Haunted escrita por Buy


Capítulo 23
Lobisomens(Season 2)


Notas iniciais do capítulo

Descupa a demora galera, mas periodo de prova e eu já estou muito ferrada(e ainda é o primeiro trimestre!)

Pode ser que não poste com muito frequencia, mas não vou abandonar a fic. Repito NÃO VOU ABANDONAR A FIC!

Boa Leitura



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Devo admitir que na hora senti medo. Eram muitos, oito no total, contando os três que vi primeiro. Senti o perigo e automaticamente minha postura se tornou mais defensiva, mais curvada e maxilar trincado, analisando cada passo deles. Todos estavam parados, eles queriam me atacar dava para sentir pelo ódio em seus olhos, mas não o fizeram, alguma coisa parecia os impedir.

O lobo de pêlos pretos parecia nervoso, ficava alternando olhares entre mim e o ferido do bando. Tinha feito um estrago mesmo, pisei com toda minha força, mas na hora não me pareceu o bastante, queria arrancar a pata dele.  Percebi que estava apreensivo com a segurança do que eu tinha machucado, queria tira-lo de lá, mas estava com medo do que eu poderia fazer. Seja lá o que esses bichos forem não estiveram com muitos vampiros, apesar de eu ter quase certeza deles saberem o que eu sou.

Encarei o que parecia ser o líder, pela sua postura imponente e nenhum do resto da matilha ter se mexido enquanto ele parecia raciocinar. Eu sei que estava brincando com fogo ao praticamente lhe desafiar com o olhar, mas era mais forte do que eu. Tinha tanto ódio, que veio não sei de onde, em mim. Além de que aquele fedor repugnante me deixava enjoada com eles tão perto.

Mais confiante do que verdadeiramente estava, fui endireitando a coluna, tomando uma posição ousada, totalmente ereta. Eu decididamente estava o desfiando a me atacar. Com o passar dos dias em que sou vampira, vou cada vez mais aprendendo a importância dos sinais que o corpo transmite. Poderia identificar facilmente oponentes, ou amigos.

Dei um passo em sua direção e ouvi os rosnados dos outros. Olhei pelo meu ombro, esperavam só um deslize meu para me atacarem. Engoli seco, nervosa, mas não deixei transparecer. Isso era nada mais do que um confronto de quem ousa ir mais longe. E é claro, que uma vampira que não tem mais razões para viver não temia nada.

Dei outro passo. Os nervos estavam se exaltando, cheguei até a ouvir um latido raivoso.

Quando notei o líder retesar minimamente, soube que estava no comando completo da situação. Segurei um sorriso de vitória, lembrando que eles estavam em maior número.

Pelo canto do olho avistei uma saída onde poderia fugir. Não testaria mais o limite desses bichos, com certeza acabaria comigo, e minha cabeça fora do corpo.

Mudei o rumo dos meus pés, dando o claro aviso que queria ir embora. Já estava preparada para correr, quando dois dos lobos se puseram rapidamente na minha frente. Não consegui refrear um rosnado de irritação. Eles não queriam que eu fosse?

Fechei minha mão em punho, sentindo o sangue pulsar mais forte do que o normal dos animais, pelas suas veias. Meu ódio inexplicável por essa raça e o som das correntes sanguíneas correndo pelos seus corpos, enchia minha boca de veneno. Droga, se não escapasse daqui rapidamente com certeza iria pular em algum.

Tentei desvirar deles, mas me impediram de novo.

-Merda, me deixe ir!- Esbravejei mesmo sabendo que não entendiam uma palavra do que dizia.

-Ainda não- Automaticamente me virei em direção à voz de trovão.

Era um homem moreno, alto e com músculos totalmente desproporcionais ao padrão humano. Seu riste estava franzido, com os olhos em fenda, me olhando louco de raiva.

-O que?- Murmurei sem entender nada. OS lobos não atacaram o homem, como quiseram me atacar e ele não demonstrava medo de estar perto desses bichos.

-Isabella... - Disse como se não acreditasse nas próprias palavras, mas ainda com o semblante fechado –Precisamos conversar- Foi frio.

Olhei ao redor, dando falta de três lobos, o machucado e o que estava perto dele e o líder. Duvidas rodeavam minha mente. Olhei curiosa como os lobos pareciam respeitar o homem. E uma pergunta fervilhava na minha mente: Como ele sabia meu nome?

-Quem é você?- Ignorei sua ordem, dando um passo na sua direção.

Ele não moveu um músculo facial.

-Isabella, nós precisamos conversar sobre certas... Coisas- Me encarou com nojo.

Fechei a cara para ele. Quem esse humanozinho insignificante acha que é?

-Como sabe o meu nome?- Perguntei pausadamente, o ignorando de novo.

-Isso não importa... - Disse simplesmente.

Minha mente com várias possibilidades, mas uma, a mais assustadora, me fez hesitar.

-Você sabe quem é Charlie- Afirmei –Sabe que sou filha dele- Nem era preciso ele dizer uma palavra, sua cara já o entregava –O que você quer com meu pia?!- Indaguei avançando.

Os lobos ao nosso redor rosnaram e fizeram menção de se aproximarem. O homem somente os olhou severo e todos automaticamente se calaram, contrariados. Fiquei mais intrigada com esse comportamento.

-Eu não quero nada com Charlie. Se me lembro, somente você poderia representar algum perigo para ele - Sibilou, entre dentes.

Fiquei estática. O homem sabia o que eu era. Mas a perguntar eram que ele, ou devo dizer eles, eram.

-O que você tem haver com isso?- Indaguei, tentando coletar mais informações.

-Não importa. Só quero você fora da cidade já!- Endureci minha expressão.

-E quem vai me obrigar?- Desafiei sorrindo sarcástica.

Ouvi de novo os uivos dos lobos. O cara também os olhou e de novo, só com o olhar, parecia se comunicar com eles. Analisei a cena curiosa na minha frente. O homem misterioso, não era humano, não podia ser. Como já tinha me tocado que os lobos também tinham algo de sobrenatural.

Meus olhos passaram por cada um do bando. Todos estavam com postura rígida e com os dentes afiados a mostra, com seus músculos tencionados alerta para cada mínimo movimento. Pude perceber que também deveriam ter o sentido mais apurado, já que por mais concentrados que aparentem vez ou outra, se distraiam minimamente com algum som ou cheiro, porém que estaria muito longe para um animal normal ouvir. Eram novos sabia disso por experiência própria. Nos primeiros dias de vampira, ficava muito absorta com a riqueza de detalhes que um simples copo poderia ter, conseguia ouvir alguém cochichar de cada canto do castelo e ficava tentada com cada humano que passava a alguns metros dele. Porém consegui me controlar com o treinamento intensivo dos Volturi, no final eles até que foram uteis para mim.

Estava os observando quando meu olhar caiu sobre um em especial. Ele era quase tão grande quanto o líder que havia fugido. Seu pelo tinha uma cor de madeira velha, meio avermelhada, muito bonita, mas não foi isso que me prendeu a atenção. Olhos, olhos grandes e negros.

Por alguma razão, emburrei-me um pouco, ainda não conseguia ver aonde terminava a pupila e começava a íris!

Foi um baque para mim. Arregalei os olhos, vendo lembranças passarem na minha mente como se fosse um filme antigo. Motos, fim de tarde na praia, pele bronzeada com cheiro de almíscar, cabelo grande e preto, dentes estupidamente brancos e o mais importante, olhos expressivos, carinhosos e acolhedores.

Pisquei diversas vezes, como se pudesse dissipar a imagem na minha frente. Mas não adiantou nada. Ainda tinha um lobo me encarando. Um lobo.

Ofeguei. O que? Não, não poderia ser verdade. Aquele não poderia ser Jacob, não, Jake era meu melhor amigo, me abraçou quando os dias teimavam a passar, me fez rir quando pensei que iria chorar e estacou a ferida do meu peito, cuidando dela com todo o carinho e amor que alguém poderia desejar. Olhei mais uma vez naqueles tão conhecidos olhos escuros, para ter certeza. Isso era loucura.

Mas... de uma forma completamente contraditória, era tudo tão... simples. Quase conseguia ouvir sua gargalhada contagiante de novo e como ele inclinava a cabeça para frente para conseguir me encarar nos olhos. Quase podia sentir seu peito quente na minha bochecha e sua mão grande acariciando minhas costas num abraço. Os meses que passei com sua campainha fora serenos, como uma ilha paradisíaca, um ponto seguro na meio de uma guerra.

Ele foi tudo, porém não o bastante. Senti um nó na minha garganta. Toda a dor que tentei bloquear nos últimos tempos, veio à tona. Eu deixei toda uma vida para trás, conforto, amigos e amor, por uma causa perdida.  Mas eu tentei lutar pelo até o ultimo segundo, fui cega e estúpida, e agora, olhando para o meu suposto amigo, via verdadeiramente o que tinha perdido.

Engoli com esforço. Uma parte mínima do meu cérebro registrava o perigo que continuava correndo. Minha mão veio até minha boca, estava em choque. Não poderia haver outra descrição que se encaixasse melhor. Era uma confusão. Uma parte de mim (uma parte considerável, que eu nunca conheci) queria lhe trucidar ao sentir só seu cheiro, outra parte queria me jogar em seus braços e desabafar tudo que estava preso em mim (essa parte era meu coração, que se prendia a última esperança que ele tinha. Um ultimo suspiro, ou a gélida e vazia vida de um verdadeiro vampiro, sem sentimentos).

-Isabella... Isabella!- Fiquei na mesma posição, mas desviei meus olhos para o homem que me chamava. Franzi o cenho, com a cabeça pendendo um pouco pro lado. Encarei sua face irritada mais uma vez e a aura de poder que o circulava.

-Sam- Foi o que veio a minha cabeça na hora. Ele arregalou os olhos e abriu a boca lentamente, porém isso foi em questão de segundos, até que voltasse a sua fachada de durão.

-Isabella, eu já disse, precisa ouvir atentamente tudo o que digo. Não queremos problemas com criaturas do seu tipo- Disse com nojo –Por isso, deve...

O cortei antes que tivesse chance de terminar a frase.

-Sam- Repeti, piscando confusa –Seu nome é Sam, tenho certeza.

Ele respirou fundo, fechando os olhos.

-Meu nome não importa. Só quero que fique bem longe de Forks- Advertiu.

Franzi os lábios.

Não era Charlie, que ele associou o nome, foi a mim mesmo.

-Você me conhece- Afirmei segura –Sabe quem eu sou. Sabe que morava aqui- Abri a boca em espanto –Você me tirou da floresta!- Apontei o dedo em sua direção.

A primeira vez que Edward me abandonou, me perdi na floresta e acabei me deitando na grama pelo cansaço. Depois de um tempo, me senti flutuando e encontrei um homem alto e forte me carregando. Vasculhei minha mente atrás de outras lembranças, mas estava quase tudo meio turvo, confundindo realidade com ficção.

-Jake... - Murmurei com a riste franzida, fazendo um esforço para não perder a memória- Ele não gostava de você- Levantei meus olhos para os seus –Tinha medo- Conclui.

Vi a expressão de Sam passar por diversas emoções. Medo, irritação, angustia e até um pouco de diversão. Mas com alguns segundos, lá estava a mascara de frieza.

-Jacob...- Murmurei. Sam se parecia com ele, de certa forma –Onde está ele?- Indaguei, me recusando a pensar que o pulguento fosse mesmo meu amigo.

O homem não mais misterioso me encarou profundamente por alguns segundos. Era óbvia sua irritação comigo, mas não arredaria o pé daqui até que visse meu amigo. Eu já tinha sido altruísta demais com Charlie, eu precisava ver Jake.

Ficamos nesse silêncio por algum tempo. Já estava perdendo a paciência. Por mais que Sam fosse algo muito esquisito, tinha certeza que poderia torcer seu pescoço se assim quisesse.

Minhas mãos foram se fechando em punho, quando percebi que seu silêncio era uma negativa. Fiquei furiosa. Ninguém iria me negar NADA.

Senti um rosnado crescer no meu peito, e liberei meus dentes. Respirei fundo, o encarando nos olhos. Eu sei o que via. Era o mesmo que refletia em todos os olhares ali presentes. As olheiras debaixo dos meus olhos estavam profundas, como minhas pupilas tinham escurecido diante a sede. Mesmo que não emitisse nenhum som e estivesse só os encarando, a fúria que meus olhos transmitiam, já falava por tudo.

-Olha aqui Sam...- Apontei o dedo para ele –Se não ver Jacob, agora. Pode ter certeza que não hesitarei em tirar meu pai daqui e transformar Forks em um verdadeiro filme de terror- O ameacei, lhe mostrando minhas presas que cintilavam por sangue.

Ele hesitou, eu senti isso na sua postura.

Ficamos mais um tempo nesse jogo de olhares. O orgulho falava mais alto por ele.

Por fim, Sam somente se virou em direção aos lobos.

-Vamos voltar para La Push- Avisou. Todos estranhamente seguiram suas ordens e partiram logo em seguida.

A não ser um. Não olhei naquela direção, encarei o chão simplesmente. Senti quando Sam foi indo embora. Ouvi seus passos, quase leves ao chão, correndo. Fechei os olhos com força quando esses passos tiveram um pequeno intervalo, para logo depois surgir um trote pesado, junto com um uivo ensurdecedor.

Tentei endireitar a postura, ainda não olhando em sua direção. Quis que meus dentes se recolhessem, apesar do meu corpo está preparado para um luta, minha cabeça queria tranqüilidade, mas não consegui. Respirei fundo. Era um instinto natural perto dele.

-Eu quero ver Jacob- Murmurei baixinho, sabendo que ele ouviria. Levantei meus olhos, encarando aqueles castanhos escuros –Jacob de verdade- Frisei. Ele não moveu um músculo –Não farei nada. Prometo sair de Forks depois- Jurei apreensiva.

Ele ficou lá parado por uns segundos. Depois fugiu rapidamente por entre as árvores. Fiquei parada.

O céu estava começando a clarear, de pouco a pouco, a grama voltou a ser verde como as árvores e já  era mais audível os animais da floresta. Um novo dia surgindo. A brisa passou bagunçando meus cabelos trazendo um cheiro conhecido de natureza, ar livre e terra. Suspirei olhando como as copas das árvores desapareciam quando olhadas de baixo, o céu nunca saia de um tom cinza, sempre ameaçando chover. Era um cenário depressivo, de algum jeito, como também era seguro. Não se precisava fingir em Forks, era tudo tão simples quando se está aqui. Parece que você da uma volta no tempo, quando o que mais lhe preocupava era se, se encaixaria na nova escola.

Quase sorri, quando lembrei-me de sentir totalmente deslocada ao chegar. O que me não fez repuxar os lábios era que mais me lembrava de Forks High School, eram os olhos negros se transformando em dourados e a primeira vez em que o vi sorri. Suspirei frustrada, tentando pegar outra lembrança dos tempos da escola, mas nada me vinha à mente. Aquele maldito, ainda me roubava às lembranças.

Não me prendi a esses pensamentos, não me importavam mais agora. Franzi o cenho. Ou eu queria que não.

-Então aconteceu mesmo... - Engoli seco, fechando os olhos. Sentia meus olhos úmidos, mas nenhuma maldita lágrima caia –Aquele sanguessuga estava com as garras cravadas tão fundas em você...- Disse com raiva, mas logo se deteu respirando fundo, para se acalmar. Parecia lutar com as palavras. Doeu-me no coração ver Jacob com a voz tão magoada.

-Não foi culpa dele- Murmurei, baixando a cabeça –Eu quem era errada- Declarei sentindo outra adaga se enfiar no meu peito

Ele riu sarcasticamente.

-Deveria ter percebido...- Disse com tanta ironia, que me magoou –Eu nunca tive mesmo uma chance- Mordi o lábio.

Por mais que pudesse machucar. Era a verdade. E eu temia que isso nunca mudasse, não importando quem fosse. Eu não podia amar Edward para sempre. Não iria agüentar.

-Jacob...

-Não, não diga nada. Só vai embora, ninguém quer você aqui- Falou maldosamente –Nem Charlie, ninguém da escola...- Deu um pausa- Nem eu- Finalmente me virei, encontrando seus olhos. No fundo deles, vi um brilho estranho, que preferia nunca ter visto. Honestidade –VAI EMBORA!


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Notas finais do capítulo

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