The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 9
Capítulo Oito - Out of my Mind


Notas iniciais do capítulo

Lindas lindas, obrigada demais pelos reviews



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Se esse for ser um dia chuvoso não há nada que possamos fazer para mudar
Nós podemos rezar por tempos ensolarados, mas isso não vai parar a chuva
Você sente como se não tivesse um lugar para fugir, eu posso ser
o seu refúgio até isso acabar, nós podemos fazer isso durar para sempre
Então, por favor, não pare a chuva

James Morrison - Please don't stop the rain

Bill’s P.O.V

Por volta de uma hora da tarde, comecei a ficar preocupado.

Como era possível que alguém conseguisse dormir tanto? Jesus, nem mesmo Tom era capaz de tal ato. Isso era praticamente uma hibernação... Eu passei a manhã lendo revistas e jornais, assistindo televisão e periodicamente correndo pelas escadas para dar uma bisbilhotada nela. E todas às vezes, ela ainda estava na cama, enrolada num grosso edredom azul. Eu já estava ficando cansado de esperar.

Vaguei pela casa estudando a decoração delicada. Isso certamente não se parecia com uma casa onde viviam duas pessoas em idade universitária. a mobília era bonita, de aparência cara e de bom gosto, a cozinha era ornamentada por brilhantes e alegres tons de amarelo e azul com cortinas de renda delicada, sem contar em todas as pinturas emolduradas na parede. Havia muitas delas, e todas eram lindas... fui até uma e observei o nome rabiscado no canto da tela; ‘AR’... hmm.. a sigla correspondia ao nome que vi no anuário. Ela havia pintado todos eles? Fiquei impressionado.

Voltei para o sofá, apanhando mais um jornal para ler, Lexington Herald-Leader. 25 de junho. Eu ainda me perguntava como eu havia ido parar ali, mas essa era uma coisa que eu não poderia nem começar a explicar.

Um barulho na garagem fez com que eu me sobressaltasse, seguido pelo clic na porta da cozinha. Esgueirei-me pelo corredor para verificar. A garota de cabelos escuros tinha retornado. Vi quando ela remexeu na geladeira e tirou uma garrafa verde. Hum, cerveja? Logo no início do dia? Bem, cada um com seus hábitos afinal... Encolhi meus ombros e voltei para a sala e sentei-me no sofá. Estava lendo a sessão de esportes quando o silêncio foi interrompido.

– Louise? Você já almoçou? – Ah, então deve ter sido essa garota que assinou o anuário. Bem, pelo menos a Bela Adormecida havia acordado. Cruzei os braços me debatendo... provavelmente seria melhor esperar a morena, ‘Louise, sair. Seria melhor falar com Alley desse jeito, decidi.

Eu estava tentando encontrar um lugar para me esconder, quando Alley efetivamente arruinou meu plano. Ela caminhou até a sala antes que eu tivesse a chance de sair e, ao me ver, gritou. E não foi um “Oh meu Deus, Bill Kaulitz eu te amo!” o tipo de grito que eu estava acostumado. Mas um grito apavorado.

Bem, lá se foi meu plano pela janela.

– Ah, vejo que você acordou, finalmente. – Eu disse – E agora que está acordada, eu realmente iria amar se você ouvisse o que eu tenho a dizer.

Sem resposta, a menos que você queira contar o segundo grito. Eu suspirei com exasperação.

– Olha, você pode parar de gritar por favor? Isso não vai te ajudar em nada – Certamente menos ainda quando Louise entrou na sala olhando preocupada.

– Alley? O que aconteceu?

Encontrei o olhar da menina assustada e balancei a cabeça murmurando.

– Não faça isso. Ela vai pensar que você enlouqueceu.

Ela parecia um animal selvagem prestes a ser capturado por caçadores.

– Eu... – ela disse hesitante. – Olha!

Louise olhou para mim, ou pelo menos para onde Alley estava apontando.

– O quê? – Ela perguntou.

Suspirei novamente.

– Eu te avisei isso ontem, mas obviamente você não estava prestando atenção. Desista, ela não pode ver o que você vê.

Vi-a absorver essa informação. Sua amiga ainda estava tentando descobrir o que diabos ela deveria estar olhando.

– Eu vi uma aranha! – Alley gritou de repente. – Oh meu Deus! Ela era enorme Louise... estava ali mesmo, no sofá! – Para a minha surpresa, Louise pareceu ter caído no truque, seus olhos se arregalaram.

– ONDE? - Ela gritou.

Eu assisti as duas gritando sobre a... aranha... revirando meus olhos por esse comportamento histérico. Aff... nós estávamos falando sobre uma aranha aqui... não é grande coisa, não tinha necessidade de gritarem desse jeito. Bem... foi uma boa jogada, de qualquer forma e, sinceramente, fiquei impressionado com a maneira que Alley conseguiu contornar a situação.

Ouvi páginas se esvoaçarem quase no mesmo segundo que uma revista bater direto no meu rosto.

– Ai! – resmunguei com raiva. Mas que droga! Por que essa garota havia atirado uma revista em mim? Olhei para ela e pude ver Alley sufocando o riso. Louise saiu da sala, com um olhar completamente apavorado. Garotas – pensei. Alley voltou-se para mim com uma expressão sóbria em contraste com seu rosto pálido.

– Você está pronta para me ouvir agora? – Perguntei. Ela balançou a cabeça. Suspirei novamente, cobrindo meu rosto. Por que ela estava sendo tão difícil? – Ouça... tenho plena consciência de como você está confusa, e tenha certeza de que eu estou também. Você não está enlouquecendo. Não está perdendo sua sanidade mental. Eu sou real... Eu estou realmente aqui. E você, por qualquer motivo absurdamente insano, é a única que pode se comunicar comigo... – Não existe uma explicação perfeitamente razoável para isso. A vi virar-se rapidamente e correr da sala. Ouvi seus pés baterem nos degraus subindo rapidamente, eu mantive o controle de não chutar a mesa com indignação.

Droga, isso ia dar mais trabalho do que eu pensava. Eu esperei quase oito horas para ela acordar pra isso? Eu tinha um argumento (embora eu não tivesse muita certeza se era um argumento se a outra pessoa se recusava completamente a falar) e foi descartado assim?

Levantei-me, calmamente e caminhei pelo corredor atrás dela. Chega desta merda. Ela podia correr e esse esconder de mim pelo tempo que quisesse, mas eu não ia desistir. Nós iríamos descobrir o que diabos estava acontecendo juntos. Marchei pela escada e logo em seguida estava de pé em frente a sua porta. Louise estava no outro quarto, eu podia ouvir seu murmúrio ao redor. Agarrei a maçaneta e girei entrando sem nenhuma cerimônia e fechei a porta atrás de mim.

Eu não a vi assim que entrei no quarto, o que me confundiu. Até que percebi uma bolota grande na cama... Porra! Ela tinha voltado para a maldita cama? Será que não dormiu o suficiente? Ou estava apenas sendo infantil se escondendo debaixo das cobertas? Suspirei alto e caminhei até a cadeira que havia sentado na madrugada anterior cruzei os braços e esperei.

– Eu posso ficar sentado o dia todo aqui se eu quiser. – Eu disse. – Porque sinceramente, não tem muita coisa que eu possa fazer afinal. Portanto, se este é um teste de paciência, eu te garanto que você vai perder.

– Me deixa em paz porra! – Suas palavras soaram abafadas por seu grosso edredom, mas eu entendi perfeitamente bem.

– Ora não precisa ser tão doce. – Eu disse sarcasticamente. – Você acha que eu gosto disso? Que eu me diverti pra valer invadindo a casa de garotas estranhas e as assustando no meio da noite?

– Como é que eu posso saber? Algumas pessoas tem fetiches estranhos...

– Você poderia se sentar e falar comigo como uma pessoa normal? – Exigi. Eu estava cansado de conversar com um pedaço de pano azul.

– Não.

– Porquê?

Houve uma leve batida na porta, então parei de falar momentaneamente. A porta se abriu,e um momento depois, Louise enfiou a cabeça pela fresta.

– Alley – Ela chamou preocupada. – O que você está fazendo? Estava falando com alguém?

Alley jogou o edredom um pouco para baixo mostrando um pedacinho de seu rosto.

– Sim, estou conversando com Bill Kaulitz. – Disse ela, o sarcasmo escorrendo em seu tom. – E ele está sendo um verdadeiro babaca.

Eu fiz uma careta.

– Hey, não precisava fazer isso. Eu não fiz nada com você...

Louise suspirou, presumivelmente pela estranheza de sua companheira de quarto.

– Não seja boba, eu só estava perguntando, Kaulitz? Eu pensei que você tinha um gosto musical melhor que esse, querida. – Eu estava sendo insultado, bem na minha cara. Que tipo de comentário foi esse afinal? – Estou saindo agora... você tem certeza de que vai ficar bem? Ainda está se sentindo mal?

– Eu estou bem.

– Então por que está na cama outra vez?

– Nada pra fazer...

Louise revirou os olhos.

– Ok, tanto faz. Volto mais tarde. Espere por mim para jantar ok? – Alley balançou a cabeça lentamente em acordo. – Até mais tarde querida.

– Tchau. – Ela disse suavemente enquanto a porta se fechava. Então, ignorando-me mais uma vez se enfiou no cobertor fechando os olhos.

– Sente-se. – Eu exigi mais uma vez. – E ouça.

Para minha surpresa, ela finalmente obedeceu, levantando o rosto para mim e sentando-se na beira da cama. Ela cruzou as pernas em estilo indiano e descansou os cotovelos sobre elas.

– Ok, mas seja breve. – Disse ela. – Porque eu realmente não tenho o dia todo para sentar e ouvir minhas ilusões.

– Quantas vezes eu vou ter que te dizer... Eu não sou uma ilusão. Eu estou realmente aqui.

– Seja como for. – Disse ela bocejando. Ela se levantou e caminhou até a mesa pegando um pilha de cartas em cima dela. – Deus, eu realmente sou uma perdedora. Quando eu pensei que minha vida não poderia ficar pior... homens estranhos que afirmam ser Bill Kaulitz aparecendo do nada em meu quarto...

– Eu sou o Bill! Eu sou real!

– Oh! – Ela exclamou, virando-se para mim e arqueando uma sobrancelha ruiva. – Prove isso.

Eu não tinha certeza do que é que ela queria que eu provasse – o “Eu sou o Bill” ou “Eu sou real”. Empertiguei-me na cadeira quase fervendo, definitivamente eu iria provar para ela. Saltei da cadeira, indo em sua direção e agarrei seu braço, não sei bem o por que fiz isso mas de alguma forma eu sabia que eu poderia tocá-la. Sem pensar muito eu a puxei para mim e a beijei – nada de romântico nisso, apenas um choque de lábios e dentes, provas físicas de que eu estava ali e não era uma alucinação de sua mente.

Eu a toquei... fisicamente... eu senti sua pele... houve uma parte em mim que sentia-se delirantemente feliz por essa revelação. Ela no entanto, não pareceu compartilhar o mesmo sentimento. Ela gemeu alto, golpeando meus braços tentando se afastar com força me empurrando para trás. Ela tropeçou em uma pilha de roupas no chão e bateu contra a parede, balançando os braços e derrubando uma pilha de livros de sua mesa, que caíram no chão com um estardalhaço. Olhou para mim com os olhos arregalados e um pouco tontos. Enquanto isso, eu massageava meus braços, agora doloridos... e meu ego um pouco ferido.

– Ta maluca? O quê que foi isso? – Eu gritava, ainda massageando os braços.

– Idiota! Eu fiz aula de prevenção de estupro no ano passado.

Ah, certo... e você sabe Taekwondo – pensei sarcasticamente. Respirei fundo correndo uma mão por meus cabelos despenteados.

– Não fique se achando por causa disso, querida.

Assim que as palavras saíram da minha boca eu me arrependi de dizê-las. Tendo sua aparência desleixada, cachos ruivos e bagunçados, sardas pelo nariz e bochechas, pernas magras e divertidamente brancas e seus olhos deliberadamente castanhos e um tanto saltados, eu percebi, apenas um segundo tarde demais, que ela era uma garota, provavelmente, muito sensível quanto a sua aparência. Alley não era o tipo de garota que eu estava acostumado a lidar. Minhas suspeitas foram confirmadas quando sua expressão caiu e ela corou em um vermelho profundo, quase da cor de seus cabelos. Fiquei ali em silêncio, sentindo-me um completo idiota. Ela não era feia, ou coisa parecida... era um bonito diferente...

– Ei.. escuta... – Eu disse suavemente. – Eu não quis dizer isso. Não, espere. Eu... eu queria dizer que, hum.. desculpe ter te agarrado assim... mas você não é feia... quero dizer, você é bem bonitinha, e ... uh, você sabe-

– Cala a boca. – Ela disse, fungando. – Cala essa boca antes que piore tudo. Quero dizer, obviamente, se o balconista da Kroger não me acha digna de sua atenção, então certamente o superstar Bill Kaulitz não seria diferente. – O sarcasmo carregou sua voz ao mencionar meu nome.

Ah, legal. Ela ainda por cima estava com o coração partido por um cara. Eu não sabia que atitude tomar numa situação dessas, nunca tive experiência com garotas assim. Respirei profundamente.

– Sinto muito, Alley Kat – Eu disse lisamente, engatinhando até onde ela estava caída. – Me perdoa?

Sua cabeça se ergueu e os olhos dela se arregalaram ligeiramente. Ela inclinou a cabeça para mim, sentando-se um pouco mais reta.

– Como você sabe meu apelido? Apenas Louise e ... meu pai... me chamam assim.

– É uma longa história – Eu sorri para ela. – Algo que eu vou te explicar, mas primeiro... você acredita em mim?

– Acreditar no que? – Ela perguntou nervosa. – Eu acredito que estou presa dentro de minha mente insana.

– Não. Acredita que sou real. Que você não está imaginando coisas. Que eu não estou aqui para te fazer mal.

– Não.

Eu resisti ao impulso de agarrá-la pelo ombro e sacudir com força.

– Certo... – eu disse lentamente. – O que você quis dizer com “não”? Não para quê?

– Não para tudo... isso não faz sentido... e tudo o que eu quero fazer é dormir e me esquecer de tudo isso, mas você não vai deixar...

– Eu acho que você já dormiu o suficiente. – Disse com sarcasmo. – Por uma questão de fato, por algum tempo eu pensei que você tivesse morrido, ou entrado em coma.

Levantei-me estendendo a mão para ela.

– Vamos lá. Eu vou provar tudo isso a você. Tenho que te mostrar uma coisa.

Ela olhou para minha mão como se fosse uma cobra venenosa.

– O quê? – Perguntou desconfiada.

Revirei os olhos e abaixei-me, agarrando o braço dela. A levantei, apesar de seus protestos.

– Vou mostrar algo que me assusta, tanto quanto pode assustar você também.


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Notas finais do capítulo

:DD