James Potter

James sentia-se estranhamente nervoso ao esperar pelas próximas palavras de Lily e quando ela virou de frente para ele e o encarou com os olhos muito verdes parecendo amedrontados, ele sabia que nada de bom poderia vir dali.

E então Lily falou as palavras que James só esperava ouvir daqui a pelo menos uns vinte anos.

- Eu estou grávida.

Foi como um filme de terror onde as pessoas estavam falando em câmera lenta, deixando as palavras retorcidas e desconexas. Talvez tenha sido por isso que James demorou a assimilar, ou talvez tenha sido por medo. Mas quando ele finalmente entendeu o que ela disse sentiu como se seu corpo estivesse ficando estranhamente mole, sem ossos. Poderia ter derretido até virar uma possa de meleca no chão não fossem os olhos de Lily que continuavam encarando-o à espera de alguma resposta.

Não, aquilo NÃO podia estar acontecendo, não mesmo! A possibilidade era quase nula! Era praticamente inexistente! Mas Lily continuava encarando-o e ele sabia que ela não podia estar brincando com uma coisa tão séria.

O cérebro de James parecia estar congelado, e as palavras de Lily repetiam-se em sua cabeça, deixando-o zonzo.

'Eu estou grávida... Eu estou grávida... Eu estou grávida... '

- Você disse que tinha duas notícias – James falou e sua voz saiu estranhamente rouca. – E qual é a boa?

- Não é de gêmeos! – Lily respondeu nervosamente, soltando uma risadinha. James sabia que ela ficava assim quando estava nervosa, mas mesmo assim aquele risinho o irritou extremamente. Como ela podia rir em um momento como aquele? James estava quase tendo uma sincope e ela ali, rindo!

"Não é de gêmeos!" NÃO É DE GÊMEOS?

Como se isso amenizasse as coisas.

É claro que se fosse pensar realmente, era realmente um alivio não ser de gêmeos. Imagine só, acabar de descobrir que vai ser pai adolescente e ainda por cima de dois, DOIS, filhos. Então talvez amenizasse um pouco as coisas, mesmo que não tornasse a noticia mais suportável.

- James? – a voz de Lily o trouxe de seus devaneios.

- Que? – James resmungou desolado.

- O que nós vamos fazer? – Lily perguntou e o encarava como se ele tivesse todas as respostas do mundo. O que não era verdade, pois naquele momento ele estava tendo dificuldade até para lembrar o próprio nome.

- Eu não sei o que você vai fazer, mas eu estou pensando seriamente em me matar – James olhou desesperadamente para os lados à procura de algo potencialmente perigoso com o que pudesse se matar.

- Eu não vou deixar – Lily disse, bufando.

- Não vai deixar o que? – James estava mais concentrado em procurar alguma coisa com que se matar do que no que Lily estava falando.

- Você se matar – ela disse.

James voltou os olhos para Lily.

- De quantos meses você está? – ele analisou o corpo de Lily tentando encontrar alguma coisa diferente, mas não havia absolutamente nada fora do comum. Ou talvez... Bem, James não se lembrava de Lily ter pernas tão, hum, bonitas.

Lily não respondeu e James voltou seus olhos para os dela, percebendo que ela estava extremamente corada.

- Lily?

- Trêsmeses – ela resmungou. Muito rápido para que ele entendesse.

- Quê?

- Três. Meses. – Lily disse lentamente, respirando fundo.

- O QUE? – James falou um pouco alto demais. – Você não percebeu...? Como você pôde não perceber? Não viu que sua, ah, que sua, hum, menstruação não estava vindo? – James estava incrédulo.

Lily negou com a cabeça.

- Como não? – James interrogou.

E além de tudo, James ainda descobria que tinha apenas seis, SEIS meses para se acostumar com a idéia de ser pai, ao invés de nove. Lily só podia estar brincando.

James pegou o travesseiro de cima da cama e tentou se asfixiar com ele.

- Eu não percebi porque ela nunca vinha certo. Sempre atrasava ou não vinha num mês e vinha no outro. Eu achei que fosse normal – a voz de Lily soou abafada.

James não disse nada, apenas ficou com o travesseiro no rosto tentando ficar sem respirar até morrer.

Ouviu passos se aproximando e de repente o travesseiro não estava mais em seu rosto.

- James, em primeiro lugar, você nunca iria conseguir morrer asfixiado com um travesseiro, a menos que você estivesse desmaiado, o que não é o caso. E segundo lugar, eu não vou deixar você morrer e me deixar sozinha cuidando de uma criança – Lily disse tudo muito séria. Tão séria que chegou a ser engraçado. E James riu, gargalhou sem parar, um riso completamente nervoso e histérico, algo que somente acontecia nos momentos mais dramáticos de sua vida. Estava parecendo uma hiena. E quando finalmente conseguiu parar de rir, teve vontade de chorar.

- Nós vamos ter um filho Lily! – James pôs a cabeça nas mãos. – Um bebê!

Lily estava prestes a responder quando uma voz berrou da porta:

- COMO ASSIM VOCÊS VÃO TER UM BEBÊ?

E James percebeu que estavam ferrados.

- M-mãe?

Sirius Black

Sirius nunca havia visto a Sra. Potter tão brava e achou que faltava muito pouco para ela subir nas paredes e lançar fogo pela boca. Era uma cena digna de filmes de terror.

- ... IRRESPONSÁVEIS! EU NUNCA PODERIA IMAGINAR UMA COISA DESSAS! VOCÊS CONSEGUIRAM PÔR TODAS AS MINHAS EXPECTATIVAS POR ÁGUA A BAIXO! – e era incrível que ela conseguisse gritar ainda mais alto do que Marlene quando estava com ciúmes. –... NÃO PARARAM PARA PENSAR NO FUTURO DE VOCÊS? EM TUDO QUE VOCÊS PERDERAM? – e o show continuava. –... BEBÊ! VOCÊ NÃO SABE NEM LAVAR SUAS CUECAS, JAMES, E VAI...

- MÃE! – James reclamou, indignado. - É claro que eu sei...

- E VOCÊ NÃO ME INTERROMPA MOCINHO! – Sra. Potter gritou encarando James com fogo nos olhos – E NÃO PENSE QUE VOCÊ VAI SEGUIR COM ESSA SUA VIDINHA ATÉ O BEBÊ NASCER NÃO!... RESPONSABILIDADES E...

(...)

Duas horas e meia depois.

- E VOCÊS VÃO CONTAR PARA A MÃE DA LILY AGORA MESMO! EU VOU CHAMAR ELA AQUI E VOCÊS, ME OUVIRAM BEM? VOCÊS VÃO CONTAR PARA ELA!

E depois de dizer isso ela foi para a sala, provavelmente para ligar para a mãe de Lily.

James estava completamente estático, a boca escancarada em choque. Estava assim desde que a mãe havia dito que ele não sabia lavar cuecas. Lily, bem, Lily parecia as cataratas do Nicarágua de tanto chorar.

Mas chorar mesmo.

- Hey, Lily, calma. Ninguém vai matar nenhum de vocês – Sirius foi até Lily e sentou ao seu lado, abraçando-a pelos ombros. James não parecia ser capaz de qualquer coisa naquele momento.

- Mas Sirius... – soluço – minha mãe vai enlouquecer e... – soluço – eu não quero que ela iahsuaksljaiushaidsahdajs – depois disse Sirius não conseguia entender absolutamente nada por causa do choro.

- Eu sei lavar minhas cuecas! – James resmungou finalmente saindo do transe.

- James! – Sirius chamou a atenção do garoto.

- Quê? – James o encarou como se nunca o houvesse visto.

- Sua namorada está quase morrendo afogada em lágrimas e você fica preocupado com cuecas? Faça-me o favor! – Sirius reclamou e James olhou para Lily como se recém percebesse que ela estava ali.

- Lily! – James exclamou e abraçou a ruiva fortemente.

- James! O que a gente vai fazer? – Lily perguntou, desolada, para James.

- Eu não sei – James a abraçou mais forte.

E de repente a campainha tocou e Sirius sentiu Lily ficar rígida ao seu lado. James soltou um longo suspiro e Sirius apertou um pouco o abraço que ainda estava dando em Lily pelos braços de James.

- Olá Ana! Eu vim o mais rápido que pude. Você me assustou pelo telefone – A voz da mãe de Lily era facilmente reconhecível.

- Espere pra ver Jane – A voz da mãe de James ecoou pelo corredor que levava até onde estavam.

- Merda – Os três disseram ao mesmo tempo quando a mãe de Lily apareceu na sala.

Lílian Evans

Lily não podia acreditar no que estava acontecendo, era como se estivesse tendo um sonho muito ruim em que só estivesse presente parcialmente, como se não estivesse vendo e ouvindo tudo direito.

Tudo culpa daquelas malditas batatas! Batatas estúpidas, idiotas, asquerosas e... Bem, Lily teve de parar de pensar em batatas antes que vomitasse ali mesmo.

E agora Jane Evans estava ali, encarando-a com uma expressão de decepção tão terrível que Lily sentia como se suas entranhas estivessem sendo esmagadas. Começou a chorar novamente.

- Calma meu amor – James tentou acalmá-la, sussurrando em seu ouvido.

- Não adianta chorar agora Lílian! O que está feito está feito. E vocês dois vão ter que arcar com as conseqüências – A mãe dela disse com os olhos duros virando-se para Sra. Potter logo em seguida – Tenho um apartamento à duas quadras da minha casa, acho que pode servir. Só é necessário alguns pequenos retoques.

- Ah, mas é claro que serve. Eu e Jude podemos ajudar com as arrumações. – A mãe de James passou as mãos pelos cabelos – Mas temos de ver tudo muito rápido, antes que a barriga comece a aparecer – e olhou para Lily.

- Eu posso ligar para meu primo, ele tem uma...

E as duas senhoras continuaram a conversar deixando Lily, James e Sirius (que estava ali ouvindo os sermões junto com eles) sem saber do que elas estavam falando.

Lily sentiu um frio na barriga.

- Desculpa mãe, mas posso saber o porquê de vocês precisarem de um apartamento? – James perguntou depois de algum tempo.

A Sra. Potter o encarou com as sobrancelhas erguidas.

- Pra você e para a Lily, oras! – respondeu séria.

James se engasgou e Lily deu alguns tapinhas em suas costas.

- Como assim um apartamento para mim e o James? – Lily perguntou, receosa.

- Vocês vão ir morar juntos - disse a Sra. Potter para ela como se Lily tivesse algum problema mental.

- Mas, isso quer dizer que a gente vai... – começou James, aparentemente entendendo o mesmo que ela.

- Casamento! – disse a mãe de Lily encarando os dois.

- Mas mãe... – Lily tentou argumentar, mas o olhar que recebeu fez Lily fechar a boca.

- Não quero saber, CASAMENTO!

Lily e James se encararam sem acreditar no que estava acontecendo.

- Hey – Sirius os chamou.

Os dois viraram para o amigo.

- Que foi Sirius? – James perguntou com a voz rouca.

- Posso ser o padrinho?