Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 22
Capítulo 22 – Cabeça de Javali




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Os alunos de Hogwarts estavam em sua quarta visita ao povoado de Hogsmeade durante aquele ano. Enquanto a maioria deles partiu diretamente para a deliciosa loja Dedosdemel ou então para afamado Três Vassouras, Alvo e Scorpio foram até o morro onde era possível enxergar a Casa dos Gritos, considerada o prédio mais mal assombrado da Grã-Bretanha.

– Sempre quis entrar lá. – disse Alvo Potter, sinalizando a casa do outro lado da cerca.

– Podíamos visitá-la um dia desses. – Scorpio deu uma risada desdenhosa. Nos dias anteriores ele esteve muito afoito. Ainda mais quando a Sonserina ganhou a taça de Quadribol. Tiago ficara arrasado, como todo o resto do time da Grifinória.

– Acho muito improvável. – Alvo demonstrou desânimo. – Está cada dia mais difícil fazer as coisas que gostamos. Tudo tem sido muito bem vigiado depois da fuga em massa de Azkaban. 

– Culpe os aurores! – Scorpio levantou uma de suas sobrancelhas. – Ou melhor, culpe o seu pai. Foi ele quem ordenou esse tipo de proteção em tudo que é lugar. Só achei estranho não ter nenhum deles aqui hoje.

– Hogsmeade já foi deixada de lado. – Alvo riu. – Meu pai me disse que a mira agora é o próprio ministério. Sei lá o motivo.

– O ministro está odiando tudo isso, eu imagino.

– E como está! A Umbridge então, está doida de raiva.

Os dois sonserinos retornaram até a rua principal. Nela estava a maior parte dos alunos. O sol estava se enfraquecendo, tornando o céu rosado. Lavínia Parkinson, junto de Sabrina Carroll, chamaram Scorpio para dentro do bosque. A garota segurava um grande caixote de "doces macabros". Balas e chocolates com o formato de caveiras e partes do corpo. Geralmente tinham um gosto excepcionalmente cítrico, mas algumas vezes tinham um sabor semelhante à carniça. A graça era comer um que fosse delicioso, ou então ver os amigos se enojar com os odiosos.

Com a ida de Scorpio junto de suas admiradoras, Alvo ficou só. Sabrina Carroll o havia chamado também, mas Alvo, particularmente, não gostava dela. Então virou na rua do lado esquerdo e avistou o notório "Cabeça de Javali". Um bar de aparência tenebrosa e arcaica, que incrivelmente ainda possuía clientes. Poucos, bem poucos por sinal. Apesar do lugar ser histórico no mundo da magia, ainda não era visto como um ambiente acolhedor. O Três Vassouras da Madame Rosmerta continuava sendo o melhor espaço para reunir os amigos no povoado.

Aberfoth Dumbledore morrera algumas horas após a batalha de Hogwarts. Acredita-se que seus assassinos tenham sido Comensais da Morte foragidos de guerra. Desde então o lugar passou a ser gerenciado por Argo Filch, que embora ninguém soubesse, foi o maior freqüentador do Cabeça de Javali e um grande amigo de Aberfoth, que lhe concedeu o bar em seu testamento. Naturalmente, nessas condições, o lugar passou a ser ainda mais desgostado com a presença do antigo zelador de Hogwarts por lá.

Alvo aproximou-se da velha porta de madeira e direcionou sua mão ao trinco férrico. Assim que ia puxá-lo foi interrompido por uma voz:

– O que vai fazer aí? – perguntou Rose Weasley. Usava um casaco roxo, fazendo contraste com seus cabelos afogueados.

– Ia só dar uma olhada.

Luana Morrigan estava ao lado de Rose, degustando uma varinha de alcaçuz.

– Olá... – disse ela timidamente. Sua língua estava azul em função do doce que mastigava. Assim que se lembrou disso se calou instantaneamente. Suas bochechas estavam mais vermelhas que os cabelos da amiga.

– Olá. – Alvo olhou para a garota em seguida puxou o trinco, sorrindo como se estivesse fazendo algo proibido. A porta fez um terrível ruído no momento em que se abriu. O bar estava vazio, sem nenhum sinal de clientela.

– Você vai entrar? – perguntou Rose.

– Lógico. É a primeira vez que tenho a chance de visitar esse lugar.

– Mas e se aquele tal de Filch estiver aí? – Luana arregalou os olhos. Pelo visto o que ela tinha ouvido falar sobre ele não foi boa coisa.

– Segundo meu pai, Filch era um velho rabugento que gostava de castigar os alunos. – Alvo deu um longo suspiro. – Se ele estiver aí, direi a ele que Gary Campbell lhe mandou olá.

As duas garotas riram e seguiram o amigo para dentro do bar. O lugar estava silencioso e escuro como um túmulo. As janelas estavam todas fechadas e as mesas empoeiradas. Parecia estar abandonado.

Alvo puxou uma das cadeiras e sentou. Rose e Luana sentaram-se na mesma mesa que ele. Observaram o quadro de Ariana Dumbledore que havia na parede, então Alvo se lembrou de como aquele bar fora útil há vinte e um anos atrás. Se não fosse a ajuda de Aberfoth, Harry Potter podia ter morrido, ou pior, ser beijado por um dementador.

– Vão querer beber alguma coisa? – perguntou Alvo. – Isso se tiver alguma coisa aqui...

As duas meninas balançaram a cabeça negativamente.

– O bar parece vazio. Vamos embora. Já está ficando tarde. – disse Rose, desapontada, levantando-se da cadeira.

No mesmo instante um ruído fez com que os três olhassem em direção a uma grande porta, que dava acesso à ala restrita do bar.

– Tem mais alguém aqui. Eu ouvi alguém falando. – sussurrou Luana, segura e um tanto assustada.

– Deve ser o Filch conversando com aquela gata. – disse Alvo, levantando-se e indo em direção a tal porta de onde veio o ruído. – Madame Nora, não era esse o nome?

Um barulho relativamente alto, como de um vidro se quebrando, veio detrás da porta marrom. Alvo deu passos para trás, empunhando sua varinha. Assim que a porta começou a se abrir, Alvo correu para trás da bancada onde eram deixados os copos, junto de Rose e Luana.

– Seu aborto nojento! Crucio! – soou uma voz bruta e masculina. Um grito rouco e o barulho de um corpo batendo no piso puderam ser ouvidos.

Rose soltou uma exclamação de pavor. Alvo tapou a boca da amiga com as mãos. Embora não pudessem ver muito bem o que estava acontecendo, podiam perceber que havia, além deles, mais de duas pessoas no local, visto que o som de inúmeros passos foram percebidos.

Alvo, com o coração quase saindo pela garganta de desespero, espiou através do buraco que havia na bancada, provavelmente causado por cupins. Enxergou Argo Filch, idoso e maltratado, caído no chão. E em volta dele, supostos três homens encapuzados, apontando suas varinhas para Filch:

– É melhor você me dizer como se abre esta passagem, seu imundo! – a mesma voz grossa retornou do mais alto dos três. – Vamos logo, diga! Não temos a dia todo!

– A passagem foi selada. Eu juro! Eu juro! – disse Filch, ofegante. – Minerva McGonagall preferiu selar a passagem, justamente para que vocês jamais pudessem invadir a escola outra vez!

– Não minta! Eu sei que há uma passagem entre esta espelunca e Hogwarts! Conte-me por que ela não está funcionando! Cruc...

– Já basta, Lestrange! Filch está dizendo a verdade. – uma voz arrastada ecoou por detrás da máscara metálica de um dos três bruxos. – Se realmente houvesse a possibilidade de abrirmos esta passagem, esse covarde já teria nos contado.

Rodolfo Lestrange revelou sua identidade assim que retirou sua máscara com a varinha.

– E não fale tão alto! – prosseguiu o terceiro bruxo encapuzado. Sua voz era esganiçada, com um sotaque eslavo. – Não se esqueça que lá fora, bem perto daqui, está cheio de aluninhos e professores.

Rodolfo assentiu com a cabeça. Era o único dos três que estava desmascarado. Luana estava perplexa. Seu queixo tremia. Alvo não conseguiu pensar em nada que pudesse fazer. O melhor era ficar calado e esperar os três Comensais da Morte irem embora.

– Pois bem... – continuou Lestrange – Nosso maior propósito de estarmos aqui hoje não é você, Filch. E Nem esta maldita passagem...

– Senhor, por favor... Não contarei a ninguém que estiveram aqui... Eu juro! Mas me deixem ir embora. Eu juro que não contarei nada! – implorou o velho Filch, de joelhos.

– Ah, tão tolo... – resmungou o bruxo mais magro de voz esganiçada. – Nós viemos aqui especialmente para marcarmos presença! Ou você acha que nos esconderíamos por muito tempo?

Rodolfo olhou para o bruxo a seu lado:

– Vamos, menino. Pode matá-lo.

– Já disse pra pararem de me chamar de menino. – resmungou o bruxo de voz arrastada e máscara com desenhos serpentinos. – Tenho mais de trinta anos!

– Tudo bem, tudo bem... Mas para mim você ainda parece um menino. – Lestrange deu uma risada. O bruxo da direita também riu. – Agora mexa-se! Mate-o logo!

– Por que o senhor não mata? – sua voz arrastada saiu ainda mais tediosa.

– Já falamos sobre isso, menino! É você quem tem que se acostumar e não eu! – os olhos de Rodolfo estavam escancarados.

Alvo pôde ver os lábios de Filch tremerem. Uma lágrima saía de seu olho macilento.

– Por favor, por favor... Não me matem! Sou apenas um homem que...

Avada Kedavra! – o bruxo finalmente obedeceu, apontando sua varinha preta ao velho Filch. – Não é um homem, Filch. É um aborto.

Rodolfo Lestrange sorriu quando olhou para o cadáver. Rose e Luana choramingaram baixinho. Alvo ficou imóvel. E se os Comensais descobrissem que eles estavam ali? Precisavam ir embora o mais rápido possível.

"Alunos! Alunos! Venham até a rua principal! Hora de voltarmos a Hogwarts!" – a voz alta e clara de Lázaro Jones soou por todo o povoado em função de um feitiço extensor. – "Hora de voltarmos a Hogwarts! Rápido! Rápido, alunos!".

Rose soltou novamente um murmúrio. Percebendo que um dos Comensais ouviu, Alvo tapou a boca da amiga novamente:

– Ouvi alguma coisa. – disse o bruxo mais magro indo em direção a bancada onde os três estavam escondidos. – Tem mais alguém aqui! Tenho certeza!

– Silêncio, Dolohov! – disse Lestrange, abrindo uma das janelas brutalmente. – Chegou a hora!

Morsmordre! – disse o bruxo de mãos pálidas e voz arrastada, apontando para cima. Eis que surge a Marca Negra esverdeando os céus escuros. Naquele momento houveram inúmeras gritarias vindas do lado de fora. Luana já estava tremendo, abraçada com Alvo, enquanto Rose tinha sua boca tapada pelas mãos dele em função do choro.

Lestrange soltou uma risada forte e grossa. Suficientemente alta para que as lamúrias de Rose fossem abafadas.

– Vamos, cavalheiros! Vamos deixar que a Ordem da Fênix resolva todos os problemas daqui pra frente!

Dito isso, os três Comensais da Morte voaram para fora do bar, quebrando as janelas. Formaram-se cortinas de fumaça negra por onde passavam. Alvo, Rose e Luana se levantaram e correram para fora do bar. Então aquela noite quente de primavera se tornou fria, congelante. As luzes verdes que vinham da Marca de Lord Voldemort iluminavam a rua.

– O que está acontecendo? – perguntou Luana a Alvo. Rose ainda soluçava ao olhar para trás, e ver o corpo de Argo Filch morto no chão.

– Espero que não seja o que estou pensando... – uma expressão de medo tomou a face de Alvo quando ele olhou para o céu e notou criaturas vestindo capas negras que voavam para todas as direções. – Oh não! Dementadores!

– Foram eles, não foram? – continuou Luana. – Foram eles que os trouxeram para cá.

Os alunos corriam de um lado para o outro enquanto os professores de Hogwarts conjuravam seus patronos. Haviam muitos dementadores. Cerca de cinqüenta.

Alvo, Rose e Luana correram até a rua principal e assistiram aquela cena. A voz do inspetor Jones dizia para os alunos o seguirem até o Três Vassouras, onde os encaminharia até Hogwarts de modo seguro. Os três não fizeram diferente. Correram para lá.

Expecto Patronum! – gritou Minerva McGonagall assim que se materializou em frente aos Dementadores. O impacto que o patrono dela causou nas criaturas foi imenso. Os Dementadores recuaram imediatamente.

Rose e Luana foram na frente, subindo em carruagens voadoras puxadas por Testrálios. Os três Comensais da Morte haviam ido embora. Porém os Dementadores ainda atacavam. Um pouco antes de Alvo subir em uma das carruagens, pôde notar um garoto sendo sugado por mais de três Dementadores.

Quando aquela terrível noite chegou ao fim, os alunos não paravam de se perguntar o motivo daquilo tudo. Na manhã seguinte Minerva McGonagall esclareceu o que poderia ter ocorrido, mas não havia provas de quem conjurou a Marca e como os Dementadores chegaram a Hogsmeade. Mas uma coisa era certa: Argo Filch fora assassinado por Comensais da Morte.

O garoto que Alvo Potter vira sendo atacado na noite anterior era Jack Roman, um dos alunos da Grifinória. Incrivelmente, os Dementadores atacaram somente os que eram como ele. Nascidos trouxas. Com isso era possível perceber que os Dementadores vieram a mandato dos Comensais, com o objetivo de iniciar uma nova guerra. Aniquilando os chamados sangues-ruins e mestiços.

– É uma questão de tempo até que um sangue-ruim morra desta vez. – disse Scorpio, enquanto tomava um gole de chá.

– Como pode ter tanta certeza disso? – perguntou Lavínia Parkinson.

– Certeza? Isso eu não tenho. – Scorpio deu uma risadinha cínica. – Mas posso sonhar, não posso?

Em seguida Alvo sentou-se a seu lado. Scorpio sorriu-lhe gentilmente.


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