e vi que uma das páginas estava marcada com uma foto amarelada pelo tempo. Peguei-a e, na hora reconheci uma das pessoas.

Eram três: um homem jovial, com um belo e aberto sorriso nos lábios e um olhar gentil e brilhante; uma moça jovem, de olhar cortante e expressão fria e um simpático rapazola que trazia no rosto uma expressão traquina, um sorriso zombeteiro nos lábios. No verso da foto estava escrito: Família Masen, 1915.

- Sou eu e meus pais – disse Edward por trás de meus ombros, assustando-me. Ele pegou a foto e analisou-a, seu olhar se perdendo no tempo -, tiraram essa foto no meu aniversário de quatorze anos.

- Você é igualzinho ao seu pai. – falei sorrindo, me recostando inconscientemente em seu peito para ver melhor a foto.

Ficamos observando a foto por um tempo, eu encostada em seu peito e ele perdido na foto. Virei meu rosto e encarei-o, meu sorriso sumindo quando ele me encarou de volta, sua íris de topázio queimado ardendo em meus olhos, tirando meu ar. Então ouvimos um pigarro.

- Não quero interromper nada, mas o jogo está conectado. – disse Emmett, com um olhar zombeteiro. Me levantei e, mais que depressa, fui para perto da TV, me armando da guitarra e começando a jogar contra Emmett.

Deixei os Cullen boquiabertos quando venci três vezes seguidas de Emmett, no nível expert; tão abismados que chamaram Carlisle e Esme quando Emmett exigiu outra revanche. Gargalhando, joguei e venci Emmett mais duas vezes. Ainda venci Jasper e Alice – Rosalie e Edward não quiseram jogar – mais de duas vezes, o que deixou todos abismados.

Quando a rodada de videogame terminou, Jasper olhou com um sorriso satisfeito para mim, me parabenizando, e virou-se para Emmett, com a mão estendida.

- Acho que você me deve cinquenta pratas, Emm. – raivoso, Emmett tirou o dinheiro do bolso e enfiou na mão do irmão que ria abertamente.

- Hey, Emm – chamei e ele se virou para mim -, prometo que pego mais leve da próxima vez! – ele saiu xingando, com Rosalie atrás balançando a cabeça, e eu gargalhei – Ah! – suspirei, me jogando em uma das almofadas espalhadas pelo chão.

- Cansada? – perguntou Edward, sentando-se ao meu lado.

- Um pouco. – admiti – Não foi fácil ganhar de Emmett!

- Quer ir para casa? – assenti e ele me puxou pela mão – Pessoal, vou levar a Bella em casa.

- Ah, não, está cedo ainda! – choramingou Alice.

- Já são dez horas, pixel e eu estou morrendo de cansaço...

- Já que é assim. – disse, cabisbaixa, me puxando para um abraço – Tchau, Bells, até segunda.

- Tchau, Allie. – me virei para Jasper – Até, Jasper. – falei, apertando sua mão estendida.

Já no carro, a caminho da minha casa, Edward disse:

- Desculpe por Jazz, ele é o membro mais novo da minha família, não se acostumou com a nossa dieta. Ainda é um pouco difícil para ele.

- Ah, então é por isso que ele não se aproxima? Que alívio! Pensei que ele me detestava, assim como a Rosalie.

- Rose é... Um caso mais complicado. Ela não te detesta, tem inveja de você.

- Rosalie Hale tem inveja de mim? Edward, acho que você bateu com a cabeça.

- Estou falando sério! Ela tem inveja de você, da Marie e de todas as garotas da escola.

- Por quê? O que nós poderíamos ter que ela não tem?

- Humanidade, sangue correndo nas veias, um coração que bate... Mais especificamente, um útero fértil e óvulos fecundáveis. O sonho de Rose é ter um bebê, mas vampiros não podem reproduzir...

- Oh, eu não sabia. – ele apenas deu um sorriso.

O resto do caminho foi silencioso e tranquilo, cada qual imerso em seu próprio mar de pensamentos. Chegamos bem rápido à minha casa e ele saiu do carro para abrir a porta para mim. Sorri, agradecendo e ele me acompanhou até a porta.

- Obrigado, Bella – ele disse, virando de frente para mim e olhando em meus olhos.

- Pelo quê?

- Por ter dito aquelas coisas para mim.

- Só vão valer de alguma coisa se você acreditar verdadeiramente no que eu disse. – ele pensou um pouco e, com um sorriso, respondeu:

- É, acho que estou começando a acreditar.

- Isso é ótimo! – falei, abraçando-o – E obrigada por confiar em mim.

Ele me deu um beijo na testa e voltou para o carro, buzinando antes de sumir pela rua. Abri a porta, entrei em casa e me apoiei na mesma, com um suspiro e um sorriso. Fui diretamente para o meu quarto, trancando a porta e deitando de bruços na cama. Acabei dormindo daquele jeito mesmo, pensando em como Edward Cullen era adorável.


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Notas finais do capítulo

E então? Já sabem, né?

Reviews, recomendações e pontos de popularidade para a sua querida e esforçada autora são sempre bem-vindos! *momento caridade ON* ahsuhaiushiaus

Baci fiore



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