- Anda logo, Joanna! A gente vai se atrasar! – Reclamei, batendo na porta do quarto dela.

- Qual é a dificuldade em escolher uma roupa pra um show? – Helena perguntou.

- Ok, ok. Estou pronta. – Ela saiu do quarto.

Ao vê-la, Rafa cuspiu toda a água que estava tomando.

- Sério que você vai assim a um show? – Perguntei.

Joanna vestia um vestido tomara-que-caia jeans meio curto e salto alto.

- Ué, qual o problema, gente? – Ela perguntou, confusa.

- O problema é que no meio do show o seu vestido pode cair e você vai morrer de dor nos pés. – Helena respondeu.

- Então o que eu devo vestir?

- Algo como isso. – Apontei para mim mesma.

Eu estava vestindo um short jeans desfiado, all star tradicional, camiseta branca e uma camisa quadriculada preta e vermelha por cima.

- Afe, ok. – Ela revirou os olhos e foi se trocar.

Quando chegamos ao HSBC Arena, logo avistamos meu pai em frente ao portão de entrada acenando para a gente. Fui correndo em sua direção e o abracei com todas as minhas forças. Sei cheiro continuava o mesmo, um cheiro que me trazia lembranças de minha infância. Uma época onde eu não tinha problemas e era feliz com a vida que tinha.

- Que saudades eu senti da minha menina! – Ele exclamou com os olhos marejados. – Então, vamos entrar? Os meninos estão passando o som.

Chegando lá, avistei eles no palco. Dougie estava brincando com as baquetas da bateria de Harry que tentava tirá-las das mãos do amigo, com medo de que as quebrasse; e Danny perturbava Tom que o olhava torto, tentando tocar guitarra.

- Isso é passar som? – Rafa levantou uma sobrancelha enquanto olhava para os meninos sem fazer nada.

- Olha quem está aqui! – Danny exclamou, vindo correndo abraçar a gente (n/a: Lembrando que as conversas com os meninos são em inglês, mas eu escrevo em português). Ele me pegou pela cintura e me rodopiou como se eu fosse muito leve. – Vocês não sabem a falta que eu senti das suas loucuras!

- Nossas loucuras? Vocês é que são os loucos! – Helena rebateu.

- Eu pensei que vocês não viriam... – Tom disse, vindo nos abraçar acompanhado de Harry e Dougie.

- E perder um show do McFLY? Só nos seus sonhos, né. – Falei.

- Ah, esses são nossos outros amigos Gabe, Rafa e Joanna. – Romeu os apresentou.

Joanna estava em choque por estar frente a frente com o McFLY.

Danny a olhou de cima a baixo e levantou uma sobrancelha para Harry que sorriu maliciosamente para ele.

- Ok rapazes, vão para o camarim porque está lotado de fãs loucas lá fora. Vocês terão tempo o suficiente para conversar depois do show. – Meu pai disse, nos fazendo despedir dos meninos.

Antes do show começar eu já não conseguia respirar. Estávamos bem na grade da pista vip e parecia que eu ia ser esmagada a qualquer momento.

Rafa e Romeu deram uma de machos e começaram a empurrar as fãs loucas, dando-nos um pouco mais de espaço para respirarmos.

- Oi, qual é o seu nome? – Uma menina baixinha que estava do meu lado, perguntou.

- Julieta... – Respondi, estranhando a pergunta repentina.

- Ah, meu nome é Júlia, mas pode me chamar de Ju. – Ela sorriu. – Então, você é o que?

- Como assim?

- Ah, você sabe. – Ela me olhou como se eu fosse a pessoa mais burra do mundo. - É Jones, Poynter, Fletcher ou Judd?

Pensei por alguns segundos e só depois consegui entender o que ela estava falando ao ligar o sobrenome dos meninos.

Danny Jones, Dougie Poynter, Tom Fletcher e Harry Judd.

- Ah, eu acho que sou Jones... – Respondi.

- Eu sou Fletcher com todo o meu coração. – Ela sorriu.

- Ok, então...

Depois daquela estranha apresentação, Júlia ficou conversando comigo sobre várias coisas até o show começar.

Porque a partir daí, eu não conseguia prestar atenção em mais nada.

Eles tocaram Star Girl, Obviously, All About You, Transylvania e muitas outras.

Mas, quando chegou em The Heart Never Lies, eu não me agüentei.

The Heart Never Lies virou a minha música preferida desde o dia em que a escutei. Ela é perfeita em tudo. A letra, a melodia...

Quando eu percebi, lágrimas começaram a cair pelo meu rosto e eu não conseguia mais parar de chorar.

Senti alguém pegar a minha mão e quando me virei para ver quem era, meus olhos se encontraram com os de Romeu.

Ele pôs a outra mão em meu rosto e acariciou minha bochecha, limpando as lágrimas que caíam.

E, sem dizer nada, se inclinou para mim e me beijou. Um beijo carinhoso e delicado.

Quando nossas línguas se tocaram, senti um choque percorrer pelo meu corpo, me fazendo esquecer onde eu estava.

Passei meus braços pelo pescoço dele e ele pôs as mãos na minha cintura, me puxando para mais perto.

Quando o beijo terminou, me afastei lentamente e, ainda olhando para ele, sorri. Ele sorriu de volta e eu respirei fundo.

Eu tinha sentido muita falta daquele sentimento de alegria.

Voltei minha atenção para o palco e Danny piscou para mim, rindo.

Ri também, mas fui interrompida por Júlia.

- AI MEU DEUS! O DANNY PISCOU PRA VOCÊ! ELE PISCOU PRA VOCÊ! – Ela começou a gritar e pular.

Eu ri e fingi que estava empolgada.

Eles tocaram a famosa 5 colors in her hair para encerrar, se despediram e foram embora.

Depois do show, fomos para a porta do camarim do McFLY e nos assustamos com a enorme quantidade de fãs que estava ali.

- Moço, por favor, me deixa entrar! Eu pago 200 reais pra você! – Ouvi a voz de Júlia no meio da multidão, tentando subornar o segurança.

Com muito esforço, conseguimos passar pelo meio das fãs e apresentamos nossos crachás de acesso VIP ao camarim.

Antes de entrar, consegui ouvir Júlia falar:

- Ei! Eu conheço você. É a menina lá do show! Por que ela pode entrar e eu não posso?

- Hey! – Dougie gritou quando nos viu

- E aí, gostaram do show? – Tom perguntou.

- Foi muito bom! – Helena respondeu.

- Sério mesmo. Vocês não têm noção. – Joanna completou fazendo-os sorrir.

- A gente poderia jantar no restaurante do nosso hotel, o que vocês acham? – Harry perguntou e sorriu para Joanna.

- Eu concordo. Vocês vão pagar? – Rafa perguntou.

- Rafa pelo amor de Deus, não me envergonhe. – Joanna o repreendeu.

Eu ri e sentei em um sofá ao lado de Romeu.

Ele sorriu pra mim e eu sorri de volta.

- The Heart Never Lies mexe com o coração de todo mundo. – Danny sussurrou em meu ouvido, me assustando. – Quando vocês se resolverem, me avise. Sério mesmo. Eu quero saber das fofocas.

Eu ri. Só o Danny mesmo...

Fomos jantar no tal restaurante do hotel e, é claro, não consegui nem comer de tanto rir dos meninos.

Depois do jantar, nos despedimos do McFLY e do meu pai. Mas, antes de irmos, senti alguém me puxando para um lugar mais escuro.

Romeu pôs o indicador em frente aos seus lábios, me pedindo silêncio.

- Eu quero te mostrar uma coisa. Vem comigo. – Ele sussurrou e me levou até seu carro.

Olhei para trás para ter certeza que ninguém tinha reparado na nossa ausência e fui com ele.

Chegamos em um lugar cheio de árvores, mas seu grande portão estava fechado.

- Onde nós estamos? – Perguntei.

- Fica quieta e me segue. – Ele disse. Eu dei de ombros e o segui.

Com uma técnica impressionante, ele conseguiu abrir o cadeado do portão só com um clips, sorriu para mim, pegou minha mão e me puxou.

- Que lugar é esse? – Perguntei, quando paramos perto de uma fonte.

- Como assim que lugar é esse? – Ele perguntou. – É o Museu da República! O presidente Getúlio Vargas morou aqui.

- Ok, eu durmo nas aulas de História, ta? – Falei. – Mas agora, da pra você me explicar o que a gente ta fazendo aqui?

- Bom, esse é o meu lugar favorito de todos que eu já visitei. – Ele sorriu, olhando para aquele belo lugar. – Quando eu e Helena éramos crianças, meu pai nos trazia aqui para passear.

Ele apontou para uma pequena varanda.

- A Helena costumava subir ali e fingir que era uma princesa em apuros. Eu era o bravo cavalheiro que iria salvá-la e ter que passar por todo o imaginário chão de lava. – Ele sorriu com as lembranças e apontou para uma pequena caverna do outro lado. – Eu costumava desafiar a Helena a entrar lá todos os dias. Ela tinha medo porque diziam que lá tinha morcegos.

- Ali é o parquinho para as crianças. – Ele apontou para um lugar cheio de brinquedos. – Eu costumava ralar o joelho quase todos os dias de tanto que corria.

- E por que você me trouxe aqui? Por que a essa hora da noite? – Perguntei.

- Porque eu queria te falar uma coisa. E eu sei que isso que o que eu vou te falar é tão importante para você quanto esse lugar é importante para mim. Eu queria que fosse perfeito. – Ele disse, segurando as minhas mãos carinhosamente.

Eu assenti, olhando em seus olhos. Mesmo na escuridão da noite, seus olhos azuis brilhavam como o mar.

- Julieta, eu sei que eu fui um idiota e feri seus sentimentos, mas... Eu realmente gosto de você. E só de pensar na ideia de ficar com você todos os dias já me deixa feliz. Eu quero acordar e ver o seu sorriso, eu quero ser o motivo do seu sorriso, eu quero te beijar sem me importar com o que os outros vão pensar... Enfim, o que eu quero saber é: Você quer ser minha namorada? – Ele perguntou, nervoso.

Eu dei um sorriso de orelha a orelha.

Nunca havia me sentido tão feliz em toda a minha vida.

- Sim, eu quero ser sua namorada. É tudo o que eu mais quero. – Falei e o abracei.

Ele sorriu, olhou nos meus olhos e me deu um beijo longo e romântico.

- Então, vamos espalhar a notícia, namorada.