Olor escrita por Nara
Notas iniciais do capítulo
Primeiro capítulo bônus da fic... Espero que gostem!
Punjab - 500 d.C.
Havia algum tempo que o clã não caçava. Todos já estavam com os olhos negros de sede.
O chefe do clã decidiu que iriam caçar naquele dia, ainda que o sol estivesse forte. Ele sabia que existia uma pequena aldeia nas proximidades. Geralmente, um grupo de no máximo dez pessoas ia buscar água para abastecer a aldeia no inicio do dia. Seriam presas fáceis.
Assim, ele e seu clã de cinco componentes rumaram em direção ao lago.
A caminhada não lhes gastou muito tempo, já que eram extremamente velozes. Logo avistaram o grupo realizando sua tarefa à beira do lago.
Silenciosamente, cada um visou uma pobre vítima e, aos poucos, encurtaram a distancia entre eles. Sem demora, os frios estavam em cima de suas presas; alguns já se alimentando.
Porém, a mais jovem componente do clã, ao atacar sua presa – um homem quieto que estava sentado em uma pedra – não consegue sugar sua vida ao olhar em seus olhos.
Aqueles olhos tinham tanta intensidade que capturaram os negros de sede a ponto de salvá-lo de sua morte eminente.
Todos os outros frios se alimentavam, ocupados demais para prestarem atenção a algo além dos pescoços daqueles pobres inocentes, e não perceberam aquele curto momento em que a mulher fria ficou sem reação.
Em um átimo de segundo, a fria sussurrou ao pé do ouvido do homem para que o mesmo fugisse. Seguindo a ordem daquela estranha mulher, o homem absorto correu. Ele correu o máximo que podia, não sabendo se conseguiria escapar daquele grupo de assassinos que havia acabado de matar pessoas com quem ele convivia há tantos anos.
Após correr por algum tempo, o qual ele julgou ser bastante, o homem chegou a sua tribo. Ao verem o estado em que ele se encontrava, seus parentes e amigos foram socorrê-lo.
Porém, ao parar sua corrida, a mente do pobre homem foi bombardeada por aquelas imagens tão sangrentas. Não agüentando mais, ignorou a voz de seus parentes que lhe tentavam chamar a atenção e deixou-se tomar pela inconsciência, tendo em mente aqueles olhos negros daquela que lhe poupara a vida.
O tempo passou. Sua tribo já não residia no mesmo local — haviam se mudado por segurança. Todos viviam com medo de um novo ataque e ainda sofriam a dor da perda daqueles que lhes eram tão próximos.
No entanto, nada daquilo o fazia esquecer-se daqueles olhos negros, da pele cintilante, e do cheiro daquela atraente mulher. Mas o que menos esperava era que, assim como ele, a mulher fria também não conseguisse passar nem um segundo sequer sem pensar naquele momento. O rapaz, tão humanamente belo, de alguma forma havia despertado sua piedade e vontade de poupar a vida de uma espécie que sempre pensara existir apenas para matar sua sede.
Decidiu então que precisava procurá-lo, e, conseqüentemente, aquele debate interno que a estava consumindo por inteiro.
Após procurar durante algum tempo, finalmente conseguiu encontrar onde a tribo estava residindo e avistar o belo rapaz que havia prendido seus olhos. Não sabia ao certo o que pretendia fazer — quem sabe, dar fim à vida dele.
Quando teve uma oportunidade — o rapaz havia se afastado de seu grupo, como costumava fazer — aproximou-se do homem que estava distraído olhando as estrelas. Dando passos silenciosos, parou atrás dele, ainda decidindo se o atacava de vez ou não.
“Sabia que você viria”, ele disse, assustando a mulher que não sabia que ele havia notado sua presença.
“Eu estava esperando por você.” Virou-se e encarou a atraente mulher, prendendo novamente seus olhos agora não mais negros e, sim, vermelhos como o sangue daqueles que havia bebido.
“Como poderia saber que eu viria?” Indagou em contra partida, absorta.
O homem apenas sorriu e levantou-se, fechando a distancia entre os dois. Ele tocou a pele fria, mas ainda assim macia, da face da bela mulher. Ela, sem reação, apenas fechou os olhos para apreciar o toque que lhe enviava uma corrente elétrica pelo corpo.
“Eu apenas sabia”, ele disse e uniu os lábios dela aos seus.
Naquele momento, não existiu nenhuma diferença entre os dois. Muito pelo contrário. Só havia a semelhança nos sentimentos — ou melhor, em um sentimento. Um sentimento tão forte que não podia ser controlado, mas que tinham certeza que duraria para sempre.
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Então... O que acharam? Comentem!