Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 35
Capítulo 35 – Ascensão


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE mais um capítulo. Desculpem a demora, por favor =( Agora tá mais difícil de escrever, pois estou em época de provas na facul. Tentarei publicar o próximo cap domingo que vem, mas não é uma certeza. Espero que entendam. Boa leitura!



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Craque.

Chegaram em frente a porta de uma velha casa. A única casa visível num raio de pouco mais de um quilômetro. Feita parcialmente de madeira, com apenas alguns detalhes em pedra, a construção estava cercada por espécimes ofídios e uma considerável quantidade de sujeira. Havia o som de vozes ecoando do lado de dentro. Rodolfo escancarou a porta utilizando a varinha, para a surpresa dos demais presentes naquele lugar. Alvo olhou diretamente para um bruxo alto, extremamente loiro, de vestes onerosas, que segurava um cajado detalhado em prata.

– Olá, Sr. Malfoy. – disse Alvo, reconhecendo o pai do melhor amigo. – Scorpio não veio com o senhor, veio?

– Não, Potter. Meu filho está na escola dormindo há essas horas. – Draco falou de modo arrastado, tornando sua voz ainda mais fria e maçante. – Creio que o senhor saiba por que estamos todos aqui.

– É, eu sei.

O garoto terminou a frase e um dos Comensais da Morte deu uma risada impertinente. Era Thor Rowle, saindo de trás dos outros com demasiada presunção.

– Francamente, Lestrange, olha só quem você trouxe! – zombou Rowle, encarando Alvo de forma arrogante. – Este garoto tem o que, dezessete anos?

– Tenho quatorze. – interrompeu Alvo.

– Pior ainda! – Rowle continuou. – O que esse garoto tem de tão especial? Até agora ninguém teve a capacidade de me explicar qual é o plano!

Rodolfo Lestrange se colocou a frente de Alvo.

– Acalme-se. Se você ainda não sabe do plano, Thorffin, é por que você não é inteiramente digno de confiança.

Thorfinn Rowle enrubesceu. Desde a fuga em massa de Azkaban, apenas Lestrange, Malfoy, Dolohov e Yaxley ficavam a par dos acontecimentos e lideravam missões. A ideia dessa reunião em Little Hangleton foi marcada em cima da hora, há poucos dias atrás. A maioria ali mal sabia do que se tratava.

– Este garoto – Rodolfo apontou o dedo fino e comprido para Alvo. – é quem trará o Lord das Trevas de volta.

Rowle deixou escapar um riso. Reação desaforada o bastante para que Alvo pronunciasse uma língua estranha.  Uma pronúncia que fez com que a cobra que estava segurando escorregasse até o chão e atacasse o Comensal com ferocidade. O homem acabou caindo, devido à mordida direta em sua coxa, e logo outra em seu pescoço. Os demais Comensais deram risada, ao mesmo tempo em que se espantaram.

– Já era de se esperar que o garoto falasse a língua das cobras. – concluiu Malfoy, desdenhoso, como se tudo no mundo fosse indiferente para ele.

Alvo ficou mudo, tentando refletir mais uma vez sobre sua impulsividade ao mandar que a cobra avançasse contra o Comensal. Thorfinn Rowle ainda não estava morto, e mesmo assim os demais não faziam nada para ajudá-lo. Alvo olhou para a parede de pedras que se estendia por uma espécie de lareira, e notou um quadro empoeirado. Tão empoeirado, que não era possível enxergar a imagem com nitidez.

Yaxley olhou para o garoto.

– O senhor nos deve uma explicação, Sr. Potter. Já sabemos que foi o senhor que conjurou a Marca Negra, mesmo depois de anos ela tendo sido inválida.

Alvo ignorou completamente a fala do bruxo e seguiu para a grande parede empedrada. Algo nela lhe soava muito familiar. Repetidas vezes, já havia sonhado com aquele ambiente. De modo rápido, passou a mão por cima do quadro e tirou uma crosta de poeira, então a imagem de Salazar Slytherin se tornou clara. Um velho homem de barbas negras e compridas, com olhos tão verdes que pareciam duas varinhas declarando a Maldição da Morte.

– Slytherin, – sussurrou Alvo, utilizando ofidioglossia, ainda com a mão sobre o rosto no quadro. – mostre-me onde está a Arma.

Uma brisa gélida adentrou o local, para o espanto dos treze homens presentes na casa. A poeira em cima da imagem foi sumindo aos poucos, sendo possível enxergar o restante. Havia uma ampulheta nas mãos de Salazar, que começara a brilhar a partir da fala de Alvo. Intuitivamente, o garoto direcionou sua mão para ela, de modo que sua pele atravessasse a tela.

– Impossível! – exclamou Dolohov, sorrindo admirado. – Como ele pode?!

Alvo sentiu seus dedos encostarem-se ao objeto, então o agarrou. Assim que o retirou de dentro do quadro, Rodolfo Lestrange esfregou as mãos, ansioso. A ampulheta tinha um formato delongado e era constituída de prata, vidro e esmeraldas. Invés de areia, dentro dela havia uma espécie de fumaça negra, que se movia lentamente. Alvo virou a ampulheta de cabeça para baixo, e a fumaça começou a se expandir, de modo que saísse de dentro do vidro.

– O que está acontecendo? – a voz esganiçada de Antonio Dolohov soou ríspida, com uma pitada de medo.

Ninguém ali sabia ao certo o que, de fato, estava ocorrendo. Alvo olhou para os demais. Estava tão assustado quanto todos.

– O que eu faço com isso? – o garoto ainda segurava a ampulheta, e a fumaça se expandia cada vez mais.

– Ora, me dê isso aqui! – disse Yaxley, colocando a mão sobre o objeto, sem muita paciência.

A fumaça negra, que antes estava apenas circulando o interior da pequena casa, se voltou contra Yaxley, como se fosse sufocá-lo. Rodolfo Lestrange deu um pulo quando Yaxley gritou apavorado. Sem pensar muito, Lestrange apontou a varinha à ampulheta nas mãos de Alvo e disse em tom de comando:

Tom Servolo Riddle!

Yaxley caiu no chão. A fumaça finalmente parou de rodeá-lo e começou a se unir para dentro da ampulheta novamente. Alvo a colocou no chão, com receio do que pudesse acontecer depois daquilo. Os Comensais ficaram durante alguns segundos olhando para ela, todos imaginando que tipo de magia Rodolfo poderia ter feito. A Arma de Slytherin começou a formar uma nova fumaça, desta vez espessa e cinzenta.

Alvo, por mais que odiasse admitir para si mesmo, arrependeu-se por estar ali. Arrependeu-se por ter ido até o cemitério. Arrependeu-se ainda mais por ter descoberto a arma que tanto desejou. Pressentia que algo muito ruim estava para acontecer e nada podia fazer para mudar. O substrato cinza começou a tomar uma forma, se erguendo do chão. Uma forma pálida, alta, que cada vez mais se assemelhava a um corpo humano. Dois braços se ergueram para fora da capa cinzenta, que logo se tornou uma capa negra como a dos Dementadores. Um rosto ofídico se compôs na cabeça lívida por cima das vestes. Dois olhos vermelhos, que pareciam duas fendas para o abismo. Era ele. Lord Voldemort.

O Lord colocou as mãos sobre as têmporas, e deu um leve sorriso.

– Mi-milorde... – Rodolfo prontamente fez uma reverência a seu mestre, tirando do bolso um item que todos ali reconheciam.

– Minha varinha, Lestrange. – a voz de Lord Voldemort soou sombria e sibilante, quase rouca. Pegou a varinha de Teixo e pena de Fênix das mãos de seu servo, e analisou-a, com certa suspeição.

O coração de Alvo começou a bater mais rápido. Naquele instante de plena aflição, queria apenas sumir. Voldemort retornara ainda mais carregado. Algo nele estava diferente, não só na aparência, mas também no modo de falar. Mais ameaçador, de modo que qualquer movimento que fizesse fosse motivo para preocupação.

– Vejo que poucos de vocês sobreviveram. – Voldemort falava calmamente, andando devagar entre os Comensais. – Posso concluir que a nossa história, companheiros, é no mínimo... Conveniente.

Todos os Comensais da Morte fizeram reverências. Alvo ficou quieto, no canto, tentando fazer o mínimo de barulho possível, embora soubesse que a qualquer momento seria notado. Voldemort parou em frente à Draco Malfoy, que já havia levantado o queixo fino, e segurava o cajado serpentino com descontraída altivez.

– Se não fosse a sua aparente juventude, Draco, eu poderia pensar que você fosse Lúcio.

– Meu pai só não está aqui hoje, Milorde, para não levantar suspeitas. Precisei que ele ficasse em Wiltshire, de modo a se passar por mim através da poção polissuco. Todos pensam que Lúcio Malfoy está sofrendo de uma grave doença, e que não sai do quarto nem para se alimentar. Então ele utiliza da poção sempre que saio de casa para serviços em designação do senhor.

– Muito bem, Draco, muito bem. – Voldemort deixou a mostra seus dentes suavemente afiados. – Vejo que o desastre da última guerra o tornou inteligente. E um tanto mais perverso, talvez.

Draco abaixou o olhar, percebendo que o Lord das Trevas poderia está-lo zombando. Tom Servolo Riddle encostou a sola do pé no rosto de Thorfinn Royle, que ainda sangrava no chão. A ferida em seu pescoço estava cada vez pior.

– Ele foi atacado por uma cobra, Milorde. – se adiantou o Comensal alto, de feições grosseiras.

– Acho que posso reconhecer ataques de cobra muito mais rapidamente do que você supõe. Yaxley.

Voldemort apontou a varinha ao Comensal quase morto, e sem pronunciar coisa alguma, um jato de luz verde saiu de dentro dela e atingiu Rowle no peito.

Esta varinha sim – o Lord passou o dedo pálido ao longo do objeto. – é leal a mim.

Rodolfo Lestrange e Antonio Dolohov se entreolharam, tentando de alguma forma demonstrar felicidade e contentamento.

– Sabem... Eu me sinto tão vivo quanto na noite em que renasci dos ossos de meu próprio pai. – Voldemort continuou, circulando entre os presentes, até finalmente notar Alvo parado no canto. – Você.

O garoto sentiu um arrepio ao ouvir a voz sussurrante do Lord das Trevas.

– Eu... eu sou... – Alvo gaguejava.

– Alvo Severo Potter, eu sei. – Voldemort sorriu desdenhoso. Quase tão desdenhoso quanto Draco. – Eu sei tudo sobre você, Potter. Sei que odeia seu irmão mais velho, sei que dorme muito pouco, e também sei como você adora estudar Magia Negra depois da meia-noite no salão comunal.

– Merie Tanug, não é? – Alvo não conseguia olhar diretamente nos olhos do bruxo.

– Você é diferente, Potter. E você descobriu onde estava a Arma de Slytherin com a minha ajuda.

– O que é exatamente essa Arma? – Alvo apontou para a ampulheta prata-esverdeada atirada no chão.

– Um artefato mágico capaz de unificar duas almas, garoto, proporcionando assim a imortalidade. – Voldemort chegou mais perto. Os olhos azuis de Alvo finalmente encararam os olhos vermelhos. – A minha e a sua. Por questões de relações e semelhanças, bem provável. Você aprendeu a arte da Necromancia. E eu, sendo um lord, atendi a sua solicitação quando utilizou o Tabuleiro Branco.

Alvo sentiu sua nuca congelar, de tamanha agonia de ter que encarar o maior inimigo da comunidade mágica frente a frente. Apesar de já ter imaginado um possível retorno do Lord das Trevas, jamais pensou que fosse daquele jeito, tão sobrenatural. Tom Riddle tinha uma voz baixa, suave, e ainda assim assustadora. Era como se ainda estivesse morto, devido à excessiva palidez de sua pele.

– Fizemos de tudo, Milorde. Tudo o que o senhor sempre pregou. – os olhos de Rodolfo brilhavam insanos.

– Muitas vezes fiquei a par dos acontecimentos, Lestrange. Alvo Potter foi um fácil hospedeiro. Melhor e muito mais competente do que aquele Quirrel, lembram-se dele? – Voldemort deu uma risada sarcástica. Todos os Comensais riram juntos, apenas Alvo permaneceu sério.

– Eu preciso ir embora. – Alvo disse, sem muito pensar. – Não posso deixar que saibam que tenho parte nisso tudo. Eu...eu...

– Ir embora? – o Lord cessou o riso, comprimindo ainda mais os olhos. – Por que ir embora? Já ficou mais do que claro de que lado você está. Ou será que preciso citar tudo o que você me disse no tabuleiro? "Malditos sangues-ruins, sempre sujando o nome dos bruxos!" ou "Ontem Scorpio e eu azaramos um sangue ruim e depois o jogamos no lixo.".

Os Comensais, especialmente Draco Malfoy, deram risada. Alvo, por mais que estivesse sentindo medo do Lord, chegou a emanar um sorriso.  Um sorriso para disfarçar o nervosismo. Durante o segundo ano escolar, subitamente começou a sentir raiva de nascidos trouxas. No início achava que havia influência da Sonserina, mas depois começou a ver que era mais forte do que isso.

A Arma de Slytherin – Voldemort fez um breve gesto com a varinha, e a ampulheta flutuou até sua mão. – é minha. E eu, apenas eu, tenho poder sobre ela. Quem estiver comigo estará livre da escória sangue ruim, pois aniquilarei todo e qualquer um que cruzar o meu caminho. Seremos fortes.

– Milorde? – Rodolfo Lestrange sorria, mostrando seus dentes amarelados. – O senhor concederá a arma para ressuscitar... quer dizer, talvez...

– Ah, Lestrange, você não muda mesmo! Sempre pedindo mais do que pode! – exclamou Voldemort, com certo deboche. – Mas já que perguntou... Sim. Posso dizer que tenho interesse em reavivar meus melhores e fiéis partidários. E que já fiquem cientes de que Bellatrix Black será a primeira.

– Bellatrix Lestrange, milorde. – corrigiu Rodolfo, um pouco constrangido.

– Ela gostava de ser chamada de Black, Rodolfo, ou então de Bella. Qualquer coisa, menos Lestrange. – Voldemort deu uma risada gutural, suficientemente alta para que o Comensal se sentisse humilhado. – Agora que não tenho mais um garoto com uma cicatriz para caçar, poderei ir muito mais adiante com meus planos.

– Boatos de que Bellatrix não morreu na batalha, milorde. – prosseguiu Dolohov, com receio. – Mas são só boatos, já que o corpo dela não foi encontrado nos terrenos de Hogwarts no fim da guerra.

O rosto ofídico do Lord das Trevas se enrijeceu. Algo em seus olhos mudou drasticamente. Encarou janela afora, com pálpebras escancaradas.

– Irá me contar o que sabe, Dolohov. E alguém aqui irá me explicar como o espelho que criei há mais de 20 anos foi parar em Hogwarts, chegando até a ser confundido com o Espelho de Ojesed.

– O senhor está falando do Espelho de Aeternum, aquela sua tentativa de... – continuou Dolohov, entusiasmado.

– Sim. – interrompeu Voldemort, já impaciente. – Agora preciso ter uma conversa com o Sr. Alvo Potter. E acharia ótimo que...

Um estrondo pôde ser ouvido do lado de fora da casa, obstruindo a fala do Lord. Vários bruxos aparataram até o local, iluminando a frente do portão de madeira com suas luzes de voo. Um deles era o professor Emperor Hazel. O outro era ninguém menos do que Harry Potter.


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Notas finais do capítulo

tchan tchan tchan tchaaaaaaaaan :9