Alvo a Abater escrita por AnaTheresaC
Notas iniciais do capítulo
Capítulo sobre a cumplicidade entre irmãos
Capítulo 13 – Narrado por Embry Swan
O sol bateu na minha cara denunciando duas coisas: a primeira era que já era de dia e a segunda era que eu ontem tinha-me esquecido de fechar os estores. Que horas seriam? Não quero saber. Virei-me para o outro lado e tentei voltar a adormecer.
-Acorda dorminhoco! – gritou uma voz ao pé do meu ouvido.
-Bolas! – gritei, assustado, abrindo de imediato os olhos. – Precisas de ser assim Vanessa?
-Não. Desculpa – disse ela olhando o dia se sol lá fora. – Hoje estava a pensar em fazer qualquer coisa divertida contigo. O que é que me dizes?
-Que tipo de coisa? – inquiri eu levantando-me da cama e abrindo a porta do roupeiro para escolher a roupa que iria usar hoje.
-Não sei. Estava a pensar em ir ao shopping.
Fiz uma careta e ela riu-se.
-Shopping é para raparigas. Não me vês lá nem morto.
-Daqui a uns anos falamos. Mas estava a pensar… temos uns cavalos para treinar.
-Isso soa-me melhor – concordei tirando um pólo vermelho e umas calças de ganga azuis escuras. – Mas hoje não me apetece ir treinar cavalos.
-Podemos ir montar a Duquesa e o Kyle.
-Hoje não me apetece ter contacto com cavalos.
Ela pareceu desanimada e voltou a olhar para a janela.
-O que é que me dizes juntar o útil ao agradável?
-Como assim? – perguntou ela, confusa.
-Bem, eu preciso de treinar a minha pontaria, por isso, tiro ao arco seria o ideal. Ao ar livre.
-Não quero. Hoje tinha acordado mesmo no objectivo de treinar os cavalos.
-Podes ir com a Nessie. De certeza que ela quer ir.
-Ela ontem teve uma noite muito esgotante. Não quero incomodá-la – explicou a minha irmã.
-Ah, pois. Ela foi sair com o Jacob.
-Sim – concordou ela. – Bom, toma lá um banho, eu fico há tua espera na sala de estudo.
-OK. Eu vou lá ter.
Depois de ela ter saído do meu quarto, tomei um banho, vesti a roupa que tinha escolhido e fui para a cozinha beber um batido de manga que a Alice tinha feito. Meti o copo na máquina e fui ter com a V que estava na sala de estudo a ler um livro.
-Pareces estar a gostar da literatura.
-Tu esqueces-te que eu estava no curso de Letras – relembrou-me ela.
-Eu sei.
Sentei-me ao lado dela e fiquei a contemplar as estantes que tinham livros. Estavam todos arrumados em categorias e aqueles eram só os mais utilizados para o dia-a-dia. Os livros “verdadeiramente importantes” estavam na biblioteca que tínhamos em casa.
-Tens saudades de lá? – perguntei eu.
-Do quê?
-Da Faculdade. Dos amigos. Das matérias.
Ela suspirou e olhou-me fixamente.
-Eu tenho saudades de tudo antes do papá ter morrido.
-Compreendo-te.
-Não, não compreendes – apressou-se ela a dizer. – Tu eras ainda um miúdo, tinhas dezasseis anos. Não foste tu que recebeste um telefonema do FBI a dizer que o teu pai tinha morrido. Não foste tu que tiveste que largar tudo em Stanford para vires ter com a tua família, ajudar no funeral do teu pai que era a pessoa mais carinhosa que alguma vez conheceste. Tu não tiveste que passar por isso porque nós não deixámos. Nós não queríamos ver-te sofrer. Nós… nós não queríamos…
-Pronto V, está tudo bem – sussurrei eu, abraçando-a. Ela tentava controlar os soluços, mas era impossível. Eram dois anos de angústia que estavam naquelas lágrimas, naquele ser humano.
Ultrapassar a morte do meu pai também não foi fácil para mim. Ele era a única referência masculina que eu tinha naquela casa e ao contrário da minha irmã, eu costumava conviver todos os dias com ele. Ela não. A V tinha ido para Stanford em finais de Agosto e quando o acidente de avião aconteceu, ela não o via há quase três meses. Aquele dia mudou por completo as nossas vidas, mas acho que a Vanessa, a Alice e a Bella tinham sido as mais prejudicadas pois elas estavam já a estudar na Faculdade. A Nesssie ainda não tinha entrado na Faculdade, ela preferiu um curso intensivo de informática dado pelo FBI e a Rosalie tinha acabado o ensino superior na Academia do FBI aos vinte e dois anos (sim, a minha irmã era um génio). Elas as duas já estavam habituadas ao ritmo que hoje tínhamos e não tinham que temer. Eram maiores e vacinadas, faziam o que queriam.
Eu era diferente de todas as minhas irmãs: eu tinha dezasseis anos naquela altura, estava no décimo primeiro ano (N/A: caso de Portugal) e ainda não tinha bem a noção de que todas as minhas irmãs de certa forma tiveram que se habituar àquilo. No fundo, todos nós quisemos, porque no mesmo dia que recebemos a notícia, ficámos a saber que não tinha sido um incidente; tinham lá dentro dois bombistas.
Não tinha notado, mas também tinha começado a chorar. Eu não gostava de ter recordado tudo isto. Aqueles meses seguintes ao acidente, foram terríveis. Se eu era o “protegido” e sentia o ambiente negativo na casa, imagino as minhas irmãs.
-Vanessa? Vamos comer um gelado – sugeri.
-É Novembro, quase Dezembro, e tu queres ir comer um gelado?
-Que eu saiba posso comer um gelado todos os dias do ano – respondi.
-OK. Vamos comer um gelado.
Ela foi buscar o casaco, repor a maquilhagem (não sei porque é que a usam se vão chorar e transpirar) enquanto eu fui andando na direcção do meu carro que estava na garagem. O meu Audi branco estava lá há minha espera. Entrei nele e recostei-me um bocado no banco de pele enquanto a V não vinha.
-Vamos? – perguntou ela entrando e accionando a abertura da garagem e do portão.
-Claro.
Saí a grande velocidade e andei a rondar as ruas de Seattle.
-E se fôssemos ao Starbucks?
-Boa ideia – concordei com ela.
Havia um Starbucks logo na esquina, por isso estacionei o carro e fomos os dois andando para lá. Quando entrámos, o ar quente dos aquecimentos reconfortou-nos e dirigimo-nos para a fila.
-O que vais querer? – perguntei-lhe.
-Quero um Mocca Frappuccino e uma Caramel Waffle.
-Eu vou escolher um Espresso Frappuccino e um muffin de baunilha e chocolate.
(N/A: todas as coisas que as personagens escolheram existem na Starbucks de Portugal, por isso, suponho que também deve de existir noutros lugares).
Pedi o que queríamos e voltámos para o carro comer sendo que lá dentro estava imensa gente.
-Adoro estas Waffles – comentou a minha irmã.
-E eu este muffin com este frappuccino.
Comi tudo num ápice assim como a Vanessa.
-Estava óptimo.
-Pois estava – concordei. – Não me importava de ir lá comer outra vez uns quantos muffins com este café.
-Bolas Embry! – exclamou ela. – Queres-me ver uma baleia, não?
Ri-me e liguei o carro arrancando logo com ele para casa.
-Vamos já para casa?
-Sim – respondi confuso. – Queres ir a algum lado?
-N-não. Deixa estar. Vou com a Bella.
Encolhi os ombros e assegurei:
-Se quiseres ir podemos ir agora. Tenho tempo.
-Pois, mas eu não. Preciso de ver umas coisas nos arquivos.
-OK.
Continuei a viagem e quando já estávamos quase lá (e tinha a certeza que a polícia não me iria apanhar), acelerei mais um bocado. Como de costume a minha irmã não se importou e eu no fundo sabia que ela era a única que eu podia fazer isto porque as minhas outras irmãs (tirando a excepção da Nessie) não gostavam nada quando eu passava do 100 km/h. Diziam que era um perigo eu conduzir. Pelos vistos não apresento um perigo para a Vanessa, para a Nessie e para a minha mãe que avisar-me-ia que eu não devia conduzir.
Saímos os dois da garagem e quando chegámos a casa, Alice veio aos saltos ter connosco:
-Ainda bem que chegaram. A mãe convocou uma reunião de urgência.
Subimos os três e entrámos no escritório da mãe. Como só faltávamos apenas nós, a nossa mãe mal nos viu, abriu o quadro que ia do tecto até ao chão e encaminhámo-nos todos para lá.
-Não tem nada a haver com a missão que está em mãos. Tem a haver com o aparecimento de tráfico de armas. Preciso de quatro de vocês para terminar o problema.
-Eu posso ir – voluntariou-se Rosalie.
-Eu vou contigo – afirmou Vanessa.
-Não - disse a nossa mãe. – Vanessa, tu não podes ir porque ainda estás em recuperação do acidente. Nem tu nem a Bella poderão ir a esta missão.
-Mãe, eu sinto-me perfeitamente bem – defendeu-se Bella.
-E eu também – disse a V.
-Não vão e ponto final. Nessie, importas-te de ir?
-Claro que não – disse esta.
-Embry?
-Pode contar comigo – assegurei.
-Então vão a Nessie, a Rosalie e o Embry. Assunto resolvido.
-Mãe – chamou Alice -, falta uma pessoa.
-Ah, pois é. Nesse caso vai o agente Mike Newton com vocês.
-O Mike?! – gritou Alice na sua voz mais aguda. – Então e eu? Não conto?
-Claro que contas minha querida, mas tu ainda não estás apta a este tipo de situações.
-O Embry é mais novo e ele vai.
-Ei, maninha, não me metas nisto – avisei-a. Ela olhou para mim furiosa mas voltou a olhar para a mãe com olhos de cachorrinho mal morto.
-Alice Swan, não vais e acabou o assunto – disse a nossa mãe, autoritária.
-Podemos ir? – perguntou a Bella. – Sendo que tem que tratar de mais assuntos com eles.
-Podem sim.
Elas saíram e eu fiquei que a nossa mãe começasse a explicar a situação detalhada. Deu-nos a hora que devíamos actuar e onde poderíamos encontrar o Mike.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado e comentem!
Obrigada por todos os coments! Adoro-os!
Bjs