The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 8
Capítulo Sete - Despertando


Notas iniciais do capítulo

Obrigaaaada pelos reviews (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/121586/chapter/8

Respire, eu estou ouvindo cada palavra que você diz. Não tente culpar as coisas que lhe colocam para baixo. Basta ver que eu estou do seu lado, bem ao seu lado, quando você dorme e quando você sonha.

Birdy - Dream

Alley's P.O.V

Acordei na manhã seguinte - bem, para ser honesta, na tarde seguinte – ao som de algo que parecia ser uma serra elétrica através de meu colchão. Irritada, abri meus olhos turvos e encarei diretamente a cara peluda de meu gato, cujo ronronar praticamente estava causando um terremoto em minha cama.

Chester é sem dúvida alguma, o bicho de estimação mais estranho que já tive. Ele é capaz de olhar para você por horas, sem sequer se mover. Eu não acho que há muita coisa acontecendo no cérebro felino dele, para ser sincera. Mas, ah... ele é bonitinho e peludo e além do mais, os gatos são conhecidos por ajudar a diminuir o estresse das pessoas e Deus sabe como eu preciso disso.

– Hey gatinho. - Arrulhei para ele fazendo carinho atrás de suas orelhas. Ele fechou os olhos e esfregou seu rosto em minha mão. Já fazia algum tempo desde que ele não dormia mais em minha cama - ele tinha uma irritante tendência de se colocar sobre minha cabeça enquanto dormia apesar do fato de minha cama ser bem espaçosa, assim me sufocando durante a noite. Então, agora eu costumava fechar a porta para mantê-lo do lado de fora.

Lentamente, sentei-me confusa. Espere um minuto...

Olhei para minha porta que estava aberta. Eu não a fechei noite passada? Perguntei-me, confusa. Corri meus dedos por meus cabelos tentando me lembrar...

Ah, espere. Cookies mofados.. uurgh. Certo, Louise tinha praticamente me jogado na cama, razão pela qual eu não me lembrar de ter fechado a porta, será que ela deixou aberta? Mas, logo esqueci essa idéia. Tinha sido uma noite estranha essa, estranha é um adjetivo mínimo para descrevê-la... sonhos pirados com gatos falantes... Bill Kaulitz. Deus, isso era constrangedor.

Embora eu me sentisse extremamente tola por fazer isso, olhei desconfiada para minha cadeira só para ter certeza... nenhuma estrela pop adolescente nela. Suspirei de alívio.

Bocejei alto, espreguiçando-me. Felizmente a maioria dos meus sintomas de mal-estar da noite anterior já haviam se dissipado... menos uma leve dor de cabeça mas que era completamente tolerável em comparação ao que eu estava sentindo antes de adormecer.

– Ugh... – gemi. Eu não queria nem sair da cama. Pra que afinal? Eu não tinha nada pra fazer... sem planos... sem namorado... a maioria de meus amigos estavam ocupados em seus empregos, incluindo Louise... – Eu sou uma perdedora. – murmurei suspirando. Talvez eu devesse voltar a me ocupar com minhas pinturas que eu havia abandonado mês passado... terminá-las. Ou começar algo novo. Sim, talvez eu faça isso. Louise sempre me repreendia por eu abandonar meus projetos pela metade. Pelos menos eu teria algo a fazer, de qualquer maneira. Algo para preencher o tédio da minha vida.

Rolei para o lado, formando uma pequena bolotinha no edredom, pensando em Louise e na forma como ela havia cuidado de mim na noite anterior. O que eu iria fazer quando ela se formasse? Ou quando Steve finalmente pedisse sua mão? O que era apenas uma questão de tempo, e então o que eu faria? Pra onde eu iria? Ela sempre esteve comigo, vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, desde que meu pai tinha morrido. Eu vivia com ela, sorria com ela, chorava com ela... Ela tinha agüentado tanta coisa de mim ao longo desses anos, todas as minhas bizarrices, a minha infelicidade, minhas birras... Ela deveria estar tão cansada. Eu nunca conheci ninguém que me compreendia como Louise. Ou que cuidou tão bem de mim assim... Suspirei novamente.

Depois de muita deliberação, eu finalmente consegui sair da cama. Fui ao banheiro escovar os dentes e trocar de roupa quando ouvi o som familiar de um motor se aproximando. Louise! Graças a Deus. Rapidamente cuspi a pasta na pia e enxaguei minha boca, antes de correr pelas escadas. Ela estava na cozinha, eu podia ouvir o som de seus passos.

– Louise! – chamei alto enquanto marchava pelo corredor – Você já almoçou?

– Você saiu da cama agora? – A ouvi perguntar incrédula assim que me viu. – Querida, são quase duas da tarde.

– Bem, considerando as circunstâncias, acho que merecia umas catorze horas de sono. – Sentei-me na cadeira, trazendo os joelhos para perto de meu peito.

– Ah, é verdade... Então, você está se sentindo melhor? Dormiu bem?

– Sim, eu acho... tive alguns sonhos estranhos...mas...

– Sério? Sobre o quê?

Eu hesitei.

Bem, Louise, primeiro eu estava presa em um labirinto, perseguindo algum cara aleatório, quando parei para conversar com um Gato de Cheshire... mas ele me irritava. Então de repente, eu me vi de volta a minha cama e por algum motivo desconhecido Bill Kaulitz estava em meu quarto, possivelmente drogado, falando um monte de coisas malucas. Estranho né?

– Eu realmente não me lembro – preferi mentir. – Eu me senti meio perdida e tinha alguém em meu quarto conversando comigo. - Eu realmente não queria dar detalhes sobre “Bill Kaulitz”. Em vez disso, preferi optar por um assunto muito mais importante. Inclinei-me, dando-lhe um olhar triste e suplicante. – Então, o almoço...?

Ela suspirou.

– Alley, eu até faria mas tenho que ir. Só passei aqui para trocar de roupa e pegar minha mochila. Tenho que voltar correndo para uma sessão de estudo de estatísticas, temos uma prova muito importante amanhã... - Ela resmungou. - Se um professor te disser que a escola de verão é mais fácil que um semestre regular, dê um soco bem no meio da cara dele.

– Oh... - Murmurei desanimada. Então eu ia ficar sozinha o dia todo... não que isso fosse incomum, mas eu realmente esperava ter alguém para conversar... para me distrair de meu estado de depressão atual. - Que horas você vai voltar?

– Antes do jantar, pelo menos. Eu espero. - Vi quando ela pegou sua mochila e pescou algo dentro, tirando um notebook e colocando-o sobre a mesa.

– Tudo bem, eu vou esperar aqui como sempre... - Eu disse, levantando-me. Na verdade, eu não estava com fome. Então, entrei na sala com a intenção de me sentar e relaxar um pouco. Ler o jornal, assistir a alguns programas sem sentido na TV. Minha rotina diária. Desistindo dessa idéia decidi ir para meu quarto.

– AH MEU DEUS! - Gritei assim que passei pela sala.

– Ah, vejo que você acordou, finalmente. - Ele disse com uma voz sarcástica. - E agora que está acordada, eu realmente iria amar se você ouvisse o que eu tenho a dizer.

Que porra é essa?? Minha única resposta foi outro grito. Oh meu Deus, oh meu Deus! O menino do meu sonho que tinha alegado ser Bill Kaulitz, estava sentado na minha cadeira com o jornal em seu colo. Ele olhava para mim com muita calma, seus olhos castanhos examinando minha aparência, arqueando a sobrancelha esperando uma resposta.

Eu ainda estava sonhando? Não, não, não... isso não era possível não é? Me balançava para frente e para trás em meus pés, sentindo náuseas. Pisquei fortemente duas vezes e segurei-me na maçaneta da porta atrás de mim, olhando para ele e choramingando. Senti que outro grito estava se formando em minha garganta...

– Alley? - Eu tinha a vaga consciência que Louise chamava por mim, a preocupação em sua voz. Respondi com um grito desconfigurado.

– Hey, você pode parar de gritar por favor? - Ele pediu fazendo uma careta, jogando o jornal para o lado. - Isso não vai te ajudar em nada.

Me ajudar? De que merda que ele tava falando? Belisquei minhas bochechas ferozmente, gemi com irritação quando esse ato me machucou. Bem, eu estava definitivamente acordada... então, aparentemente ele era real, ou eu estava sofrendo com alucinações. Que legal.

– Alley? – Louise chegou na sala, tocando levemente meu ombro. - O que aconteceu?

Olhei para o menino. Ele balançava a cabeça murmurando.

– Não faça isso. Ela vai pensar que você enlouqueceu.

– Eu... - Comecei sem saber o que dizer. Louise olhava para mim, aparentemente ela não havia notado a presença de nosso visitante. Engoli em seco, escolhendo minhas palavras. Optei por algo muito vago. - Olha! - Gritei, apontando para o garoto.

Sua testa se franziu enquanto acompanhava com o olhar a direção que meu dedo apontava.

– O quê? - Perguntou.

Ele suspirou e falou em voz alta.

– Eu te avisei isso ontem, mas obviamente você não estava prestando atenção. Desista, ela não pode ver o que você vê.

Pisquei abobada. Certo... ele tinha dito algo assim noite passada... só que eu pensava que era tudo parte de um sonho maluco. Suas palavras cheias de esperança e admiração correram pela minha mente. "Você pode me ver, certo? Pode ver que estou aqui?" Mas isso não era possível não é? Ele ser invisível para ela...?

Eu estava começando a suspeitar que a súbita aparição dele estava caindo na categoria de "Delírios". Essa era a única explicação plausível para tudo isso. Respirei fundo. O que fazer? O que fazer? Como eu iria explicar o fundamento de meus gritos de uma forma convincente e convencê-la de que eu não tinha necessidade de ser despachada para um sanatório?

– Eu vi uma aranha! – Gritei de repente. - Oh meu Deus! Ela era enorme Louise... estava ali mesmo, no sofá!

Seus olhos se arregalaram - Bingo! - Louise odiava aranhas, até mais do que eu.

– Onde? - Ela gritou. Eu apontei para o sofá onde o menino estava sentado, e ela se encolheu. - Você viu para onde ela foi?

– Não... eu não vi... talvez ela tenha entrado por entre as almofadas...

– Alley! – Ela gemeu. - Por que você me disse isso? Encontra logo ela e mate! - Louise pegou uma revista de cima da mesa e a arremessou para o lugar que eu estava apontando, aparentemente, achando que ia dar um "susto" na .. cof cof... aranha... e com isso ela sairia de seu esconderijo, ou algo assim. A revista zuniu pelo ar atingindo em cheio a cabeça do garoto antes de cair no sofá. Seus olhos se arregalaram com irritação, e eu encontrei-me estrangulando o riso, apesar da bizarrice da situação.

– Desculpe... - Eu disse humildemente, uma vez que recuperei minha compostura. - Vou encontrá-la e me livrar dela...

Ela estremeceu.

– Aaai... eu nunca mais sento nesse sofá de novo... - Ela se virou preparando-se para sair. - Bem, eu odeio ter que te deixar aqui com essa coisa, mas eu tenho que ir... Estou atrasada e você sabe como ele é....

– Desculpe por isso também - Eu murmurei quando ela correu para cima para se trocar. Vi-a sair sentindo-me subitamente perdida e vulnerável. Virei-me lentamente para o meu visitante na sala., tentando freneticamente descobrir o que fazer...

– Você está pronta para me ouvir agora? - Perguntou ele.

Eu balancei minha cabeça lentamente. Ouvir? Minha alucinação? Não era isso que os serial killers sempre alegavam pouco antes de sair e matar as pessoas? Oh, Deus, eu estava prestes a me tornar uma psicopata? Seria eu trancada em um instituto mental com uma camisa de força em volta de meu corpo? Porra... eu ainda era virgem... eu teria, pelo menos gostado.... de experimentar algum tipo de relacionamento mais, hum... digamos... íntimo com algum namorado. Antes de ser trancafiada em uma cela acolchoada.

Ele suspirou alto, enterrando o rosto nas mãos.

– Ouça... - começou ele. Parecia exausto. - ... tenho plena consciência de como você está confusa, e tenha certeza de que eu estou também. Você não está enlouquecendo. Não está perdendo sua sanidade mental. Eu sou real... Eu estou realmente aqui. E você, por qualquer motivo absurdamente insano, é a única que pode se comunicar comigo...

Isso era demais para eu lidar agora. Esfreguei minha cabeça fechando os olhos por um momento. Por que minha vida era uma bagunça? Coisas como essas acontecem com outras pessoas?

De alguma forma, eu sinceramente duvidava disso.

Sem dizer nada, corri da sala, voltando para meu quarto. Minha cama de repente me pareceu tão atraente...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!