Hikaru pousou no próximo mundo que encontrou e desativou a armadura, para ver-se vestido como um príncipe ou cavaleiro de contos de fadas: um casaco azul-marinho de botões prateados sobre calças brancas e botas pretas na altura dos joelhos; seu pingente, transformado num broche, segurava uma longa capa branca às suas costas. Consolou-se pelo fato de que pelo menos desta vez estava usando calças e botas.

Estava olhando em volta, tentando descobrir para onde ir, e se conhecia aquele mundo... quando ouviu um grito. Correu em direção ao lugar de onde o grito viera e encontrou uma princesa e dois ratinhos muito familiares sendo atacados por um heartless-abóbora gigante.

– ABAIXA! – gritou.

A princesa se abaixou no momento em que a Wayward Wind voava por cima dela para atingir o monstro, atordoando-o por tempo suficiente para que Hikaru pudesse correr até lá.

– Tudo bem, Cinderelle... eh, Cinderela? – perguntou Hikaru, ajudando-a a levantar-se.

– Quase... – começou a princesa – CUIDADO! – gritou, e Hikaru virou-se para bloquear o ataque do heartless.

– Depois conversamos! Agora recue enquanto eu cuido disso! – disse, bloqueando os golpes do heartless.

Cinderela assentiu, pegando os dois ratinhos e saindo da área da luta. Bom, agora Hikaru não precisaria se preocupar com sua segurança.

Hikaru então desistiu de bloquear os ataques e passou a desviar-se deles, atacando por trás e pelos flancos do heartless, deixando o monstro incapaz de definir um alvo. Em pouco tempo, o monstro desaparecia deixando para trás apenas um coraçãozinho brilhante, que logo também sumiu.

Hikaru liberou a Wayward Wind quando Cinderela saía de seu esconderijo, trazendo os dois ratinhos com ela.

– Vocês estão bem? O que aconteceu? – perguntou Hikaru, indo em direção a eles.

– A madrasta roubou a varinha da fada madrinha! – começou Tata, o ratinho mais gordinho.

– Fez o sapatinho servir na Anastasia e fez o príncipe esquecer da Cinderelle! – continuou Jaq, o ratinho magricela.

– Sora ajudou a pegar a varinha de volta...

– E o príncipe lembrou da Cinderelle e foi resgatá-la...

– E eles iam se casar...

– Mas a madrasta pegou a varinha de volta...

– Transformou a Anastasia na Cinderela...

– E mandou todos nós para cá com esse monstro...

– Se não voltarmos logo o príncipe vai se casar com Anastasia, e eu perderei tudo! – concluiu Cinderela.

Hikaru assentiu.

– Então o que estamos esperando? – Hikaru sorriu, chamou a Wayward Wind e invocou seu keyblade glider.

Heartless apareceram em volta deles. Hikaru pôs Cinderela sobre um cavalo que estava por ali e virou-se para enfrentar os heartless.

– Vá em direção ao castelo e não pare. Eu cuido dos monstros. – disse.

Cinderela assentiu, e começou a galopar em direção ao castelo enquanto Hikaru eliminava os heartless em seu caminho com complexas manobras do keyblade glider.

Enfim conseguiram chegar aos portões do castelo... que estavam fechados.

– Não pare! – Hikaru gritou para Cinderela que, confiando nele, continuou o galope em direção aos portões trancados.

Transformando o keyblade glider em keyblade no meio de uma acrobacia, Hikaru apontou a recém-recuperada keyblade para o portão trancado, que se abriu. Cinderela passou por ele com Jaq e Tata, e Hikaru os seguiu.

Cinderela desmontou do cavalo e foi em direção ao local onde o casamento acontecia. Foi impedida por dois guardas que, após serem distraídos por Jaq e Tata, acabaram deixando-a passar.

– Cinderela, aceita este homem como seu diviníssimo esposo? – perguntou o padre.

– Eu... – “Cinderela” hesitou – Eu, ah...

Cinderela entrou correndo no salão.

– Eu... – “Cinderela” pegou na mão do príncipe - ...não. – concluiu, chocando a todos.

Cinderela parou a metros do altar.

– Anastasia...

– Cinderela...

O padre desmaiou.

– Sua mimada ingrata! – exclamou a madrasta, aparecendo de umas cortinas decorativas no fundo do salão – Eu sempre dei tudo o que você quis, Anastasia!

– Mas quero alguém que me ame pelo que sou! – retrucou a moça.

– Guardas! Guardas! – exclamou o rei – Prendam esta mulher!

– Bibbidi-Bobbidi-Boo! – a madrasta sacou a varinha da manga e apontou-a para o teto, onde um vórtice maligno se abriu. Jatos de magia perversa irradiaram do vórtice, transformando guardas em animais e trazendo heartless.

A madrasta apontou a varinha para Anastasia, Cinderela entrou na frente, a madrasta começou o feitiço, o príncipe se pôs na frente para proteger as duas moças e então...

– LIGHT! – Hikaru, entrando no salão após ter conseguido acabar com os heartless remanescentes do lado de fora, invocou a magia.

Uma forte luz cegou todos os presentes por alguns momentos, fez a madrasta errar a pontaria do feitiço e enfeitiçar a si mesma e a sua outra filha (que desapareceram sabe-se lá para onde) e eliminou todos os monstros de uma só vez. Atordoados, todos os presentes pouco a pouco recuperaram a visão.

– Essa foi por pouco. – Hikaru suspirou aliviado, liberando a Wayward Wind e deixando-se cair sentado no chão do salão.

– Você nos salvou... como podemos agradecê-lo? – perguntou o príncipe, sério.

Hikaru fez um gesto de dispensa.

– Peguem a varinha. Consertem o que tem de errado. Casem-se. – suspirou, levantando-se – Desejo finais felizes para todos. – com um aceno vago, Hikaru virou-se para sair.

– Espere! – chamaram Cinderela e o príncipe em uníssono.

– Qual seu nome? – perguntou o príncipe.

– Aonde você vai? – perguntou Cinderela.

– Meu nome é Hikaru. – sorriu, e, depois de pensar um pouco, adicionou – Vou encontrar meu final feliz. - com um sorriso e um ultimo aceno de cabeça, Hikaru virou-se e se foi.

Viu a Cinderela falsa reunir o príncipe e Cinderela e voltar a ser Anastasia, Cinderela e Anastasia trazerem de volta a fada madrinha, e o casal finalmente se casar. Sorriu.

Fora da vista de todos naquele mundo, Hikaru preparou-se para partir, quando...

– Espere! – ouviu alguém chamar, e virou-se para encontrar a fada madrinha – Obrigada pela ajuda hoje, rapaz.

– Não foi nada. – sorriu.

A fada madrinha assentiu, tomando o braço de Hikaru.

– Bibbidi-Bobbidi-Boo. – tocou o pulso do rapaz com a ponta da varinha, e quatro braceletes de cristal finos e simples apareceram ali – Não tenho como ajudá-lo a encontrar o que procura agora... mas quando encontrar, dê um desses a cada pessoa que você nunca mais quiser perder.

–Obrigado. – Hikaru examinou os braceletes com um leve sorriso.

A fada madrinha assentiu.

– Boa sorte, querido. – disse com um sorriso gentil.

Então, com um último agradecimento e uma rápida despedida, Hikaru ativou sua armadura, chamou o keyblade glider, abriu uma abertura no espaço e deixou aquele mundo para trás...