The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 42
Capítulo Quarenta&Um - O Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo extra só pra eu não ficar em débito com vocês!
*-*



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Capítulo 41 – O Reencontro


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Ela é uma garota extraordinária
Em mundo ordinário.
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Green Day ( Extraordinary Girl )

Alley’s P.O.V

       Coisas para fazer hoje:

*  Ir comprar materiais para pintura: Tintas, pincéis, telas e etc.
* Levar o carro para lavar.
* Ligar para o Dr. Ryan e perguntar sobre bolsas de estudo.

      Eu suspirei, olhando minha lista. Sempre achei que “lista de coisas pra fazer” era uma idéia estúpida. Mas eu estava desesperada à procura de um jeito de passar o tempo. Assim, nos últimos dez minutos eu fiquei pensando em coisas para acrescentar em minha lista. Eu tinha visto um anúncio no jornal estudantil sobre bolsas de estudo para estudantes de arte, e a ideia me atraiu, então eu tinha que ligar para o tal Dr. Ryan para me informar. Meu carro estava um desastre. Eu não o lavava há décadas, então a lama que grudou nele no inverno havia endurecido e agora eu duvidava muito que era capaz de tirar.     

      O material de arte, era para uma ideia súbita, que havia me ocorrido há alguns instantes. O aniversário de Bill era em março, e não estava tão longe assim. E depois de muito me debater eu havia decido o que dar pra ele de presente. Ele estava sempre reclamando que eu nunca pintei ou desenhei nada pra ele... então era exatamente isso o que eu iria fazer. Uma pintura. Dele.

       Eu não podia esperar pra começar. Faltavam dois meses para março, então eu sabia que o trabalho teria que começar imediatamente. O único problema era manter isso em segredo por tanto tempo, já que Bill era notoriamente um curioso nato. Mas eu estava esperando uma pequena ajuda de Louise nisso, especialmente agora que eles viraram tão amiguinhos.

       A voz da professora cortou meus pensamentos.

      - Acho que todos já sabem que o teste é na próxima sexta-feira. Hoje a aula será de revisão.

      Fiz uma careta e rapidamente adicionei mais uma tarefa à minha lista.

*  Jogar um saco de bosta de cachorro flamejante na casa da maldita Tanenbaum.

      Inclinei-me no banco, sorrindo presunçosa para o último item escrito. Pensar em formas de desfigurar a propriedade de minha professora me dava uma enorme satisfação.

      - Ok classe, abram o livro na página 179. É bom que todos saibam das informações que estão aqui...

      - Ugh! – Eu grunhi apertando os olhos para ler a interminável quantidade de informações da página. Santa mãe de Deus, será que um ser humano era capaz de decorar isso tudo? De alguma forma eu duvidada disso.

      - Os folhetos que serão distribuídos contém informações que eu não consegui encaixar em minhas aulas. E isso vai cair na prova! – Várias folhas de papel circulavam pelo corredor. Eu peguei uma e resisti ao impulso de fazer uma bolinha e tacar na cara dela.

      São em momentos como esse, que eu me pergunto seriamente se a educação universitária é de fato assim uma coisa tão importante. Sabe, todo esse trabalho de casa, o stress, os professores mal humorados, aulas de química às 8:00 da manhã... Quero dizer, olha o Bill por exemplo, ele e sua família pareciam estar muito bem com o fato de ele não ter que ir para a faculdade. Por que eu não poderia fazer isso também?

     É claro que a resposta era óbvia: falta de talento! Algumas pessoas nascem mesmo viradas para a lua.

     Acho que era fácil perceber que eu não estava de bom humor. Há algo no ar da manhã que me deixa mal-humorada, então eu geralmente o evitava a todo custo. E se não fosse pela bendita Nola Tanenbaum, eu estaria em casa, na cama, o evitando neste exato momento...

      - ... É claro que vocês já conhecem também todas as informações da tabela periódica. Alguma pergunta? – A dita-cuja perguntou. Fechei mais a minha cara, estávamos numa sala enorme com uma dúzia de alunos estressados e inquietos por causa da prova e criatura dos infernos quer que façamos perguntas? Ninguém emitiu som algum, então ela liberou a classe mais cedo, um fato extremamente raro...

      Marchei para fora da sala, enrolando o cachecol em volta do meu pescoço, orelhas e nariz e puxando o casaco mais para junto de mim. O vento estava muito frio e eu ficava cada vez mais irritada quando os fios de cabelo se soltavam de meu rabo de cavalo esvoaçando em meu rosto enquanto eu embaralhava meus pés pela calçada.

     - Vento maldito! Como eu queria estar na Flórida!

     - É... é muito frio aqui em cima. Levei um tempo pra me acostumar com isso...

      Voltei-me surpresa para a fonte da voz. Uow! Era o cara bonitinho que sentava do meu lado nas aulas de química, o que me era dolorosamente familiar, mas eu não conseguia me lembrar dele. Encontrei minha voz e respondi.

     - Ah... – Comecei levemente – De onde você é?

     - Louisiana.

     - Ahhhh, New Orleans? – Perguntei e imediatamente me senti uma idiota. Não era como ser New Orleans fosse a única cidade em Louisiana.

      Ele riu.

      - Não, sou de Lafayette na verdade, não é muito conhecida – Seu sorriso atingiu seus olhos e, de repente, minha estupidez não importava.

      - Ah.. ta... e você está gostando de viver aqui?

      - Ah, eu estou adorando. Estou aqui desde agosto e até agora tudo correu bem.

      Ele caminhou comigo até minha próxima aula. Eu lançava olhares furtivos ao meu redor, me perguntando se alguém tinha reparado que eu estava com um deus grego bem ao meu lado. Futucava os cantos mais intensos de minha mente, me esforçando para manter uma conversa casual, torcendo para que não soasse tão idiota como eu estava me sentindo.

      - Você não se lembra de mim né? – Ele perguntou de repente quando estávamos na entrada do Edifício Funkhouser, onde era minha próxima aula. Meus olhos se arregalaram com a pergunta.

     - Bem, er... você me é muito familiar – Eu disse – Estava me perguntando sobre isso...

     - Hum, meu nome é Oliver Huff. Eu sei que seu nome é Alley e que você odeia aulas de química as oito da manhã, mas ama Led Zeppelin especialmente sua camisa Zoso, e aparentemente, gosta de fazer compras – Seus olhos faíscaram maliciosamente.

      Eu abri a boca e tornei a fechá-la, completamente confusa. Como ele sabia?

      - Hey... como você... ?

      Ele deu de ombros, com sua bela feição descontraída se abrindo num sorriso travesso. Humm, minha camisa Zoso... compras... ? Oh meu Deus espera um minuto...

      - OLIVER DO SHOPPING! – Eu gritei sem me importar se todas as pessoas em volta se viraram para olhar – Agora eu me lembrei!

      - Sim – Ele disse rindo – Você tava cheia de sacolas aquele dia...

      - É, porque Bill e eu fomos ao shopping e ele me fez comprar tudo... – Parei mortificada percebendo que eu tinha falado demais. Ele parecia um pouco confuso.

      - Na verdade você estava sozinha aquele dia.

     - Sim, sim – Eu disse apressadamente – Eu me confundi, isso deve ter sido outro dia.

     - É deve ter sido – Ele se inclinou para trás contra as colunas do edifício – Você não sabe quantas vezes eu desejei ter perguntado o número do seu telefone... mas eu mal sabia o seu nome!

       Eu fiquei em choque, em silêncio e em alerta para que meu corpo não entrasse em colapso.

       - Sério? – Eu arranhei – Por quê?

       - Oh, bem você sabe... eu era novo na cidade e não conhecia ninguém... seria bom ter um tipo de guia turístico.

      - Ahn... – Eu disse me sentindo vazia. Ele só precisava de uma motorista, oras.

      - Mas – Ele continuou – Eu ainda não conheci a cidade tão bem quanto eu gostaria...

      Isso é um indireta? Oh Deus, por favor que seja uma indireta!

      - Hum, sério? – Tentei manter minha voz neutra.

      - É... – Ele parou, depois desviou o olhar para longe por uns instantes antes de se voltar para mim abruptamente – Você quer sair comigo esse fim de semana?

     - E-eu... – Gaguejei chocada – Se eu gostaria de... – FOCO ALLEY! – Sim, claro. Eu adoraria sair.

        Ele sorriu, mostrando seus dentes perfeitamente retos e brancos.

        - Ótimo! – Ele pegou um lápis e um pedaço de papel – Aqui está o meu número... será que eu posso ter o seu?

       - Sim, claro... – Minha mão tremia enquanto eu rabiscava o número no pedaço de papel.

       - Então eu te ligo hoje a noite, pra decidirmos quando e onde... – Ele disse olhando pesarosamente para o relógio – Mas eu tenho que ir agora se não vou me dar mal!

       - Ok... eu também – Optei por manter meu vocabulário em poucas sílabas agora.

      - Te vejo depois Alley! – Ele disse calorosamente apertando meu braço antes de se afastar.

       Permiti-me um grito característico de prazer quando ele já estava fora do alcance da minha voz. Sem me importar se tinha alguém olhando. Tive de resistir ao impulso de gritar para todo mundo ouvir que eu tinha um encontro com um gato no fim de semana! Mas eu tinha que dizer isso pra alguém... Olhei para o meu relógio que indicava que eu ja devia estar entrando na classe. Fiquei parada por um momento me debatendo intensamente sobre o que fazer a seguir. Acho que eu poderia me dar ao luxo de perder essa aula e essa notícia tinha que ser divulgada o mais rápido possível, coisas assim não aconteciam comigo todos os dias.

      Rearrumei o cachecol em volta do meu rosto e marchei rumo ao estacionamento a passos largos. Eu mal podia esperar para contar para Louise e Bill. Corri para casa em meu carro, sem me importar com o limite de velocidade. Isso me deu uma boa dianteira, embora tenha me tornado um perigo iminente nas ruas.

       Cheguei em casa em tempo recorde. Tropeçando para sair do carro e correndo para entrada. Irrompi pela porta rindo descontroladamente. Bill e Louise estavam na sala, ambos com uma expressão de susto e confusão quando me viram adentrar no cômodo.

      - Oii! – Eu ofeguei.

      Silêncio por um momento, então Louise falou.

     - O que você tá fazendo em casa tão cedo? – Ela trocou olhares com Bill por um momento – Bem, de qualquer forma isso é muito bom,  porque o Bill tem uma coisa pra falar pra você.

     - Ah, sério? Tudo bem, escuta... A melhor coisa do mundo aconteceu comigo hoje – Eu estava falando a mil por hora e gesticulando loucamente – Vocês nunca vão acreditar!

      - O que? – Eles pediram em uníssono.

      - Lembram daquele cara da aula de química que eu disse que achava que era familiar? Então, descobri quem ele é hoje!

      - Quem?

      - Eu conheci ele no shopping! Ele foi o único que me ajudou com todas aquelas sacolas lembra Bill? Quando fomos fazer compras pela primeira vez? E o nome dele era Oliver! – Me surpreendi com a emoção eufórica em minha voz.

      Os olhos de Bill se arregalaram.

     - Ahhhn...

     - Sim! E adivinhem? Ele me chamou pra sair! – Eu gritava e batia palmas – Dá pra acreditar?

     Completo silêncio e dois rostos em choques. Foi isso que se seguiu à minha declaração. Jesus Cristo, que que deu nesses dois hoje? Dei de ombros pra essa reação... onde estava todo o apoio animado que eu esperava receber?

     - Bem – Eu disse lentamente – O que você queria falar Bill?


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Notas finais do capítulo

BA DUM TSSSS ~