Dormi por algumas poucas horas. Quando acordei eram quatro da manhã. Eu estava meio atordoada. Estava muito cansada, mas não conseguia dormir. Fiquei na cama até as seis da manhã, ouvindo o barulho do vento. Abri a janela e uma brisa leve acariciou meu rosto. Pensei no parque e em quantas vezes meus pais me levaram lá... Tantas risadas, tantos abraços, tanto amor... 

 Tudo tão certo e perfeito, sem nenhuma travessura do destino. Tudo como devia ser. A brisa soprou leve em meu cabelo. Troquei de roupa e saí de casa, eu ia me encontrar com meus pais, agora.

xx Justin xx

Acordei cedo, tomei um banho e fui ver como Kris estava. Eu só havia pensado nisso a noite inteira. O pensamento de que ela poderia se sentir muito mal sozinha e fazer alguma besteira me apavorava. O pensamento de perdê-la me apavorava.  

Toquei a campainha algumas dezenas de vezes. Estava demorando demais, e eu estava começando a ficar apreensivo. Num ato impensado girei a maçaneta e fiquei realmente preocupado ao ver a porta aberta. Entrei devagarzinho. A casa estava muito silenciosa. Estava tudo exatamente como ela havia deixado antes de sairmos. Vasculhei a casa e ela não estava lá.

Quase me desesperei. Peguei o telefone e liguei para o hospital. Não havia nenhuma entrada com o nome de Kristin. Pelo menos nada de grave havia acontecido... Ou ainda não havia sido encontrado... Varri aquela hipótese de minha mente. Olhei em tudo que poderia indicar onde ela estaria agora. Havia um telefone do trabalho dela. Liguei e pedi o endereço do lugar.

Cheguei lá tão rápido que até eu me surpreendi. Não, ela também não estava lá. Peguei o carro e simplesmente rodei a cidade, olhando as pessoas que estavam na rua, procurando seu rosto.

De repente uma lembrança de uma garota parecendo uma alma indo em direção à ponte, numa noite chuvosa, me veio à mente. Meu cérebro falhou por um segundo. Dei meia volta com o carro e dirigi, feito um doido, até o parque.

Coloquei um óculos e um boné, caso alguma fã maluca aparecesse. Desci e andei até a ponte. Ela não estava lá. “Ai, meu Deus! Ai, meu Deus!”, era só isso que eu pensava. Corri até a ponte e olhei para baixo. Nada. Olhei para os lados, e de repente vi uma garota magra, de cabelos castanho-escuros e olhos verdes sentada num banco, debaixo das árvores. Andei – corri – em sua direção. Ela nem notou minha chegada.

- Kris? - Ela virou o rosto para mim e sorriu.

-Ah, oi Justin. - Ela falou ainda com o mesmo sorriso.

Sorri aliviado por nada ter acontecido a ela.

-Que bom que está aqui. - Falei mais pra mim do que pra ela. Ela deu uma risada e me olhou com cara de duvida.

-É, eu estou aqui. - Ela falou levantando.

Eu ri.

-Eu sei que está. - Falei enquanto nós começávamos a andar pelo parque.

-Como soube que eu estaria aqui? Você lê mentes ou prevê o futuro? - Ela riu de sua própria pergunta.

-Na verdade... Eu leio mentes, mas não conta pra ninguém. - Eu falei rindo.

-Ah é? Então o que eu estou pensando agora? - Ela perguntou parando e se virando pra mim.

-Você está pensando... Que quer um sorvete. - Falei piscando pra ela.

-Como adivinhou? - Ela perguntou fazendo cara de espanto e cobrindo a boca com a mão, logo depois rindo, acompanhada por mim.

-Só li sua mente. - Falei sorrindo.

Ela me olhou por alguns segundos, sem dizer nada. Gostava quando ela ficava assim, somente sorrindo pra mim.

Ela não saia da minha mente, nem por um segundo.

Eu comecei a sorrir pra ela também, então ela percebeu que já estava fazendo aquilo de novo, balançou a cabeça e continuou a andar.

-O que foi? - Perguntei voltando a acompanhá-la.

-Nada, por quê? - Ela falou olhando fixamente para frente.

-Sei lá, às vezes você me olha sorrindo e depois vira como se quisesse fugir de mim. - Falei olhando para ela, que ainda encarava o nada.

Ela baixou a cabeça, parecia pensar, depois levantou novamente a cabeça e sorriu.

-Esquece isso. - Ela falou.

Sorri de volta, ela tinha razão. Eu não podia questionar o que ela fazia, e eu adorava todo aquele ar misterioso que ela tinha.

Andamos mais um pouco e eu avistei um carrinho de sorvete. Olhei para Kristin que parecia entretida com uns homens fazendo malabarismo com pequenas tochas com fogo.

Paramos e ficamos assistindo por alguns minutos.

Ela parecia se divertir, já eu nem prestava atenção neles, ficava somente admirando a beleza da Kristin.

Ela se virou pra mim e começou a sorrir também, quando ela sorria, era como se nada mais existisse, só ela.

Depois ela voltou sua atenção para eles novamente e alguns segundos mais tarde, a apresentação acabou.

Voltamos a andar e então eu parei perto do carro de sorvetes.

-Vai querer de que? - Perguntei tirando a carteira do bolso. 

-Não Justin, eu não quero. - Ela falou.

-Eu sei que quer, ainda posso ler sua mente. - Eu sorri pra ela que retribuiu o sorriso.

-Baunilha. - Ela falou tímida.

-Dois de baunilha. - Falei pro vendedor.

Logo ele nos entregou e continuamos a andar.

-Porque veio aqui de manhã cedo? - Perguntei bastante curioso.

-Eu não consegui dormir, e esse lugar me trás boas lembranças. - Ela falou olhando ao redor, não deixando de sorrir.

-E você? - Ela perguntou depois de um tempo.

-Eu estava preocupado com você e fui ver como você estava, mas você tinha saído e não estava em nenhum lugar, então resolvi vir te procurar aqui. - Falei enquanto terminava de tomar meu sorvete.

-E quer saber de uma coisa? - Perguntei. Ela assentiu.

-Eu não consigo tirar você da minha mente. - Falei sorrindo. Ela abaixou a cabeça, mesmo assim consegui vê-la sorrir e corar.

Eu ri da reação dela e ela empurrou meu ombro de leve.

-Ai! Acho que você deslocou meu ombro. - Fingi estar choramingando, ela começou a rir.

-Pára com isso Justin! As pessoas estão começando a olhar. - Ela falou. Ajeitei meu óculos e o boné, eu não podia deixar que ninguém me reconhecesse, ou então, adeus Justin Bieber.

Depois de um tempo, fiquei cansado e resolvi me sentar em um dos bancos.

Kristin se sentou junto, ela também parecia cansada.

-Cansou? - Ela perguntou sorrindo.

-Sim, e você? - Eu sorri de volta.

-É, talvez um pouco. - Ela falou rindo.

Era tão bom estar com ela. Por onde ela andou durante minha vida toda?

Meu celular apitou. Nova mensagem. Puxei o celular do bolso e olhei no visor, Jasmine.

Abri a mensagem sem a mínima vontade, olhei para Kristin, ela estava olhando para frente.

“Jus, meu amor, tentei te ligar a manhã toda. Fui até sua casa e sua mãe disse que você saiu. Onde você está? Estou com saudades.

P.S.: Ainda não consegui esquecer a noite passada. Foi incrível.

        xoxo, Jas."

Fiz uma careta pro celular. Tão cedo e a Jasmine já estava enchendo o saco. No começo ela era uma ótima amiga, me escutava e me dava bons conselhos, mas quando eu comecei a sair com outras garotas ela ficou extremamente chata e ciumenta. 

Noite passada? O que... - Pensei, tentando lembrar-se do que ela estava falando, mas então lembrei. Eu fiquei com ela na festa do Usher.

Flashback on

“-Oi Jus. - Ouvi a voz que eu menos queria escutar agora. Olhei pro Chris que só assentiu. 

Me virei e dei de cara com a Jasmine.

-Jas! Oi, tudo bem? - Perguntei com um sorriso falso, eu odiava falar com ela, o fato era que ela só sabia falar de coisas fúteis.

-Pra falar a verdade, não. - Ela falou fazendo uma cara de tristeza.

Olhei para Chris que entendeu meu olhar, logo ele levantou e foi para outro lugar, da imensa mansão do Usher. Ele estava fazendo uma festa pra promover seu novo single, e eu tive que ir, claro.

Jasmine sentou no puff que Chris estava sentado antes. 

-O que aconteceu, Jasmine? - Perguntei.

-Ah sabe, garotos. - Ela falou dando uma risada seca. A risada dela estava começando a me irritar. -Eles não são como você. - Ela falou chegando mais perto, eu só ia desviando.

Então começou a tocar uma música qualquer e eu rapidamente a puxei pra dançar.

-Eu adoro essa música. - Ela falou quando chegamos na pista de dança.

-Eu também gosto. - Falei pensando em algum jeito de fugir dela.

-Mesmo? - Ela perguntou começando a fazer uns passos sensuais.

-Jasmine, pára com isso. - Falei, mas ela nem me deu ouvidos e continuou dançando.

-Eu to com sede. Vem cá. - Ela falou me puxando pelas mãos.

Paramos na frente do bar. 

-Uma vodka, por favor. - Ela falou, rindo.

-Jasmine, você tá louca? Você não pode beber ainda. - Falei puxando a garrafa que o barman acabara de entregar pra ela, de sua mão.

-Ai Justin, deixa de ser careta. - Ela falou puxando de volta e dando um gole grande na bebida.

-Jas, pára! - Falei puxando a garrafa agora vazia da mão dela, de vez.

-Então dança comigo. - Ela falou rindo e um pouco desorientada.

Ela nos levou novamente ao aglomerado de gente na pista e começou a dançar.

-Dança comigo. - Ela falou chegando mais perto de mim.

Então começou a tocar uma música mais lenta. Ela colou seu corpo no meu e eu segurei a cintura dela, logo ela estava com a cabeça apoiada no meu ombro.

-Eu te amo, Justin. - Ela sussurrou no meu ouvido.

-Eu também te amo, Kristin. - Sussurrei de volta, em seguida ela me beijou.

Eu só conseguia enxergar a Kris nela

Eu fui retribuindo o beijo, cada vez mais, sentindo um desejo cada vez maior, pensando que ela era a Kris. 

Sem partir o beijo, levei-a até um cantinho vazio, atrás das caixas de som.

Eu a beijava querendo mais, desejando mais. 

Colei mais nossos corpos e fui descendo minhas mãos para a bunda dela. 

Ela riu, ainda sem partir o beijo e colocou suas mãos por dentro da minha camisa, alisando minha barriga.

Então abri os olhos e vi que era a Jasmine, me separei dela e ela ficou me olhando assustada com a minha atitude.

Saí quase correndo de lá, sentia como se eu tivesse traído alguém. "

Flashback Off

Quando olhei novamente para Kristin, ela me olhava assustada.

-Justin, tá tudo bem? - Ela perguntou balançando a mão na frente dos meus olhos.

-Ah, tá, tá tudo bem sim. Por quê? - Perguntei voltando a olhá-la.

-Só porque eu estou falando com você a um tempão e você fica olhando para esse celular, sem falar nada. O que aconteceu? - Ela falou rapidamente, ainda me encarando um pouco assustada.

-Anh, não aconteceu nada. Desculpe-me. - Falei sorrindo de canto.

Ela olhou pra frente e então olhou pra mim de novo.

-Tem certeza de que não foi nada? Você parecia... - Ela começou a falar, mas eu a interrompi.

-Não foi nada, ok? - Praticamente explodi. Ela me olhou triste e saiu andando.

Droga! O que eu fiz?! 

Saí correndo atrás dela, que andava rapidamente. 

-Kristin! - A chamei, mas não adiantou. 

Eu estava ficando cansado de tanto correr.

-Kristin! Espera! - Gritei mais uma vez, parando de correr, mas novamente, não obtive resposta.

xx Kristin xx

Nós estávamos conversando e rindo, estar com Justin me deixava feliz. Ele me deixava feliz. 

O celular dele apitou, eu estava olhando as pessoas que estavam passando. As crianças felizes brincando com seus pais. Isso me lembrava quando eu ainda era pequena.

Olhei para Justin, agora ele olhava fixamente pro visor do celular, sem nem piscar.

Eu estava começando a ficar preocupada.

-Justin? - Falei o chamando, ele continuava do mesmo jeito.

-Justin, tá tudo bem? - Falei novamente, sem progresso nenhum.

Tentei chamá-lo mais umas vezes, mas não adiantou. Esperei mais um tempo e perguntei de novo.

-Justin, tá tudo bem? - Falei, dessa vez balançando a mão na frente de seus olhos. Ele piscou algumas vezes e depois olhou para mim.

-Ah, tá, tá tudo bem sim. Por quê? - Ele falou.

-Só porque eu estou falando com você a um tempão e você fica olhando para esse celular, sem falar nada. O que aconteceu? - Falei rapidamente, ainda o encarando um pouco assustada.

-Anh, não aconteceu nada. Me desculpe. - Ele falou com um sorriso no canto dos lábios.

-Tem certeza de que não foi nada? Você parecia... - Comecei a falar, mas fui interrompida por ele.

-Não foi nada, ok? - Ele praticamente gritou. Eu o olhei magoada e saí andando.

Escutei ele gritar meu nome algumas vezes, mas eu não ia parar e fingir que nada aconteceu.

Comecei a chorar. O que estava dando em mim? Porque eu estava chorando? E por causa... Do Justin?