And Now...? escrita por Nivea_Leticia, Lorena Harris


Capítulo 7
E agora... sei o nome dele!


Notas iniciais do capítulo

Galerraaa do meu hearttt
Eu sumi néé?? Enfim... por falta de criatividade fiquei UM mes sem postar nada e me sinto mal por isso...
Acho que agora volto e talz... Não é certeza absoluta... To em um ano dificil, logo, sem ideias...
Valeu pelo pessoal do msn que me manda vir escrever SHUSSHUHUSAHUHUSAHHU... O que seria de mim sem voces??
Agora... um MEGA capitulo para matar a saudade que sinto de voces ^^
Kisses, hearts, cherry *-*



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Hyanna Hoffmeister

Como eu havia pensando naquela tarde com Will, eu acabei sim por ficar cuidando de Amy. Todos os dias, lá para as duas tarde, o que me rendia uma retirada das aulas de esgrima e as demais atividades necessárias no Acampamento Meio-Sangue. Nunca tinha agradecido tanto ter de trocar os curativos de alguém machucado. E alem de ser um passatempo, Amy era uma menina doce e divertida, apesar de tímida como nenhuma outra. Ela exalava “Cuide de mim, preciso de proteção” de um jeitinho delicado. Ali era possível ver o porque do Paris ficar tão loucamente perto quando ela estava acordada. Me senti um pouco triste por ter a leve noção de que ele sentia-se compelido a obedecer a isso, igualmente aos outros machos que entravam naquela sala. Era dela aquilo, ninguém jamais poderia tirar. E como estava incapacitada, o torpor que ela criava inocentemente sobre os garotos ficava ainda mais densa, igualmente ocorre a um animal quando quer se proteger e se esconde em algum lugar bem escuro. Um mesmo tipo de escudo que só pude notar olhando de fora, sem estar realmente presente em sua vida. As vezes, eu mesma respondia o que ela perguntava sem hesitar de tanto que sua áurea atormentava, indiciando-me a dar-lhe qualquer coisa. Sim, ela era totalmente imparcial àquele dom, nem se quer percebia o modo como os meninos sorriam para ela. Só um não fazia exatamente aquilo que ela queria: Paris. Quase como uma outra proteção, ele repelia aquilo. E no entanto, acontecendo isso tudo, somente eu via.

Cheguei até mesmo perguntar para Amy sobre as cores que envolviam as pessoas, questionando a mim mesma se não era louca.

- Eu não vejo nada - respondeu ela olhando para sua própria pele - Talvez isso seja um poder de sua mãe... Nunca tivemos uma filha dela para saber algo.

Dito isso com um sorriso, eu matei o assunto. Não tinha mais coragem de indagar algo sobre aquilo. Não depois da cara de compaixão dela. Eu odiava aquele sentimento tanto quanto sentia repulsa a pena. Se queria me deixar “p” da vida, era somente demonstrar aquela sensação de dó. Mas, quando sozinha, eu parava para analisar. A áurea mudava a cada nova característica revogada pelo individuo. Se ele resolvia estar apaixonado, tudo ao seu redor ficava com um tom ameno de rosa. Assim como acontecia com a raiva, que ficava em um tom vermelho. E a inveja que era de uma textura tão roxa que por pouco não pensei ser palpável. Como Amy mesmo disse “Talvez fosse algo de Hera”, a única tese que eu tinha. Por muitos dias, refleti sobre isso, mas logo que nada encontrei, guardei em uma caixinha no canto da minha cabeça.

Então, os dias se passaram calmamente, e em nenhum deles houve realmente algo estranho. Era a paz. Na enfermaria, logo que terminava os meus deveres, Amy tentava me ensinar grego, uma língua que nunca pensei que seria tão difícil para mim. Danika, a melhor amiga dela, sempre franzia o cenho.

- Não faz lógica, parece que seu cérebro não é codificado para grego - ela disse uma vez quando tentei ler uma frase na língua e errei quase por completo - É como se houvesse uma barreira impedindo que aprendesse. Você deveria aprender algo assim tão... Normal.

Preciso dizer que depois disso me senti um ET mais do que já estava acostumada? Tentei diversas vezes ler algo em qualquer grego. Nada adiantou, era uma negação. Foi quando tivemos uma ótima noticia que me deixou ainda mais nervosa sobre ser um completo alienígena:

Eu tinha acabado de enfaixar o ombro de Amy que já estava bem, mas, pelas regras Will, deveria ficar mais um tempinho ali. Ela, como sempre, pegou um dos livros que Danika lhe trouxera e passou a ler avidamente copias e copias de historias em grego antigo. Como eu não tinha nada para fazer, apanhei um caderno usado para meus esboços, que por acaso eram muitos, e comecei a desenhar o que eu mais gostava: coisas disformes que para mim tinham um significado. Expressavam tudo o que eu sentia. 

- O que está fazendo? - perguntou Danika atrás de mim, olhando sob meu ombro a minha folha cheia de rabiscos que criavam diferente linhas. Não me importava que olhassem, ninguém entendia mesmo, mas nunca me enganei tão tremendamente.

- Estou apenas fazendo isso ai - apontei com a caneta preta com ponta grossa gel para a ultima coisa que tinha colocado na coleção do caderno - Costume.

- Isso... Isso... Não pode ser - ela apanhou o retângulo entre as mãos, passando suavemente os dedos em cada detalhe pequeno que fiz. Então, aqueles olhos me encaravam pasmos. Se alguém deixa uma filha [ou neta, que seja] de Atena perplexa, sinta-se, pois é raro elas não saberem de algo. - Você fez isso?

- Sim, deixa eu te mostrar - puxando de volta, virei uma pagina e, após pensar um pouco, fiz o que tinha em minha mente - E assim, nasce essas doideiras ai.

- Não pode ser, impossível. - ela murmurou de novo, realmente não acreditando.

- O que isso tem demais, Danika? - franzi o cenho - São só desenhos.

- O que está acontecendo? - Amy perguntou pousando o livro em seu colo - Também quero saber, não me deixem de fora.

Atendendo o pedido de Amy, exatamente como eu sabia que aconteceria por causa do ar mais gelado que abateu-se sobre mim, Danika girou o meu caderno em suas mãos, dando a bela visão das minhas travessuras de dias sem nada para fazer.

- Ela sabe a língua Celta - Danika quase gritou para gente, em êxtase - Ela nem sabe que escreve em Celta.

Aquilo me pareceu bastante familiar.

- Danika, sem querer dar uma de burra, mas o que é Celta? - Amy pronunciou a pergunta que eu queria que saísse de minha boca, no entanto, eu tinha leve previsões do que era aquilo agora que ela disse o nome.

- Celta foi um dos primeiros povos Indo-Europeus, viveram anos e anos. Ainda existem muitos descendentes, mas pouco sabemos sobre esse povo. Não há relatos sobre sua ramificação com as colônias Gregas ou mesmo Romanas apesar de tudo. Nenhuma marca do seu passado, uma vez que sua língua e seus costumes eram passados verbalmente de geração em geração, logo, não temos nem mesmo um pequeno vislumbre disso - ela explicou, agora me fitando - Contudo, parece que alguém por aqui quer que saibamos algo. Temos entre nós, alem de filha de Hera, uma mulher que escreve em Celta e nem mesmo sabe.

- O que mais sabe sobre eles? - perguntei com vários desenhos, quer dizer, letras daquelas em minha mente.

- Foram um povo que teve muita repreensão do império Romano, mesmo que Julio Cesar tenha admitido ser um grupo muito... Árduo, desejando a morte á perca de seus princípios. Nunca fugiam de uma luta, inclusive não usavam nem mesmo armadura. Preferindo o nu ao vestido. Sua sociedade era igualitária, homens e mulheres no mesmo patamar, nada de preconceitos. Sua bravura é legendaria entre as guerras em que participou. Eles foram tão açoitados que os seus relatos durante os anos foram apagado quase por completo, só restando a parte da Irlanda e nas Terras Altas da Escócia. Há muito, apesar de quase “extintos”.

- Ela é um Google - falei pasma com a capacidade da garota de armazenar as coisas.

- Quando eu digo isso, ela não acredita - Amy disse com um dar de ombros - Então, resolvi parar de falar.

- Deixem de bobeira, eu quero foco - Danika estalou os dedos apontando para as folhas brancas com detalhes pretos - Ela é uma garota que sabe escrever em Celta, tem noção do que isso significa? 

- Como você sabe? - questionei também fitando o que eu tinha feito com o passar do tempo - Quer dizer, você mesmo citou que eles tiveram muitas coisas acabadas.

- A língua sim, mas alguns registros em suas cidades natais continuaram e foram conservadas até os dias de hoje pelo Acampamento. - rebateu Danika - Na verdade, devia ser um museu, cada coisa que se acha no porão e sótão dos edifícios daqui. 

- Então quer dizer que...

- Sim, temos a leve idéia de como é a língua e os dialetos, mas - ela sorriu - Uma prova viva dessa sociedade é tudo o que queremos. Foram anos em pesquisas atrás de algo mais especifico, mais promissor, e agora, quando não tenho nada para achar, encontro uma garota brincando com as letras deles. 

- Você consegue reconhecer tão rapidamente assim? - eu estava muito surpresa.

- Atena é a deusa da inteligência, se eu não herdasse um pouquinho, pediria para minha mãe me devolver. - disse-me a garota de cabelos negros - Sim, com o que conseguimos, compactemos poucas letras com as nossas, e por fim, descobrimos. Não foram todos verdadeiros sucessos.

Deslizei a caneta pelo papel, novamente fazendo aquilo que era pedido a mim.

- Então, é por isso que...

- Que você não consegue ler em grego - finalizou a filha de Annabeth - Você foi “computadorizada” para escrever e ler em Celta, um verdadeiro dom.

De novo, um impasse. Logo, neguei com um aceno de cabeça.

- Eu não sei ler - anunciei olhando entre as linhas - Não sei do que falo.

- Já tentou? - impeliu Amy também curiosa - Sabe, eu não conseguia ler grego até resolver que conseguia.

- Concordo com Amy, tente - apoiou Danika ao meu lado, que continuou em outra língua que eu traduzi: - Povo Celta, de pele pura...

Para minha perplexidade, eu abri o meu caderno, e as palavras começaram a criar um sentido. Como peças do quebra cabeça encontrar o seu posto. Em segundos, eu falava normalmente o que estava disposto nas folhas. Eram coisas importantes sobre o meu dia-a-dia, da minha vida, um tipo de memória própria, impedindo outros de saberem em meus segredos. Eu consegui controlar as palavras, falando-a devagar ou rapidamente, quando parei, Danika parecia ter conhecido a prova de que os deuses existiam para os humanos e Amy estava bestificada diante aquilo.

- Eu nunca escutei essa língua - sussurrou a garota de olhos verde-azulados, pasma.- Celta, você falou língua Celta - Danika perdeu o fôlego - Eu estou diante de uma pessoa que acabou de pronunciar o alfabeto e textos em celta para mim. Respira, Danika, respira. É apenas Celta, nada demais.

Agora sim, todos aqueles traços tinham uma codificação que era acessível a mim. Inclusive, havia uma parte nova que dizia sobre o menino misterioso, o Batman. Outro segredo meu.

- Isso é algo bom? - indaguei quando o clima tenso pareceu se dissolver contra a brisa noturna.

- Por um lado, ótimo - falou Amy na sua voz baixa de sempre.

- Por outro, é horrível - deduziu Danika - Uma deusa nunca daria uma chance de um semideus falar uma língua ex-morta sem que houvesse um porque e grandes explicações. Algo não muito bom está para vir e você, sem duvida, vai estar no meio também.

- Isso é muito consolador  sussurrei rispidamente - Então, Danika, vai aprender Celta?

Depois disso, eu passei a pegar pergaminhos e tudo quanto é tipo de papel que Danika que me oferecia em Celta. Mas, não deixei de continuar a escrever no meu caderninho de esboços. As vezes que Danika me via, seus olhos brilhavam com uma nova descoberta e sua áurea ficava azul [ansiedade], louca para a minha vez de oferecer socorro a Amy chegar para que ficasse confortável contra uma cadeira lotada de cadernos e livros a sua volta enquanto me perguntava algo em Celta e eu respondia algumas vezes em grego, outras na nossa língua normal. Em nenhuma das duas, ela sentiu-se desconfortável. Pelas palavras dela “Guardando um tesouro comigo. Aquilo parecia um tormento para ela, estar com suas tias e não poder dividir conhecimento. Contudo, em todos os casos, ela manteve sua palavra de ficar de boca fechada, tanto ao que eu era, quanto ao meu “dom”.

Eu tinha conseguido fugir de suas garras, quando lembrei do que ia aprontar no dia de hoje. Com um casaco pesado - para não sentir frio- e meu caderno inseparável - uma vez que Danika tinha muitas coisas sobre os Celtas, entrei naquela floresta tão negra agora. Nem mesmo a luz esbranquiçada da lua cheia foi capaz de atravessar o manto que as folhas fazia ao alto, em suas copas a metros do chão. Aquele local devia ter ao menos mil anos para ter plantas assim, analisei, agora me sentindo atraída por aquela escuridão tão... Assustadora. Alguns me chamariam de suicida, digo apenas que sou persistente. Nunca desisti de algo fácil, não passaria a fazê-lo.

Como eu choraminguei loucamente para que se desencadeasse, o menino estaria de vigia hoje. Já passava de uma da manha quando entrei na parte mais antiga daquele lugar. O mesmo em que o encontrei. Dessa, foi ao contrario.

- Está perdida? - perguntou a voz que eu tanto sonhei após a noite em que tinha resolvido fugir. Até mesmo aquele sentimento louco de necessitar ir para casa estava amenizado, não apagado, mas em uma escala menor que era possível de esquecer por poucos minutos, como neste momento.

- Batman sempre aparece - falei internamente suspirando por aquilo ter acontecido - Acho que estou, Bruce.

Ele sorriu, os olhos novamente naquela cor cristalina do azul que dava a impressão de ver através de mim. Ali, parada, pude ver a nevoa avançando para cima de mim, e notei que não era exatamente breu, e sim, sua áurea. Era tão negra que eu nem se quer conseguia lê-lo. Hoje, trajava um casaco normal, tão negro quanto o resto da roupa e dos tênis Nike, uma verdadeira ironia.

- Não se lembra do meu nome? - perguntou ele muito curioso para meu gosto.

- Não, desculpe, acho que disse quando estava tipo assim... Desmaiada, dormindo, seja lá o nome que você dá ao coma em que entrei. - me sentei no mesmo tronco da outra vez, agora mais vontade - E também sei que nem adianta eu insistir que me diga novamente, é um caso perdido.

- Garota esperta, sabe bem que nunca se tem duas coisas duas vezes seguidas - ele deu um sorrisinho cadenciado que esquentou o meu corpo - Então, Hyanna, o que fez?

- Isso é tão injusto, sabia? Você sabe o meu nome e eu não sei o seu.

- A vida não é justa, querida - e lá estava o “querida” que tanto me fez sonhar com ele, a forma como os seus lábios se movimentavam para dizer essa pequena palavra.

- Ela podia ser, mas... - encolhi os ombros deitando o meu caderno em minhas pernas - Sabia, as vezes me pergunto se você não passa de uma imaginação fértil de um momento louco meu.

Ele riu encostando-se no carvalho ao seu lado e cruzando um pé no outro.

- Não, eu não sou da sua cabeça, Hyanna. Por acaso, eu existo.

- É que só te encontro aqui - dei alusão as arvores que nos cercavam - Que nem mesmo sei o que é verdade ou mentira.

- Você é uma semideusa e não sabe se isso daqui pode existir?

- Para sua informação, eu tenho poucos dias por aqui.

Novamente, riu roucamente... Sexy, levando meus hormônios ao delírio.

- É visível, também não te conhecia, Hyanna. Entretanto, já devia estar se acostumando com coisas bizarras.

- Não precisa nem mesmo dizer, Wayne, eu já tenho minha dose disso.

Ele abriu um sorriso conquistador fazendo aquele mesmo movimento impulsivo de passar os dedos nos cabelos negros.

- O que já aconteceu com você, Hyanna, para estar assim?

- Está vendo isso daqui? - ergui o retângulo que trouxe comigo, irônica - Pois é, eu não sei ler em grego e sim em celta,uma das línguas mortas, emocionante, não?

Por alguns segundos, ele nada disse, também parecendo estar em choque, no entanto, não se manteve assim por tanto tempo quanto foi o de Danika e Amy.

- Como descobriu essa dádiva?

- Eu estava com... - omiti o fato das garotas - ... Duas amigas e uma delas sabe muitas coisas.

- Deixe eu pensar, ela é filha de Atena? - disse com um sorriso.

- Sim, um verdadeiro Google, que viu o modo como eu brincava com as linhas e disse que isso era Celta. Ele assentiu, também curioso sobre mim. Aquilo era bom, certo?

- E como as demais filhas da inteligência ainda não estão em cima de você, loucas por dialetos?

- Prometi a minha amiga de que se ela não dissesse nada, em troca, lhe daria qualquer palavra que desejasse - dei um sorriso - Foi fácil.

Um riso.

- Parece que é muito manipuladora, Hyanna.

- Apenas quero me manter longe dos holofotes por causa...

- Da sua mãe ser Hera.

Assenti amando a idéia dele saber que eu era. 

- Vai ser um escândalo quando descobrirem.

- Realmente, um verdadeiro circo quando descobrir termos uma garota da deusa dos céus entre nós..

- As vezes você me deixa tão bem - falei acidamente, o que tirou um outro sorriso dele. Eu estava adorando aquelas puxadinhas do canto do lábio.

- Para isso que estou aqui, para ser seu amigo imaginário.

- Isso não tem graça - rebati cruzando as pernas embaixo de mim - Mas, como estou com insônia, resolvi vir passear com o Batman.

- Isso é realmente muito lisonjeiro de sua parte, Hyanna. Dar o ar de sua graça.

Não sei se ele estava zombando ou dizendo de verdade, então, em todos os casos, fui para a brincadeira.

- Saiba que são poucos aqueles que podem conviver comigo, sinta-se quase da realeza.

- Uma bela ironia.

- Obrigada - não repreendi o puxar de canto da minha boca que se sucedeu.

- Qual vai ser a de hoje?

Ignorando completamente o que ele disse, indaguei:- O que filhas de Hera fazem?

- Não sei.

- Hum – então significava que ele não fazia a mínima  idéia do que eram aquelas cores entorno das pessoas. 

- Algo que eu também deva saber como seu amigo imaginário? – brincou com mais um sorrisinho que estava me deixando louca. Como um cara que nem conheço podia mexer tanto comigo? Pois, geralmente, começamos a sentir algo por alguém de acordo com o tempo que vai passando e vamos conhecendo-a. Talvez fosse algo de semideus. Mas, aquele assunto, era algo que eu ainda desejava guardar para mim mesma, ter mais tempo e quem sabe isso não passasse? Quer dizer, aquilo era para sempre? Por que se fosse, eu estava seriamente encrencada. Ser um empático não é algo muito bom. Tremi só de me imaginar ver o que Paris, Danika ou até mesmo Amy sentissem caso perdessem alguém importante. Já não bastaria a minha própria dor? E o único impassível sobre meu “dom” era aquele garoto que eu nem mesmo sabia se existia.

Como tinha pensado, lhe dei uma resposta objetiva.

- Não, acho que nada que precise saber – garanti pensando comigo mesma se seria o certo guardar somente para mim. Em algum caso, ser empático deveria ser util. Talvez Quiron achasse bom aquilo. Fiz uma careta com essa idéia. Ver aquele centauro era uma das ultimas visões que desejava. Não pelo fato dele poder ser mal comigo, mas sim, porque minha mãe me proclamaria parte dela no primeiro minuto.

- Esta guardando algo - ele analisou meu rosto - Sabe, eu conheço pessoas quando elas mentem ou então omitem alguma parte importante.

- Nada que deva tirar o sossego de alguém - afirmei mais firme, não dando espaço para haver perguntas. Aquele assunto não seria acessível nem mesmo a ele.

- Vamos lá, Hyanna, você também parece não ter nada a perder.

Sim, eu tinha muita coisa a perder: minha sanidade.

- Vamos esquecer isso, ok? - desviei o olhar do seu realmente agonizada - Eu não quero comentar.

Para minha surpresa, ele se calou, mas eu ainda consegui sentir muito bem aqueles olhos duas cores em mim, provavelmente tentando ler por trás das minhas palavras e descobri o que havia comigo. Acho que saber um segredo de alguém não deve ser algo fácil, não quando se trata de uma garota que teve anos para personificar perfeitamente qualquer personagem. Aquela familiar dor de perda que comecei a sentir assim que deixei minha família, sobrevoava rasamente sobre mim, ameaçando a qualquer momento me trazer memórias talvez ruins talvez boas. Era difícil descobrir. Durante esses dias, minha cabeça doía com a simples menção da minha irmã ou de um lar. Isso, me atormentava, me fazia até mesmo ficar chorando antes de dormir, e aos poucos, quando penso que tudo estava voltando ao normal, meu coração começava a ficar pesado.

Essas dores, eu tinha certeza de que era por causa de minha mãe e os seus deveres como deusa. Poderia ser pior? Aí, vem o “Senhor Misterioso” e me pergunta o que eu tenho, e sim, eu quero responder exatamente o acontecia comigo. Senso de preservação zero. Aquele cara perto de mim poderia ser tanto um amigo, quanto um inimigo, e há algo melhor do que saber TODOS os pontos fracos de seu oponente? Não que algum dia eu resolvesse entrar num corpo-a-corpo com ele, não mesmo. Só de pensar naquelas mãos... Meu corpo tremeu violentamente com aquela idéia, não desse jeito bruto, algo mais... Delicado. Franzi o cenho.

Por que ele acordava tanto o meu lado feminino? Quer dizer, nós nem nos conhecíamos assim. Na verdade, era a segunda vez que eu conversava civilizadamente com ele. A outra, acabei no meu chalé em um sono bem esquisito.

 - Conversando sozinha? – disse ele fazendo com que eu o olhasse.

- As vezes – passei os dedos entre meus cabelos – Eu tenho essa mania.

Ele sorriu.

- Depois não venha me dizer que não quer ter amigos imaginários.

Não refreei o puxar de lábios.

- Amigos imaginários são necessários – Aquele ali então!

- Interessante, pensei que uma pessoa como você gostasse de coisas mais... reais.

- Eu sou uma semideusa, então, tecnicamente, todas as idéias acabaram quando descobri isso. Não tenho mais minha capacidade de ser uma pessoa... real.

- Boa analise 

Ele me olhou dando um sorrisinho de lado que deixou meus pensamentos mais profundos e, de alguma forma, pervertidos demais para quem só conhecia ele a pouco. Mas, afinal, aquele garoto mexia comigo também.

 - Sem palavras?- ele me perguntou, como se soubesse que eu estava pensando nele. Outra coisa que passei a achar possível com esse mundo tão completamente louco.

- Não, só com o pensamento um pouco longe.  - Aquelas palavras saíram da minha boca sem eu ao menos perceber. O que, em parte era verdade. Uma pequena parcela era minha família, a outra grandona, era totalmente dedicada a ele.

- Hum - ele fez aquela carinha de suspense que passei a adorar - Se eu fosse você, olharia melhor onde senta, sabia? Acho que esse galho esta meio velho.

Me sentindo uma idiota por não conhecer nada por ali, levantei e olhei, só para depois eu ter a comprovação de que não ia ocorrer nada alem de eu ficar o resto da noite bem aconchegada naquela arvore [ou dríade].

- Muito engraçado, mas acho que não cairia - tornei a cruzar as pernas abrindo o caderno mesmo que não pudesse ver nada e comecei a passar os dedos nas linhas em alto relevo por causa da caneta. Eu amava esse efeito - E você poderia me dizer seu nome? Porque, sinceramente, não me lembro nada alem de estar na minha cama no outro dia.

Ele sorriu de canto, me fitando como se eu fosse um ótimo quebra cabeça [o que era ao contrario].

- Você é persistente, querida, mas já disse meu nome. Tente se lembrar. 

Bufando de novo, dessa vez de raiva, peguei meu Ipod, pronta para colocar meus fones e pensar seriamente no plano B (que consistia em negar minha conversas em troca do nome. Idiota, eu sei, mas era a única no meu caso) enquanto esperava que ele tivesse uma reação. Mas, antes mesmo de ligar a música, um braço segurou o meu.

- Vou ter que olhar um local e acho que você não vai me deixar em paz mesmo - eu poderia até jurar que ele estava feliz, contudo, Batman continuou a dizer:- E não quero uma campista como refeição de Harpia, vou ter que levá-la para um lugar mais seguro.

Eu ia falar, não algo útil como “Me leve para meu chalé, garanto que lá é seguro”, e sim um “Eu volto se você me deixar na minha cama de novo”, mas ainda assim, ia, quando aquele frio daquela noite se apoderou de mim, e me encontrei naquele mesmo túnel horrível que era a chamada viagem nas sombras. E, igualmente do outro dia, chegamos rapidamente. Só que, para minha surpresa, não era para nenhum das duas idiotas frases que pensei. Mas, uma arvore alta, com galho grandes e firmes o suficiente para sustentar vários campistas de diferentes pesos. Ele me sentou contra o tronco da arvore, jogando alguns cabelos para fora do meu rosto. Aquele sono me atacou fracamente dessa vez, tanto que pude até mesmo ver o modo como ele se agachava a minha frente, com um rosto serio.

- Parece que as viagens não fazem bem a você - disse “Bruce Wayne” nem parecendo se importar com esse mero fato das vertigens.

- Foi mais fraca agora - sim, eu tinha acabado de acalmar o meu amigo imaginário. Era uma sensação tão... Dele. Aquela de me fazer explicar tudo, que foi difícil não corresponder.

- Espero que melhore - verdade em sua voz - Pode ficar sozinha por um tempo?

- Onde estou? - perguntei ignorando o que ele havia dito.

- Em cima da arvore mais alta daqui, então, peço que tome cuidado para não cair. Então, pode ficar sozinha?

Virei meu rosto, que estava fitando a vastidão negra lá embaixo, para encontrar seus olhos agora pretos pedindo uma resposta.

- Posso, não vou tentar me matar.

Aquele sorriso quase apareceu, mas foi refreado pelo dono, que com um aceno de cabeça, fechou os olhos e sumiu por ai de novo.

Pensei que ele fosse demorar muito tempo, ao menos o suficiente para conhecer uma parte da arvore da qual eu já estava nós últimos galhos de tanto subir, afinal, eu sou filha da deusa dos céus, logo, não tenho medo de altura. Foi quando eu coloquei meu pé no ultimo galho que ele apareceu ao meu lado, as mãos dentro dos bolsos e olhando lá para baixo, onde as arvores menores se tornavam um lago negro.

- Eu tinha perguntado se podia ficar sozinha - repreendeu ele agora fitando-me com aquele olhar mortífero que fez meu corpo se aquecer e meus pêlos se arrepiarem diante de tanta proximidade.

- Eu disse que podia, não tinha prometido em nenhuma parte ficar naquele lugar que me deixou - rebati usando a lógica para não deixar que ele desconversasse a minha fala. E como tinha dito, funcionou.

- Querida, alguém já te contou que o gato morreu de curioso?- hum... Mudança de assunto!

Lhe dei um sorriso.

- Então quer dizer que me acha gata, Batman? - retruquei aproveitando a sua brecha para fazê-lo ficar sem graça, o que não funcionou agora. Ao contrario do que havia pensando, ele somente deu um sorriso sexy.

- Você é bonita, não dá para negar, mas não tente desviar a conversar, querida Hyanna.

Aquelas duas palavras juntas nunca me pareceram tão certas quando pronunciadas por aquele cara. E preciso dizer que quem corou foi eu depois desse elogio tão direto?

- Obrigada - agradeci procurando algum outro lugar para fixar o olhar. Logo, troquei o assunto - Então aqui é a batcaverna?

Ele riu.- Sim, aqui é a minha suposta batcaverna. - igualmente fez da outra vez, ele se agachou - Dá para ver tudo daqui, manter o controle das harpias ao norte, do Peleus ao sul e escutar qualquer forasteiro que venha de qualquer sentido. Até mesmo escutar um pedido de ajuda.

Uow, isso que chamo de controle absoluto.

- Mas, como consegue fazer isso? - perguntei sentando-me ao seu lado e também tentando notar tudo o que ele conseguia - Quer dizer, só com a minha visão eu não consigo, nem mesmo sentir o cheiro.

Quase pude ver seu sorriso com a minha curiosidade.

- Eu escuto pelas plantas, elas me dão os dados - explicou entregando a mim a flor que arranquei naquele dia - Inclusive, sinto quando alguém tira uma delas do lugar.

- Desculpa - a minha voz saiu toda a vergonha que tinha daquele ato. Eu até costumava pegar varias plantas para criar um buque quando pequena.

- Tudo bem, não dói - ele sorriu diante da minha sinceridade - Mas, também não gosto que faça isso. Para mim, basta pedir e elas me dirão em que posição encontrarei o que procuro ou quando tem algo desconhecido. Plantas são seres espertos, muito melhores que GPS. Elas guardam a sua posição de acordo com a geografia do local e se você souber a forma do terreno, você tem um mapa vivo que te dá referencias a todo minuto. Inclusive, agora, elas estão comunicando entre si que há movimentação das harpias para a direção leste. É uma grande rede que eu consigo decodificar.

- Isso é... Impressionante - falei realmente chocada em como uma plantinha daquelas podia ajudar tanto. - Então, é por isso que fica nessa arvore? Para ser tão grande e alta assim deve ter milênios de existência.

Ele acenou, concordando

.- Sim, ela é uma das principais. Outra importante é a de o Pinheiro de Thalia, mas é muito ao canto e Peleus também interfere muito em minha “leitura” - fez aspas com os dedos, que entre um deles, havia uma pequena caveira - Não vale a pena. Essa daqui traz tudo o que preciso.

- Foi desse modo que me encontrou correndo?

- Sim, você chamou a atenção das flores por causa do seu aroma mais doce. Acabou trazendo muitas informações de uma vez e eu não podia deixar que elas se concentrassem em uma só pessoa. Logo, fui resolver isso. Mas, quando vejo, é uma garota de cabelos pálidos fugindo. 

- Eu tenho aroma mais doce? - questionei mais para mim mesma franzindo a testa. Eu nunca tinha notado isso.

Cheiro adocicado? Parece algo como perfume

.- Sim, você tem. É algo meio... Tutti-frutti com yasmin que deixou as plantas em estado super alerta.

Hum... Então quer dizer que ele sabia descrever o meu cheiro.

- Mas - fitei-o trocando radicalmente o assunto - Você também consegue ver pelos supostos olhos delas?

- Pelos sensores das plantas? Sim, posso. Mas não é desse jeito que olho tudo.

- Seu olho fica azul claro quando você está no escuro total - falei o que tinha notado. E para minha perplexidade, ele assentiu.

- Isso foi algo que meu pai me deu. 

- Seu pai tem olho azul?

Ele negou.

- Não, meu pai tem olhos negros iguais aos meus, mas, como eu sou uma mistura, acabei ficando com essa diferenciação. Assim, quanto mais claro, mais fácil ver coisas a longe alcance

.- Por isso que consegue viajar nas sombras quando o olho está negro?

Um sorriso.

- Sim, exatamente por isso. Meu pai é filho do meu avó Hades e minha mãe é filha da minha avó Perséfone, eu sou a mescla dos dois.

Isso sim era legal.

- Alem de neto dos três grandes, você também é neto da rainha do mundo inferior. Muito poder em suas mãos, Batman.

Ele deu de ombros.

- Não escolhi o que sou, mas gostei de ter ganhado esses dons.

- Os seus dons são legais - fiz uma careta - Já não digo o mesmo dos meus.

- Ah, então havia mais coisa do que você disse inicialmente?

Enderecei-lhe um sorriso tímido.

- Olha, você pode me chamar de louca, Batman, mas eu ando conseguindo ver os sentimentos dos outros.

- Uma empática? - deduziu.

Lhe dei um aceno positivo.

- Sim, uma empática.

- Como as filhas de Afrodite?

Neguei notando o modo como ele me olhava. Não como se eu fosse uma louca, mas apenas curioso sobre uma nova habilidade entre eles.

- Não, elas só sentem coisas como atrações, paixões e.... - droga, o que eu estava dizendo? - Não estou subestimando o poder delas de conseguir sentir isso, de forma alguma.

- Relaxa, eu sei como dá medo falar sobre os poderes dos deuses.

Ele sorriu de um modo tão amável que até consegui dizer tudinho:

- O meu poder é mais profundo. Eu consigo ver as áureas das pessoas, e dependendo da cor, eu sei o que sentem.

- Isso é... Legal. - ele disse sincero.

- Não - neguei - Não é nada legal - passei a mão em meu peito lembrando aquela áurea azul gelo [tristeza profunda] que havia envolta de uma menina que passou correndo ao meu lado. Fora tão forte que chorei diante daquele sentimento, e mais tarde, pela boca de Danika, fui descobrir que o irmão da menina tinha morrido. Depois disso, deduzi que ser empática, requer muita frieza sob o sentimento dos outros - Não, não é bom - tornei a negar, dando ênfase.

Ele me fitou confuso, com a sobrancelhas franzidas, fazendo uma linha de expressão aparecer. 

- Dependendo do que a pessoa passa, eu sinto. Imagina se alguém perdeu o namorado de anos e fica perto de mim? Não, é uma agonia.

- Pensando por esse lado...

Ele deixou a frase inacabada enquanto trocava a posição de agachado para sentado com a blusa de frio roçando a minha.

- O que mais consegue fazer? - perguntou ganhando uma curiosidade sobre mim que achei fantástica.

- Acho que controlar as emoções - disse lembrando do modo como amenizei com a minha áurea branca [tranquilidade] à áurea verde [dor] de Amy.

- Consegue mexer com as minhas? - outro sorrisinho sexy que aqueceu de novo onde estava esfriando.

- Não - lhe garanti - A sua áurea é negra demais, não da para ver por baixo.

- Então devo ser um alivio a você, certo?

Não havia ironia ou idéia de que se achava em suas palavras.

- Sim, de certa forma sim. - dei uma olhada de canto - Mas, você se imagina sem os dados que as plantas lhe fornece?

- Não mesmo, elas são meu próprio GPS.

Dei um sorriso para o nada, olhando o céu azul escuro e límpido, deixando as estrelas a vista.

- Acontece o mesmo comigo. Me sinto cega - expliquei dando um suspiro - Sabe, eu não tinha noção de que eu sentia áureas, antes, imaginava que fosse algum instinto de auto preservação que me fazia escolher os amigos ou até mesmo as pessoas que devia chegar perto ou ficar longe. Agora, faz tanta parte de mim, que não sei nem mesmo o que pensar sobre você.

Ele bateu no meu ombro de leve com o seu, em um movimento amigo.

- Algumas vezes, temos que ficar cegos para poder ver com outras formas - ele sorriu - Então, pode relaxar que não vou lhe fazer mal. 

- Acho que já teria feito após esses dois dias em que apareci no meio da floresta - um sorriso envergonhado meu, acompanhado de um corar de bochechas e uma mecha de cabelo atrás da orelha - Ou então, poderia ter fingido que eu nem existia e me dado de comida para as harpias.

Ele riu alto, a voz rouca saindo amigável e confortante.

- Sim, sem duvida de que teria te deixado vagar varias e varias vezes pela floresta, pois, só para constar, você estava perdida.

- Eu não estava perdida, Batman.

Ele gargalhou mais uma vez, essa, ironicamente.

- O que fazia aqui, sendo que o lado do pinheiro da Thalia é o certo para se ir embora?

Opa, acho que eu realmente estava perdida.

- Queria um caminho ao ar livre - brinquei rindo com ele. - Ok, ok, eu estava sim perdida.

- Já sabia disso, querida - ele tocou meu nariz com o dedo - Mas, alguém aqui, alem de curiosa, é teimosa demais.

- Eu nem sou teimosa, Wayne, sou só... Decidida demais.

- Aham - riso - Sei disso.

- Sou sim e ponto final.

Ambos com um sorriso nos lábios, olhávamos para o céu, vendo a forma como as constelações enchiam aquele manto azul bem escuro, uma cor totalmente reversa a daquele garoto ao meu lado. De alguma forma, olhar para cima, me dava vontade de pular de asa delta, ou então de pára-quedas. Um dos reinos da minha mãe juntamente com Zeus.

- Kylle - disse ele do nada, me deixando completamente perdida.

- Hã?

Ele sorriu.

- Meu nome é Kylle di Ângelo.

- Ah, o meu é Hyanna Hoffmeister  - estendi o braço fazendo uma palhaçada que ele ampliou o sorriso - Prazer em conhecer, meu ex-amigo imaginário e Batman com seus diversos nomes.

Agora, ele riu baixinho.

- Prazer em conhecer, Hoffmeister.

Finalmente eu tinha conseguido o seu nome. Mas, espera ai, eu já tinha ouvido alguém falar algo sobre di Ângelo, e não era o Kylle. Quase foi possível ouvir o clique da minha mente quando raciocinei e emparedei os nomes na minha central de dados.

- Você é filho do Nico di Ângelo? - questionei pasma.

Ele, com indiferença, deu de ombro assentindo.

- Sim, ele é meu pai e Nicole é a minha mãe.

- Um dos casais que salvaram o Olimpo. - recordei o final da frase que ouvi de uma garota loira.

- Parece que sim. 

- São lendas por aqui - disse inocentemente.

- Você parece não saber muito sobre eles - anunciou o seu estudo sobre mim. - Nem se quer deu uma de fã maluca.

- Está decepcionado? - perguntei timidamente - Quer dizer, eu nem sei direito quem eles são.

- Ao contrario - ele sorriu - Agradecido. Se fosse qualquer outra garota, estaria agora dando um escândalo e falando para suas amigas.

- Hum... - sorri - Pode deixar, senhor Kylle, eu não irei contar onde fica sua batcaverna.

- Espero mesmo que não, Hoffmeister.

- Ou então o que? - provoquei ao sentir o final da sua frase.

- Bem... - ele colocou um braço entre meu pulso e minha perna, onde provocou arrepios, cada vez chegando mais perto - Eu posso fazer muitas coisas más, minha querida Hyanna - para finalizar a sua irresistível ameaça, ele me deu um beijo bem demorado na bochecha - E pode acreditar, não vou achar muito ruim.

Então, eu não estava mais na arvore, e sim na minha cama com ele a minha frente, fitando-me com aqueles olhos. Estava tão concentrada, que mal havia notado que não dormi ou passei mal, mas todos os meus pensamentos foram mudados por um selinho rápido que ganhei dele para minha perplexidade. 

- Está valendo a ameaça - disse-me ele afastando-se, provavelmente pensando que ia embora. Não mesmo. Não quando acordou o lado feminino de Hyanna. Puxando ele com força no braço, o fiz perder o equilíbrio e cair por cima de mim. Não segurei o arfar, pois ele era bem mais pesado do que imaginei, mas tão pouco liguei. Cruzando os meus dedos em seus cabelos, desencadeei o que quis desde o começo, o beijei com vontade, forçando minha boca contra a sua. Era sabor de brisa noturna e algo exótico. Logo, ele respondia, me empurrando levemente contra a cama. Eu queria ficar ali o tempo que os deuses deram para nós vivermos. Ainda mais quando se tem um cara lindo dando mole para você. Então, devagar, ele foi acalmando a movimentação, não nossos corações que era audíveis no silencio do chalé,  e se tornando algo mais delicado que pode durar por muito mais tempo. E, igualmente aconteceu, ele parou, com a sua testa contra a minha.

- Agora está valendo a ameaça - disse em seu ouvido que o fez rir roucamente.

- Assim que você faz tratos? - perguntou abrindo os olhos que pela primeira vez, os vi mesclado. Saindo da pupila negra, ia para o tom azul escuro e caindo em um degrade até o azul que eram o entorno da sua íris. Uma cor ainda mais bonita que o separado sob minha perspectiva.

- Geralmente - passei minha unha em seu cabelo da nuca - Não. Eu não sou de confiar em pessoas.

- Então, quer dizer que confiou em mim?

- Tecnicamente, sim.

Ele sorriu antes de colar nossos lábios mais uma vez e ir soltando os seus braços que estavam a minha volta, quase me abraçando por completo. Um frio tomou o lugar do quente, e não pude evitar de tremer.

- Boa noite, Hyanna.

- Boa noite, Kylle di Ângelo - sorri com o pronunciamento de seu nome.

Ele então, deu um aceno de cabeça e sumiu, como se nada houvesse acontecido. O que, agora, seria uma verdadeira mentira. 

Em questão de minutos, eu estava deitada na minha cama, debaixo dos edredons, logo após ter tomado um banho, escondido o meu caderno [que por acaso, estava em cima da prateleira juntamente com o meu Ipod e um recado de Kylle dizendo “Tome cuidado, podem ficar na minha batcaverna e você vai ter que buscar”] e colocado uma roupa quentinha. Ali, onde eu tinha o beijado, na fronha do travesseiro, tinha o seu cheiro almiscarado de tanto ficar na floresta e com ele, eu dormi, repassando varias e varias vezes o primeiro momento junto dele.


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Notas finais do capítulo

Eai... tensoo néé?? Enfim... espero que tenham gostado e me mandem rewis ?? To morrendo de saudades de voces ^^
Vou responder TODOS... essa é a minha nova proposta ^^
HAUSHSHAUHASAHUSHAUS
Kisses and byebye, sweets ^^