MALFEITO FEITO II

Death - Capítulo Três.

Marlene McKinnon

Lene saiu de casa e bateu a porta com um pouco mais força do que a necessária. Estava atrasada. Droga. Tinha certeza de que levaria uma bronca 'daquelas' quando encontrasse Lily no caminho. As duas sempre iam juntas para a escola, afinal suas casas eram próximas. E Lene sempre se atrasava.

Caminhava rapidamente em direção ao ponto de encontro: uma Starbucks próxima à Hogwarts. Quando chegou lá, olhou para os lados à procura da ruiva, mas Lily não estava em nenhum lugar à vista.

- Então talvez eu não seja a única atrasada hoje - Lene resmungou consigo mesma e pôs a mão dentro da bolsa, à procura de seu celular. Quando estava prestes a digitar o número da amiga, cabelos ruivos chamaram sua atenção do outro lado da rua. Era Lily e ela estava sentada nas escadas de entrada de uma casa com a cabeça nas mãos.

Instantaneamente Lene ficou preocupada e atravessou a rua rapidamente, indo de encontro à amiga.

- Lily! - ela chamou e a ruiva ergueu a cabeça das mãos. Lene ficou chocada. Os olhos absurdamente verdes de Lily estavam completamente inchados e vermelhos. Grossas lágrimas caiam pelo rosto da ruiva. Porque diabos Lily estava chorando? - Lily? O que aconteceu? - Lene foi até ela e sentou ao seu lado.

Lily apenas balançou a cabeça e começou a soluçar.

- Lily! - Lene pegou a amiga pelos ombros e a sacudiu levemente. - O que foi caramba? Você e o James brigaram? Porque você está chorando? Eu juro que mato o James se ele fez isso com você e...

Lily tapou a boca de Lene e balançou a cabeça negativamente.

- Não foi nada... disso - Lily soluçava enquanto falava o que tornava mais difícil de Lene entender.

- Então o que foi? - Lene estava começando a ficar impaciente.

Lily abriu a boca para responder quando Dorcas chegou esfuziantemente ao lado delas.

- Bom dia flores do dia! - O senso de humor de Dorcas pela manhã era realmente surpreendente.

Lily pareceu encarar tanto bom humor como uma ofensa pessoal e voltou a soluçar fortemente. Lene encarou Dorcas pedindo por ajuda. Não tinha ideia do que estava acontecendo com Lily.

- Que foi Len...? - e Dorcas parecia finalmente ter percebido que Lily estava chorando. - Lily? Lily! Oh Deus, o que foi?

Lily respirou fundo e falou num fôlego só:

- Eu estou grávida.

Tudo que Lene podia pensar era 'Que merda é essa?'.

- Que diabos você disse? - Lene perguntou certa de que havia ouvido errado.

- Eu estou GRÁVIDA Lene! – Lily disse novamente parecendo aliviada por falar.

Era como se o eixo do mundo de Lene tivesse entortado completamente. Lily Evans grávida? Huh?

- Não! Você? Lílian Evans grávida? Fala sério! – Dorcas riu da ruiva, mas Lily apenas ergueu uma sobrancelha em um gesto completamente irritante. A boca de Dorcas abriu em um 'o' que seria muito engraçado se a situação não fosse tão trágica.

- Como isso aconteceu? – Lene perguntou completamente abismada.

- Affe Lene! Foi a cegonha sabe? Ela veio de noite e meteu um bebê pelo meu umbigo – Lily comentou sarcasticamente. Lene bufou.

- Eu sei como aconteceu! Eu só não sei COMO aconteceu – Lily apenas ergueu uma sobrancelha indicando que ela não havia entendido o que Lene quis falar.

- Olha só, não estou querendo mudar de assunto nem nada disso – Dorcas começou e olhou para Lily. – Mas eu estou com fome, porque não comi nada ontem desde que cheguei da casa da minha avó. Então o que vocês acham de a gente matar a aula, já que não tem nada de interessante hoje, e ir até a Starbucks e comer alguma coisa? – os olhos de Dorcas brilhavam.

- Nossa, o pior é que eu também estou morta de fome – Lene disse. – Ontem minha mãe fez aquela torta de ervilha dela – Dorcas e Lily fizeram caretas. – Completamente horrível! – Lene torceu o nariz. A mãe dela era tão boa cozinheira quanto boa dançarina (o pai de Lene ainda tinha as marcas das pisadas que levou na valsa de casamento).

- Por mim tudo bem – Lily levantou das escadas e passou a mão pelo rosto. – Não estou no espírito para aulas hoje – ela disse.

- Vamos de uma vez então – Dorcas enganchou um braço em Lily e outro em Lene e as carregou pela rua. – Faz muito tempo que eu não como as batatas fritas de lá, já estou com saudades e...

Mas Dorcas não conseguiu terminar a frase. Lily só teve tempo de desviar das duas antes de vomitar todo o conteúdo de seu estômago na calçada. Lene virou o rosto para o outro lado para não fazer a mesma coisa. Blergh.

- Não... falem... em... batatas! - disse Lily antes de vomitar novamente.

- Okay! Não falamos mais em ba... Opa, naquelas coisas amarelas que se usa para fazer aquelas deliciosas coisas fritas – Dorcas disse e Lene revirou os olhos.

Ela abriu a grande porta de vidro da lanchonete e as três entraram, sentando-se em uma das muitas mesas e conversando sobre a mais nova e completamente chocante noticia.

Remo Lupin

Remo não conseguia acreditar no que James havia lhe dito. 'Pai' e 'James' não eram duas palavras que parecessem combinar. E agora, estas mesmas palavras pareciam ser forçadas a ficarem juntas. James papai.

Pobre criança.

- Isso é a coisa mais absurdamente louca que eu já ouvi – Remo comentou assim que James acabou de narrar sobre o ataque histérico de sua mãe.

- Eu sei cara – James passou as mãos pelos cabelos em um gesto muito conhecido quando ele estava nervoso.

- Mas você não sabe da melhor! – Sirius disse.

- Sabe Sirius, eu ainda estou tentando achar algo bom nisso tudo, o que dirá melhor – Remo comentou completamente abismado com a despreocupação de Sirius.

- Eu vou ser padrinho! – Sirius disse ignorando o comentário.

- O QUE? – Remo se alterou na mesma hora, esquecendo por completo que ainda não havia achado alguma coisa boa na notícia. - Como assim o Sirius vai ser padrinho? E eu James? – ele virou de frente para o moreno de cabelos bagunçados. – Eu pensei que fosse seu amigo cara! – James engoliu em seco e estava prestes a responder quando Sirius o interrompeu.

- Para quê ele iria querer alguém lerdo como você para ser padrinho da criança? – Sirius perguntou incrédulo – A menos que ele queira que o filho seja autista! Eu sou muito melhor para isso! Vou ensinar o garoto a ter estilo, a saber conquistar as mulheres. Esse daí vai ser 'O' pegador.

- Que nada! Eu que vou ensinar ele a puxar o saco dos professores e de como colar sem ninguém saber! Ele vai tirar notas boas em todas as matérias, e ainda por cima os professores vão adorar o garoto! – Remus disse.

- Cara, que coisa mais sem graça! Coitado do menino – Sirius olhou para James – Jamie, você definitivamente não vai chamar esse cara pra ser padrinho né?

James olhou de um para o outro com as sobrancelhas erguidas.

- Vocês são retardados ou sofrem de alguma doença mental degenerativa? – James perguntou e sua voz esboçava incredulidade.

- Por quê? – Remo e Sirius perguntaram.

- Caso ainda não tenham percebido, isso é uma coisa séria! Eu posso sentir os cabelos ficando branco em minha cabeça neste exato momento. – Sirius olhou imediatamente para os cabelos de James e Remo deu um tapa em sua cabeça. – E se for uma garota, o que é que vocês vão ensinar?

- Ah! Eu vou ensinar a ela a nunca dar bola para garotos galinhas e a ser uma moça difícil de conquistar – Sirius estufou o peito.

- E eu vou ensinar a ela a nunca colar na sala de aula e a ser uma menina muito estudiosa – Remo disse. Vocês não acham que estão sendo machistas? – James deu o primeiro sorriso do dia.

- Por quê? - novamente os dois perguntaram.

- Nada, deixem para lá – James balançou a cabeça.

- Então, o que vocês acham de matarmos aula e irmos para a Starbucks – Sirius disse e apontou para a lanchonete que podia ser vista ao longe. – Botar o assunto em dia enquanto eu demonstro que sou melhor para padrinho do que este protótipo de nerd – ele passou a mão pelos cabelos e James riu.

- Você quis dizer que é para o James ver que EU sou melhor para padrinho do que certo cachorro pulguento não é? – Remus interrompeu e arqueou as sobrancelhas. Era óbvio que ele era melhor padrinho! Sirius provavelmente mataria a criança numa tentativa de mudar as fraldas!

Sirius já ia responder quando James interveio.

- Okay! Vocês os dois são os padrinhos! Agora, por favor, vamos comer alguma coisa porque faz algum tempo que eu não consigo por nada no estômago – James disse.

E eles foram discutindo as melhores coisas para ensinar a uma menina.

Lílian Evans

Somente suas amigas conseguiam fazê-la rir em um momento como aquele. As duas discutiam acirradamente sobre a futura madrinha da criança.

-... E é claro que eu vou ensinar ela a se vestir e a saber as roupas adequadas para cada ocasião – Lene ia dizendo.

- E eu vou ensiná-la a saber como conquistar meninos e...

- Dorcas, contanto que isso não inclua simpatias, eu deixo! – Lily exclamou.

O rosto de Dorcas ficou vermelho-vivo.

- Haha – Lene balançou a cabeça. – Eu juro que ainda tenho pesadelos com aquele dia do mendigo – Lily riu. – E se eles tivessem descoberto?

- Quem tivesse descoberto o quê? – uma voz conhecidíssima interrompeu a conversa das três. Grande merda.

- O mendigo – Lily respondeu virando-se e encontrando os três Marotos parados atrás da mesa delas. James estava com uma expressão desconfiada.

- Que mendigo? – James ergueu uma sobrancelha.

- Ah, o dia em que a Dorcas, hum, sabe, teve o ataque de asma na casa de Remie – Lene interveio salvando a pele de Lily que não parecia ser capaz de mentir para James com ele encarando-a.

- Ah, sei! – James pareceu ficar aliviado com a resposta.

- Sabe que isso é muito estranho? – Remo comentou pensativamente. – Nunca vi mendigos andando por lá.

- Ah... Sempre tem uma primeira vez não é mesmo? – Dorcas disse e levantou indo até o namorado e o beijando levemente. Lily agradeceu por isso, pois afastava os pensamentos de Remo de certos 'mendigos'.

- E vocês o que estão fazendo aqui? – Lily perguntou, mudando de assunto.

- Decidimos não ir a aula – James respondeu sem nem um pingo de culpa. – Não estava no ânimo para isso – explicou. – E decidimos vir para cá para eu esfriar a cabeça e comer alguma coisa. E vocês?

- Idem – Dorcas sentou novamente à mesa, puxando Remo para seu lado.

- Lily, posso falar com você? – James perguntou indicando outra mesa com a cabeça.

- Claro – Lily concordou e levantou de onde estava sentada, sendo puxada por James.

A mesa ficava um pouco longe de onde os outros estavam sentados.

- Que houve James? – Lily perguntou, um pouco assustada pela expressão do namorado.

- Tem algum problema se eu convidar o Remo e o Sirius para serem os padrinhos? – James perguntou em uma voz baixa.

- Não tem problema algum – Lily ficou aliviada que fosse apenas isso. – Vai ficar fofo até. Remie com a Dorcas e Sirius com a Lene.

- Vai ser as duas também? – James perguntou.

- Com tanta coisa para se preocupar e elas duas acabariam se matando se não fossem – Lily revirou os olhos.

- Eu sei como é – James concordou.

Lily soltou um suspiro.

- Que houve? – James perguntou com a expressão instantaneamente preocupada.

- Sei lá, é só que... Mudou tanta coisa em tão pouco tempo – ela disse tentando impedir que mais lágrimas caíssem.

- Hey, não chora – James aproximou sua cadeira da dela e a abraçou. – Eu estou aqui com você. Nós estamos juntos nessa.

Lily sorriu para ele.

- Amo você – Lily disse.

- Eu também te amo – James beijou-a.

- Hey casal! – Sirius chamou-os. - Venham ficar conosco! Deixem essas coisas para o quarto!

Os dois coraram fortemente e Lily agradeceu por ter pouca gente na lanchonete aquela hora.

- Lily, o que você acha da irmos ao cinema eu, você e a Dorcas hoje? Se distrair um pouco – Lene piscou.

- Ah Lene, não vai dar. Eu tenho que levar o Harry pro veterinário – Lily fez uma careta.

- Ah, mas os garotos levam! – Dorcas lançou um olhar mortal para os três, do tipo 'levam ou morrem, vocês escolhem'.

- Claro! – Sirius sorriu amarelo.

- Sem problemas – Remo concordou imediatamente.

- É – James não parecia muito feliz com a idéia, mas aceitou do mesmo jeito.

- Ótimo. Agora você já pode ir – Dorcas voltou seus olhos para Lily e sorriu.

- Então nós vamos – Lily concordou.

- Hey Lil's, já escolheu algum nome? – Sirius perguntou.

- Eu descobri ontem – Lily arqueou uma sobrancelha. – Eu quase nem sei o MEU nome – ela disse e alguns riram.

- O que você acha de Jalily? – Dorcas estava alheia à tudo enquanto encarava Lily sonhadoramente.

Ja o quê? Credo.

- Ja o que? – James ecoou os pensamentos de Lily.

- Jalily, mistura de James com Lily dã – Dorcas explicou como se fosse uma coisa muito comum indicar nomes de alien para um bebê.

Todos ficaram em silêncio. Ninguém queria responder à isso.

- Acho, hmm, acho que não vai ficar muito legal – Lily falou delicadamente. – Não vai combinar eu acho...

- Ai, Lily pelo amor de todos os Deuses! Que nome mais horroroso. Se eu fosse o bebê, definitivamente nem sairia de dentro da barriga da minha mãe se fosse esse nome que eu iria receber – Lene, a Deusa da Delicadeza, disse.

- Que nome você sugere então? – Dorcas perguntou irritada.

- Etrusca.

Silêncio.

- Hahaha! E depois eu quem escolhe nome feio. – Dorcas ria – Credo Marlene! Nem minha avó iria gostar de ter esse nome.

Lene ia retrucar, mas Sirius interrompeu.

- O que vocês acham de Siriusana? Bem sexy não?

Nessa hora ninguém mais agüentou. Todos caíram na gargalhada Sirius, coitado, ficou sem entender o porquê.

- Nossa Sirius! Que terrível, a criança já nasce traumatizada. – Remo comentou divertido. - Gertrude é um nome muito mais bonito.

- Sabem o que eu acho? – Lily interveio antes que coisas muito mais terríveis fossem sugeridas. – Que temos muito tempo para pensar nessas coisas, huh? Daqui algum tempo mais a gente pensa no nome.

- É isso ai - disse James, obviamente também tentando mudar de assunto.

Lily ficou com pena ao imaginar que, no dia em que todos fossem pais, as crianças com certeza não iriam gostar de seus nomes.

James Potter

James estava segurando a corrente do grande Labrador de Lily enquanto conversava com Remo e Sirius. Passeava descansadamente pela cidade e, até aquele momento, Harry estava tranqüilo.

James havia criado um pouco de amizade com o animal, mas ainda achava que o cão tinha alguns parafusos a menos. Claro que não diria isso à Lily, pois correria sérios riscos de apanhar. E James não queria apanhar.

- Cara, eu juro que eu não sei por que você diz que esse cachorro é maluco. Ele está se comportando muito bem até agora – Sirius comentou.

Sirius falou bem. O cachorro estava comportado até aquele momento.

Harry decidiu sair correndo naquele exato momento, derrubado Sirius no processo e empurrando Remo para o lado. A corrente que James segurava estava quebrada em sua mão. Merda.

Nem pensou, saiu correndo atrás do cachorro que parecia estar à base de Nitro. Aquele cachorro, definitivamente, era maluco! James apenas podia ver o grande rabo amarelo do cão indo em direção à rua movimentada. Mas o pior não foi o cachorro sair correndo em direção a rua movimentada, o pior foi o cachorro atravessar a rua movimentada.

- HARRY! - James gritou antes de se atirar com tudo, empurrando o cachorro em direção à calçada, impedindo um carro por milésimos de segundos de passar por cima dos dois.

Sirius e Remo os alcançaram algum tempo depois, ambos ofegantes pela corrida.

- James, cara, você está bem? – Remo perguntou quando chegou ao lado de James que estava deitado no chão.

- O que você acha? – o sarcasmo de James foi palpável.

- Hmm, James? – Sirius chamou.

- Hmm? – James resmungou ainda deitado no chão. O choque de adrenalina levando tremores por seu corpo.

- Esse cachorro era muito importante pra Lily não era? – Sirius encarou-o com os olhos sérios.

- Sim... Por quê? – James ficou instantaneamente com medo do olhar do outro.

- Olhe você mesmo.

E James olhou.

O cachorro que outra hora corria e saltitava pelas ruas, agora estava estatelado no chão, aparentemente sem respirar. James sentiu o mundo ruir a seus pés.

- James, cara - disse Sirius com voz de enterro.

- Eu sei Sirius! – a voz de James saiu estrangulada pelo desespero.

- VOCÊ MATOU O HARRY!

Deuses, ele estava perdido.