Não consegui dormir. Mesmo depois de chorar tudo que havia segurado até aquele momento. Tomei banho e coloquei um moletom surrado, mas nada adiantou.

Com os primeiros raios de Sol meu telefone começou a tocar.

- Alô? – atendi em português.

- ALY! Onde você tá sua louca? Justin nos contou o que aconteceu! Nós ficamos preocupados! Onde você tá, Aly? Por que fez isso? Volta pro hotel agora! – Luana dizia ao telefone.

- Luh, calma! Desculpa tá? Ele contou? Ótimo, que ele morra feliz junto com ela! Não precisa se preocupar, eu to em um hotel barato por aqui. Mais tarde vou ao aeroporto comprar minha passagem de volta! Não precisa se preocupar comigo, eu to bem! E não, eu não vou voltar ao hotel! – disse sem ânimo.

- MARIA ALICE CARVALHO! VOCÊ QUER ME MATAR DE PREOCUPAÇÃO? FALA O NOME DA DROGA DO HOTEL QUE EU TO INDO TE BUSCAR AGORA! E NADA DE COMPRAR PASSAGEM NÃO! – Luh gritou e desligou em seguida.

Joguei o celular em um canto do pequeno quarto puxei as cobertas para minha cabeça.

O telefone começou a tocar de novo. Provavelmente Luana pedindo o nome do hotel.

Deixei que tocasse até cansar, não estava com forças pra levantar e procurar o bendito aparelho.

Lá pro meio-dia, o telefone que ficava na mesinha de cabeceira velha começou a tocar.

- Senhorita, duas garotas estão aqui, Luana e Erica, estão pedindo pra subir...

- Pode deixar, obrigada – murmurei e voltei o telefone pro gancho.

Minutos depois a porta do apartamento abriu e alguém se jogou sobre mim.

- Erica sai de cima – falei e ela levantou se desculpando.

- Aly, não precisava sair de lá. Nós íamos dar um jeito – Luh disse calmamente.

- Não. – falei tentando segurar as lágrimas que insistiam em cair.

- Se você ao menos deixar ele explicar... Olha, eu também não gosto daquela vadia da Selena, Justin me explicou o que aconteceu.

- Eu sei o que aconteceu. Ela beijou ele e ele não fez nada. Ou melhor, fez, retribuiu o beijo – minha voz tremia.

- Não é isso é... – ela parou - Aly ele tá arrasado. Foi embora correndo da festa sem olhar pra ninguém. Se Chris não tivesse o visto, não saberíamos de nada. Fomos pro hotel e a recepcionista disse que você tinha saido. Ele nem esperou, correu pro elevador e entrou em casa o mais rápido possível. Quando não te viu lá e encontrou a pulseira em cima da cama ele se desesperou e começou a se xingar de coisas que eu nunca tinha ouvido. Ele se xingava até em francês!

- Ele não fala com ninguém, fica deitado lá no quarto... igual você! – Eri completou.

- Eu... O problema é dele! Idiota, imbecil, traidor! Não quero nem saber se ele tá sofrendo ou não! Logo ele corre pros braços da Selena! – Falar aquilo doeu mais do que eu pensava.

Pensar nele doía cada vez mais. As lágrimas escorriam teimosas pelo meu rosto.

- Aly, tenho certeza que ele não queria isso! Dê uma chance a ele! Você sabe que não vai conviver com isso – Luana sentou ao meu lado e passou as mãos pelos meus cabelos.

- Não posso – murmurei chorando.

As duas ficaram ali em silêncio apenas esperando que eu parasse de chorar.

O celular de uma delas tocou.

- Oi... Não... Ela... Eu sei, mas ela precisa de um tempo... Já entendi... Sim, você é um idiota... Não, sério, para com isso! – Luh dizia entre pausas.

 - Quem é? – Perguntei com a voz embargada.

Ela e Eri trocaram um olhar rápido.

- Ahn, o Chaz – mentiu.

- Me dá o telefone – falei me sentando.

- Aly, é melhor você... – tomei o telefone da mão dela.

- O que você quer? – perguntei com raiva.

- Aly? Ai graças a Deus! Aly, por favor, me desculpa! Me deixa explicar! Aly, volta pra cá, volta pra mim! – a voz dele tremia como se estivesse chorando – Por favor! Olha, a Selena é uma imbecil, ela me beijou, me desculpa! Eu te amo! – doía mais a cada palavra e com essas três últimas eu não agüentei e desatei a chorar.

- Você não fez nada! Não fez nada! Deixou... – soluçava – QUAL SEU PROBLEMA? Depois de tudo que passamos você ainda tem coragem de fazer isso! E não venha me pedir desculpas! Não vou voltar! Não quero nunca mais te ver!

- Aly, não, por favor... – entreguei o telefone a Luana.

Erica me abraçou e dizia que ia ficar tudo bem, mas eu sabia que nada mais ia ficar bem. Eu o amava demais pra suportar isso.

Luana me olhou com pena enquanto discutia com ele ao telefone.

- Dê tempo ao tempo – falou baixo e desligou sem esperar uma resposta – Ele te implorou pra voltar! Ele ainda te ama Aly, não fez aquilo por mau!

- Por bem não foi! – falei e ela revirou os olhos.

- Uma chance – pediu.

Pensei. Todos mereciam uma chance. Eu iria querer uma chance, se fosse comigo. Mas eu não queria me magoar outra vez.

- Não – ela apenas suspirou e deitou ao meu lado.