Lies escrita por San Costa


Capítulo 19
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Narradora

Ness não pode acreditar no que ela estava vendo. Uma mulher, ou melhor, uma vampira, caminhava de mãos dadas com uma criança de mais ou menos três anos.

- Oh não. – Julia sussurra, ela e os demais logo percebem o que é a criança.

- O que? – Ness pergunta sem entender.

- Uma criança imortal. – Ness arregala os olhos, lembrando da história das crianças imortais que lhe fora contada em Volterra. Jane os encara com cara feia e as duas se calam.

- O que vamos fazer? – Luc pergunta, recebendo um olhar feio de Jane e o devolvendo na mesma moeda.

- Vamos fazer o que viemos fazer, executar.

- Mas ela não terá nem direito a se defender? – Julia perguntou.

- Pra esse crime não há defesa. – Quem respondeu foi Inácio. Todos deram um passo e então Ness sentiu algo vindo, ela olhou pra todos os lados, mas não viu ninguém além da vampira e da criança imortal. Desta vez não foi como em todas as outras vezes, pois ela continuou acordada e via tudo o que se passava em volta, porém também via a mente da vampira e o quanto aquela criança imortal era importante para ela. A vampira sabia que tinha errado, mas seu maior medo era que tirassem a criança dela. Ness viu várias cenas da criança sendo queimada com a vampira lutando pra proteger a criança ou simplesmente a criança sendo tirada dela.

- Ness. – Luc chamou pondo a mão em seu ombro, Ness balançou a cabeça e sua mente estava somente ali de novo. – O que aconteceu?

- Não sei... Eu vi algo.

- Uma visão? – Julia perguntou empolgada.

- Não. Eu posso ver qual o maior medo e maior desejo das pessoas, mas normalmente eu estou dormindo e a pessoa também.

- E o que você viu? – Jane perguntou antes que Julia falasse mais alguma coisa.

- O maior medo daquela vampira é que tirem a garota dela. E ela é capaz de tudo pra protegê-la.

- Interessante. – Inácio falou analisando Ness, ele já tinha sentido que ela tinha um grande dom, ninguém sabia ainda ao certo qual era. Depois de alguns minutos ele falou. – Vamos acabar com isso e voltar pra Volterra.

Quando os vampiros apareceram a vampira deu um pulo se colocando na frente da criança. Ela sabia que uma hora eles apareceriam. Ela deu um passo na direção dos Volturi e soltou um grito enquanto seu corpo se contorcia e caia no chão. A criança começou a rosnar e no instante seguinte Inácio estava do lado dela. Luc foi até a vampira e a estraçalhou com agilidade, enquanto Julia acendia uma fogueira. Ness olhava horrorizada enquanto eles exterminavam a vampira e criança.

- Inútil. – Jane sibilou enquanto passava por Ness. – Vamos logo.

♥♥♥

Aro recebeu Carlisle com um sorriso falso no rosto.

- Meu amigo a que devo a honra?

- Aro. – Carlisle o cumprimentou com uma voz fria, sem deixar Aro o tocar. Ao seu lado estavam Edward e Bella. Edward olhava sem entender o que estava acontecendo, pois ele não conseguia ler a mente de Aro, ou melhor, ele não conseguia ler a mente de ninguém ali presente.

- Estamos procurando minha neta. – Edward falou se focando em Aro.

- Neta? Sinto muito querido Edward, mas não sei a que se refere.

- Minha bisneta sumiu a mais ou menos um mês. – Carlisle falou. – Até pouco tempo ela não sabia nada sobre o nosso mundo e ela está confusa...

- Não sabia? Confusa? Temo que isso seja um grande problema meu amigo.

- Não há nenhum problema aqui Aro. – Bella falou. Os três já se arrependendo de ter ido até ali.

- Pelo que entendi vocês acham que ela está aqui? – Edward afirmou com a cabeça. – Fiquem à vontade pra olharem o castelo. Willian. – Aro chamou. Um garoto com não mais de treze anos veio até ele e fez uma reverência.

- Sim, mestre.

- Quero que leve meus amigos pra olharem o castelo.

- Como? – O garoto pergunta espantado.

- Os mostre tudo o que quiserem.

- Sim, mestre. – Com outra reverência ele saiu. Edward, Bella e Carlisle hesitaram, mas depois o seguiram. Vários vampiros estavam ao redor da sala e Bella instintivamente jogou seu escudo, ou tentou, pois quando tentou viu que não conseguia.

- Não consigo usar meu escudo. – Bella sussurrou o mais baixo possível.

- Estamos sendo anulados. – Edward falou e olhou pro menino na frente. – E acho que é por ele. – Carlisle e Bella olharam o pequeno menino, quase uma criança.

- Por onde querem começar? – Ele perguntou, sua voz transmitindo tédio. Edward disse por onde começar e eles rapidamente vasculharam todo o castelo, por onde eles iam vários vampiros os olhavam.

- Ela não está aqui. – Bella constatou o óbvio.

- Vamos embora. – Carlisle falou.

♥♥♥

Enquanto Jane, Inácio, Julia, Luc e Ness voltavam pra Volterra, Luc comenta que quando a mãe de Ness nasceu ela também foi confundida com uma criança imortal.

- Como? – Ness pergunta parando de correr.

- Eu ainda não estava com os Volturi, mas sei que eles foram até a cidade onde eles moravam com a intenção de matá-los. – Ness sentiu um aperto no peito. – Sua família chamou vários amigos pra testemunhar que sua mãe crescia como uma criança normal, ou melhor, muito mais rápido que uma criança normal.

- E o que aconteceu? – Ness perguntou, pela primeira vez interessada em uma história sobre sua família. Desde que ela chegou a Volterra ela não quis ouvir nada que lhe falaram sobre sua família, e quando era obrigada a ouvir Aro ou Chelsea eles sempre falavam coisas ruins sobre os Cullen e seus pais.

- O que você acha que aconteceu? – Jane perguntou parando e olhando pros dois. – Sua mãe está viva não está? Aro só pune os culpados. – Acrescentou e virou pra frente. – Agora calados e andem rápido.

Ness reprimiu a vontade que surgiu de saber mais sobre sua família, ela não queria estar curiosa, ela queria odiá-los, odiar a todos. Eles fizeram o que Jane falou e correram em silêncio, no meio da viagem, Inácio parou e disse que precisava caçar e todos concordaram. Luc começou a adentrar na floresta e Ness o chamou.

- Luc. Você não vem?

- Eu não caço humanos. – Luc a respondeu e não esperou, logo entrou na floresta.

- Ele caça animais. – Julia falou quando viu que Ness ficou olhando pra onde Luc tinha entrado. Ela ficou perplexa, ela não sabia que tinha uma opção além da de caçar humanos.

- Vamos logo. – Jane falou com raiva.

Ness esperou enquanto Julia muito sensualmente atraiu dois rapazes até uma parte afastada da cidade e então se aproximou. Ao sentir o cheiro do sangue do rapaz seu corpo ganhou vida própria e em questão se segundos ela drenou todo seu sangue, o rapaz nem sentiu o que lhe aconteceu. Quando voltaram pra floresta Luc já os esperavam. Ness não estava aguentando a curiosidade então perguntou.

Ness

- Por que você não caça humanos? – Luc me olhou e sorriu.

- Eu não sou um monstro Ness e não preciso agir como um. – Suas palavras me fizeram refletir. Eu também não era um monstro, mas nos últimos meses eu vinha matando pessoas inocentes, eu olhei em seus olhos e mesmo sabendo que eles não eram vermelhos, como o de todos aqui, como o meu havia ficado, só agora percebi que poderia ter um motivo pra isso. Luc sorriu com certeza lendo minha mente. – Isso é porque eu não bebo sangue humano. – Afirmei com a cabeça.

- Por que ninguém nunca me falou que eu não precisava beber sangue humano, que eu tinha outra opção? – Inácio diminuiu seus passos e respondeu.

- Por que essa é a ordem natural, nós somos predadores e os humanos as presas, e o sangue animal não nos dá a mesma força que o sangue humano.

 Fiquei em silêncio o restante da viagem, toda a raiva e todo o ódio que eu vinha sentindo por meus pais, minha família, havia me impedido de perceber o que eu estava fazendo, no que eu havia me tornado. Quando chegamos ao castelo passei direto pro meu quarto, tomei um banho rápido e enquanto me vestia o monstro de olhos vermelhos me encarou no espelho, aquela não era eu, aqueles não eram os meus olhos. Minha pele estava mais branca e eu até parecia mais bonita, mas aquela ali diante de mim no espelho não podia ser eu. Deitei na cama e abracei meu corpo e senti as lágrimas rolarem de meus olhos. No que eu havia me tornado?

Naquela noite eu finalmente sonhei com ele. Arthur estava lindo, e quando eu o vi corri e me joguei em seu colo, foi impossível conter as lágrimas.

- Shii. – Ele me consolou. - O que foi? Onde você está? – Ele nos separou e ergueu meu rosto com a mão, e então deu um passo para trás. – O que aconteceu com seus olhos? – Eu sabia o que ele estava vendo, o monstro de olhos vermelhos. Fechei meus olhos e me apertei em seu peito. Depois de alguns segundos ele envolveu minha cintura e me apertou a ele. – Calma. – Ele repetiu. Eu não conseguia dizer nada, somente ficamos ali abraçados. Tê-lo ali era como se eu pudesse ser normal outra vez. Depois de um tempo ele falou. - Ness eu preciso saber onde você está. Sua família está preocupada. – Aquelas palavras fizeram eu me afastar dele e o olhar incrédula.

- O que você disse?

- Eles te amam Ness e estão loucos de preocupação.

- Como você sabe disso? Eu achei que somente eu te visse.

- É uma longa história amor. Mas... Eu descobri que o teu avô Edward pode me ouvir.

- Meu avô? Arthur... Primeiramente como você sabe que ele é meu avô.

- Eu não queria que fosse assim, me diz onde você está e sua família vai te buscar.

- Eu não quero que ninguém venha me buscar, o que eu quero é uma resposta. – Ele respirou fundo.

- Eu já tinha ouvido falar nessa família, mas eu não sabia que era a sua família. Amor...

- Não. – Falei o interrompendo. – Você também não. – Senti as lágrimas rolando em meu rosto. Arthur deu um passo na minha direção. – Fica longe.

- Ness.

- Vai embora. – Eu gritei.

E então me concentrei e no instante seguinte estava olhando pro teto escuro do meu quarto no castelo. Ele também não. Senti como se arrancassem meu coração do meu peito. Os dias seguintes eu voltei a ficar calada e sem expressão assim como quando eu cheguei ao castelo.

1 mês depois

Depois daquela noite eu foquei minha concentração em aprender a lutar eu comecei a treinar o meu dom, o que Aro apreciou muito, pois sabendo os medos e os desejos de quem nós iríamos enfrentar, saberíamos como lidar com eles. Depois daquela primeira missão várias outras vieram e eu tentava não pensar mais na vida que eu tinha antes de vir pra Volterra.

4 meses depois

O tempo passava lentamente, mesmo não querendo admitir eu sentia falta de Arthur. Depois que nós brigamos ele nunca mais apareceu pra mim, sentia falta dos meus pais, sentia falta das minhas amigas e sentia falta dos meus “vizinhos, amigos e sobrinhos”. Comecei a imaginar como era a minha família, as qualidades de cada um, os defeitos, mas sempre que perguntava sobre eles recebia respostas diferentes. Aro e Chelsea sempre me falavam horrores sobre eles, e sempre que Luc tentava falar algo sobre eles, alguém nos interrompia. Eu comecei a passar cada vez mais tempo sem caçar pra não ter que matar humanos e até cogitei a hipótese de caçar animais com Luc, mas Aro não permitiu. Luc, Julia e eu nos tornamos amigos e eles eram os únicos que faziam eu me sentir um pouco humana. Luc tinha um jeito brincalhão que conseguia me fazer esquecer a tristeza quando ele estava por perto e Julia era tão meiga e tão carinhosa que me fazia ver que nem todos vampiros eram monstros.


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