- Flamma? O que está fazendo sentada aí? – perguntou a mãe, franzindo as sobrancelhas.

Flamma virou-se para olhar para ela, ainda um pouco corada.

- Eu... bem... o garoto acordou, e... ah, não sei! Não sei o que deu em mim! – disse, confusa.

- Certo, vou entrar para vê-lo. Vamos ver se ele pode me dar uma explicação mais clara. – suspirou e abriu a porta, enquanto Flamma, envergonhada, enterrava a cabeça entre os joelhos.

Encontrou o garoto sentado na cama, com a mão sobre a bochecha e uma expressão confusa no rosto.

- Bom dia, garoto! – disse ela, animada – Dormiu bem?

O garoto virou para olhá-la, ainda com a mesma expressão confusa e a mão na bochecha.

- Bom dia... – disse.

- O que foi, garoto? Um mosquito picou sua bochecha ou algo assim?

- Não... foi Flamma...

- Ela te picou?

- Não! – franziu as sobrancelhas – Isso seria impossível...

- É claro que seria! – riu ela – Então, o que ela fez?

- Ela... De repente segurou minha cabeça e me deu um beijo na bochecha, aí ficou inteira da cor do cabelo, saiu correndo e bateu a porta. – respondeu, confusamente franzindo as sobrancelhas – E eu não entendi nada.

Inesperadamente, a mãe explodiu em gargalhadas.

- Essa minha filha é mesmo um caso perdido! – disse ela – Tanto drama só por causa de um beijinho no rosto?

Nesse momento, Flamma apareceu na porta, ainda um pouco corada, mas indignada com a reação da mãe.

- Mãe! Precisava rir da minha cara?! – disse ela.

Enquanto discutiam, Hikaru olhou de uma para a outra: a mãe, entre mediana e alta, magra e quase sem curvas, de cabelos negros cortados à altura dos ombros e olhos verde-esmeralda, vestindo um longo vestido branco com flores azuis; a filha, um pouco mais baixa que a mãe, com curvas bastante acentuadas, longos cabelos vermelho-fogo presos por uma fita preta num rabo-de-cavalo alto e olhos amarelos, vestindo uma blusa preta de capuz com zíper prata em forma de coração estilizado e uma chama bordada sobre o peito do lado esquerdo, saia plissada branca e botas de couro pretas que iam até um pouco acima de seus joelhos.

- Vocês não se parecem nem um pouco – disse ele, de repente.

As duas pararam de discutir e viraram para olhá-lo. Sua observação havia sido tão repentina que as duas haviam ficado um tanto chocadas.

- O que foi? – perguntou o garoto, confuso.

A mãe riu, saindo do choque. O garoto não dissera por mal, só parecia estar curioso.

- Flamma não te contou que a cegonha se enganou quando a colocou na minha porta? - riu ela – Eu ia reclamar, mas até que achei ela bonitinha, então resolvi deixar para lá.

Hikaru sorriu.

- Acho que eu também não teria coragem de rejeitar uma garota tão linda. – disse.

Flamma ficou inteira da cor dos cabelos, e teve que se apoiar na parede para não cair. Até mesmo sua mãe, espontânea como era, corou um pouco depois dessa.

- Uau, Flamma! Você realmente trouxe uma peça rara para casa! – disse ela – O que foi isso, garoto? Uma declaração de amor? – sorriu.

- Hm? Não sei, talvez. – respondeu ele, com um de seus sorrisos mais charmosos.

- Ouviu essa, filha? Tem um bonitão dando em cima de você! – riu ela.

- Mãe! – exclamou, corando até as orelhas.

A mãe riu, despenteando os cabelos da filha.

- Aliás, garoto, eu sou Lyra. E você? Acabei esquecendo de perguntar.

- Ah, eu não sei. É como se tivesse um monte de gente na minha cabeça... Mas Flamma me deu o nome de Hikaru.

- Ah, então você é como minha menina aqui! – disse ela, então sorriu para Flamma – Parece que vamos ter mais alguém morando com a gente!

- Quê? Sério? – perguntaram Hikaru e Flamma em uníssono.

- Sim! Vou montar um abrigo para adolescentes desmemoriados! Vocês dois são apenas o começo!

Os três caíram na gargalhada. Hikaru se sentia sinceramente feliz por poder morar com Flamma, aquela garota tão bonita que havia sido tão gentil com ele; Flamma se sentia feliz por ter aquele garoto tão atraente quanto confuso e tão lindo quanto sem noção morando tão perto dela; e Lyra se sentia feliz por ganhar um filho tão lindo e simpático.

E assim começou a vida de Hikaru em Disney Town.