The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 10
Capítulo Nove - Reflexo




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A verdade está escondida em seus olhos
E está pendurada na sua língua, apenas fervendo no meu sangue
Mas você acha que não posso ver que tipo de homem você é?
Se você é mesmo um homem. Bem, eu vou descobrir isso
Sozinha

Paramore - Decode

Alley's P.O.V


Me assustar? Mais do que ele já havia assustado? Será que isso era possível? Fechei minha cara para ele e puxei minha mão de volta.

– Eu não gosto nada disso.

Ele suspirou, agarrando meu braço mais uma vez. Por um instante, pensei que ele fosse me beijar de novo. Eu não tinha certeza de como eu me sentia sobre isso... por um lado, com certeza, ele era lindo, mas por outro lado isso era completamente insano... hum escolha difícil. Sem mencionar que eu tinha certeza de que ele havia me machucado com os dentes.

Mas, ele não me beijou. Simplesmente me levou até o espelho. Ficamos lado a lado e ele colocou a mão sobre meu ombro.

– Olhe para nós – disse ele. – Olhe no espelho. O quê você vê? – Eu obedeci, levantando os olhos para o espelho a minha frente.

Ele não estava lá.

Quero dizer, ele estava, de pé ao meu lado... eu podia sentir seus dedos em meu ombro, mas sua imagem não se refletia no espelho. Era como uma cena daqueles filmes assustadores... fiquei de boca aberta, meu corpo enrijecido, e eu não tinha idéia de como responder. Em vez disso, olhei para ele. Sim, havia uma cara moreno, alto e meio magricela parado ao meu lado. Olhei para o espelho novamente: Uma garota ruiva, magrela e desajeitada, com os cabelos revoltos e as pernas meio tortinhas me encarava com a boca aberta e os olhos arregalados, sozinha.

Lentamente, levantei meu braço direito, sem desviar os olhos de meu reflexo. Estendi a mão para ele, observando meus movimentos no espelho. Segundo ele, meus movimentos pareciam desconexos, como aqueles caras que fazem mímicas e fingem estar presos numa caixa. Senti meus dedos tocarem em algo macio, quente, sólido. Acariciei mais um pouco, um tanto perturbada com a cena diante de meus olhos...

– Que droga que você ta fazendo? – Ele resmungou. Eu me virei para olhá-lo diretamente, e um pouco envergonhada, percebi que quase enfiei meu dedo em seu olho. A superfície macia e quente que meus dedos tocaram foram seu rosto... Puxei minha mão rapidamente, ao mesmo tempo que sentia meu rosto cozinhar. No entanto... sem reflexo? Não pode ser...

Afastei-me segurando na porta do armário.

– Oh meu Deus! – Engoli em seco. Ele percebeu minha surpresa.

– Eu sei, eu sei... eu te disse, não disse? Imagina como eu me senti na primeira vez que... O que você ta fazendo??

– Eu? Oh.. nada, nada. – Ri nervosa. Eu tinha conseguido me afastar para a parte de trás de minha cômoda, procurando freneticamente na minha gaveta. Vamos lá... eu sei que você está aqui em algum lugar...

Ele começou a andar em minha direção e soltou um suspiro exasperado. Era impressão minha ou isso estava ficando cada vez mais comum por aqui?

– Você acha que eu vou acreditar nisso?

De repente ele segurou em minha mão em torno do objeto que eu estava procurando. Sim! Eu o encontrei! Segurei-o a minha frente como um escudo, era um crucifixo de prata.

– Fique longe de mim! – Gritei.

Ele enrugou a testa, a confusão nítida em seus olhos.

– Que merda é essa garota?

– Faz sentido... – eu disse com a voz um pouco trêmula. – O espelho, seus dentes, o fato de Louise não conseguir te ver... Você é um vampiro! Fique longe de mim seu demônio sugador de sangue de meninas virgens.

– Eu não sou um vampiro! – Ele rebateu. – Ei, o que há de errado com meus dentes?

Timidamente, coloquei o colar de volta na gaveta.

– Nada... uhn... – eu disse tossindo tentando segurar o riso. Seu rosto estava tomando um tom alarmante de vermelho... era realmente muito cômico. – É que eles são... um pouco grandes e ... afiados.

– Todos os dentes são afiados! – Ele gritou. – De que outra maneira você espera que as pessoas mastiguem?!

– Pare de gritar! – eu murmurei cobrindo a boca com as mãos. Eu não podia segurar por muito tempo. Senti a risada subir descontroladamente em minha garganta e parei de lutar contra ela. Isso era muito bizarro... eu estava em meu quarto, argumentando com “Bill Kaulitz” se ele era ou não um morto-vivo...

Dobrei-me e bati nervosamente em meus joelhos com minha gargalhada. Meus cabelos emaranhados cobriram meu rosto e o vermelho de minhas madeixas se misturou com o vermelho de meu rosto de tanto que eu ria. Quando finalmente olhei para cima, com lágrimas nos olhos, ele estava parado de pé no mesmo lugar, com os braços cruzados. Seu rosto não parecia divertido.

– Já acabou?

– Sim... eu acho – eu disse limpando as lágrimas de meus olhos.

– Ótimo. Agora, voltando ao assunto em questão. Você acredita em mim agora?

Voltei a me sentar em minha cama ele me acompanhou e sentou-se na costumeira cadeira do meu computador, cruzando as pernas. Vi-me contemplando seu semblante. Seus cabelos pretos lisos e bagunçados, seus olhos eram fracamente delineados, seus lábios eram bem grossos e uma pequena pinta encontrava-se abaixo deles. Meus olhos encontraram-se com os dele e rapidamente perdi um pouco de ar. O que eu estava fazendo?

Depois de recuperar minha compostura. Me empertiguei na cadeira para finalmente começar a falar.

– Tudo bem... eu acredito em você. Pelo menos, em partes. Você está realmente aqui. – Sim seu beijo inesperado me convenceu disso. Alucinações não podiam tocar, podiam? E mesmo que pudessem, teria dado um beijo melhor que aquele. Pensei.

– Oh, doce progresso. – Disse ele. – Agora, como eu já disse. Você é a única que pode me ver... e me tocar. Venha, eu vou te mostrar, vou provar isso para você agora.

Eu suspirei esfregando minha testa.

– Será que isso vai me assustar também?

– Provavelmente.

– Maravilha. – Eu disse secamente. Ele se levantou e sorriu para mim, com aqueles dentes tortinhos dele, acenando para que eu o seguisse.

– Vamos Alley Kat, lá para fora. – Disse ele, usando meu apelido mais uma vez. Um fato que tanto me intrigou como me deixou confusa. Será que ele me perseguia antes disso? Hmmm...

Distraída com meus pensamentos eu não percebi que ele havia sumido do quarto. Quero dizer, até ele gritar mais uma vez. – Vamos!

– Calma! Já to indo, já to indo! – Resmunguei com raiva. Jesus as pessoas podiam testar a paciência assim? Estava disposta até a apostar que Charles Manson não era tão rude assim. – Espera mais um pouco! Eu tenho que colocar meus sapatos!

– Bem, anda logo! Eu vou esperar lá em baixo. – Com essa declaração ele desceu as escadas.

Corri para o banheiro e tranquei a porta. Eu poderia escapar... sair pela janela - pensei, olhando através das persianas. Havia uma árvore lá fora, eu podia descer... infelizmente, me conhecendo bem, sabia que o galho iria quebrar e eu ficaria estatelada no chão... por isso esse plano foi descartado. Eu poderia chamar a polícia, exceto pelo fato de eu ser uma idiota e ter me esquecido de pegar o telefone. Ou eu poderia esperar aqui até Louise chegar... mas, pelo que eu descobri essa manhã, ela não era capaz de enxergá-lo. Ótimo, minhas opções estavam cada vez mais limitadas.

Inferno. Eu pensei com um suspiro. Escavei através de uma pilha de roupa suja no chão. Meu tênis estava soterrado ali em algum lugar. Por que eu não deixava logo ele mostrar o que queria? Quero dizer, ele parecia ser inofensivo... e, pra falar a verdade, parte de mim ficou fascinada com esse fato. Era um exercício e tanto de psicologia. Finalmente encontrei meus sapatos e os calcei. Levantei-me, olhei no espelho (um horror) e abri a porta.

– Aqui vou eu. – Murmurei descendo as escadas.


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