Dois dias atrás...

Uma borboleta voava na minha frente. Ela era

pequena e frágil, bonita e delicada, exalando um espirito de paz. A borboleta eramos nós, eu e Bella. 
Ela pousou numa flor perto do meu rosto deitado na relva verde, e imeditamente estendi meu dedo, a pegando. Não poderia existir metáfora que se encaixasse tão perfeitamente. Borboletas são bonitas, ternas e espalham felicidade e facínio a quem as observa, mas tem um detalhe. Suas vidas são curtas, curtas demais.
Suspirei vendo ela levantar voou, indo em direção ao além e eu não fiz nada para voltar a tê-la. Com certeza erámos nós.
O sol brilhava, meu corpo brilhava, sentia o cheiro das flores, frutas e da febre da primavera, mas nada me afetou. 
Porque eu era tão fraco? Porque não a segurei, trancanfiando seu corpo delicado e pequeno em meus braços e sussurrei em seu ouvido que não cometeria o mesmo erro duas vezes? 
Coçei minha testa e fechei os olhos, quando os raios solares me fizeram sentir uma cegueria temporária. 
Eu queria tanto tê-la seguido, ter implorado pelo seu perdão, dizendo que Tânia ou qualquer outra me importava. Queria tanto ter falado perto dos seus lábios vermelhos e cheirosos que a amava.
Queria poder levantar da grama e correr até acha-la, mas não movi um músculo. Porque? Se fosse um humano, tenho certeza que descreveriam meu caso como uma paralisisa total e completa dos membros do corpo. Era uma dor tão forte e avassaladora...
Meu maior medo se concretizou bem em frente aos meus olhos. O que quis que acontecesse quando fugi como um idiota na sua festa de aniversário. Finalmente, o que tanto desejei e que tanto tive medo, aconteceu.
Bella não me ama. Era a única certaza que tinha agora. O sentimento não desapareceu, mas estava enterrado tão profundamente, sendo tapado por mágoa e ódio, que não me surpreenderia que em questão de dias, finalmente ele não suportasse mais e viesse a morrer.
Era minha dura realidade.
Repassei todos nossos momentos na minha mente. Como um filme antigo revivi todas as sensações e sentimentos e descobri o óbvio: Desde o começo nosso relacionamento estava fadado ao fracasso. Mas, por mais contraditório que possa parecer, eu não me arrependia de nada.
-Eu acho que lhe devo desculpas- Confesso que me assustei ao me deparar com alguém deitado junto a mim.
-Nem percebi você chegando- Murmurei e voltei a fechar os olhos, numa ilusão de que estava dormindo -E você não me deve nada Alice, eu e Bella que somos responsávei por tudo que nós aconteceu, mesmo que a maior parcela de culpa seja minha.
Ela suspirou e vi que seus pensamentos estavam confusos.
Franzi o cenho e levantei devagar, me sentando na grama.
-Alice, o que há?- Indaguei-lhe preocupado. Nunca senti tanta aflição em sua mente quanto agora.
-Ah Edward...- Sussurrou e seu corpo tremeu em um soluço.
Rapidamente levantei seu tronco, a embalando nos meus braços.
-Shi...- Murmurei, tentando acalma-la enquanto ela soluçava agarrada ao meu pescoço.
-Você vai me odiar...- Murmurou com a voz esguiçada -Eu sou uma pessoa terrível, magoei todo mundo...- Engoli seco e apertei minha irmã contra mim.
-O que você quer dizer Alice? Você não tem culpa de nada do que aconteceu, você...
-Edward!- Me interrompeu saindo dos meus braços e me encarando nós olhos -Eu juro que não foi me intenção, só queria ajudar, mas você era tão cabeça dura e quando eu tive aquela visão, eu... Eu só não podia deixar aquilo acontecer, não podia- Franzi o cenho e acariciei sua bochecha com a ponta dos dedos. Tentei vasculhar sua mente, mas ela me bloqueou.
-Estou ficando com medo Alice- Confessei preocupado.
Ela respirou fundo e murmurou mais um desculpe antes de finalmente liberar seus pensamentos.
Fechei os olhos e minha mão se fechou em punho, esmagando a grama e flores do chão. 
-Eu não... acredito- Soltei, com dificuldades de acalmar minhas respiração.
-Desculpe, desculpe, desculpe...- Murmureava enquanto seus soluços ecoavam pela floresta.
Na minha mente agora, estava tudo claro. Eu conseguia ver as visões de Alice, cada uma desde que fui embora. As mais antigas quando Bella ainda era humana, depois foi se passando um tempo, seu plano absurdo, ele sendo executado, aqueles vampiros quase a matando, Aro a ameaçando e por assim em diante até ela chegar aqui sorrindo, ai depois as visões acabam.
-Sabe o que eu poderia ter impedido, Bella poderia...- Soltei o ar exasperado, ela poderia ainda ser humana, ela poderia não ter passado por aquilo tudo. Tudo poderia ter sido diferente.
-Eu não podia te contar Edward, você iria impedi-la, ai depois ir embora de novo... Eu queria te contar, mas...- Mais uma visão.
Alice me falava sobre tudo isso, eu ia a Forks conversava com Bella, um cara moreno e musculoso brigaria comigo e ele se transformaria em lobo, Bella desesperada tenta se por no meio e...
-Eu poderia ter impedido isso também. Droga Alice!- Esbravejei com as mãos bagunçando o cabelo.
-Mas Edward...- Sua voz estava falha e era de cortar o coração de qualquer um, mas não o meu, estava com muita raiva para isso -Eu pensei nisso também, talvez se Emmet intervisse, sei lá. Mas depois que você fosse de novo... nunca mais ia voltar. Bella ia viver magoada para sempre, você iria se matar... eu não podia deixar isso acontecer...
Bufei irritado com sua intromissão. Então era por isso que foi contra eu e Tânia, era por isso que ela deixou de me enxer para que fosse atrás de Bella, ela sabia de tudo.
-Onde ela está Alice?- Indaguei me levantando num piscar de olhos.
Ela me olhou meio atordoada por um momento.
-O que?
Bufei.
-Vamos Alice, onde Bella está?
Ela engoliu seco e tentou se concentrar. Um beco escuro, dois corpos jogados no chão... Não dava para ver exatamente onde e eu ignorei os humanos mortos, mas eu corri em direção as florestas. Corri, corri até a cidade mais próxima.
Bella, minha Bella estava metida em tanta confusão. EU sabia que os Volturi estavam possessos com ela e não demoraria muito até que fossem atrás dela. Eu precisava pega-la entre meus braços, eu precisava fugir com Bella para um lugar isolado, eu precisava mante-la segura.
Ignorei toda a dor no meu coração, não me importava agora que ela me odiasse, ou que quisesse me matar, sua segurança estava em jogo, sua vida estava em jogo.