Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 21
Capítulo 21 – Harmonia Nectere Passus




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Era o último trimestre na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A maioria das provas já havia passado. Neste fim de ano letivo, a maior preocupação dos alunos era a chegada do verão.

Durante uma manhã calma e ensolarada a sala de poções estava quente como uma estufa. Alvo e Rose estavam sentados na mesma bancada, tentando finalizar uma espécie de pasta laranjada que formaria uma poção para queimaduras. Um barulho ensurdecedor fez com que todos olhassem para a segunda mesa. Lá estavam os gêmeos David e Augusto. O caldeirão a frente deles saindo fumaça e faíscas vermelhas.

O olhar do professor Adolf Greengrass tornou-se assustador:

– Merlin! O que vocês dois fizeram?!

– Nós não fizemos nada! Ela simplesmente explodiu... Só não sabemos como... – disse Augusto, desajeitadamente.

– Só um tolo explodiria uma poção para curar queimaduras! É preciso acrescentar fluído explosivo! Mas que falta de juízo!

– Eu juro professor! Alguém deve ter alterado nossos ingredientes... Nós estávamos fazendo tudo direito, e de repente...

– Sem desculpas, Srs. Murray. Dez pontos serão retirados da Grifinória pela incompetência dos dois. – Greengrass sorriu de meia boca, como se punir os grifinórios fosse algo imensamente desejável.

Alvo pôde jurar que ouviu um riso abafado saindo da boca de Scorpio Malfoy, que estava na primeira bancada ao lado de Lavínia Parkinson, uma garota pálida de cabelos negros e pesados olhos verdes .

Os alunos da Grifinória soltavam exclamações a respeito da injustiça cometida pelo professor. Pois dias atrás, quando a aluna Loretta Zabini derrubou toda a prateleira de poções, Greengrass não fez nada a não ser dizer ''Reparo'' e continuar a aula monotonamente, culpando Rose Weasley por estar no caminho de Loretta na hora do acidente, fazendo com que ela tropeçasse e caísse sobre a prateleira.

Ao término da aula, os alunos se levantaram de suas bancadas e seguiram em direção a porta. Como o de costume, Scorpio conversava alegremente com o professor de poções, o qual lhe acrescentava elogios sempre que fosse possível. Rose transmitiu um olhar mortífero a ele. Alvo finalmente falou:

– Ah, Rosie... Eu queria agradecer por você não ter me dedurado ao resto do mundo.

– Não se preocupe. Você pode confiar em mim. – finalizou ela, agora sorrindo.

– Obrigado de novo. É que... No mês passado, durante o feriado de páscoa, eu fiz uma coisa...

– O que você fez dessa vez? – o tom da voz de Rose mudara. Agora os dois estavam no corredor. Alvo selou os lábios, novamente na dúvida se deveria continuar o assunto. Esticou o pescoço até a porta da sala para ver se Scorpio estava à espreita. Felizmente, Greengrass ainda o entretia. Então Alvo se virou para a amiga:

– Enquanto eu estava no Hospital St. Mungus aproveitei para fazer uma visita à mãe do Neville.

– E o que tem de errado nisso?

– Calma... – Alvo suspirou, e olhou novamente para a sala de poções, visivelmente preocupado se Scorpio aparecesse. – Eu consegui ver as memórias dela. Alice Longbottom!

Rose arregalou os olhos castanhos claros, então puxou Alvo em direção oposta à sala.

– Mas ela não estava doente?

– Sim, mas se recuperou. Então entrei na mente dela usando Legilimência. E sinceramente, vi coisas que não queria ver... – Alvo parecia assustado.

– O que você está me contando é algo muito sério! – Rose sussurrou. – O professor Longbottom sabe disso?

– Não, eu acho.

– E o que de tão ruim você viu na mente dela?

– Vi a noite em que foi torturada. Vi Comensais da Morte conversarem sobre as Horcruxes e sobre mais alguma coisa que poderia pertencer  ao Lord das Trevas...

– Lord das Trevas? – Rose ficou vermelha. – Desde quando você o chama de ''Lord das Trevas'', Alvo? Seu pai sabe disso? Você está perdendo o bom senso! Toda a vez que eu falo com você, é pra você me contar alguma coisa relacionada a ele!

– Desculpe, foi mal. – Alvo começou a ficar nervoso. – Eu o chamo assim porque já estou acostumado... Ah, não importa como eu o chamo! O caso é que ainda existe algo que possa tra...

– Chega, Alvo! Você está ficando obcecado. Até conjurar a Marca Negra você foi capaz, não foi? – Rose estava mais assustada do que ele.  – Se continuar com isso, sabe lá aonde você vai chegar. Só sei que bom caminho não vai ser.

Alvo soltou um grunhido. Se enfurecera por Rose insinuar que ele estivesse ficando louco. Mas no fundo, sabia que ela dizia a verdade.

– Não pretende contar a ninguém, não é? – perguntou Alvo, cada vez mais inseguro.

– Já disse que não vou contar. – Rose segurou a mão de Alvo. – Mas me prometa que não vai mais se envolver com esse assunto.

– Não posso prometer isso.

– Merlin! Por quê?

– Não posso. Já estou envolvido até demais. Tenho que descobrir mais a respeito. Preciso saber o que está acontecendo de uma vez por todas! Por que justamente eu consegui conjurar a marca?

Alvo e Rose ouvem a voz arrastada de Scorpio de dentro da sala:

''Direi a meu pai que mandou lembranças. Até mais. ''

– Contou alguma coisa a Malfoy? – sussurrou Rose.

– Não. Ainda não. – disse Alvo rapidamente, indo até Scorpio que já estava em frente à porta. Os olhos cinzentos do garoto estreitaram Rose durante alguns instantes:

– Sobre o que falavam? – perguntou Scorpio, ligeiramente desconfiado.

– Sobre... Sobre... – incrivelmente, Alvo se saía muito mal sob pressão. Principalmente quando quem o pressionava era seu melhor amigo.

– Espera, não precisa me contar.  – disse Scorpio, confiante.

– Não preciso?

– Não. Eu já sei.

– Você já sabe? – Alvo não conseguiu disfarçar seu medo.

– Sei sim. Vocês dois estavam falando mal do meu padrinho. Mas nem esquente, não precisa se desculpar... Às vezes até eu o acho insuportável. – Scorpio estava sorrindo em seu modo clássico. Desdenhoso e seguro.

Alvo sentiu um grande alívio:

– Puxa, Scorp, você não deixa passar nada hein. – Alvo achou melhor concordar com amigo, dando-lhe tapinhas nas costas. – Você daria um ótimo detetive.

– É, eu sei. – disse Malfoy, em sua voz mais irritante e tediosa. – Você tem toda a razão.

Então os dois percorreram o imenso corredor das masmorras, deixando Rose para trás. Assim que desceram as escadas externas que levavam ao terreno onde teriam aula de Trato das Criaturas Mágicas com o professor Hagrid, Alvo parou a caminhada.

– É... Scorp?

– O que?

– Queria te perguntar uma coisa... – Alvo estava decidido e ao mesmo tempo na dúvida. Sentia que precisava saber mais a respeito de seu amigo. Isto era fundamental para que pudesse confiar nele.

– Pode perguntar. – Scorpio percebeu na hora a aflição de Alvo. Sua voz soou baixa.

– Por favor, não fique chateado... Eu só queria saber se o seu pai...

– Pare! Não há nada sobre meu pai que você precise saber. – Os olhos claríssimos de Scorpio tornaram-se fendas cinzentas cheias de fúria. – Já sei o que você ia perguntar! E também sei o porquê! É a mesma coisa sempre, desde que pus o pé nesta escola! Até a McGonagall tentou me arrancar informações sobre...

Malfoy! – interrompeu Alvo, olhando-o com firmeza. – Não pense que a nossa amizade vai acabar pelo fato de seu pai ser um Comensal. Pais são pais. Filhos são filhos.

No mesmo instante a face pálida de Scorpio se tornou uma máscara, sem nenhuma expressão aparente. Passaram-se alguns segundos, os dois apenas se encarando.

– Eu não sou uma ameaça a você, Scorp. Entenda isso! – finalizou Alvo Potter, imaginando o que o amigo poderia estar pensando. – Se formos levar em conta a richa entre nossos pais, nos odiaremos eternamente...

Em seguida Scorpio começou a rir. Alvo, mesmo sem entender, riu também. Aos poucos os risos foram se tornando gargalhadas.

– Novamente, Potterzinho, você tem razão. – a voz arrastada e maçante de Scorpio retornou ainda mais intensa. Sempre que ele fazia essa entonação não era bom sinal. Algo engenhoso ele tramava. – Você mesmo me disse um dia que o mundo não se divide apenas em pessoas boas e Comensais da Morte.

– Sim. E eu, particularmente, não me enquadro em nenhuma dessas opções. – prosseguiu Alvo.

– Nem eu, Potter. – Scorpio riu de um modo bizarro. – Bem... Talvez!

A aula do professor Hagrid foi um tanto patética. Os alunos viram e estudaram de perto um Barrete Vermelho. O aluno Gary Campbell tentou lançar o feitiço da perna presa em Alvo Potter, mas sem obter sucesso, já que Alvo se esquivara de modo rápido, fazendo com que o feitiço atingisse o professor.

Hagrid, sendo um gigante, abriu uma cratera no gramado em função de seu peso provocando muitos risos de alunos de todas as casas. O que mais deixou Alvo feliz nisso tudo foi o fato de Gary levar uma detenção.

A noite chegara. Enquanto a maioria dos alunos estava dormindo, Alvo pôde ouvir sussurros vindos do andar de debaixo, no Salão Comunal. Foi então que olhou para a cama ao lado e percebeu que Scorpio não estava nela. Imaginou que ele estivesse acordado para escrever uma carta, como várias vezes já o tinha visto fazer durante a madrugada.

Alvo levantou da cama na ponta dos pés e saiu do dormitório. Felizmente ninguém acordou. Quando desceu a escada em espiral e pisou no tapete persa, reparou o menino louro abaixado em frente à lareira apagada. A pouca luz vinha das velas postas nas paredes. Era possível ouvir claramente Malfoy sussurrar:

Harmonia Nectere Passus!

Fez-se silencio durante alguns instantes. Logo o a voz de Scorpio retornou:

– Droga! – Scorpio sacudiu um dos braços. – Harmonia Nectere Passus!

Então um estalo pôde ser ouvido vindo de perto do garoto, como o de pedra batendo em madeira.

– Isso! – a voz de Scorpio soou agarrada. – Isso!

Alvo Potter se aproximou do amigo sorrateiramente, causando-lhe um susto.

– Quem está aí? – virou-se Scorpio bruscamente.

– Sou eu. Calma! – completou Alvo, ascendendo sua varinha. – O que está fazendo?

Scorpio se levantou, em seguida retirou uma urna preta de tamanho médio do chão.

– Eu... Hum, eu só estava enviando um recado. – respondeu secamente.

– Não parecia.

Os olhos de Scorpio se esfriaram, ficando quase sem cor.

– Esse é um jeito diferente de transferir recados. Pois corujas não são mais tão confiáveis. – Scorpio, que ainda segurava a urna, deu as costas. – Pelo menos, não nesses tempos difíceis.

– O ministério também tem interferido nos corujais?

– Ah Sim! Idéia da equipe de aurores. Não leu o Profeta Diário, não?

– Não tive tempo.

– Enfim...Temos que tomar muito cuidado daqui pra frente, Potter. – Scorpio Malfoy já subia as escadas. – Mas isso é só um conselho de amigo.


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